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[Naruto] A Crise dos Sete - Capítulo 6, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Extra 1 Extra 2 Epílogo
Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]

A Crise dos Sete
Revisado por Blanxe
Capítulo VI
“Marido?”, Sasuke se auto-inquiriu em pensamento, admirando o homem de estatura elevada detido diante de si.
Mas, antes que sua mente conseguisse processar a resposta para sua própria dúvida, o ruivo o interrompeu com uma expressão de entendimento repentino.
— Ah! Por um acaso você é o professor que a Karin está esperando? O tal de... Uzu- Uzu-... — ele coçou a cabeça com o indicador, concluindo: — Desculpe-me, não consigo lembrar o restante.
— Uzumaki. — Sasuke completou, ainda observando em estranhamento aquela pessoa.
Não conseguia entender o que Karin queria. Se ela era casada, porque marcar um encontro com o possível amante debaixo do próprio teto?
— Entre — ele disse, saindo da porta. — Ela está no escritório.
Formalmente, Sasuke retirou os sapatos e deixou-os na soleira. Em seguida, viu o homem apontar o par de pantufas de pelúcia preta no chão ao seu lado.
— São para visitantes, pode usá-las.
— Domo. — agradeceu, curvando o corpo para frente, ainda mais formal.
— Sem problemas. Siga-me. Vou mostrar onde é o escritório.
Sasuke pensou em usar as pantufas, mas ao fitá-las melhor e imaginar quantos outros pés de procedentes estranhos a calçaram, desistiu da ideia, resolvendo ficar só de meias. Encostou a porta atrás de si — já que o homem não se preocupara em fazê-lo — e então, voltou-se para ele que o aguardava estagnado à frente a uma das três portas do pequeno hall; pigarreou, ajeitou o nó da gravata e pediu mentalmente que ele não dissesse nada sobre o calçado. Para seu alívio, o anfitrião apenas direcionou um olhar para os seus pés, mas não comentou, deu as costas e saiu andando.
O professor suspirou e seguiu o marido da amiga; e, mais uma vez, ao passar pela porta ele a fechou, sem se importar de parecer metódico de mais. Também, não estava se importando de ter se mostrado mal educado em não calçar a “pantufa de visitantes”, já que percebera que o homem observara seus pés, provavelmente, deduzindo o asco impresso em sua atitude. Mas era algo da sua personalidade e não iria mudar só para se mostrar agradável, muito menos, para um desconhecido.
— A Karin mencionou que eu viria? — perguntou, tentando pelo menos, estabelecer algum contato cordial com aquela pessoa que nem se apresentara da maneira devida.
— Karin? — Juugo sorriu. — Parece que os dois são mesmo íntimos.
Sasuke se estapeou mentalmente. Fazia tanto tempo que chamava a agora coordenadora pelo primeiro nome que nem passara por sua cabeça ser formal diante do suposto marido dela. De qualquer forma, não saberia qual sobrenome usar, já que ficara sabendo do enlace naquele exato momento. Além disso, nos documentos da faculdade, inclusive na descrição na porta da coordenação de curso, ela ainda usava o nome de solteira.
— Desculpe, mas é que eu a conheço desde o tempo de faculdade e eu não...
— Tudo bem. — o homem o cortou e, como se adivinhasse os pensamentos de Sasuke, justificou-se: — Desculpe estar parecendo rude, mas é que não concordo muito com essa ideia da minha mulher. Espero que me entenda...
O visitante estacou e, ao perceber o deter repentino de passos, Juugo também parou, olhando-o sobre o ombro e percebendo-o espantado.
— O que houve?
— Você sabe quais são as intenções dela?
O homem de cabelos alaranjados se virou totalmente para o moreno e meneou a cabeça em um sim, sem mudar em nada a expressão, o que deixou Sasuke ainda mais confuso. Não compreendia como era possível o marido saber que a esposa estava querendo um caso extraconjugal e o estar guiando naquela tranquilidade.
— E... vai aceitar que ela faça isso, mesmo não concordando?
O tal Juugo abaixou os olhos, como se tivesse procurando algo no chão, uma expressão clara de constrangimento.
— Você deve estar achando patético um homem marmanjo como eu, sucumbindo aos caprichos da esposa, não é?
A resposta afirmativa que se formulou imediatamente na cabeça do professor ficou a meio caminho de ser vocalizada por ele, pois uma das portas daquele corredor foi aberta e uma cabeça com uma cabeleira vermelha surgiu no vão, olhando de um lado para o outro e se detendo neles.
