Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]
A Crise dos Sete
Revisado por Blanxe
Capítulo II
Revisado por Blanxe
Capítulo II
Sasuke colocou a pasta de mão sobre o balcão da pia e, mantendo sua expressão fechada, passou pelo loiro e foi direto para geladeira com intenção de tomar água para desfazer o engasgo que se criou em sua garganta ao ver o marido tão próximo daquele rapaz que, apesar de aparentar pouca idade, lhe parecera bem “saidinho”. Mas, ao abri-la, notou a quantidade de verduras e legumes armazenados nas gavetas transparentes, da mesma forma que havia reparado na fruteira carregada sobre a mesa. Percebeu, ao se inclinar para pegar a garrafa de água, uma de vinho no compartimento de bebidas. Era certo que Naruto não havia se dedicado só a limpeza da casa naquele dia. Pelo que percebera, havia feito mais do que isso para poder se reconciliarem, afinal, o cheiro bom do assado no forno, fez a fome do professor aumentar.
Era ciumento sim, ignorante não. O parceiro não seria burro o suficiente em marcar de traí-lo com alguém dentro do próprio apartamento no horário em que ele estivesse para chegar; a não ser que ele quisesse ser flagrado.
Assim, deduzira que o garoto que saíra há pouco fora só um contratempo em tudo que o loiro preparara para o que seria uma noite só deles. Sentiu vontade de sorrir, mas decidiu torturá-lo mais um pouco. Voltou a fechar a geladeira e anunciou de forma imparcial:
— Vou tomar um banho.
Naruto, mesmo assim, tentou se justificar a presença do vizinho.
— Sasuke, não é o que você está pensando.
— E o que eu estou pensando, Naruto? – ele parou na saída da cozinha, achando engraçada a fala de vidente do outro.
— Que eu estava te traindo...
— Estava? — O moreno se voltou para o loiro, cruzando os braços no peito e erguendo um das sobrancelhas, assumindo uma pose teatral de averiguação.
— Claro que não!
— Que ótimo. — Sasuke disse, desfazendo o cruzar de braços, dando-se por satisfeito com a resposta. Então, passou pelo loiro, repetindo: – Eu preciso de um banho, conversaremos na hora do jantar.
Naruto achou aquela reação sem estresse de Sasuke um tanto forçada. Aquilo deveria, com certeza, ser um sinal para se preocupar ainda mais. Conhecia muito bem o parceiro. Além de genioso, ele era do tipo que procurava pêlo em casca de ovo e, naquele momento, o mais condizente vindo da personalidade desconfiada dele seria estar passando por um enorme interrogatório.
Contudo...
Ele simplesmente aceitara só sua palavra? Sem fazer averiguações, constatações, insinuações?
Desta vez, foi Naruto quem cruzou os braços no peito e franziu as sobrancelhas. Havia algo de estranho e, apesar de ser considerado pouco inteligente, não precisava ser um gênio para deduzir que a falta de preocupação do marido em relação ao garoto que flagrara consigo lhe remetia a um único motivo: que quem estava sendo traído ali era...
O loiro não conseguiu concluir seu pensamento e engoliu em seco. Nunca imaginou tal possibilidade. Sasuke sempre o sufocara com seus sentimentos, seus ciúmes, suas paranóias, jamais deixando margem para que ele pensasse em tal possibilidade, mesmo tendo ciência do quanto seu parceiro era atraente. Porém, o marido era do tipo inteligente e se quisesse traí-lo, saberia exatamente como fazê-lo sem levantar suspeitas.
Um pouco atordoado, e após desligar o forno, Naruto saiu da cozinha e adentrou à pequena sala da residência. Passeando seus olhos automaticamente sobre os móveis antigos, alguns deles de dez anos atrás. Não o sofá. Esse era novo, Sasuke havia comprado há pouco tempo para substituir o de couro preto de cinco lugares que vivia com uma manta quadriculada em cima, que servia para esconder os rasgos do tempo, que graças às mãozinhas ágeis de Bara, foram duplicados de tamanho. A pequena queria saber o que tinha além da estofa branca que saía pelas fendas, claro que sabia que a menina fora atiçada pela mente furtiva do gêmeo mais velho que deveria ter inventado alguma história do tipo “o tesouro escondido além da estofa branca”.
