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[Naruto] A Crise dos Sete - Capítulo 13, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Extra 1 Extra 2 Epílogo
Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]

A Crise dos Sete
Revisado por Blanxe
Capítulo XIII

Naruto lavou as louças sujas que estavam na pia desde o dia em que saiu de casa. Recolheu o lixo e colocou para fora. Apanhou as roupas das crianças que ainda estavam no pequeno varal da área de serviço e após dobrá-las, guardou-as dentro do roupeiro — na repartição destinada às vestes sem passar. Trocou os lençóis das três camas e juntou os brinquedos espalhados no chão, ajeitando-os na prateleira. Deu comida e água para o hamster do Hikari, o bichinho de estimação que morava em uma gaiola em cima da cômoda de gavetas.

Após retornar para a área de serviço, enquanto as roupas de cama batiam na máquina de lavar, Naruto aproveitou para dar comida para o camaleão e o besouro da Bara, que moravam na trepadeira que crescera circundando os pilares da varanda. Graças aos hábitos de cativeiro do lagarto, a dieta dele era natural, a base de frutas como: mamão, bananas e até maçã.

A pequena área verde da casa fora invenção de Sasuke e da gêmea. Ali eles cuidavam de uma horta com verduras, condimentos, morangos e até um pé de tomate – fruto favorito de ambos. Tudo cultivado em vasos.

Naruto sentiu novamente aquele ardor interno que o atormentava toda vez que se lembrava de como fora a sua família. Ainda não conseguia se conformar, nem mesmo encontrar o motivo exato pelo qual ela havia ruído.

Praticamente, pôde visualizar o marido e a filha agachados, adubando a terra dos vasos. Bara sempre fora a mais apegada ao Sasuke e o loiro já era capaz de prever o quanto a filha sofreria caso a separação viesse a se consumar.

Pensar no divórcio fazia seu estômago comprimir e, por esse motivo, tratou de ocupar sua mente cansando o corpo. Decidiu limpar o chão da casa, espanar os móveis e só quando o cansaço o abateu por completo, que procurou saber que horas eram. O display do celular marcava que faltavam dez minutos para as dez da noite.

Imaginou que Tsunade só não havia ligado ainda, para saber do seu paradeiro, por estar presa no plantão. Por outro lado, Ino com certeza não iria telefonar, para não atrapalhar o que imaginava, ser uma “conversa de reconciliação”.

Porém, Naruto não conseguia mais suportar a ansiedade, muito menos, a chateação pela demora de Sasuke, já que fora o moreno a insistir naquele encontro.

— Qual será a desculpa dessa vez, hein, Sasuke? — perguntou-se e, no mesmo instante, a melodia polifônica do seu celular começou a tocar.

Apesar do sobressalto com o barulho, não se surpreendeu nenhum pouco ao observar que a ligação não se tratava de quem deveria ser.

— Iruka-sensei? — atendeu, sem muito ânimo.

— Você está na sua casa, Naruto?

— Estou. — confirmou.

— O Sasuke acabou de ligar aqui e pediu para avisar que foi chamado para uma reunião de última hora na universidade. Ele não conseguiu te ligar porque o celular descarregou e o único número que ele se lembra de cabeça é o daqui de casa.

— Então... Por que será que eu não imaginei isso antes, né, Iruka-sensei? O trabalho dele sempre foi mais importante do que eu.

— Eu não quero pressioná-lo mais do que você já deve estar se sentindo, Naruto. Mas tente dar uma chance para o Sasuke se explicar. Além disso, se for tomar uma decisão, que essa parta mesmo de você e não da influência de terceiros.

— Do quê está falando, Iruka-sensei?

— Da Tsunade. Tenho certeza de que ela...

— Iruka-sensei... Não gosto que fiquem julgando a baa-chan. — Naruto o interrompeu. — Ela não está colocando nada na minha cabeça, se é o que estão pensando! Eu ouço essa ladainha dela desde quando assumi meu relacionamento com o Sasuke e se fosse para ter dado ouvidos a ela, teria feito muito antes. Além disso, o Sasuke e eu já somos adultos suficientes para tomarmos uma decisão por nós mesmos. — o loiro respondeu, procurando não se alterar com o mais velho.

— Bem... ­ era isso que eu precisava ouvir de você pra ficar mais tranquilo. De qualquer forma, o Sasuke disse para você esperá-lo. — o homem do outro lado explicou, com um tom de voz ameno.

