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[Naruto] A Crise dos Sete - Capítulo 1, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Extra 1 Extra 2 Epílogo
Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]

Notas da História:

Disclaimer: Sobre a autoria do Fandom, Naruto não me pertence, e sim ao seu autor: Masashi Kishimoto e seus respectivos colaboradores. Esta é uma fanfiction (Ficção feita por fã), e é totalmente sem fins lucrativos. Mesmo assim, o texto aqui presente é da minha autoria e a exploração comercial; cópia (parcial ou integral das ideias apresentadas aqui) ou ainda, a divulgação do presente texto fora deste domínio, - por pessoas não autorizadas - são consideradas violações legais, ou seja, plágio.

Avisos: A Crise dos Sete se passa em UA (universo alternativo), ou seja, não se passa no ambiente original do anime Naruto; não é recomendada para menores de 18 anos por conter narração e descrição detalhada de lemon (sexo explícito entre dois homens); descrição de violência (moderada); alguns dos personagens podem apresentar-se OOC (fora da sua personalidade original do anime);o casal principal da história é NaruSasu (Naruto x Sasuke), ou seja, Naruto (seme/ativo) x Sasuke (uke/passivo) e pode haver troca de posições se isso me convier.
Sobre a capa: A capa dessa fanfic foi montada pelo meu leitor Akito-sou-sama... (Thank you, dear!)

Gênero: vida de casal; drama; humor; Yaoi (romance homossexual);
Se nenhum dos temas mencionados não lhe agrada, ou se não tem maturidade suficiente para acompanhar a trama, por favor, não leia.

A Crise dos Sete

Revisado por Blanxe

Capítulo I

Era madrugada. O alvorecer começava a clarear o manto negro da noite, dando-lhe um tom azulado, não tão azul quanto os olhos daquele rapaz que pedalava pesadamente, arfando, ao subir a alameda íngreme que levava até o condomínio que morava, naquele bairro de classe média baixa do subúrbio de Tóquio.

Enquanto gastava suas últimas energias na subida, o rapaz de boné vermelho com a mesma tonalidade do uniforme que vestia, cumprimentava os vizinhos trabalhadores, que deixavam suas casas para iniciar a lida dura do dia.

— Ohayo, Naruto-san! — O senhor que era porteiro da escola infantil onde seus filhos estudavam, o cumprimentou, gentilmente.

— Ohayo, Tanaka-jiisan! — ele esforçou-se para abrir seu grande sorriso, em meio ao cansaço da madrugada de entregas, além do esforço da subida. — Me responda uma coisa: as aulas não voltaram ainda, né? As crianças ainda estão na casa dos avós. — Ele perguntou, apoiando o pé no chão, parando a bicicleta perto do homem.

— Não, Naruto-san. Relaxe. Eu começo antes que os pequenos, você esqueceu? É que os administrativos já voltaram. As aulas só começam mesmo na segunda-feira que vem.

— É verdade! Eu sempre me esqueço deste detalhe — Naruto tirou o boné da cabeça, para coçar sua cabeleira loira. — Então, como vai a dona Sasune?

— Vai bem — o senhor assentiu com um menear de cabeça. — Ela só sente falta dos seus filhos. Sabe como é, né? Ela pensa que é avó deles de verdade. — ele riu e apertou o ombro daquele jovem o qual gostava muito, apesar da formação estranha da família. No entanto, para ele Naruto era um rapaz trabalhador e totalmente dedicado aos seus entes, por isso, relevava seus gostos. — Vai filho, você precisa dormir. Está com os olhos avermelhados.

— Verdade, jii-san! Eu tô indo! Mande lembranças pra esposa e diga à ela que logo-logo poderá matar saudade dos pequenos!

— Certo, meu jovem! Bom descanso.

— Bom dia de trabalho pro senhor.

Naruto voltou à bicicleta e, por ser empregado do popular restaurante-pizzaria Ki-Pizza e do supermercado Ki-Preço do bairro — ambos pertencentes à mesma família — era muito conhecido; não só no prédio onde morava e sim, em todo vizinhança e ao redor dela.

Assim, era impossível não encontrar-se com conhecidos por onde passava. Além do que, era dotado de uma grande simpatia, que sempre o fazia tornar-se o melhor amigo de alguém, mesmo que este alguém acabasse de conhecê-lo.