Naruto sorriu, ao visualizar seus dois anjinhos destrinchando o velho sofá. Na imaginação dos dois, ele — Naruto — era o cavaleiro que sempre vinha ajudar os aventureiros a explorar e desbravar novos mundos, enquanto o outro pai, era o vilão que só aparecia para acabar com o divertimento.
Na frente do sofá, estava a estante que fora presente da sua madrinha, Tsunade, um dos móveis que ela doou quando desmanchou o consultório médico — uma peça de luxo para um apartamento simples, afinal, a armação era de aço e as repartições de mármore. Ele, Naruto, queria ter vendido e comprado algo mais simples, mas Sasuke se encantou pela peça, então acabaram ficando com ela. Nas repartições havia pertences de todos: alguns livros de Sasuke, o relógio digital, o aparelho de som, uma fileira somente com CDs outras com os DVDs das crianças e o item maior: uma televisão nova de tela LCD de 32 polegadas que comprara em longas prestações para as crianças assistir seus seriados favoritos. Tá, não podia dizer que era só para os pequenos, comprou para assistir os jogos de futebol da copa, peça que gerou desavenças durante um bom tempo entre ele e Sasuke, que não parava de lhe jogar na cara que ele não tinha dinheiro para ajudá-lo a pagar o financiamento do carro, mas arranjava para pagar aquela televisão exagerada.
Suspirou desolado ao lembrar-se do fato. Dificilmente comprava algo para si ou se presenteava. Na verdade, tudo que comprava era pensando na família e quando o fazia pensando em si, era sempre criticado. Mas, não era aquilo que queria lembrar no momento. Seus olhos azuis claros que eram refletidos no brilho do mármore branco, pararam sobre o cantinho que mais gostava daquele móvel: os inúmeros porta-retratos. Ali estavam vestígios de uma história que não havia começado há dois dias, há uma semana ou um mês. Procurou no meio deles aquela foto que Sasuke insistia em esconder atrás de todas as outras, e sorriu ao encontrá-la no canto mais profundo. Esticou o braço por cima das peças e, tentando não derrubar as outras, apanhou a que queria e sorriu, dedilhando a imagem dos dois olhando-se de rabo de olhos, desconfiados, e do Kakashi, o tutor de Sasuke, com a mão sobre a cabeça deles, tentando amenizar os maus ânimos daquele primeiro encontro, enquanto Iruka tirava a foto.
— Deixa no disparo automático e venha se juntar a nós, Iruka – Kakashi pediu. — Essa será nossa primeira foto de família.
— Eu saio na próxima, vamos tirar uma de vocês três primeiro.
— Humpf! – O garoto de cabelos negros esturrou após o disparo, retirando a mão do seu tutor de cima da sua cabeça e se afastando.
— Doushite, Sasuke?
— Não faça piadas, Kakashi. Essa é a sua concepção de família? – ele o inquiriu, com o ar irritado, apontando para o homem que tinha o ar de ingênuo, em seguida para o garoto que na visão dele tinha o jeito de bobo da corte. – Não me faça rir, você só pode estar louco. — o garoto saiu do ambiente, irritado.
— Espere, Sasuke...
— Kakashi, não. – Iruka o impediu de começar uma discussão. — Não vamos começar brigando, isso não vai ser bom. É o nosso primeiro dia em família.
— Família? — Sasuke, que havia se detido na saída do cômodo, fez questão de desdenhar: — Não diga que vocês estão achando que essa união bizarra pode ser chamada de família?
— Sasuke, você...
Mas nenhum dos dois adultos precisou respondê-lo, o pequeno loiro que, até então, se mantinha com o sorriso aberto, avançou em Sasuke desferindo um soco certeiro na face esquerda dele e derrubando-o no chão.
