|

[Naruto] A Crise dos Sete - Capítulo 3, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Extra 1 Extra 2 Epílogo
Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]

A Crise dos Sete

Revisado por Blanxe

Capítulo III

Sakura olhou para o filho, em seguida para o pai do filho — sentado no braço do sofá —, então fixou seus olhos verdes nos azuis de Naruto a sua frente e na expressão de aturdimento dele, que podia ser traduzida como “não faço a mínima ideia do que está falando”.

Então, ela sorriu de lado, quase que maquiavelicamente. Não era mais apenas uma mera impressão, ela deduziu. Já que, desde o dia anterior, quando encontrara com Sasuke na Universidade, havia sentido que havia uma nuvem negra sobre a cabeça dele.

— Eu estou enganada, Sasuke... — ela iniciou sua fala em um tom forçadamente manso. — ou você não contou para o seu amado esposo sobre a nossa conversa? — ela perguntou, fazendo questão de enfatizar a maldade em alguns trechos da frase.

Sasuke ergueu-se do braço da poltrona, com os punhos crispados firmemente. Estava preparado para dar uma má resposta à Sakura caso ela o alfinetasse, mas não acreditara que ela teria coragem de deturpar a informação daquele jeito, só para criar um clima ruim entre Naruto e ele. Porém, quando abriu a boca para proferir uma defesa, foi cortado pela fala do marido:

— Yoru-chan?

— Hai? — o menino se sobressaltou, com o chamado repentino.

— Leve suas coisas para o quarto dos gêmeos. Vá retirando-as da mala que daqui a pouco vou ajudá-lo a organizá-las melhor — o loiro pediu, mantendo os olhos firmes na mulher de cabelos rosa.

O menino abriu um grande sorriso ao perceber que estava sendo aceito. Em seguida, obedeceu, indo até as malas, apanhou-as pelas alças e inclinando-as para utilizar as rodinhas de sustentação, saiu puxando-as residência adentro.

Assim que o enteado desapareceu, Naruto se aproximou de Sasuke no sofá e repousou a mão sobre o ombro dele, apertando-o levemente, como se dissesse através daquele gesto que tudo estava bem. Depois, voltou-se para a mulher e, abrindo o seu melhor sorriso, explicou:

— É claro que o Sasuke me contou tudo, Sakura-chan... Mas, sabe... Ontem tivemos uma noite especial, jantar a sós, vinho e... você imagina como tudo terminou, né? — ele saiu de perto do marido e se aproximou do rosto dela, sussurrou bem próximo ao ouvido: — Transamos tanto que perdemos a noção do espaço e do tempo...

O rosto da Haruno fumegou e ela se afastou do rapaz loiro dando passos para trás até encostar-se na porta. Enfurecida, começou a esbravejar:

— Poupe meus ouvidos dos detalhes dessa coisa nojenta que vivem, Naruto! — ela gritou revoltada. — E faça-me um favor também: enquanto o Yoru-chan estiver aqui, evitem agir como dois pervertidos na frente dele, entenderam? — a mulher apontou o indicador de forma ameaçadora para os dois. — Eu não quero que meu filho seja contaminado com essa... coisa!

— Você está indo longe de mais, Saku-... — Sasuke quis se intrometer, mas Naruto impediu-o novamente, mostrando a palma da mão aberta para ele.

Então, voltou-se para mulher novamente e entre os dentes cerrados, falou:

— Sakura-chan... Você não disse que tinha um monte de coisas de dondoca para fazer? O que está esperando?

— Eu vou mesmo! — ela afirmou, segurando a alça da bolsa com firmeza e, após empinar o nariz e girar nos calcanhares, abriu a porta, mas para sua surpresa, deu de cara com os pais de Naruto e Sasuke, outro casal de gays, parados na porta com os netos no colo.

— Ai! Que susto! — Ela exclamou assustada, observando o casal de gêmeos idênticos, loiros e de grandes olhos azuis, todos os traços do pai. A diferença era que o menino tinha os cabelos bem curtos e a menina os cabelos longos que estavam presos por duas tranças que caíam uma de cada lado do ombro, no meio dos cabelos presilhas de borboletas.