— Acorda aí, Kuroshi-san! — ele bateu na janela da portaria, sem parar de pedalar, fazendo o senhor de idade que cuidava da guarita, quase cair da cadeira na qual estava recostado; tirando um cochilo.

— Filho de uma mãe! Ainda vou te pegar de jeito, moleque!

— Ha, ha! Avisa pro seu filho que tem treino hoje no final da tarde!

— Eu vou pensar no seu caso!

O condomínio era simples, um aglomerado de prédios de cinco andares, idênticos, separado por blocos. Não tinha elevador, claro, o lugar estava longe de ter esses tipos de luxos. Entrou na garagem reservada ao seu apartamento e largou sua “bike” jogada no chão ao lado do único carro da família.

Sempre que chegava cansado e olhava aquele carro, que também não era sofisticado — um Kei-kar azul metálico da Nissan -, sentia-se orgulhoso de ter escolhido aquela pessoa para se casar.

Com o cansaço lhe abatendo, abriu um grande bocejo, enquanto se dirigia a porta que levava ao corredor dos apartamentos. Ajeitou a mochila nos ombros e estalou os lábios. Estava exausto e pegou-se aliviado de morar no piso inferior da construção.

Avançou pela extensão, até parar na porta de número dezesseis. Apanhou seu molho de chaves no bolso da calça, demorando alguns segundos até achar a chave certa e ao encontrá-la, destrancou a porta ansiosamente e, finalmente, adentrou o ambiente escuro da sala de sua casa. Era sempre reconfortante estar em casa; por mais humilde que ela fosse.

Retirou os tênis e os largou na beira da porta, caminhando direto pra cozinha. Em seu ritual quase-diário, guardou as sobras de comida do restaurante na geladeira e deixou a mochila vazia na minúscula área de serviço. Atravessou a cozinha e a sala, e já estava em seu quarto. O cheiro de xampu que vinha da porta entreaberta do banheiro atiçou suas narinas, fazendo inspirar profundamente aquele aroma cítrico delicioso.

“É tão bom sentir um perfume destes, depois de passar a noite inteira sentindo cheiro de fritura e gordura...” ele pensou, despejando-se na cama, ainda sentindo o cheiro bom da pessoa que dormira ali sozinha. “hm... se eu não tivesse tão cansado... Eu adoraria fazer amor...”, resmungou em seus próprios pensamentos, deixando-se embalar pelo pesar de suas pálpebras até que sua mente se tornou turva e apagou-se, o embrenhando no mundo dos sonhos.

A pessoa no banho saiu do banheiro com os cabelos gotejando. Aproximou-se do outro na cama e o chamou, sacolejando um dos ombros.

— Naruto, já desocupei o banheiro, vai tomar banho senão irá sujar os lençóis. Naruto! Naruto! — a pessoa esturrou, desistindo de chamar o marido ao perceber que este havia mergulhado em um sono profundo. Suspirou, fechou o roupão e buscou uma toalha para envolver os cabelos, que secariam enquanto preparava seu café.

Para Naruto, passara só alguns segundos quando foi novamente sacolejado.

— Naruto, eu já estou indo! Retire o lixo quando acordar e limpe a cozinha. Está me ouvindo?! — falou alto, tentando chamar atenção dele. — Troque também os lençóis e coloque-os para lavar...

— Hmm... — resmungou em resposta. — Tá, tá, eu já entendi...

— Entendeu mesmo? A casa está imunda, precisa ser limpa. Além disso, quantas vezes eu já lhe pedi pra não deixar seu tênis fedendo na porta? Quantas vezes te pedi pra não dormir sujo nos lençóis limpos? E quantas vezes já te falei pra parar de trazer sobras de comida pra casa? Sem as crianças aqui, não conseguimos dar conta de tudo isso.

— Eu como depois... ou dou para os vizinhos — respondeu mole.

— Você não pode ficar só comendo massas e sobras no almoço, precisa comer verduras. Vai acabar ficando doente.

— Wakatta, wakatta ‘tte bayo! — ele retirou o travesseiro debaixo da cabeça e o colocou sobre esta, para abafar o som irritante daquele falatório. — Vai logo trabalhar e me deixa dormir!