— Wakatta ‘ttebayo... — Naruto respondeu desanimado.

Ao ouvir o filho usar aquela expressão que fora tão corriqueira na sua infância e adolescência, Iruka sorriu e despediu-se.

— Boa noite, meu filho.

— Boa noite.

Naruto manteve o fone ao pé do ouvido por algum tempo. Até o ruído de som de chamada encerrada extinguir-se por completo e o total silêncio voltar a reinar. Era aquilo que detestava: o silêncio. A casa vazia, aquela tristeza que o assolava, a depressão...

Nada daquilo combinava com ele, com sua forma de agir, de querer se feliz, de sempre lidar com as dificuldades com um sorriso.

Motivado por aquele algo novo que nascia dentro de si e que sobrepujava a angústia, se levantou, atravessou a casa a passos firmes, adentrou o quarto de casal, escancarou as portas do armário destinado aos pertences de Sasuke e... parou.

Estagnou, chocado ao ver todas as repartições vazias.

Incrédulo no que via, descerrou as gavetas do armário uma por uma, depois, as das cômodas, e, até mesmo, o armarinho do banheiro foi inspecionado. Mas não encontrou nada de Sasuke.

Riu, espanando os cabelos com ambas as mãos.

— Isso é por que você quer voltar? — ele se perguntou, balançando a cabeça negativamente.

Naruto retirou o telefone do bolso e ligou para a casa dos pais, com a intenção de falar com Iruka novamente, mas desta vez, quem atendeu foi Kakashi.

— Yo, Naru-....

— Kakashi-sensei, o Sasuke levou todas as coisas dele para aí? — interrompeu o cumprimento do mais velho, da sua forma exasperada.

— Yep. Afinal de contas, ele precisa trocar de roupas, não é?

— Sim, mas ele precisava levar tudo?!

— Yare, yare, Naruto... Você sabe mais do que ninguém que ele não tem muita coisa, então ele trouxe o que...

— Tá, Kakashi-sensei, já entendi. Boa noite.

— Chooto matte, Naru-....

Revoltado, o loiro desligou o aparelho, nem se preocupou com o tom grosseiro que usou com Kakashi. Sentou-se na cama e o colchão da mesma afundou. A demora de Sasuke e o fato de ele ter ‘limpado’ sua parte do armário já eram provas suficientes de que o moreno havia se conformado rapidamente com a separação. Por isso, cerrou os punhos, endureceu o cenho e tentou desprender-se daquela dor que comprimia seu peito para tomar uma decisão importante.

...

Quando Sasuke entrou esbaforido pela porta aquela noite — quase meia-noite —, o loiro não o repreendeu, na verdade, nem o olhou nos olhos. Apenas esperou ele dar todas as justificativas do mundo pelo atraso e ouviu todas as desculpas que ele conseguiu pronunciar. Assim que o moreno fez uma pausa e sentou-se no sofá ao lado dele, o silêncio pairou por algum tempo. Depois disso, Sasuke emendou um novo assunto: a explicação do ocorrido no hospital com a filha de Karin. Apesar de já ter entendido sobre aquela parte, continuou em silêncio até que ele terminasse; na realidade, sua mente nem estava mais presa ao monólogo ou a presença de Sasuke ali do seu lado e, sim, aos filhos. Queria saber se Bara e Hikari já haviam jantado e se já estavam na cama quando, de repente, aquela sensação do toque da mão de Sasuke sobrepondo a sua fez Naruto despertar. Era a primeira vez que sentia algo estranho, se não dizer “ruim”, em relação ao toque dele. Ficou olhando para suas mãos juntas como se fosse algo verdadeiramente incomum.

— Eu sei que está chateado pela minha demora, Naruto. Mas...

— Não. — sua voz se fez audível pela primeira vez depois da entrada de Sasuke, chamando mais atenção do que imaginaria. — Não estou mais, Sasuke. — reiterou. — Deve ser aquilo que dizem sobre “a ferida calejar”. — explicou, abrindo um sorriso. — Sabe, de tanto receber golpes no mesmo lugar, dizem que chega uma hora que você não sente mais dor naquela região, não é?

— Naruto...