— Quem você pensa que é para tratar o Iruka-sensei e eu como se fossemos cocô de cachorro, hein?! — o loiro furioso segurou a gola do outro menino e o sacudiu; seus olhos claros avermelhados de raiva. – Eu não sei o que família significa para você. Mas eu sei o que ela significa para mim. Eu vivi durante muito tempo na rua, passando fome, pedindo esmola, dormindo em abrigos com um monte de gente desconhecida, até que o Iruka-sensei me encontrar e me dar um teto que eu comecei a chamar de lar. Ele passou a cuidar de mim, me dar o que comer, além disso, ele... ele me reconheceu como filho. – o loiro fez uma pausa pra engolir o engasgo que se formava em sua garganta e então prosseguiu: — Quando o Iruka-sensei disse que iria me arrumar outro pai e um irmão, eu fiquei muito feliz, porque ele estava feliz. Não vou permitir que você fale nada de ruim sobre ele, está me ouvindo?!
— Pare com isso, Naruto! Solte-o!
Iruka e Kakashi foram ao socorro de Sasuke e a mente de Naruto retornou a imagem guardada daquele dia.
— Sasuke, você sempre foi tão genioso... — o loiro falou, passeando os dedos sobre a imagem emoldurada e protegida por um vidro. — Apesar de tudo que eu disse, você não se mostrou compreensivo. Sensibilidade nunca foi uma qualidade sua. Você continuou me encarando por muito tempo com seu olhar agressivo. Por isso que, para mim, ser reconhecido por você e chegar aonde chegamos, é mais importante do que qualquer ascensão profissional, fortuna ou bem material. Você foi a conquista da minha vida e perdê-lo está totalmente fora de cogitação...
...
O moreno, que deixara o marido com o ar de aparvalhado na cozinha, havia se dirigido em silêncio para o quarto. Apesar de ainda estar remoendo a discussão que tiveram pela manhã, tivera que reconhecer o esforço de Naruto: ele trabalhara a noite inteira e, mesmo assim, se dedicou a cuidar da casa durante o dia. Além de preparar um jantar para os dois. Ao entrar no quarto, sorriu ao vê-lo também bem arrumado.
Quando seus tutores resolveram assumir o relacionamento e morar juntos, já eram pré-adolescentes, por volta dos treze anos. Não podiam dizer que não entendiam o que estava acontecendo. No começo, Sasuke foi o mais problemático e rebelde em relação ao assunto. Não queria aceitar que Kakashi estivesse apaixonado por um homem; aquilo era inconcebível. Ele sempre lhe falara que arrumaria para ele uma mãe, no entanto, chegou com outro pai. Recusou-se de todas as formas a aceitar em sua casa aqueles dois estranhos. O homem que parecia forçar para ser simpático e o garoto que o afrontava com seu jeito “moleque de rua”.
No começo, tinha raiva de Naruto por ele ser tão diferente de si; por ele não se incomodar de ter dois pais, por isso, o rejeitou também.
Sasuke elevou a mão na face e acariciou o lado esquerdo, como se aquele primeiro soco que recebera há mais de quinze anos atrás, ainda queimasse. Até conseguiu sentir o sangue se misturando a sua saliva, enquanto Kakashi e o outro homem tiravam aquele garoto louco de cima de si.
— Pare, Naruto! Está louco?! — Iruka o repreendeu, segurando-o. – Quantas vezes eu já lhe disse que não é com violência que resolvemos as coisas?
— Mas esse teme! Ele está se achando melhor que a gente, sensei!
Diferente do loiro, o moreno afastou com um safanão, a mão que o tutor dele oferecia para ajudá-lo a se levantar. Ao se colocar de pé, moveu o queixo de um lado para o outro, sentindo a saliva que se acumulava em sua boca misturando-se ao sangue, e não aguentando aquele gosto ruim, cuspiu tudo no chão. Em seguida, direcionou seu olhar de repulsa para Naruto e o homem que o segurava, para em seguida, dar as costas para o grupo, e seguir em direção ao seu quarto.
— Que tipo de atitude é essa, Sasuke? — Kakashi ainda o inquiriu, tentando impedi-lo de se retirar sem desculpar-se. Mas não conseguiu.