— Você sempre responde que entende, mas quando eu chego em casa a noite, está tudo do mesmo jeito. O lixo está transbordando na lixeira, retire-o hoje! Eu fico ausente durante todo o dia. Você precisa ter mais responsabilidades!

Aquela última frase tirou do sério o rapaz na cama que retirou o travesseiro da cabeça e lançou-o na parede no outro extremo do quarto. Sentou-se na cama e encarou com seus olhos avermelhados de sono, os orbes negros diante de si.

— Eu também trabalho, você se lembra, Sasuke? Aliás, acabei de chegar depois de fazer entregas as madrugada inteira. Não é porque fico em casa durante o dia, que sou um vagabundo!

— Eu não falei que você é um vagabundo, Naruto. Não coloque palavras na minha boca. — o outro replicou, rapidamente. — Estou chamando sua atenção porque eu sei que ao invés de você dar um jeito na casa durante a tarde, você vai jogar bola com a rapaziada do prédio... Não tínhamos combinado que o futebol ficaria restrito somente aos finais de semana?

Por um instante, o loiro desfez a expressão de dureza, ficando sem argumento. Pelo que entendera seus vizinhos intrometidos tinham ido fazer fofocas para o marido.

— O time do prédio está sem treinador e eles pediram para que eu quebrasse o galho até arrumarem outro — justificou. — Mas é temporariamente.

Sasuke perguntou, contraindo ainda mais a face, ao constatar que a notícia que ouvira aleatoriamente pelos corredores era verídica.

— Então, você quer que eu, depois de chegar cansado do trabalho, cuide das tarefas de casa porque você não pode deixar os garotões do futebol na mão?

Naruto fechou o cenho.

— Eu vou ser sua empregada doméstica, Sasuke. — respondeu rispidaemente. — Isso vai deixá-lo feliz, não? Agora, faz um favor: vai logo pra droga do seu serviço, que parece muito mais importante e cansativo que o meu, e me deixa dormir um pouco antes de começar a ser escravo!

— Eu vou para “droga” do meu serviço, sim, Naruto. — o rapaz moreno afirmou menos energético, apanhando a maleta do notebook que estava sobre a cômoda. — Afinal, é ele quem paga a maioria das nossas contas. Quanto a sua justificativa... Continue dando prioridade para as necessidades do time de futebol do condomínio, e logo-logo, você verá onde esse casamento vai parar.

Naruto arregalou os olhos azuis claros ao ouvir aquela fala estranha do marido, acompanhando os passos do homem que terminava de ajeitar a gravata olhando-se no espelho da parede.

— Que tipo de asneira você tá insinuando, Sasuke?

— Nenhuma. — ele respondeu categórico. — Eu nem quero pensar, Naruto. Eu tenho que apresentar meu plano de aula pro semestre hoje e não posso chegar lá nervoso e desconcentrado. — explicou, seguindo em direção da porta, mas antes de sair, deixou um último aviso: — Conversaremos melhor quando eu voltar.

Ao ouvir o barulho da porta batendo, Naruto saiu da cama rapidamente. Tinha ciência de que, ultimamente, Sasuke e ele não estavam se entendendo muito bem. Porém, o marido nunca pronunciara aquela bendita frase “conversaremos melhor”, muito menos, naquele tom tão amargurado.

— Espere, Sasuke... — pediu, indo atrás do moreno que já havia saído do apartamento.

Largou a porta aberta e saiu disparado pelo corredor o qual passara há pouco, entrou na garagem, mas não havia sido rápido suficiente para alcançá-lo: o carro do marido já ultrapassava o portão do prédio.

Baforou nervosamente e apertou a cabeça com as duas mãos, girou o corpo e soltou os ombros. Havia perdido o sono já no começo da discussão. Só em pensar na palavra “separação”, o entregador sentia um calafrio percorrer-lhe todo o corpo. Estavam casados há sete anos, mas se somassem o tempo de namoro e noivado, já estavam beirando os dez anos juntos.

— Não! — enfatizou, balançando a cabeça negativamente e retomando o caminho de volta ao apartamento dezesseis. Aquela palavra era proibida para si. Já ouvira muito dos seus colegas de trabalho mencionando que, as crises nos casamentos começavam na grande maioria aos sete anos...