— Até que enfim chegou! — a mulher exclamou, saindo para o corredor e repousando as mãos na cintura. — Juugo, não fique importunando o Sasuke, ele não é do tipo que gosta de conversas com estranhos. Melhor ir cuidar do jantar, eu já estou faminta!
Sasuke viu o homem soltar um suspiro contido e retroagir para o caminho de onde vieram em uma obediência assustadora.
— Aviso quando estiver pronto.
— Venha. — ela o chamou, fazendo um gesto com a mão e Sasuke a acompanhou, adentrando o cômodo que servia de escritório. — Não ligue. Juugo pode parecer grosseiro de início, mas na realidade ele é um homem amável e sensível por trás daquela casca de tamanho exagerado. — ela o informou sorrindo, acomodando-se atrás de uma grande escrivaninha de madeira. — Feche a porta, por favor, e sente-se.
Sasuke assim o fez, não porque ela o ordenou, mas porque teria que fazê-lo de qualquer maneira, detestava portas abertas. Ao acomodar-se diante da mulher, não conseguira deixar de vislumbrar a imagem por detrás dela: era uma parede vidro, onde se via uma área de convivência, com um belo jardim. Dava para se notar o capricho nos detalhes da reprodução de ambiente montanhoso. O muro era uma réplica de uma montanha, de onde escorria uma cachoeira que morria em um pequeno lago. Ficou deslumbrado. O escritório também tinha um ar rústico: a mesa de madeira envelhecida, como se fosse o tronco de uma velha árvore; alguns ornamentos estilo fazenda, como os vasos de plantas em formato de caixotes, o carpete verde felpudo que fazia um gramado verde no chão, na parede, vários quadros de paisagens. A estante de livros ocupava toda a parede do lado esquerdo formando o desenho de um celeiro americano.
— Parece impressionado. — ela notou. — A ideia foi do Juugo. Ele é paisagista e um apaixonado pela natureza, por isso ele gosta de reproduzir ambientes naturais dentro de casa, particularmente, eu gosto.
Sasuke estava realmente maravilhado, não só pela casa, ou o fato de Karin estar casada. Mas a própria coordenadora parecia bem diferente do seu dia-a-dia. Os cabelos estavam presos em um coque no alto da cabeça feito com uma caneta, cujo alguns fios vermelhos escapavam pelo rosto e pescoço. Ela vestia uma camiseta regata branca justa ao corpo que deixava os seios pequenos bem delineados, ela também balançava o pé descalço sob a mesa e vestia um short jeans. Além disso, o rosto estava limpo, sem a maquiagem do cotidiano; sem os óculos de aros grossos. Para Sasuke, ela parecera ali, naquele momento, uma jovem universitária, muito mais bonita por sinal do que quando a conhecera. Achou estranha aquela sensação de admiração, pois nunca vira beleza na colega. Era bissexual e sentir-se atraído por mulheres não era algo incomum, entretanto, era sempre raro deparar-se com alguém do sexo feminino que despertasse sua atenção.
— É... agradável. — afirmou. — Só não sabia que era casada. — acrescentou, mudando bruscamente de assunto.
— Tem muitas coisas que você não sabe ao meu respeito, Sasuke. Apesar de termos sidos colegas de faculdade e agora colegas de trabalho... Afinal, você sempre impôs entre nós uma distância significativa. — A mulher percebeu que o moreno iria abrir a boca para dizer algo, mas ela deu a entender que iria prosseguir na explicação e ele se calou. — Mas, o Juugo e eu optamos por casamento liberal.
— Por isso não mudou seu sobrenome?
— Poderia ter mudado se eu quisesse; o que não foi o caso. Ele e eu temos um acordo de um relacionamento aberto, desta forma, se eu estiver enfadada e quiser sair com outros homens, eu saio. O mesmo acontece com ele, se quiser sair com outras mulheres ele tem todo o direito.
— Desculpe, Karin. Mas para mim isso não é casamento.
A mulher sorriu.
— Isso se chama ‘liberdade’, caro sensei. Cada um é livre para seguir e acreditar nas ideologias que bem entender. Mas, tenha certeza, que assim, ninguém se fere com possíveis traições.