Eles também estavam vestindo roupas parecidas, jardineiras de bermuda branca, que se distinguiam apenas nas cores das blusas: a menina usava uma de alcinha rosa, com flores customizadas de retalhos na frente; e o menino uma camisa normal, em tom azul-claro, com o desenho de urso espadachim no centro. Ambos calçavam sandálias nas cores da blusa. Eles tinham seis anos, e Sakura sabiam o quanto eram danados.

— Yo, Sakura! Há quanto tempo? — Kakashi, o pai adotivo de Sasuke foi quem a cumprimentou. — Parece que adivinhou que precisaríamos de uma mãozinha, estávamos pensando em como bateríamos na porta já que estamos sobrecarregados.

— Tia Sakura! — gritou a pequena loirinha no colo de Kakashi, pulando e abrindo os braços pra que ela a apanhasse. — Me pega! Me pega!

— Oi, anjinha da tia... — Sakura falou forçadamente, dando um sorriso sem graça para menina, mas não teve como evitar pegá-la no colo, pois Kakashi, praticamente a jogou para cima dela. — Você não acha que já está bem pesadinha pra ficar indo no colo? — ela falou pra menina que esfregava seu rosto no dela, após sentir como ela estava pesada.

— Eu disse pro vovô que a gente não é mais bebê! — o gêmeo menino que estava no colo do outro avô reclamou, se movendo de um lado para o outro, forçando o homem a largá-lo. — Me põe no chão Iruka-ojiisan! Eu quero cumprimentar a minha tia Sakura também!

“Ai meu Deus...”, Sakura revirou os olhos. “Isso tá ficando pior do que jardim de infância! É a convenção das famílias gays e seus pestinhas?!”, ela pensou, enquanto tentava colocar a pequena no chão que mexia em seus cabelos e nos brincos falando o quanto era bonita.

O menino, ao conseguir sair do colo do avô, foi de encontro a mãe do irmão mais velho e agarrou as pernas dela.

— Né, né, tia Sakura? Cadê meu irmãozão?

— Em algum lugar nessa casa imeeeensaaaa... — ela falou com voz de narradora de conto de fadas, aproveitando para ironizar o tamanho do apartamento. — Por que não vão procurá-lo? — Sakura sugeriu.

O menino nem esperou Sakura terminar e saiu correndo, acabou ganhando uma bronca do pai moreno.

— Hikari, não corra pela casa! E você deveria nos cumprimentar também, não?

— Ah, é? — o garoto voltou, abraçando as pernas de cada pai e depois saiu correndo. — Agora, o meu irmãozão! Meu irmãozão! Yoru-niiiiiii-sannnnnnn!

— Não faça tantos escândalos, Hikari!!

Sakura fez uma careta de dor ao ouvir aquela gritaria, achando que os pequenos haviam também herdado a hiperatividade do pai quando pequeno. Ela se voltou para menina em seu colo, enquanto via os outros dois homens mais velhos adentrando a casa e colocando as mochilas deles, sacolas de brinquedos e outros aparatos dentro da sala.

— Você não vai ver o seu irmãozão também, amorzinho? — ela tentou convencer a menina.

— Eu não quero! — a gêmea respondeu enfática, agarrando-se mais ao pescoço da mulher. — Estou enjoada de meninos, quero ficar com meninas iguais a mim! Me leva com você pra sua casa, tia Sakura? Eu odeio os meninos, sabia? Eles são tão chatos! O Hi-chan vive puxando meus cabelos e me chamando de olhuda! Acredita? Por que eu sou “olhuda” e ele não, se somos iguais?

— Ai, amorzinho... ­— Sakura suspirou, olhando para os pais dela dentro de casa como se pedisse para eles fazerem algo.

— Vem com o pai, Hime-chan. — Sasuke a chamou, pegando no bracinho dela e tentando puxá-la pro seu colo.

— Nãooooo, otou-chan! Quero ficar com a tia Sakura!

— Mas a tia Sakura precisa ir, Bara. — Sasuke foi mais ríspido.

A criança ao ver a feição dura do pai acabou cedendo e abrindo os braços para ser pega por ele, mas fez um bico com os lábios e uma cara de choro.

— Vai, Sakura.

— Ok. — Ela concordou e, antes de sair, cumprimentou os dois homens: — Kakashi-san, Iruka-san. Tudo bem?

— Bem, Sakura-chan. — Kakashi respondeu.