Sempre riu daquela idiotice.

Mas será que estava acontecendo consigo?

— De forma alguma eu permitirei isso! — declarou alto, fazendo a senhorinha, sua vizinha, que saía do apartamento com uma sacola de compras pendurada em dos ombros, o olhasse com estranheza.

— Bom dia, filho.

— Bom dia, Chiyo-baa-san. Como vai?

— Bem. Não está tempo para chuva, né?

“Essa senhora sempre faz essa pergunta idiota, por que ela não olha pela janela?”

— Sim, pelo que vi, vai ser um belo dia. — respondeu, amistosamente.

— Que ótimo. Vamos, Sasori-chan. Você disse que queria me acompanhar.

— Eu fui trocar de short, Baa... A senhora mesmo quem ficou reclamando que aquele jeans estava... — o jovem que parecia estar mascando chiclete àquela hora da manhã, se deteve, arregalando os olhos ao repousá-los sobre o loiro que conversava com sua avó. — Não vai me apresentar, vovó?— o menino perguntou, demonstrando um claro tom de interesse na sua voz.

— Akasuna Sasori, meu neto. — a velha senhora apresentou-o, sem muita animação.

— Uzumaki Naruto. — o loiro sorriu e apertou a mão do rapaz, que fez uma cara feia.

— Ui. Você é bem forte...

— Ah, gomen... — pediu, puxando a mão de volta, enquanto o outro mantinha o mesmo olhar faminto sobre si.

Só pela forma delicada que aquele garoto segurou sua mão e a roupa curta que vestia, o loiro deduziu: era um gay afeminado. Não que não gostasse daqueles tipos, mas não fazia muito a sua cabeça, exatamente pelo fato de não ter interesse no sexo oposto. Achava que não tinha sentido ser homossexual e ficar com garotos que queriam se parecer garotas. Mexeu na aliança no dedo indicador esquerdo, tentando fazer com que aquele jovem notasse que era comprometido, porém, se ele notou, ignorou, pois logo, o ruivo emendou:

— Vim passar um tempo com a minha avó. Quem sabe você pode me mostrar às redondezas mais tarde, o que acha? — este perguntou, piscando um dos olhos. No entanto, o adolescente não esperou a resposta do vizinho da avó, agarrou um dos braços da senhora e a guiou para seguirem andando, enquanto acenava com os dedos por cima do ombro. — Tchau, Loirão.

Naruto suspirou, voltando a adentrar sua casa.

— Era o que me faltava...

Ao olhar o ambiente bagunçado, e ao constatar que realmente estava sem sono, decidiu o que fazer para melhorar os ânimos entre ele e seu amado:

— Yosh! Vou fazer uma bela faxina nesse moquifo! Vai ficar mais brilhante, que jóias de diamante!

...

No seu Pixo Niisan, Sasuke não conseguiu suportar a irritação que o assolava, enquanto dirigia para universidade onde dava aula. Tudo bem, não era uma mulher para ter aquele tipo de crise. Mas há muito, algumas atitudes do marido o estava incomodando.

Conseguira modificar muitos dos maus hábitos dele, porém, nem tudo parecia “consertável”. O loiro era relaxado em demasia, enquanto ele tinha horror a sujeira e ao desleixo. Não suportava o fato de ele chegar imundo da rua por ter trabalhado a madrugada inteira naquelas benditas entregas, e deitar-se em nos lençóis limpos sem tomar banho antes.

Por que não esperava no sofá?!

— Não, o sofá não, acabaria encardindo o tecido.

Além disso, ganhava uma mixaria para trabalhar que nem um condenado. Fizera a proposta milhões de vezes para que ele saísse daquele emprego “miserável”, e se dedicasse aos afazeres do lar e aos filhos. Já que, o dinheiro dele era tão pouco, que ele — Sasuke — é quem acabava pagando as maiores despesas. Contudo, Naruto era orgulhoso. Um homem ficar sem trabalhar? Nunca! Jamais!