Agora fazia sentido para Sasuke o porquê de aquele homem ter lhe dito que sabia, mas não concordava com o intuito de Karin. Porém, não achou que o tal Juugo aceitasse cem por cento aquele relacionamento “liberal” devido à expressão de desolação estampada na face dele. Sentiu-se ainda mais invasivo em imaginar-se sendo amante da ruiva e tendo que frequentar aquela casa com o marido sabendo de tudo que se passava. Sua natureza ciumenta e doentia não o deixava nem sequer idealizar a imagem de Naruto deitando-se com outro alguém dentro da sua própria casa e ainda por cima com o seu aval.
— Você está bem, Sasuke?
— Karin, eu não posso concordar com o que você pretende.
— Como não? Se você nem ouviu ainda o que eu tenho a lhe propor.
— E você tem certeza de que ele concorda mesmo com esse casamento liberal?
Karin franziu o cenho, fitando Sasuke por um instante, sem compreender exatamente o motivo daquele questionamento.
— E eu posso saber qual o motivo da sua preocupação se acabou de conhecê-lo?
Sasuke revirou os olhos.
— Karin, me escuta. Está estampado na cara desse ‘seu marido’ que ele gosta realmente de você. Consequentemente, alguém que ama não concorda com essa ideia estúpida de ‘liberdade’. Qual marido vai gostar de saber que a pessoa que ele ama está lhe traindo, ainda mais, debaixo do próprio teto?
Por alguns segundos, Karin paralisou-se no rosto de Sasuke, que até suava ao falar com indignação sobre o assunto, porém, não compreendia o porque dele estar querendo engajar aquela discussão já que era do tipo que não se metia nos problemas alheios.
— Sasuke, sinceramente, esse é um problema do Juugo e meu. Mas... espera um minuto, foi ele quem disse que trago meus ‘amantes’ para dentro de casa?
— E precisa? O que eu estou fazendo aqui?
Mais uma vez, a ruiva ficou sem reação por algum tempo, estagnada, olhando dentro dos olhos de Sasuke e, quando finalmente ela compreendeu o que estava se passando na cabeça do colega, ela relaxou os ombros, recostou-se na cadeira e desencadeou uma risada que não demorou a virar uma gargalhada que encheu todo o ambiente.
O moreno se retesara quando a gargalhada se iniciou, assustado.
— Posso saber o que eu disse de tão engraçado?
Ela limpou o canto dos olhos com a ponta dos dedos e puxando o fôlego, desfez o mal-entendido:
— Sasuke, você está achando que te chamei aqui com interesse de fazê-lo meu amante?
— Sim, estou. Antes de sermos interrompidos pelo Kabuto hoje pela manhã você estava falando aquela baboseira que sempre foi apaixonada por mim e quando perguntei se isso tinha algo haver com sua proposta, você afirmou: ‘exato’! O que acha que eu deveria deduzir?
— “Ela está querendo usar da sua atual influência pra ter o que não conseguiu no passado” ?
Sasuke abriu os braços, confirmando em gesto.
— Acha mesmo que eu seria tão baixa?
O homem engoliu a resposta, passando uma das mãos nos cabelos e jogando a longa franja para trás, naquele momento, já não sabia de mais nada.
— Você disse que seria objetiva, então, sinta-se à vontade, estou totalmente desnorteado — ele falou, suspirando e notando a ruiva ganhar uma expressão mais séria.
— Eu disse que tinha a ver com o que eu sentia no passado por você, porque na realidade tem. Mas não é nada relacionado a termos um caso, Sasuke. Pelo amor de Deus. Com os problemas que ando vivendo ultimamente, me preocupar com um amante é tudo que quero evitar. Só entrei no mérito sobre o meu casamento, porque você perguntou...
— Então, do que se trata? Fale! Estou ficando ansioso.
— Sasuke, eu tenho uma filha... — ela anunciou, de repente, fazendo uma pausa e contraindo mais a face, como se ponderasse sobre aquilo o que iria dizer.
O moreno não deixou de se surpreender com a informação, afinal, há meia hora não sabia nem que a sua superior era casada. Todavia, não considerava aquilo um problema para ela adotar aquela expressão de dor.
— Karin qual é a proposta que você disse que iria me fazer?
— Eu quero que você finja ser o pai da minha filha.
— Como?!