— Eu entendi. — ele afirmou. — Sério. Entendi o lance da menina que não é sua filha, etc. Mas nem é isso que me feriu, Sasuke. São os golpes repetidos.

— Está falando do meu atraso por estar no trabalho, não é? Mas eu expliquei que...

— Não, não. Não comece de novo. Eu consigo ouvir muito bem. O problema é que compreendi que não preciso aceitar todas as suas justificativas. Suas ligações desesperadas me fizeram crer que você estava realmente preocupado com a nossa separação. Só que aí... você me pede pra te encontrar aqui e me deixa esperando por mais de seis horas? Eu olho dentro do guarda-roupa e percebo que suas roupas não estão mais aqui. Então, Sasuke... não importa mais. Acho que a melhor solução é mesmo nos separarmos.

— Você não pode estar sendo tão intransigente por causa do meu atraso, Naruto... — Sasuke falou, incrédulo. — E eu precisava das roupas! Não sabia quanto tempo ficaria na casa dos nossos pais. Além disso, pense no tempo que vivemos juntos, nos nossos filhos. A culpa de o nosso relacionamento estar tão ruim não pode recair somente sobre as minhas falhas!

— Eu sei que não. E não estou me isentando de culpa. Mas acho que precisávamos de uma década pra perceber o quanto somos incompatíveis. Que nossas diferenças não sobrepõem os nossos sentimentos. Talvez, no começo sim, quando tínhamos força de vontade para lutar, mas com o passar do tempo o ânimo vai se esvaindo, não vai? Eu sei também o quanto minha forma desleixada o incomoda, ela já foi alvo de muitas críticas e brigas, lembra? E sobre os nossos filhos... Você continuará sendo o pai deles, Sasuke. Por isso, pode ficar tranquilo. Você poderá ficar com eles nos fins de semana e poderá vê-los quando bem quiser... — Naruto disse, levantando-se e desvencilhando-se da mão que ainda estava sobre a sua. — Amanhã eu volto com eles para casa. Se você tiver algum pertence seu aqui ainda, é melhor que leve.

— Espere! — Sasuke pediu, levantando-se e esticando o braço na direção do loiro que, apesar de ter se detido, não se voltou para olhá-lo.

Aquilo doía, o tom sério de Naruto, sua indiferença e a conformação, tudo fazia a dor latejante em seu peito aumentar. Por mais que fosse Sasuke muitas vezes a pensar na separação, não esperava que um dia Naruto cedesse.

O loiro aguardou. Mas a fala de Sasuke parecia ter se engasgado, provavelmente, por estar travando uma batalha ferrenha contra o seu próprio ego.

— Deixe a chave na portaria... — pediu, abriu a porta e despediu-se: — Ja ne....

A porta fez um baque surdo e o homem loiro que Sasuke denominara durante quase dez anos como sendo “seu”, se foi, sem dar-lhe sequer uma chance. “Deixa a chave na portaria e tchau...”? Era assim? De forma tão reles e banal que ele terminava um relacionamento de mais de uma década? E todas as coisas que passaram para ficarem juntos? E todo o preconceito que enfrentaram para viver aquele relacionamento? E os filhos? Era simplesmente assim?

“Deixe a chave na portaria e adeus...”

Sasuke sorriu, descontrolado; procurou organizar as ideias em sua cabeça. Era ele, há alguns dias atrás, o mais insatisfeito com a relação; era ele aquele quem não parava de pensar em um divórcio. Por que, então, a situação havia se invertido ao ponto de sentir-se o único culpado pelo rompimento, mesmo que Naruto tivesse dito que a culpa também era sua?

Sim, era orgulhoso. Era tão orgulhoso que a raiva que o corroia naquele instante o fazia querer gritar, jogar as coisas da estante no chão, socar a parede... Não... Socar a parede não seria suficiente para amenizar aquela ira. Sua vontade real era correr atrás de Naruto, derrubá-lo no chão e socar sua face até que toda a fúria que o abalava desaparecesse.

Mas resolver as coisas na violência era algo tão infantil, tão do outro...

De repente, seus olhos paralisaram-se na estante com repartições de mármore branco e posou exatamente sobre aquela foto que tanto odiava. Do dia que se conheceram. Apanhou-a. Mesmo “odiando” Naruto à primeira vista, o amor aconteceu. Não podia de forma alguma negar o que sentia. Mas sempre fora uma decisão de Naruto. Um dia, ele quis tê-lo e correu atrás até conquistá-lo. Agora... Ele não o queria mais e o largou. Simples assim.