No mais, ele também não quis se aprofundar nos estudos, por que nunca gostou de estudar. Sempre dissera que sua vocação era para o trabalho braçal. Terminou apenas o ensino médio e agora trabalhava em dois empregos para juntar umas poucas ninharias, dizendo que um dia, abriria um negócio próprio: uma venda de Ramen.

No começo parecia tudo simples e maravilhoso: eram só os dois. Aceitara o pedido de casamento dele animadamente, afinal, formar uma família era o sonho de ambos, que nunca tiveram pais de verdade.

Sasuke, antes de descobrir o que sentia pelo o loiro, passara por uma fase muito rebelde, tivera um romance com uma adolescente da sua escola, Haruno Sakura, e acabou engravidando-a precocemente. Assim, aos quinze já era pai.

Os pais da jovem, depois que souberam da gravidez, quiseram obrigá-los a assumirem um relacionamento sério, todavia, mesmo que isso acontecesse, ele não conseguiria um emprego decente com a idade que tinha e acabaria não conseguindo arcar com as despesas de uma mulher e um bebê. Acabou que os avós maternos assumiram a responsabilidade de cuidar da filha e do neto.

Mas, o moreno jurara perante o casal, que não fugiria de sua obrigação de pai jamais, e quando tivesse condições, ressarciria toda e qualquer despesa que o filho dera a eles; e era o que fazia agora. Pagava uma mesada ao adolescente, além da escola particular na qual o menino estudava. E, mesmo Sakura enchendo a cabeça de Yoru — desde pequeno— para não criar vínculos com um casal de gays, o filho tornou-se totalmente obcecado pelo padrasto.

E não era exagero: “obcecado” era o termo correto. Yoru era tão apaixonado por Naruto, que chegava a causar ciúmes incandescentes em Sasuke.

Mesmo tendo o amor incondicional do seu filho, Naruto ansiava em ser pai de verdade. E, antes de firmarem o matrimônio, conversaram muito sobre o assunto e entraram em um consenso: uma criança seria muito bem vinda na família que estavam formando.

Assim, depois de um ano de casados, contrataram uma mãe de aluguel, que passaria por uma gestação com o espermatozóide do próprio loiro. A grande surpresa aconteceu quando veio o primeiro ultrassom: gêmeos. Um risco esperado quando a gestação ocorre por inseminação artificial. Nasceu então, uma linda menina, a mais bela rosa do jardim deles: Bara. E um igualmente lindo menino: Hikari.

O desafio foi terrível. Precisou que o tutor de ambos, Kakashi e Iruka, os ajudassem naquela tarefa árdua de cuidar de dois bebês. O único auxílio feminino que tiveram no início, fora da madrinha de Naruto, uma médica, ex-dependente de álcool, e viciada em jogos, chamada Tsunade. De tanto insistir, Sasuke, — que não se dava bem com ela — conseguiu convencer o marido de que não precisavam da ajuda dela e acabou ganhando o ódio mortal da mulher. Mas, preferira mil vezes à ajuda da senhora Sasune, vizinha de prédio deles, do que a médica que passava o dia a enumerar seus defeitos, do que ajudar cuidar das crianças.

Agora seus pequenos tinham crescido, estavam com seis anos. Eram lindos, todavia, terríveis, hiperativos como o próprio pai loiro.

O relacionamento dos dois, depois dos gêmeos, nunca mais fora o mesmo. Naruto passou a fazer horas extras e ele passou a pegar trabalho de revisão de textos nas horas vagas. Tudo para dar o melhor aos pequenos, pagar a escola, alimentá-los, vesti-los. No começo, a euforia e a disposição da juventude os ajudaram e, mesmo após dias exaustivos, tinham noites de amor incandescente.

Todavia... Fazia algum tempo que começaram a se distanciar. Os horários do loiro mudaram, ele passou a jogar bola no fim de semana. Isso, quando não estava dormindo, ou dando atenção aos filhos. Acreditou, fielmente, que se mandassem as crianças para passarem as férias com os avós naquele ano, conseguiriam um tempo romântico só deles, contudo, nada. Nada mudou naquela rotina desgastante. Somente o vazio. O espaço e o silêncio deixado pelos gêmeos.