— Houve um mal-entendido desde o começo... Eu sei! Eu fui absurdamente fraca e estúpida por não ter tido a coragem de assumir que não faço ideia de quem seja o pai da Midoriko. Foi uma transa de uma noite, com um cara qualquer que encontrei na balada, o qual não me preocupei em perguntar nome, telefone, endereço, nada... — Karin revelou, enquanto enumerava as opções no dedo. — Mas eu não consegui dizer isso diante daqueles olhos inocentes de criança que nasceu doente; eu não consegui. Você tem filhos, Sasuke... Se coloque no meu lugar e irá entender porque eu menti. Eu fiz a Midoriko acreditar que o amor de juventude da mãe dela, no caso você, é o pai dela. Ela se apegou a essa ilusão que inventei em um momento de fraqueza e agora ela sonha o tempo todo com o dia em que irá conhecer o pai... Eu menti, eu sei disso. Você e eu nunca tivemos nada... só que eu não posso desmentir isso, Sasuke... Minha filha... ela... ela... ela... tem câncer... — as lágrimas tomaram conta do rosto da ruiva na mesma proporção que Sasuke arregalou os olhos assustado. — A- a- a- Midoriko está... em estado terminal... Ela é só uma criança que tem como último desejo de vida conhecer o pai... Por favor, não me negue esse pedido, Sasuke... — Karin esfregou as mãos no rosto tentando conter as lágrimas que vertiam furtivamente. — Por favor...
Sasuke estava atônito com aquele balde de informações repentino e sua mente tentava processar e desanexar aquilo que acabara de ouvir de tudo que havia criado antes, enquanto Karin chorava sentidamente com as mãos cobrindo o rosto. Sasuke recostou na cadeira e suspirou profundamente, precisava organizar seu pensamento.
...
Enquanto isso, no apartamento de Naruto e Sasuke...
— Estou com fome, tou-chan... — a pequena Bara reclamou no colo do pai, que assistia ao noticiário na televisão; os dois meninos jogavam vídeo game no netbook de Yoru, sentados no carpete da sala.
— Vai ficar gorda que nem o pai Sasuke, só pensa em comida. — o gêmeo menino debochou.
— Meu pai Sasuke não é gordo, Hi-chan! — a gêmea rebateu, rapidamente. — Ele tem uma barriguinha... como é que diz mesmo, tou-chan?
— Saliente?
— Isso! Salienche!
— Ha, ha, ha! Salienche mesmo, de enchida!
— Hi-channn ‘tebba!!
— Não comecem, por favor... — Naruto pediu, apertando o comando no controle para visualizar o horário na tela da televisão e constatando que já era mesmo tarde. O jantar estava pronto fazia mais de uma hora e ele havia decidido aguardar o marido para jantarem juntos com as crianças, mas pelo jeito, ele estava fazendo hora extra. — Estranho o Sasuke estar demorando tanto, não é normal ter tanto trabalho se as aulas não começaram ainda...
— Mas ele já chegou do trabalho... — Yoru informou, disperso, sem parar os movimentos dos dedos no controle do vídeo-game.
Naruto arregalou os olhos, surpreso, então tirou a filha do colo e a colocou no sofá, para se aproximar do enteado.
— O que você disse, Yoru?
— Que o meu pai já chegou do trabalho. — ele repetiu, sem dar muita importância para a cara de incompreensão que o padrasto fazia atrás dele. — Quando eu cheguei em casa do parque ele estava saindo...
— Como assim? Ele disse pra onde iria?
— Eu fiquei curioso e perguntei só porque ele estava todo arrumado e perfumado... Mas sabe como meu pai é, né? Só sabe falar resmungado... Eu não entendi o que ele falou.
— Por que você não disse isso antes?
O garoto moveu os ombros para cima.
— Como vocês dois são casados, achei que ele já tinha te falado...
Aquela constatação óbvia vindo de um garoto, fez uma pontada arder no estômago de Naruto, que tentou conter a irritação.
— Mas estamos esperando ele pra jantar, ‘ttebayo! — Naruto bateu as mãos ao longo do corpo. — Está bem. Eu entendi. Vão lavar as mãos que eu vou servir a comida.
— Eba! — a Bara foi a primeira a comemorar, dando um pulo do sofá e correndo na direção do banheiro. Mas o gêmeo menino relutou.
— Eu quero terminar de jogar com o Yoru-nii-san, otou-san.
— Nada disso. — o loiro voltou-se para o enteado. — Desligue isso, Yoru. E vai você também lavar as mãos.
— Ai, ai... Tá falando comigo como se eu tivesse a idade deles!
— Eu... — Naruto apertou a fronte com uma das mãos, não podia descontar seu nervosismo neles. — Eu só pedi pra ir lavar as mãos!