E as lágrimas finalmente fluíram...

...

Voltar para a casa dos pais depois de tanto tempo era estranho para Sasuke. Havia se acostumado com o minúsculo apartamento. Tinha a impressão de que, a residência que parecia imensa na infância, ganhara o dobro do tamanho — mesmo que Kakashi e Iruka não tivessem aumentado um cômodo sequer.

A rotina do moreno também havia mudado e muito: não era mais ele quem acordava cedo para fazer o café; quando se levantava o café já estava pronto. Como os pais lecionavam no ensino médio, eles precisavam estar na escola muito cedo. O mesmo ocorria com Yoru. Kakashi havia conseguido uma vaga para o neto mais velho no colégio aonde lecionam e, por esse motivo, Yoru ia e voltava todos os dias com os dois avôs paternos. Por isso, nos dias de semana tomava o café sozinho, enquanto revisava o cronograma de atividades do dia na faculdade.

Recebia a ligação de Bara logo ao acordar, na verdade, era ela quem o despertava. O “bom dia papai” matinal o emocionava tanto, que era preciso se esforçar para não deixar-se dominar pela comoção e chorar. Bara era pra si um tesouro do qual tinha muito orgulho. Não que não amasse Hikari e Yoru — amava os dois —, mas não podia esconder que sua afeição pela menina era bem maior.

Alguns dias depois da decisão de separação, Naruto e ele haviam sentado e conversado com os filhos — incluindo Yoru. Explicaram aos três sobre a decisão deles. O choque no rostinho de Bara fora palpável. Tentou de todas as formas amenizar o baque da notícia para os menores, apesar de que sabia que não seria bem sucedido na tentativa:

“Eu não estarei longe, vou voltar para casa dos avôs de vocês, então, não precisam ficar tristes. Podem me ligar quando precisarem, ou a qualquer hora. Também virei buscá-los para passarmos os fins de semana juntos a partir de agora.”

Hikari se conformou rápido, concordando com um meneio de cabeça e, antes das explicações terminarem, ele perguntou se já poderia sair pra brincar. Já Yoru, ficou enraivecido porque não iria mais morar na mesma casa que os irmãozinhos. Mas, como Sasuke havia prometido para Sakura que cuidaria dele por um tempo, informou ao filho que ele ficaria com ele na casa de Kakashi e Iruka.

Mesmo Yoru não tendo um grau de parentesco relevante com Naruto, o garoto insistira em ter o direito de passar os fins de semana com padrasto. Naruto relutou por dois motivos: Sakura não gostaria da ideia quando voltasse do exterior; segundo, os gêmeos certamente queriam passar os fins de semana na companhia do irmão mais velho; o que não aconteceria caso Yoru ficasse com o loiro nos fins de semana.

Todavia, conversando, chegaram a um acordo: Naruto cedera a Yoru um fim de semana do mês com ele. Mas alertou ao enteado que seria assim até que Sakura voltasse da Europa, pois quando ela retornasse, o combinado teria que ter a autorização dela. O garoto concordou depois de resmungar que era chato ser tratado como criança.

Bara fora a única dos três que não concordou, mesmo assim, a menina não fez pirraça, escândalos, protestos, exigências, nada. Simplesmente expôs seu parecer de forma impressionantemente madura:

“Eu não quero isso. Não quero que o papai Sasuke more com o Kakashi-ojii-san e com o Iruka-ojii-san. Eu quero que o papai more aqui com a gente. Mas eu também não quero mais ver o papai Naruto e o papai Sasuke brigando...” Depois de dizer isso ela correu para o colo de Sasuke, o envolveu com seus bracinhos e chorou... “Eu te amo, papai Sasuke. Vou sentir muito, muito mesmo, a sua falta...”.

Naruto disfarçou, levantou-se e foi para o fogão. Sasuke não suportou segurar a comoção, abraçou a pequena que chorava de soluçar e tentou consolá-la com afagos na cabeça, enquanto ele mesmo não evitava as lágrimas.