O moreno entrou no estacionamento da universidade e ao sair do carro, se deparou com algo que o fez crer que ele não deveria ter levantado da cama. A mulher de vestido vermelho, salto alto, se desencostou do carro de alto luxo preto e retirou os óculos escuros do rosto, jogando os cabelos róseos para trás, como se ela estivesse fazendo pose para algum tipo de propaganda de xampu.

— Oi, Sakura.

— Sasuke, precisamos conversar. — ela falou, sem sequer responder seu cumprimento.

— Hoje não. — ele acionou o alarme do carro, e seguiu em direção ao prédio universitário.

— Hoje sim! — a mulher rebateu, batendo o salto fino no chão e acompanhando-o.

— O que é Sakura? — ele perguntou, sem deter-se para ouvi-la. — Não me diga que já está se divorciando do seu décimo quinto casamento?

— Engraçadinho! Esse é o quarto, Sasuke! Nós não fomos casados, graças a Deus! Por que pior que ser ex-mulher de alguém, é ser ex-mulher de um gay, não acha?

— Então, diga logo o que você quer?

— Preciso que o Yoru passe um tempo com você... — ela começou tranquilamente, mas logo, disparou a falar: — Ele e o Sai não estão se dando bem. Já falei com o papai e a mamãe, mas eles não podem, porque a mamãe está fazendo um tratamento médico. Estou sentindo que aquele peste vai dar um jeito de terminar com mais um dos meus casamentos.

— Sakura, não é nosso filho que ‘acaba’ com os seus casamentos. — Sasuke contrapôs, resolvendo parar e volta-ser para encarar o rosto bem maquiado da mãe do seu filho àquela hora da manhã. — Eu tenho certeza absoluta disso.

— Você não convive com ele, pra dizer que tem certeza! — a mulher cruzou os braços sobre o busto que havia ganhado alguns milímetros de silicone, sentindo-se afrontada. Sasuke sempre fora daquele jeito, o dono da razão. Ele sempre achava que sabia de tudo. Não que esperasse ser bem tratada ou que o moreno aceitasse um pedido seu sem argumentar nada contra. Além do que, era impossível manter uma conversa amistosa com ele por mais que cinco minutos. — Fique com ele, e irá descobrir por si mesmo!

— Não dá, Sakura. — o rapaz moreno replicou, colocando a mão na cintura por dentro do paletó aberto. — Não tem espaço no meu apartamento. Você sabe!

— E onde ele fica quando vai passar o dia com você?

— Na sala.

— Ótimo! Então ele fica na sala.

— Você é louca? O quarto do Yoru na sua casa deve ser do tamanho do meu apartamento! Acha mesmo que ele vai se adaptar a viver na pobreza?

— Sasuke, essa não é uma decisão só minha. O nosso filho também quer viver um tempo com você. O que eu vou dizer a ele: “Filhinho, sinto muito, mas seu pai o está rejeitando”.

— Não ousa dizer algo do tipo ou... — ele falou em tom de ameaça, apontando o dedo de para mulher. — Eu nunca rejeitei o nosso filho! Você por acaso se esqueceu que eu tenho mais dois?

— Aqueles lá não são seus filhos, Sasuke. Larga de ser ingênuo. São filhos daquela coisa loira com uma barriga de aluguel.

Os orbes negros de Sasuke dobraram de tamanho. Sakura estava passando dos limites.

— Não ouse a repetir isso, Sakura. — o professor pediu, entre os dentes cerrados, tentando conter o nervosismo que o assolou. — Ou eu esqueço que você é uma mulher e perco a paciência.

— Certo, certo, Senhor Ignorância. O Sai vai ajudar com as despesas do Yoru e você não vai precisar pagar a mesada, ok? Quando ele pode ir?

Sasuke soltou um suspiro e olhou o relógio. Notou que seus colegas professores já começavam a chegar. Percebeu também que não conseguiria se livrar daquela mulher irritante se não entrasse em um acordo naquele instante.

— Espere as férias dos gêmeos acabarem pelo menos. Além disso, eu preciso falar com o Naruto primeiro.

— Meu Deus! Você precisa da permissão daquilo?

— Ele é meu marido! — o moreno esbravejou, bem no momento que dois dos seus colegas adentravam o campus.