— Está mais bonita do que nunca. — Iruka elogiou, fazendo uma pequena observação: — É impressão minha ou aumentou um pouco mais os seios?

— Ah, você percebeu, Iruka-san? — ela riu, desconcertada. — Eu dei mais uma aumentadinha. Pouca coisa, agora.

— Ficou bem. Posso fazer uma pergunta indiscreta? Qual é o seu cirurgião?

— Ah... é...

— Ué, Iruka! Eu gosto dos seus como estão... — Kakashi brincou.

— Larga de ser baka, Kakashi! Estou perguntando por que a filha da nossa vizinha estava querendo fazer uma cirurgia.

— Vocês vão me desculpar, mas eu realmente estou com agenda lotada hoje. Me liga, Iruka-san, e eu te passo o telefone da clínica.

— Sem problemas.

— Eu venho buscar o Yoru no fim de semana. — ela avisou, saindo e fechando o patamar de madeira rapidamente, esquecendo-se até mesmo de despedir-se do filho.

— Eu tenho que ir trabalhar — Sasuke anunciou, elevando as pontas de dois dedos na testa e depositando a filha no chão, que ainda derramava lágrimas. — Chorona como o seu pai era, né? — Ele observou, passando a mão para secar o rosto dela. — Não chore, princesa.

— Papa está bravo comigo... — ela choramingou.

— Não, o papa não está. Vai lá brincar com seus irmãos vai. — ele beijou a testa dela e a empurrou.

Antes de ir ela passou por Naruto, que apanhou no colo e a cumprimentou com um selinho, em seguida a colocou no chão e a viu desaparecer pra dentro da casa.

— Kakashi, vocês não iriam ficar com eles até o fim de semana? — Sasuke perguntou, direcionando sua atenção para o pai adotivo.

— Olá pra você também, meu filho. — O homem viu Sasuke lhe dar aquele olhar de quando não estava pra brincadeira, então, desfez o sorriso no rosto. — Você esqueceu que eu e o Iruka somos professores também? Nós temos que ir apresentar nosso plano de aula. Mas, por que a Sakura deixou o Yoru aqui? As aulas dele vão começar na segunda-feira, não é?

— Parece que o Yoru vai morar com a gente por um tempo. — Naruto falou, torcendo os lábios, um pouco chateado por Sasuke não ter dado prioridade naquela informação pra ele antes.

— Quê?! — os dois homens mais velhos exclamaram ao mesmo tempo.

— Mas por que isso agora? Vocês não têm quase espaço aqui.

— Daremos um jeito, Kakashi. — Sasuke deu a resposta, querendo despachar logo os homens mais velhos, já que estava sem tempo para conversar. — Vamos sair juntos, eu vou colocar meu uniforme e já volto. ­— Ele avisou e passou pelo marido sem olhá-lo. Mas de repente, ele estacou no pequeno corredor ao ouvir aquela fala do padrasto.

— Meu filho, você vai ter que deixar seu emprego.

— Por que, otou-san?! — Naruto perguntou, espantado.

— Como “por que”, Naruto? Como você vai cuidar dos nossos netos sem estar em casa? Você não pode deixar três filhos assim, sem supervisão. A Sasune-san, com certeza não vai querer cuidar do Yoru-chan também.

— Você sempre cuidou de mim e do Sasuke e nunca deixou de trabalhar!

— Era diferente, meu filho. Vocês dois estudavam na escola que eu dava aula, depois vínhamos todos juntos pra casa. Agora você trabalha em um serviço de horário desregulado. Hora você trabalha a noite toda, hora de dia. Sempre está cansado e sonolento.

Sasuke sorriu, não acreditava que logo Iruka ficaria ao seu favor. Porém, a fala de Naruto na sequência, voltou a desanimá-lo.

— Um homem tem que trabalhar, otou-san! Não venha me pedir pra que eu seja só uma dona de casa. Eu não vou aceitar isso. No máximo que eu posso fazer, até as coisas se ajeitarem, é tentar não trabalhar à noite ou trabalhar nesse horário só nos finais de semana, quando o Sasuke estiver em casa, e ser mais seletivo com o meu expediente durante o dia. Eu posso continuar as entregas no mercado no horário que eles estiverem na aula.

— E a casa, Naruto? — Kakashi resolveu ajudar o marido. — São roupas de cinco pessoas para lavar, para passar, a casa para limpar, o jantar para fazer.