O tutor de Sasuke era um homem de boa aparência: alto, rosto bonito, cabelos que tinham uma tonalidade diferente, brancos prateados, quase um cinza, não da idade, já que ainda era jovem, talvez fosse algum problema genético. A cicatriz que tinha em um dos olhos fora adquirida no mesmo dia em que perdera alguém especial, quando ainda era um recruta em treinamento na academia de polícia. Foi por Obito Uchiha que se formou o melhor membro da academia gerenciada pela família do amigo morto.
Nunca culpou Sasuke por ser daquele jeito: rebelde e intransigente. Na realidade, reconhecia no protegido o que ele mesmo fora na adolescência. Ambos tiveram uma história drástica de vida, haviam perdido os familiares de um jeito duro. Mesmo assim, queria mostrar ao pequeno que ainda existia tempo para recuperarem, e que podiam sim, ser muito felizes com uma família.
— Yare, Yare... Precisamos acomodar os pertences do Naruto no quarto do Sasuke. Eu vou lá falar com ele.
— Espere, Kakashi. — Iruka o impediu de seguir. — O Naruto pode ficar na sala por enquanto. Não é justo tirarmos a privacidade do Sasuke. Além disso, o pequeno aqui dorme em qualquer lugar.
Sasuke, que havia parado escondido no corredor, continuou ouvindo a conversa.
— Tem certeza? Não vai se incomodar de ficar sem quarto por alguns dias, Naruto?
— Não tem problema, ‘ttebayo! — ele respondeu eufórico. — Eu durmo na sala! E se ficar frio eu durmo com o Kakashi-sensei e com o Iruka-sensei, nah? – sugeriu, fazendo os dois adultos se constrangerem.
— Bem... — Kakashi vacilou, coçando a nuca.
— De forma alguma! — Iruka interveio, mais firme.
— Nan de, Iruka-sensei?!
— Se precisar, arrumamos mais cobertores. Você não pode dormir com dois adultos.
— Por quê?
O rosto de Iruka corou.
— Você saberá quando chegar a hora certa.
— Quando eu tiver um marido para mim?
Aquela constatação por parte do pequeno fez os dois adultos sorrirem. Porém, o homem de cabelos acinzentados foi quem elucidou:
— É quase isso, Naruto. Saberá quando você for adulto e tiver que dormir com alguém que ama, né?
— Nan da, ‘ttebayo... Eu não entendi nada.
Naquele dia, escondido no corredor, Sasuke lembrou-se da raiva que sentiu de Naruto, do seu sorriso bobo, do seu jeito ingênuo, e ainda por cima, do jeito inocente que ele conquistava e roubava a atenção da única pessoa que até então se preocupara unicamente com ele.
Embaixo do chuveiro, agora vivido e mais velho, o moreno sorriu ao sentir aquele aperto fumegante no peito, enquanto a água escorria lavando seu corpo e aliviando-o do cansaço do dia cheio. Naruto não conseguira só mudar o ódio inicial que sentira por ele, mas sim, transformá-lo totalmente em algo sem dimensões. Ele acabou por invadir não somente a sua vida, mas também, entrou e tomou posse do seu coração.
Desde aquele momento que ele cruzara seu caminho, estavam juntos. Não conseguia mais imaginar sua vida longe do loiro, por esse motivo, tinha que se dispor a tentar salvar o casamento e não deixá-lo ir pelo o ralo por causa de briguinhas domésticas.
Assim, ao sair do banho com os pensamentos mais revigorados, Sasuke procurou por uma camisa melhor, entre aquelas que costumava usar para cuidar dos afazeres da casa, já que percebera que o marido também estava com uma nova, e ainda, uma das camisas que deixava o bom físico — devido às entregas que fazia de bicicleta e do futebol no condomínio — bem exposto. Recordou-se também que não gostava quando ele usava aquela camisa para sair, pois sempre acabava chamando a atenção de olhares famintos em sua direção. Parou, repreendendo-se mentalmente ao perceber seu ciúme querendo enervá-lo novamente, procurou por uma camisa social branca mais velhinha, que deixava para usar em casa, mas ao colocá-la e se olhar no espelho, notou a barriga saliente sendo destacada pelo tecido.