Os dois homens que conversavam animadamente, ao ouvirem a exclamação, se calaram. Um deles passou pelo casal de cabeça baixa, o outro, de óculos, fez questão de cumprimentar Sasuke com um “bom dia”. O moreno só fez um aceno com a cabeça e manteve os olhos furtivos, fixos na mulher que agora tinha o rosto muito vermelho do constrangimento. Ele não tinha motivo nenhum para se envergonhar, não era segredo para ninguém sua homossexualidade. Além do que, sua vida pessoal não dizia respeito a terceiros.

— Mas não é você quem paga as contas? — ela o alfinetou, assim que os dois homens iteraram no prédio. — Você é quem deveria mandar!

— Ah, então é assim que acontece em sua casa? Quer dizer que aquele tal de Sai é quem deve estar lhe dando ordens para sumir com o nosso filho de lá?

— Eu disse isso no começo: os dois têm gênios fortes e não estão se adaptando. Eu não quero que mais esse casamento termine, Sasuke! Eu estou bem com o Sai.

— É egoísmo da sua parte, Sakura.

— Egoísmo?! — a mulher estourou. — É egoísmo querer ser feliz com a pessoa que ama? Você diz isso por que vive a mil maravilhas! Tem a pessoa da sua vida ao seu lado. Juntos, formam uma família bizarra, mas feliz!

— Não é bem assim...

— Não? — a mulher franziu suas sobrancelhas bem delineadas. — O que houve? Não me diga que o seu castelo está desmoronando? Casais gays entram em crise?

Sasuke sentiu vontade de estapear-se mentalmente, por ter dito aquilo.

— Eu tenho que apresentar meu plano de aula agora. Eu te ligo para dar a resposta.

— Eu preciso de uma resposta hoje!

— Eu te ligo!

Sasuke deixou a mulher frustrada e subiu as escadas que davam para o prédio. Seu coração havia disparado; raiva de si mesmo. Não queria ter dado o gostinho a ela de saber que seu casamento não ia bem. Afinal, Sakura, depois de Tsunade, era a pessoa quem mais lhe jogava na cara que o sentimento entre homens jamais poderia ser verdadeiro, por isso, sempre fez questão de prová-la do contrário. Agora, estava naquela situação. Graças ao marido que não ajudava.

Seguiu a passos rápidos, e ao chegar à porta fechada que dava para sala de reunião, soltou um suspiro, tentando se acalmar. Só então entrou, interrompendo a fala do diretor.

— Perdoe-me o atraso.

— Não há problema, Uzumaki-san. Deixe seu plano de aula sobre aquela escrivaninha e acomode-se. — disse o senhor de idade avançada, à frente do grande grupo. Sasuke sabia que Sarutobi Hiruzen, o diretor, era um homem gentil e compressível. O problema não era exatamente ele, e sim os cochichos maldosos dos colegas que encheram o ambiente.

Mas, estava determinado a não pensar naquilo. Fez conforme o homem mais velho lhe orientara, após entregar o encadernado para a secretária que era também a nora do diretor, acomodou-se ao lado do mesmo colega de óculos que passara por si há pouco.

— Manhã difícil? — o outro murmurou para si, olhando-o com certa malícia, por baixo dos óculos de aros finos.

— Hm... — só resmungou em resposta. Não gostava daquele homem que era um tremendo puxador de saco.

Sasuke afundou-se na cadeira e fechou o cenho, tentando assimilar o que era dito pelo velho Sarutobi. Mas sabia que, mesmo que tentasse, não conseguiria ouvir. Sua cabeça latejava cheia dos seus problemas familiares fazendo a voz do palestrante sumir em seu subconsciente.

Muitas coisas passavam por sua mente: onde iria hospedar o filho em seu minúsculo apartamento; como falaria isso para o Naruto; como seria a reação dos gêmeos. Além do que, seu filho e Naruto eram um grude que lhe causava ânsia. Era ciumento demais. Esse era um mal que realmente lhe assolava. Ciúmes sempre foi algo que nunca conseguiu controlar devido ao fato do marido ser muito “dado”. Ele e sua bendita simpatia, sorriso escancarado e fala informal, faziam as pessoas suspirarem por ele, por mais que não fosse considerado um modelo de beleza.