Olhou para o Naruto de costas na pia. Fixou-se na camisa de tom alaranjado desbotado, puída de tanto bater na máquina. Talvez, era sua vez de impor-se. Também queria ficar com eles e com Naruto. A decisão não era exatamente sua. Mas, naquele momento, não tinha tanta certeza do que fazer... Precisaria pensar mais um pouco em tudo aquilo. Mas algo havia decidido em sua mente: se aquele sentimento continuasse a flagelá-lo e se a única cura seria ter Naruto e os filhos de volta, iria fazer algo que nunca pensou que precisaria fazer na vida.

Conquistar alguém, no seu caso, reconquistar.

Então, naquele dia, ao se despedir da pequena Bara que não desgrudara do seu peito, lhe segredara: “Não fique tão triste, Hime-sama. O papai aqui ainda vai lutar para reconquistar o coração do papai Naruto”.

Viu Bara irradiar aquele grande sorriso que a fazia tão parecida com o pai loiro e encheu-se de algo bom.

“Mas o papai Naruto quem é o cavaleiro; é ele quem sempre lutou para nos proteger e nos salvar das feras do reino. Será que vai conseguir lutar, majestade?”

“Sabe, Hime-sama. Vou contar um segredo. Os reis, apesar de serem sempre os protegidos, não são frágeis. Eles também sabem guerrear. Se o nosso cavaleiro perdeu a vontade de combater, o rei aqui vai assumir o posto na frente de batalha e lutar para proteger o reino”.

A pequena loira, que o acompanhava com os olhos azuis grandes fixos nele, exclamou um “ó” e pediu:

“Promete, majestade?”

“Hm, prometo. Não sei se vou conseguir. Mas, pelo menos, irei tentar.”

Bara se tornara sua cumplice desde então. Ela sempre ligava de manhã ou quando tinha algo de novo para lhe contar. Relatava toda a rotina da casa durante a semana. Pelo que percebera dos relatos as coisas não haviam mudado muito. Naruto voltou a trabalhar com Chouji durante o dia, para não deixar as crianças a sós durante a noite. No fim do dia, ia apanhá-los na escolinha, cuidava dos afazeres da casa, fazia janta e os colocava para dormir. Bara também dizia que Tsunade ligava muito, quando não aparecia de manhã, após sair dos plantões. Sempre insistindo para que Naruto saísse um pouco no fim de semana pra se divertir. Era por esse motivo que os fins de semana que o ex-marido passava sozinho que o preocupava.

Aquele seria o segundo fim de semana que Naruto passaria com Yoru, ou seja, estava completando dois meses de separação e ainda não tinha encontrado uma forma de se reaproximar do ex-marido. Procurava se arrumar bem e se perfumar quando ia buscar as crianças, porém, ou encontrava Naruto dormindo, ou metido na faxina da casa.

Não encontrava maneira de permanecer por mais tempo na casa, pois as crianças ficavam alvoroçadas com sua chegada; animadas para saírem a passeio. Mas Bara tentava ocasionar pelo menos um encontro entre eles, sempre inventando alguma desculpa como a perda de algo essencial: a escova de dente, de cabelo, um dos calçados, o guarda-chuvas e fazia Naruto sair de onde estivesse escondido para ajudá-la a procurar. Então, os pais acabavam se encontrando.

Mas Naruto era esperto quando preciso e percebera logo a real intenção da pequena por trás daquela falsa falta de atenção, e a forma que encontrara de se esquivar fora inventar que estava se arrumando pra ir fazer extra na pizzaria do Chouji.

Yoru, diferente dos pequenos, não narrava ao pai nenhum detalhe de como fora seu primeiro fim de semana com Naruto. Afinal, o filho ainda não estava falando direito com ele. Mas tentara pescar algo quando os pais o especularam.

“Ah... Não foi bem como eu esperava não. O Naruto-otou-san ficou ocupado com as tarefas durante parte do sábado e eu tive que ajudá-lo. Depois comemos pizza e jogamos videogame. Ele não quis sair à noite, então, jogamos mais um pouco, comemos o resto da pizza que sobrou e ele caiu no sono na metade da nossa missão no jogo. No domingo, fomos almoçar na casa da Tsunade-baa e foi um sacoooo!”

Mas, ao contrário do primeiro final de semana que Yoru passara com Naruto, o loiro já não estava tão mais depressivo e os dois fizeram planos com antecedência. Yoru não parava de anunciar com euforia que sairia a sós pela primeira vez com Naruto, e até tinha se desconectado mais sedo da internet na noite anterior, só para dormir bem e poder acordar mais disposto.