Foi impossível não sentir aquela pontada que latejou em sua fronte. Eram tantas coisas que ocupavam seu dia que não estava mais tendo tempo para malhar e o resultado era aquele: estava engordando a cada dia que se passava. Por mais que balanceasse sua alimentação, a falta de exercícios fazia seu corpo crescer pelas laterais. Retirou imediatamente a peça e após experimentar outras duas, optou por uma camisa preta e uma bermuda social grafite, as cores escuras disfarçavam o volume.
Suspirou, analisando-se no reflexo do espelho da parede. Não havia entendido porque a imagem daquele moleque esguio, de cabelos vermelhos e de roupas curtas invadiu sua mente fazendo-o comparar-se a ele. Era certo que, por mais que passasse a vida em uma academia, jamais se pareceria com aquilo, só se regredisse para os quinze de novo. Além disso, o gosto de Naruto não deveria ter caído tanto. Pensando daquela forma, passou a mão nos cabelos para alinhá-los, se perfumou e deixou o quarto.
No caminho para a cozinha ouviu um som vindo da sala, era o midi-sistem que tocava um CD antigo. Adentrou o lugar e percebeu que o loiro estava sentado no sofá, com o corpo inclinado para frente, e os cotovelos apoiados nas coxas, segurando um dos porta-retratos. Sasuke não precisou se esforçar para ver qual era. Repreendeu-se, pela segunda vez, por não ter dado fim naquela bendita foto ainda.
Tentando se aproximar silenciosamente, aproveitando que estava com os pés descalços, parou atrás de Naruto e esticando o braço por cima dele, retirou de suas mãos o porta-retrato.
— Não entendo o quê você gosta tanto nessa foto horrível. – Sasuke resmungou.
A atitude do homem moreno fez o loiro se sobressaltar e voltar-se para trás, entreabrindo os lábios surpreso. Na verdade, não prestara atenção no que Sasuke havia dito e sim, o quanto a pele dele reluzia sua brancura, destacada pela a camisa preta que vestia. Os cabelos ainda úmidos e o cheiro do xampu se misturavam a colônia de fragrância cítrica que atiçaram o olfato do loiro, fazendo-o constatar o quanto o marido estava mais bonito do que o habitual.
Sasuke supôs ter chateado Naruto com seu tom brusco. Devolveu o porta-retratos as mãos dele, mas este foi deixado de lado no sofá pelo loiro que se levantou rápido — dando a volta no móvel — e veio na sua direção. Deu um passo para trás, mas foi agarrado pelo pulso e puxado de encontro ao corpo dele, sendo preso em um abraço daqueles sufocantes. Sasuke arregalou os olhos, surpreso, sentindo os seus braços espremidos pelos dele.
Há quanto tempo ele não o abraçava daquele jeito?
Seu corpo estremeceu. A música no som tornou-se mais alta devido ao silêncio entre eles. Não era impressão: Naruto estava muito nervoso. Era perceptível naquele gesto intenso, no tremor que abalava seu corpo e na pulsação forte do seu coração.
— Naruto?
— Eu não vou deixá-lo, Sasuke... — o loiro afirmou, encarando os olhos negros do marido. — Nunca.
O moreno não teve tempo de contestar, pois seus lábios foram tomados por Naruto e um gelo atingiu seu estômago como há muito não ocorria. Não pelo beijo, mas talvez, pela declaração. Aquela era a forma comum do loiro se expressar: agindo.
A sensação dos lábios úmidos dele movendo sobre os seus, os braços dele o envolvendo, as palmas das mãos se firmando nas suas costas e juntando mais seus corpos, fez Sasuke sentir-se tão excitado que teve afastar brevemente seus lábios para ofegar, enquanto já sentia sua parte baixa ardendo.
Sasuke imaginou o que Naruto queria: ir para o quarto transar. Também sentiu vontade, mas havia um jantar esfriando na cozinha e não podia negar que estava faminto. Além do que, precisavam conversar sobre o que Sakura havia pedido e também, sobre sua promoção.