— Eu dou conta. Um a mais ou um a menos não vai fazer diferença, Kakashi-sensei. — ele abriu um sorriso grande, tentando não transparecer o nervosismo. Afinal, quando resolveu pedir Sasuke em casamento, prometeu para os dois que saberiam se cuidar. — A gente consegue.

— A vida não é só trabalho, meu filho. Vai acabar desgastando seu casamento se você e o Sasuke não tiverem um tempo pra vocês mesmo.

— Tá, eu já entendi, pai! Pare de se intrometer. Deixa a gente tentar primeiro?

— Meu filho...

— Pare, Iruka. — Kakashi segurou o ombro do marido. — Devemos saber o limite até onde devemos nos intrometer. Se o Naruto está falando pra darmos um voto de confiança pra ele, faremos.

...

Sasuke entrou no quarto e tirou a bermuda e a camiseta, que havia colocado pra ir atender a Sakura. De alguma forma, ficou feliz por saber que, indiretamente, seus pais estavam do seu lado. Ouviu o barulho da porta se abrindo e sobressaltou.

— Naruto?

— Te assustei?

— Achei que fossem a crianças.

— Hein, Sasuke... — o loiro sentou na cama, entrelaçando as mãos uma na outra. — Sobre a questão do Yoru, eu não gostei...

— Naruto, eu tentei te falar, mas ontem acabamos...

— Não é isso, calma. — o loiro o cortou. — Para mim ele é meu filho também, e ele é muito bem vindo aqui. O que eu queria falar era sobre outra coisa.

— Outra coisa?

— É. Primeiro, tive que prometer pros velhos que vou reduzir minha carga horária no trabalho pra poder dar conta de cuidar das crianças.

— E você vai?

— Vou ver o que faço.

— Hn.

— Mas, tem outra coisa me incomodando.

— Diga.

— Eu sei que com o Yoru aqui a situação vai ficar mais apertada, mas, antes de qualquer coisa, eu acho que você não precisa pegar dinheiro com a Sakura. A gente vai conseguir dar conta. Então, me faz um favor: devolva aquele cheque.

Sasuke franziu o cenho. Naruto estava se saindo mais machista do que imaginara.

— O dinheiro é para as despesas com o Yoru, Naruto. Eu não vou devolver.

— Sasuke, esse dinheiro não é da Sakura, é do marido dela. Eu não quero nada vindo daquele homem, ele é poderoso e arrogante. O Sai não precisa pagar pra gente cuidar do nosso filho!

— Ele não tá pagando nada, Naruto. Praticamente, a Sakura só me devolveu o dinheiro que pago como pensão. Além disso, a escola do Yoru é cara, sabia? Qualquer dinheiro agora será bem vindo!

— Tire-o dessa escola, particular. Coloque-o na escola que o Kakashi-sensei dá aula, ele mesmo disse que pode arrumar bolsa escolar lá.

­— Está maluco? Colocar o Yoru em uma escola militar, Naruto? Você acha que a Sakura vai permitir?

— E você vai deixar a sua ex-mulher ditar as regras, até mesmo quando ele estiver aqui dentro da nossa casa.

— Ela não é minha ex-mulher, Naruto. — Sasuke respondeu entre dentes cerrados. — Nós nunca fomos casados.

— É? Mas não parece, sabia? Parece que ela está ditando as regras e você está acatando de orelhas baixas. Desde quando deixou de lado o orgulho que você vivia inflamando, Sasuke?

— Talvez tenha sido no momento em que eu me casei. Quando deixei o sobrenome Uchiha para adotar o Uzumaki...

Os orbes azuis claros do homem loiro não duplicaram de tamanho como era o normal quando se assustava com as palavras ferinas do marido, as quais já havia se habituado, mas sim triplicaram. Os segundos que duraram para aquela informação permear sua mente foram o tempo automático em que seu punho direito se fechou firmemente e ganhou impulso, no golpe certeiro que desferiu contra a face esquerda de Sasuke.

O soco fora tão feroz que o moreno sentiu seu queixo deslocar e um filete de sangue ser cuspido no momento que o impulso o fez bater as costas na cômoda. Antes de se recuperar, o marido já estava segurando-o pela gola da camisa e para se defender, lançou um golpe a esmo, que foi desviado por Naruto que, em seguida, estava golpeando-o na face novamente, gritando como um desesperado.