— Otousaaannnn! — Sasuke não se surpreendeu ao ouvir o grito do filho irromper do lado de fora do seu antigo quarto. — Que horas iremos?! Já são oito horas!

— Já estou terminando de me arrumar. — respondeu, erguendo-se da cama e visualizando o tórax desnudo no espelho da porta do roupeiro sem mais a saliência de antes. Aproveitara que perdera peso e voltara a frequentar a academia, os dois meses já mostravam resultados: os músculos mais firmes do abdômen.

Procurou pela camisa nova que havia comprado no Shopping outro dia, mas, ao colocá-la, sentiu-se incomodado: achou muito justa e a cor roxa pareceu-lhe estranhamente berrante. Era algo mais para um adolescente. Quando jovem, podia dizer que fora mais exibicionista, gostava de deixar os primeiros botões da camisa abertos, expondo parcialmente a pele clara do seu peito; o que chamava bastante atenção. Mas aquela roupa tirava de si toda seriedade, não parecia um professor, pai de três filhos, e, sim, o tipo homem gay de meia idade, procurando exibir seu bom físico para “pegar ninfetos”. Ao pensar naquilo, arrancou a camisa por cima da cabeça e ouviu ao mesmo tempo o grito de Yoru.

— OTOUSANNNN!

...

Sasuke acabou optando por uma camisa simples, mais larga, de tom cinza e malha fria, com a gola em formato “v” que apesar de deixar amostra um pouco da sua pele e o quanto havia emagrecido, era refrescante e pouco chamativa. De restante, optou pela bermuda cargo na cor gelo, de bolsos laterais e a sandália preta.

Yoru optara por uma bermuda jeans, o tênis all-star convencional de cano curto e a camisa vermelha com a estampa em inglês “Keep calm and listen to music”; pulseiras de couro marrom e pretas que davam voltas em seu pulso esquerdo e os óculos de aros grossos de cor preta completavam seu Look. O adolescente não parava de postar no tal de Microblog Twitter usando o celular, enquanto o fone de ouvido zumbia o som reproduzido de forma estridente.

Sasuke suspirou ao volante. Era sempre assim: seu filho mais velho não lhe dava a mínima atenção. Mas também, não se lembrava de se esforçar para ser reconhecido por Yoru, que vivera na casa dos Haruno mais como irmão caçula de Sakura do que como filho. O menino não se adaptava as tentativas da mãe de constituir uma família só dela. Ele sempre entrava em atrito com o novo padrasto; era o que ocorria com Sai e ele — o atual marido de Sakura. Porém, a mãe de Yoru parecia disposta a não deixar aquele novo enlace afundar nem que, para isso, fosse necessário se livrar do filho.

Por isso, Sasuke entendia bem o motivo do adolescente ser tão rebelde e até odiá-lo. Engravidou Sakura na adolescência e, se não fosse por sua irresponsabilidade, ele não existiria e não se sentiria tão indesejado. Também compreendia que, no fundo, a demonstração exagerada de afeto de Yoru em relação ao ex-marido era somente uma questão de afronta. Na mente dele, demonstrar que ama mais o padrasto do que o pai biológico deveria ser capaz de ferir Sasuke de alguma forma. Até seria, se o pai não fosse adulto, e não fosse capaz de enxergar a realidade por trás dos atos do adolescente. Mas sabia que, assim como ele, Yoru um dia amadureceria e, quando ele passasse a ter uma mentalidade mais adulta, o perdoaria e os dois poderiam estreitar seus laços. Enquanto isso, fingia não perceber os avanços dele em relação a Naruto.

Também, era uma questão de confiança. Apesar de sempre reclamar de Naruto e seu relacionamento com os “meninos” do futebol, o conhecia ao ponto de saber que ele não tinha tendências pedófilas e não cederia aos avanços de um pré-adolescente, principalmente, do enteado, o qual considerava como filho.

Porém...

— Oh! Kagebushin? — admirou-se o jovem ruivo, zombando da semelhança de Sasuke e Yoru ao atender a porta do apartamento do vizinho e se deparar com eles. Mas, franzindo o cenho, ele desfez a observação: — Né, não chegam a ser clones. O menor está muito mal feito, as cores estão todas erradas e...