O adolescente, ao ver que o padrasto estava mesmo estressado, resolveu ser mais obediente; de alguma forma, estava satisfeito em vê-lo nervoso, pois sabia que o motivo era a ausência do pai e a desconfiança que agora pairava em sua mente; assim, chamou o pequenino
— Certo, certo... Vem, Hi-chan — ele pausou o jogo e desligou o monitor do computador. — Continuamos depois do jantar. — sugeriu, ganhando um “ok” de aprovação do pequeno que deu a mão ao irmão mais velho, seguindo junto com ele para o banheiro.
Naruto esperou eles saírem da sala e então franziu o cenho, enquanto rumava para cozinha, mantendo uma expressão séria bem incomum dele, já que era quase sempre alegre e divertido. Conforme os filhos foram chegando à mesa foi servindo-os. Seus pensamentos ficaram tão dispersos, que não obrigou Hikari a comer os legumes quando o menino choramingou que não queria, apenas tirou-os do prato. E também, deixou que Bara repetisse mais de uma vez, mesmo sabendo que não era bom para ela comer tanto durante a noite. Quando eles terminaram, pediu para que todos fossem escovar os dentes enquanto ele iria recolher as vasilhas da mesa. Apesar de ter servido um pouco de comida, não conseguira ingerir e acabara jogando tudo na lixeira, junto com os legumes que Hikari não comeu.
Pelo que tudo indicava, Sasuke deveria estar mais chateado consigo do que já havia ficado. Afinal, ele não costumava sair sem deixar um recado pendurado na geladeira e o fato de Yoru ter informado que ele estava bem arrumado e perfumado, lhe alimentava a ideia de que ele fora se encontrar com alguém. Retirou o celular do bolso, apertou uma das teclas para acender o display e como imaginara, não havia nenhuma mensagem, nem ligações perdidas, apenas a proteção de tela com uma foto dos gêmeos. Sua frustração aumentou. Recolocou o aparelho no bolso e voltou-se para pia.
— Eles já escovaram os dentes, quer que eu os coloque para dormir, Naruto? — ouviu a pergunta do enteado em suas costas. — Ou posso deixá-los assistindo? É melhor para comida fazer a digestão, né?
— Isso... — respondeu sem ânimo algum.
O garoto sorriu e segundos depois já ouvia a voz dele na sala dizendo aos gêmeos que podiam continuar assistindo, mais alguns segundos e ele já estava novamente ao seu lado, perguntando:
— Quer ajuda?
— Vai descansar também.
— Não tô cansado.
— Você não estava reclamando antes que odeia trabalhos domésticos...?
O garoto apanhou o guardanapo de secar louças do suporte da parede e se pôs ao lado da pia, perto de Naruto, apanhando o prato que ele colocara no escorredor, então abriu um sorriso ainda maior e respondeu a dúvida do padrasto.
— É diferente quando se tem uma motivação.
Naruto preferiu não comentar. Estava sem humor, mesmo diante do rosto e do sorriso aberto do menino. Algo que o intimidava já que a face dele era idêntica a do marido, porém, não era costumeiro ver Sasuke se abrir daquele jeito, o que fazia de Yoru quase uma miragem; algo surreal. Lembrou-se também que Sasuke usava bandana para evitar que a franja caísse nos olhos quando estava cozinhando ou desenvolvendo alguma tarefa da casa e quando ele não as encontrava não tinha receio de usar os prendedores coloridos da filha, deixando-o na visão do loiro, Kawai. A própria menina muitas vezes ajudava-o a prender os cabelos e, mesmo sua expressão ganhando certa suavidade por causa dos enfeites infantis, ele mantinha o ar sério, discutia o noticiário e falava dos problemas do trabalho. Naruto, muitas vezes se policiava para conter a vontade que tinha de apertar a bochechas dele como se fosse a própria Bara, mas não fazia, pois tinha receio não só de que ele revidasse de forma arrogante, mas que parasse de usar os prendedores que o deixavam “tão fofo”.
— Tá pensando em algo bom? Está sorrindo?
O loiro suspirou diante da observação. A realidade é que não queria sorrir; estava chateado. Entregou o último prato para Yoru, abanou as mãos e as secou em seguida nas laterais da calça de moletom que vestia.
— Yoru, faz um favor para mim? — Naruto perguntou e, antes dele responder, fez o pedido: — Coloque o lixo lá fora e apague a luz quando sair. Eu vou colocar os gêmeos para dormir.