— Nunca mais você vai repetir isso na vida, Sasuke! Retire o que falou agora!!

— Me solta! Você está maluco, dobe!

Os gritos e o barulho de coisas caindo foram ouvidas pelos pais dos dois e pelas crianças. Os homens entraram no quarto em polvorosos vendo os dois filhos no chão, se atracando em uma briga igual a quando eles eram crianças.

— Deus do céu! O que estão fazendo?!

Yoru e os dois gêmeos pararam na porta, os pequenos assustados, agarrados as pernas do irmão mais velho, já com lágrimas vertendo dos olhos.

— Yoru, tire os pequenos daqui! — Kakashi ordenou, agarrando Naruto pelos braços e arrancando-o de cima de Sasuke, dominando-o por trás, enquanto Iruka ajudava o rapaz moreno a se levantar. ­

As crianças abriram o berreiro.

— Vai, Yoru! Tire as crianças daqui!

O garoto mais velho resolveu obedecer, contrariado por não poder ver a briga.

— Vem, vamos sair... logo agora que ia começar ficar divertido... Não chorem, tá tudo bem.

— O que deu em vocês?! — Kakashi perguntou, áspero, soltando Naruto e ficando no meio do quarto deixando cada um de um lado.

Iruka olhava assustado o rosto de Sasuke que havia arroxeado e inchado rapidamente, devido à pele muito clara.

— Vamos precisar por gelo nisso. — o homem observou, já se levantando e deixando o cômodo.

A pergunta que Kakashi fez não foi respondida por nenhum dos dois. Tanto Sasuke quanto Naruto mantiveram-se em silêncio, até que o loiro saiu do quarto, cruzando com Iruka que retornava com a bolsa de gelo.

— Naruto, aonde vai?

— Vai falar com ele, Iruka. — Kakashi pediu.

— Eu vou. — afirmou, entregando o gelo para o marido que ajudava Sasuke a sentar-se na cama.

Meio desajeitado, Kakashi tentou uma maneira de erguer as longas franjas do filho, que agora caíam cobrindo parte do rosto inchado, para colocar o gelo em sua face, mas não soube bem como fazê-lo. Diferente de Naruto e dos netos, que praticamente se deixavam pegar, Sasuke, desde pequeno, nunca gostou que se aproximassem muito dele, muito menos que ficassem tocando-o e concluiu que ele ainda era o mesmo, quando recebeu um safanão em sua mão, afastando-a, e ele mesmo apanhou a bolsa de gelo, encostando-a no lado que provavelmente estava mais dolorido. Então, suspirou e sentou-se na cama ao lado dele.

— Que tipo de ofensa disse pra ter arrancado esse tipo de reação do seu marido, meu filho? Vocês não brigam de se socar desse jeito desde que eram crianças. — Kakashi perguntou querendo ter certeza. Mas, conhecia bem o gênio do filho.

— Eu disse só a verdade.

— Imaginei... Mas deveria saber que nem sempre estamos preparados para ouvir a verdade.

— Não tenho tanta certeza... — ele falou, movendo o queixo de um lado para o outro e cuspindo na toalha que pegara pra se limpar. Com a saliva e o sangue, saiu pedaços de dente. — Perfeito. Acho que perdi um dente. Maldito dobe.

— Suponho que o estopim da discussão tenha haver com a mudança Yoru-chan para cá?

Sasuke inspirou fundo e confirmou:

— Também.

— Yare, yare... — o homem coçou a cabeça. Notando que a situação parecia bem mais crítica do que imaginava.

...

Naruto correu para fora do prédio e adentrou um espaço verde, ladeado por uma cerca branca, que servia com área de laser do condomínio, além de realização de festas. O lugar tinha uma grande varanda ao centro, onde ficavam as mesas de jogos e que também servia de pista de dança. O lugar era rodeado por pequenos quiosques que dispunha de churrasqueiras. O loiro só parou de correr quando chegou ao último quiosque, perto do muro alto do condomínio e caiu de joelhos no chão, socando a grama verde com uma das mãos enquanto esfregava o outro punho no rosto, tentando conter as lágrimas que corriam.

— Kisama! Kisama! Kisama! Kisama!