De repente sobressaltou ao sentir a mão do homem ao seu lado em sua perna. Iria chamar atenção dele quando, com um sorriso forçado no rosto, ele lhe disse:

— Parabéns, Uzumaki-san. A Karin-san acabou de ser promovida como coordenadora do departamento de ciências e você como o assessor dela.

— Eu estou sendo promovido? — Sasuke espantou-se, mas a salva de palmas que ocorreu, enquanto todos os olhares dos presentes recaíam sobre si, fez com que acreditasse.

Ele engoliu em seco, constatando que era muita coisa para um único dia.

...

Naruto levou o dia todo, mas deixou a casa espelhando como o marido queria. Lavou a roupa, retirou o lixo, limpou o chão, espanou os móveis. E, mesmo com a cara feia dos integrantes do time de futebol do condomínio ao vir procurá-lo no período da tarde, cancelou o treino. Foi até o mercado, comprou verduras frescas, um vinho e preparou um jantar especial. Estava decidido a desarmar Sasuke. Havia locado dois filmes e comprado energéticos para ficar acordado até a noite, mesmo assim, estava difícil conter o sono. Terminou de arrumar a mesa, quando ouviu a campanhinha.

— Será que ele esqueceu as chaves? — perguntou para ele mesmo, levantando-se e ajeitando a camisa branca nova que usava só para ir ao shopping. Passou as mãos no cabelo que estava com gel, e se olhou no reflexo da cristaleira; cheirou a camisa para ter certeza que ainda tinha perfume. Feliz com o resultado, inspirou e espirou profundamente, moveu os ombros, o pescoço, então seguiu para a porta. Antes de abri-la, alargou seu melhor sorriso e disse:— Okaeri!

...

No estacionamento do condomínio, Sasuke saiu do automóvel um pouco aturdido. Havia tido um dia bem cheio. Até passara um pouco do horário. Por sorte, a nova coordenadora, ainda estava em viagem. Mas percebera que a sua nomeação era esperada, pois a sua sala estava preparada, pronto para que alojasse seus pertences. Além disso, a coordenação havia contratado um professor substituto para sua matéria. Ainda estava desconfiado de tudo aquilo... Sentia que àquele cargo teria seu preço.

Passou a mão na nuca, massageando-a, enquanto caminhava a passos pesados. Ainda tinha que conversar com o marido sobre o pedido da Sakura e sobre sua estranha promoção. Ao chegar ao apartamento estranhou ao notar a porta do local semi-aberta. Imaginou, enervado, que Naruto havia saído e deixado a porta destrancada.

Deu uma espiada para dentro do ambiente e sentiu um cheiro agradável de produtos de limpeza. Naruto havia mesmo feito a faxina. Sorriu. Contudo, sua animação durou pouco, ouviu risos vindos da cozinha. Deixou o sapato na soleira da porta e seguiu para onde vinha os sons, ao se deter na passagem que dava para a copa, não gostou nado do que viu: Naruto conversando — muito de perto— com um jovem ruivo, o qual nunca vira antes.

— Naruto?

— Sasuke! — o loiro espantou-se, arregalando os olhos e afastando o jovem, após segurá-lo pelos ombros.

— Melhor você ir, Sasori.

— Hm, eu acho que entendi— o garoto comentou; evidentemente contrariado, saindo da casa de cabeça baixa.

— Feche a porta. — Sasuke pediu. — Pelos trajes, não é um novo integrante do time de futebol, não é?

— Ele é neto da Chiyo-baa-chan, Sasuke. Está passando um tempo com ela.

— E posso saber o que ele estava fazendo em nossa casa? Veio pedir uma xícara de açúcar, suponho?

Naruto suspirou, pelo jeito, seus planos de ter uma noite agradável ao lado do marido, havia acabado de ir por água abaixo.

Continua...


Notas finais do capítulo

Nee-chan! Eu sei que ando sumida. Você também. Mas espero que tenha gostado pelo menos um pouquinho do seu presente, levando em consideração que não deve ter ficado muito bom, visto que NaruSasu não é meu forte. Mas como é para você, eu me esforcei. Eu estava elaborando uma fic no Canon na verdade, já que lhe agradaria mais , mas como não consegui; vou me esforçar pra que você goste desse UA.

Até o próximo!




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