O garoto iria abrir a boca para protestar, mas o padrasto fora ágil e já havia deixado o ambiente. Torceu os lábios em um bico e esturrou.
— Cara, que raiva! — resmungou sozinho, saindo de perto da pia e indo apanhar o saco de lixo. — Para me notar de outra forma, nem pensar! Agora pra me ver como o ajudante doméstico aí sim... “Yoru, olha os gêmeos para mim!”; “Yoru, me ajuda com o jantar”; “Yoru faz um favor e tira o lixo nojento da cozinha”... nhé, nhé, nhé... Eu vou querer uma recompensa muito boa por isso, papaizinho Naruto! Meu beijo de boa noite vai ter que ser bem compensador! — O garoto continuou resmungando em tom sussurrado, mas parou ao olhar para lixeira. Fez uma careta de nojo; tampou a boca com a mão, então se direcionou para as gavetas da pia, sabia que tinha visto uma luva de borracha por ali, e após revirar o pequeno armário embaixo dela, encontrou o que procurava ainda lacrado no pacote plástico. — Ah! Eu sabia que tinha! Afinal, se sou nojento, herdei isso do velho... Argh... Nessas horas eu preferia estar com a mamãe... — ele colocou as luvas, então retirou o saco preto da lixeira, amarrou a boca e seguiu com ele rumo à saída do apartamento.
No quarto, Naruto penteava os cabelos compridos da menina, enquanto o filho encerrava o joguinho no netbook do Yoru.
— O papai Sasuke não chegou ainda, tou-chan? — a menina quis saber, com uma voz chorosa. — Ele não vai dar um beijo de boa noite na princesa?
— Ah, é assim? E só serve o beijo daquele papai, é? Quem é o príncipe loiro dos olhos azuis aqui, afinal?
Hikari ergueu a mãozinha no ar, fazendo os dois gargalharem. O menino parou de jogar e se ajeitou na cama olhando-os.
— Ué, eu sou o filho, eu sou o príncipe, como na história do jogo. Papai, você tem que ser o rei. — ele corrigiu.
— Está certo... Você é muito inteligente. — o loiro observou, fazendo o gêmeo menino sorrir. — Agora vamos, no contar de três segundos os dois debaixo das cobertas. Quando o papai Sasuke chegar ele vem dar o beijo de vocês, vamos lá! Um...
A menina pulou do colo do Naruto e seguiu pra cama dela. Antes, passou na cômoda e pegou o bicho de pelúcia em forma de uma raposa a qual ela dormia agarrada. Da mesma forma ágil, Hikari fechou o netbook e o deixou sobre a cômoda, subindo na cama na sequência.
—... dois, — Naruto enumerou lentamente, vendo-os deitarem e se cobrirem, então concluiu. — três! Olha só! Muito bem, vocês estão ficando bom nisso. — ele se aproximou da menina, curvando o corpo sobre a cama da gêmea e fazendo um bico com os lábios o qual ela alcançou, dando-lhe um selinho. — Boa noite, Hime.
— Boa noite, majestade — ela disse, sorrindo e apertando o bichinho no peito.
Em seguida, Naruto trocou cumprimento com o filho batendo seu punho fechado ao dele.
— Boa noite, treinador.
— Boa noite, campeão. — o loiro ainda afagou o cabelo dos dois, enquanto eles se desejavam boa noite. Antes de sair, acionou o pequeno rádio na prateleira, que começava os acordes de uma melodia leve, cuja voz suave da narradora encheria o ambiente, entoando o conto de fadas que embalaria os sonhos dos dois. — Essa é uma história nova que o pai Sasuke trouxe, depois vocês me contam se gostaram...
— Hai!
Ele apagou a luz principal e as duas lâmpadas estratégicas nas paredes que brilhavam dentro de conchas se destacaram como se estivessem flutuando no oceano pintado como tema do quarto. O que fez as criaturas marinhas, o barco e os piratas divertidos do anime One Piece ficarem mais visíveis. Seriam os heróis que os protegeriam em uma noite de sono tranquila. Suspirou e saiu fechando a porta de mansinho, ainda ouvindo a voz da Bara desejando boa noite ao pai Sasuke onde ele estivesse.
— Eu quero ouvir a história, Bara... — o menino reclamou.
— Você é muito chato, Hi-chan!
— Shhh....