— Cale a boca, idiota! — Yoru se irritou. — O que pensa que está fazendo aqui?!

— Dando uma ajudinha para o meu vizinho.

— Ajudando com o quê?!

— Otousannnn! — o grito da pequena Bara interrompeu o início da discussão dos dois rapazes e logo as mãozinhas dela apareceu, empurrando as pernas de Sasori para o lado e pedindo passagem. ­ — Sai, Sasori-chan! Quero ver meu pai.

— Calma aí, Pimentinha... — o garoto deu passagem e a menina grudou nas pernas de Sasuke.

— Não chame minha irmã de apelidos escrotos, sua coisa!

— Quem é “coisa”, idiota?!

Sasuke apanhou a filha no colo, enquanto a discussão entre o mais velho e o seu ex-vizinho discorria acirrada. Viu o outro gêmeo também aparecer saltitante de dentro da casa e grudar nas pernas de Yoru, juntando-se a ele contra o ruivo. Sasuke estava surpreso. Não conseguiu proferir uma reação imediata ao ver o adolescente ruivo ali, vestido com aquele mini-short jeans e a camisa que apesar de larga, era curta e tinha uma gola propositalmente esticada e caída para o lado em um corte desregular que deixavam a amostra o umbigo, o ombro esquerdo e parte do tórax do garoto. Tinha pele demais exposta, uma pele clara, reluzente, rosada e jovial; convidativa ao passeio de mãos fortes e firmes. Não conseguiu evitar o incômodo que se apossou do seu estômago. Ainda mais por Bara não ter-lhe contado nada sobre Sasori estar frequentando a casa deles.

— Por que estão todos na porta? — Naruto apareceu, carregando a bolsa utensílios dos filhos em um ombro e a mochila de Hikari em uma das mãos, já que Bara estava com a dela. — Pare com isso, Yoru! — repreendeu o enteado que discutia com o vizinho.

— Naruto-san, eu vou dormir um pouco. — disse Sasori, após soltar um bocejo. — Retomamos as aulas na segunda. Ja ne, Bara-chan, Hi-chan, divirtam-se!

— Tchau, Sasori-chan! — a menina respondeu com um aceno, enquanto o menino replicou mostrando a língua.

— Como alguém mais ignorante que uma porta pode estar dando aulas para alguém? — a pergunta ferina feita por Sasuke saiu tão rápida e naturalmente que o moreno só se deu conta que o loiro não lhe devia mais explicações quando Naruto o fitou por um breve momento em silêncio e com o cenho franzido.

Naruto não respondeu de imediato, suavizou a expressão, entregou a mochila para Hikari e a outra bolsa colocou no ombro do Sasuke para que ele não precisasse colocar a filha no chão. Com a aproximação, ele apertou de leve o ombro do moreno e dando-lhe um sorriso satisfeito, respondeu:

— O que eu faço da minha vida não é mais da sua conta, nah? — Disse ele, se afastando. — Tenham um bom fim de semana com o Sasuke, crianças. Entre, Yoru. Passei a noite em claro, preciso de um banho antes de a gente sair.

— Então, nosso passeio ainda está de pé?

— Sim, eu tinha prometido, né?

— Yes! — comemorou o garoto, entrando na casa e fechando a porta. — Encontro!

A sensação era amarga. Extremamente amarga. Sasuke colocou a filha no chão e arrumou a alça da bolsa em seu ombro. Depois, apanhou a mão dos dois, um de cada lado, e seguiram para fora do prédio enquanto a menina cantarolava feliz e Hikari reclamava por não poder ficar com o Yoru. Mas, ao chegar ao carro, depois que Hikari entrou e se acomodou na cadeirinha dele no banco detrás, Sasuke fechou a porta, apoiou um joelho no chão e segurou Bara pelos ombros. A menina que era muito observadora logo notou a alteração do mais velho.

— Tá bravo, otou-san?

Sasuke negou com um balançar de cabeça, mas acabou fazendo aquela pergunta que o incomodava tanto.

— Por que você não me falou daquele rapaz, Bara? Não tínhamos um combinado?

— Mas falar o quê, papai?

— Falar que ele estava frequentando a na nossa casa, pior que isso, dormindo lá...

— Mas o Sasori-chan não está dormindo lá, ele e o papai Naruto passaram a noite acordados...

— Acor-... dados?

Continua...

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