Iruka o alcançou rapidamente e, ao vê-lo no chão, tentou reerguê-lo.

— Vamos, se acalme. — pediu, puxando o loiro e forçando-o a ficar de pé, e então o levou até o murinho que rodeava o quiosque e o empurrou para sentar-se ali. — Meu Deus, meu filho. — O homem passava a mão no rosto dele, ajudando-o a limpar as lágrimas e ao mesmo tempo forçando-o a olhar para si. — O que deu em você para esmurrar seu marido daquele jeito, Naruto? Você ficou louco?

— Ele me ofendeu...

— Tudo bem. Casais se ofendem o tempo todo. Isso é normal. Ninguém convive com outra pessoa sem nunca discutir. Mas usar de violência para rebater uma ofensa? Que tipo de exemplo você está dando aos seus filhos agindo desse jeito, Naruto?

Naruto prendeu o lábio inferior com os dentes, tentando evitar recomeçar o choro. Mas a realidade era que o que Sasuke havia dito ainda estava ardendo em si. Seu pai não precisava lhe dizer aquilo, convivia com Sasuke há sete anos, discussões eram normais entre eles, até porque suas personalidades sempre foram um contraste. Sasuke é quieto e temperamental, mas quando fala, o pouco que diz, sempre o machuca de uma forma inimaginável. Já ele, sempre fora explosivo, fala o que vem na cabeça, faz escândalos, grita, mas logo pede desculpas, contorna com um sorriso e tudo fica bem.

— Desta vez eu não vou dar o braço a torcer. ­ — ele garantiu.

— O quê, meu filho?

— Eu não vou perdoá-lo se ele não pedir desculpas pelo que me falou.

— Naruto, você bateu nele. Você acha mesmo que o Sasuke vai vir se desculpar com você?

— Mas foi ele quem começou! Estávamos bem. Eu fiz tudo que ele me pediu pra fazer, pai? Limpei a casa, tirei o lixo, lavei a roupa, comprei verduras, até vou reduzir minha carga horária de serviço só pra cuidar das crianças e da casa. E o que eu recebo em troca? Ofensas! Eu sou o burro que não estudou! Que não tem um emprego decente. Que não tem... orgulho. Acho que pro Sasuke eu não passo de um lixo.

— Naruto... — Iruka suspirou e sentou-se ao lado dele, colocando os braços sobre seus ombros. — Se ele pensasse isso mesmo de você, acha que estariam casados e teriam uma família tão bonita como a que tem?

— Não sei. — Naruto balançou a cabeça negativamente. — As coisas não estão indo bem ultimamente. E quando eu pensei que estava melhorando, piorou.

— Desde quando estão nessa crise, Naruto?

— Não sei...

— Iruka! Vamos chegar atrasados!

O homem moreno ouviu a voz do marido e respondeu que já estava indo, então se voltou para o filho que havia erguido os olhos, mas ao avistar Sasuke ao lado do tutor, desviou a face pro outro lado.

— Naruto, antes de tomar atitudes como a de hoje, pense em seus filhos. Se a situação não está boa entre você o Sasuke há algum tempo, se você acha que não dá para suportar sem esvair sua raiva em agressão, então, talvez, seja o momento de se pensar em divórcio. — Iruka apertou o ombro dele e se levantou.

Os olhos do loiro se arregalaram, mas logo ele murchou, encolheu ainda mais os ombros e abaixou mais a cabeça, sentindo todo o peso daquela afirmação.

— Se precisar, as portas de casa estarão abertas para receber você e seus filhos quando bem entender. Sou seu pai e irei apoiá-lo na decisão que tomar desde que seja a mais sensata. Mas nunca vou aprovar a violência, entendeu?

— Wakatta... — ele respondeu quase que em um sussurro.

Então, Iruka se despediu e foi de encontro aos outros dois que o esperavam, deixando para trás o filho ainda mais atormentado.

Continua...



Notas finais do capítulo

Olá, Minna!

Estava tentando fazer um vídeo-voz com uma mensagem minha pra todos amigos, família da net e também meus leitores, mas o arquivo não ajudou. hahaha

Então, desejo pra todos, um feliz Natal! Ótimas festas. Se eu consequir postar o vídeo, o link vai estar no meu blog. 8D

Feliz Natal pra todos! o/


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Também

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...