Assim que deixou o quarto, Naruto foi até a cozinha, sentindo aquele ardor estranho se remoendo dentro de si, principalmente quando seus pensamentos se elevavam ao marido. Nunca passara por sua cabeça a possibilidade de cuidar sozinho dos gêmeos. Não que não fosse dar conta, só não saberia lidar com aquele sentimento que agora se alojava em seu peito ao imaginar que Sasuke não o estava esperando na cama, nem no sofá da sala. Habituara-se a tê-lo por perto. Muitas vezes, os dois se revezavam para colocar os filhos para dormir, outras vezes eles faziam juntos. Até a brincadeira do “um, dois e três” fora Sasuke que inventara, devido a sua falta de paciência quando chegava estressado do trabalho: “No três, eu quero os dois deitados.”, ele demandava. As crianças acabaram se acostumando tanto com aquilo que adotaram como uma brincadeira.
O loiro abriu a geladeira e apanhou uma das latinhas de saquê escondidas no compartimento de cima; longe das mãozinhas curiosas e rumou para sala, apanhando o controle da televisão na mesinha e esparramando-se no sofá; tomou um gole da bebida enquanto passeava pelos canais com os olhos estáticos e a mente dispersa.
“Sasuke... Eu não quero dar o braço a torcer, você me humilhou... Mas porque tenho que ser sempre o fraco que corre atrás de você? O que está fazendo? Onde foi? Por que não me avisou? Está querendo me torturar... não é?”, ele tomou mais um grande gole da bebida, largou o controle de lado após parar em um canal qualquer, se recostou mais no estofado e virou o pescoço para trás, fitando o teto; segurando-se para não se deixar abater.
Continua...
Notas finais do capítulo
Yooo, minna!! Agradecendo SEMPRE àqueles que deixam reviews para animar essa fanfiqueira aqui. :D

Um agradecimento especial aos leitores Ana, Akito, Hikari e Dora, que estão me mandando imagens que lembram a fic. Essa semana recebi uma imagem do Deidara, (que nem apareceu na história ainda), mas tá muito a cara da fic. Vou compartilhar com vocês (claro) no próximo spoiler do capítulo. Querem ver as imagens? É só acessar meu Blog (o endereço tá no meu perfil ou digite no google 'andreia kennen yaoi writer'). Lá, vocês clicam no menu "Minha fanfics", "Fanfics Prévias" e acessem os spoilers da Crise.

Se vc não gosta de Spoiler não leia, só veja as imagens. :D

E, aqueles que acharem alguma imagem que se pareça com os personagens da história, e queiram compartilhá-las, é só mandar pro meu e-mail: andreia_kennen@hotmail.com, que irei postar no blog. Antes de ficarem bravos, porque o capítulo tá meio 'água com açúcar' deixa eu contar uma novidade que vão deixar vocês mais animados: o próximo capítulo da Crise tá pronto. Isso mesmo! A Andréia – a enrrolada fez dois capítulos de uma vez. Só falta alguns ajustes pra poder mandar pra revisão. 8D

Então, depois de postar Redenção, a semana que vem provavelmente já terei capítulo novo da Crise pra postar. Aproveitando o ensejo, convido-os pra curtir Redenção também, a fic está entrando nos seus capítulos finais, e ainda dá tempo de você ler e acompanhar junto com os que acompanham o clímax dessa história. E após o término dela, passarei a atualizar "Aoi Sora" e com certeza, já estarei com planos pra lançar algum prólogo, mas, tenho muitos projetos iniciados, tenho que dar uma boa estudada naquilo que vou começar.Aproveitando também o espaço e a boa audiência (vai ser o último mercham, eu juro) quero convidá-los a me acompanhar lá no Blog (pra quem ainda não acompanha).

O Akito agora que se tornou administrador do Blog e está postando Doujinshis NaruSasu e logo ele começará a postar mangás yaois. Então, deem uma passadinha por lá e nos dê seu apoio! 8D

E pra concluir, deixar aqui meus votos sinceros de “força, Japão!”. A tristeza que eles estão vivendo, obviamente, é inimaginável. Porém, se depender das energias positivas, Ki, Chakra, cosmo, reiatsu dos Otakus (ou não) do mundo todo, Otakus, que esse povo amado semeou e cultivou com a beleza e o encantamento dos seus trabalhos, com certeza, superar, vai ser como um misterioso passe de mágica.

Ufa! Falei pra caramba!

See you next! o/

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