— Naruto... — Sasuke segurou os punhos dele, afastando-os. — Vamos jantar primeiro.
— Estou com fome de outra coisa... — o loiro alegou ao pé do ouvido do moreno.
Apesar de sentir um arrepio com aquela fala, principalmente quando a boca do loiro tocou a lateral do seu pescoço, Sasuke invocou seu alto-controle. Precisava conversar com Naruto sobre o filho e durante o jantar seria a melhor oportunidade. Se fizessem sexo naquele momento, cansado como Naruto estava, iria desacordar logo, por isso, precisava resistir.
— Espere...
— Sasuke, vamos fazer, por favor...
— Naruto... – ele respirou entrecortado, deixando-se envolver pelo desejo, porém, quando sentiu as mãos do loiro alisarem seu tórax e seguirem descendo em direção da barriga, despertou totalmente e impediu o loiro tocar a parte que estava mais odiando em seu corpo naquele momento.
— O que foi?
— Eu estou com fome – Sasuke alegou, empurrando a mão do loiro para longe do corpo dele e se afastando. — Você fez um jantar especial, não fez? Será que dá pra tentar não quebrar o clima que você mesmo criou?
— E querer fazer sexo com você é quebrar o clima?
Sasuke elevou a mão na testa e a apertou, fazendo uma breve massagem, tentando amenizar a dor de cabeça que ameaçava recomeçar. Tinha que manter a paciência.
— Naruto, eu também quero fazer sexo com você. Eu fiquei duro só com seu tom de voz no meu ouvido, mas o casamento não é só isso. Nós dois precisamos conversar. Se você não percebeu, estamos entrando em crise.
A palavra “crise” fez ressurgir a tolerância do loiro dentre as profundezas do seu âmago. Sempre fora exacerbado de mais, eufórico além da conta, mas quando precisava ouvir ou conversar, sabia fazê-lo. Assim, após concordar com um meneio mecânico de cabeça, apanhou a mão do marido e os dois seguiram para a cozinha.
Dentro do cômodo, Naruto soltou a mão do moreno, pedindo que ele pegasse a salada na geladeira, enquanto ele retirava o assado do forno e colocava-o sobre a pia, para poder fatiá-lo. Sasuke não fez só isso: retirou o vinho e buscou duas das taças que guardava em um compartimento elevado da prateleira anexa a parede, longe não só dos dedinhos dos seus pequenos, mas do outro pai também, já que esse era tão estabanado quanto as crianças.
Após Naruto servir seus pratos e Sasuke o vinho nas taças, sentaram-se à mesa, um de frente para o outro.
— À minha promoção. – anunciou o moreno, erguendo o cristal e propondo um brinde; ganhando um olhar de incompreensão do marido
— Promoção? – o loiro quis ter certeza do que ouviu, erguendo automaticamente a taça, imitando o gesto do outro.
— Isso. – Sasuke confirmou, tomando um gole da bebida e repousando a taça na mesa, para em seguida, empunhar os talheres e partir um pedaço da carne em seu prato, saboreando-o com as batatas cozidas. Depois de mastigar e engolir, diminuindo a reclamação do seu estômago, prosseguiu: — Fui promovido para assistente da coordenação essa manhã.
— Era sobre isso que você queria conversar? – o loiro perguntou, soltando um suspiro imediato de alívio, mas mantendo o agarre firme na taça que voltou a repousar sobre a mesa. — Eu achei que você estivesse puto comigo e que iria...
— Pedir o divórcio? – o moreno perguntou calmamente, voltando a ingerir o alimento disposto em seu prato, que por sinal, estava saboroso.
Não sabia que os dotes culinários do marido haviam melhorado. Naruto nunca gostou muito de cozinhar e, quando o fazia, era sempre algo expresso ou pré-preparado, por isso Sasuke se encarregara daquela função: acordava cedo para preparar a refeição dos pequenos e chegava a tempo para preparar o jantar, isso se não tivesse aula até tarde na faculdade.
— Você acha que quero te pedir o divórcio só porque estou suspeitando que você esteja me traindo? E com aquela criança?
O rosto do loiro aqueceu-se do constrangimento. Mas a verdade era bem aquela.
— Bem... — o loiro coçou a cabeça. — Você sempre viu pêlo em casca de ovo...
Os dois acabaram rindo e diferente do que Naruto imaginara, tiveram um jantar agradável. Sasuke explicou sobre a promoção e sobre suas preocupações com o novo cargo, principalmente, pelo fato dele ter sido indicado. O loiro tentava prestar atenção enquanto comia e após o término, juntou as louças na pia e lavou-as, enquanto Sasuke continuava falando.
Depois de deixar tudo limpo e arrumado na cozinha, os dois migraram com a garrafa de vinho para o quarto. Sasuke agora contava sobre a visita da ex-namorada na faculdade e das reclamações da mesma sobre o filho. Mas interrompeu-se assim que cruzaram a porta do cômodo e esta foi fechada por Naruto, que retirou a garrafa e a taça das suas mãos, depositando-as com cuidado na mesinha ao lado da cabeceira da cama, para em seguida, arrancar a camisa por cima da cabeça, expondo seu tórax e avançando na boca de Sasuke, beijando-o de forma exigente.
Minutos seguintes, já estavam na cama. Naruto parecia tão desesperado em possuir o marido que não se alongou nas preliminares, preferiu usar o lubrificante que ficava na gaveta da mesinha e, em questão de segundos, já se movimentava freneticamente dentro do moreno.
Sasuke deixou-se embalar pelo desejo do marido, perdendo o foco do que falava ao sentir-se possuído daquela forma tão quente e intensa; ele também necessitava satisfazer o anseio do seu corpo. E o prazer e a excitação que sentia ao ter o loiro movimentando-se sobre si, era tão extasiante, que fez seus nervos aflorarem, o coração disparar loucamente e os gemidos descompassados escaparem entre seus lábios, motivando ainda mais a intensidade do outro. Não demorou muito e os dois alcançaram o ápice, praticamente, ao mesmo tempo...
O restante das notícias que Sasuke tinha que contar para Naruto, acabou ficando esquecida em meio ao cansaço.
...
Na manhã seguinte.
Naruto virou-se na cama, preguiçoso. As lembranças da noite maravilhosa que tivera foram reavivadas aos poucos em sua mente, fazendo-o sorrir. Olhou para o lado e viu o corpo embrulhado no edredom branco; somente os fios negros para fora. Sasuke ainda não tinha se levantado para ir ao serviço. Sorriu satisfeito, imaginando que talvez ele fosse se atrasar só para ficarem um pouco mais na companhia um do outro, e quem sabe, repetir o desempenho da noite passada.
Ao pensar nisso, abraçou o corpo ao lado e sussurrou:
— Eu amo você...
Contudo, o loiro não obteve resposta e deduziu que havia algo de errado ali. O corpo o qual havia juntado ao seu parecia muito menor do que o de Sasuke, que sempre fora mais alto. Além disso, notou que ele estava vestido e não conseguira imaginar o motivo que faria o marido colocar um pijama limpo pra dormir, depois de terem feito sexo.
— Sasuke?
Naruto descobriu o corpo ao seu lado e quase pulou da cama ao se deparar com aquele grande par de olhos verdes, admirando-o, com o rosto todo corado.
Não soube bem o motivo, mas a primeira coisa que lhe veio na mente, ao ver aquela expressão do enteado, foi a visão de que ele era um seme — daqueles filmes eróticos que assistia —, prestes a traçar o passivo com carinha de lolito inocente.
— Quer explicar o que está fazendo na minha cama, Yoru? – perguntou para o garoto, aproveitando para puxar todo o edredom para si e envolver o corpo nu.
O pré-adolescente, com um sorriso matreiro nos lábios, manteve o tom inocente forçado e respondeu: — Ué, Naruto-otou-chan. Vim chamá-lo porque o meu pai pediu. – ele explicou, dedilhando o edredom de um lado a outro.
Naruto engoliu em seco. O filho de Sasuke era um verdadeiro tormento a visão, pois além de ser uma cópia perfeita dele, tinha aqueles olhos estupidamente verdes da mãe. Mas havia uma grande diferença entre os dois: a personalidade. Yoru não herdara em nada o jeito intransigente de Sasuke.
— Mas não precisava deitar na cama! – repreendeu o mais novo, descendo pelo outro lado, ainda com o edredom pesado envolto do corpo.
— Eu só queria te dar um susto. — Yoru justificou, fazendo um bico de emburrado, que na mente de Naruto, o deixava com o ar ainda mais erótico. — Estava com saudades, viajei durante as férias todas, queria muito vê-lo, Naruto-otou-chan...
— Já entendi. Já entendi, ‘tte bayo! – Naruto respondeu, recolhendo suas roupas no chão e indo em direção ao banheiro — Agora fique aí. Eu vou me vestir.
— Mas, otou-chan, somos homens, porque não se troca...
— Urusai, Yoru-chan!
Assim que Naruto entrou no pequeno banheiro, batendo a porta, o filho de Sasuke abriu um grande sorriso, voltando-se a deitar na cama e esfregando o corpo e o rosto aonde o padrasto havia acabado de estar. Aspirando o cheiro dos lençóis e mordendo a unha do dedão ao se lembrar do abraço que ele havia lhe dado.
— Naruto-otou-chan, finalmente vou poder ficar mais perto de você...
No toalete, Naruto vestiu-se rapidamente e jogou água no rosto, após dobrar o edredom e deixá-lo sobre a tampa do vaso. Não entendia por que Yoru estava ali àquela hora da manhã, mas tentava se recordar de algo que o marido havia dito na noite passada. Pelo que entendera, o garoto estava causando problemas no casamento da mãe, e Sakura parecia ter pedido algum favor ao Sasuke... Mas não lembrava se ele chegara a concluir qual fora o favor. Suspirou e saiu do banheiro, chamando pelo adolescente que estava deitado novamente em sua cama.
— Vem, Yoru-chan. — chamou-o, evitando olhá-lo.
O garoto saltou da cama e alcançou o padrasto rapidamente, enlaçando o braço esquerdo dele.
— Por que está aqui, hein? – Naruto quis saber, depois de saíram do cômodo.
— Ué, o meu pai não disse?
O loiro adentrou a sala coçando a nunca, o fato era que, se Sasuke concluíra sua explicação na noite passada, ele não se lembrava.
Como era esperado, viu Sakura de pé ao centro da sala, vestida como se fosse para uma festa: um vestido preto de alcinha que deixava os seios que receberam alguns mls de silicone mais valorizados no decote; os cabelos rosa presos em um rabo de cavalo, maquiagem e sandália de salto alto.
— Yo, Sakura-chan! Ohayo! – a cumprimentou, abrindo seu grande sorriso para ela.
Mas como esperado, vindo dela também, não teve uma boa resposta:
— “Bom” só se for para você que acabou de sair daquilo que chama de cama. Afinal, dirigir de manhã, nesse trânsito infernal pra vim nesse fim de mundo, não tem nada de bom! Além do quê, esse lugar apertado me causa fobia! Aff! — ela esturrou. — Eu tenho mesmo que sair daqui! Minha agenda está cheia, tenho que retocar a cor do meu cabelo, tenho seção para provar o vestido novo para um jantar do qual Sai vai participar nesse fim de semana... — Sakura concluiu, daquele jeito afoito, que era tão comum dela.
Porém, Naruto juntou as sobrancelhas em estranhamento ao vê-la abrir a carteira de repente, e retirar dela um papel dobrado, o qual estendeu para Sasuke.
— O cheque para as despesas do Yoru, como prometido.
O moreno, que estava sentado no braço do sofá, apanhou a lâmina que lhe era estendida e foi só então, que Naruto notou perto da porta, as duas malas: uma enorme e outra menor. Olhou das bagagens para o marido e o questionou:
— O que tá acontecendo, Sasuke?
— Ué? — Sakura colocou as duas mãos na cintura; não entendendo o que se passava ali. — Você não contou a ele ainda?
Yoru, que continuava sustentando aquele ar de euforia, se colocou no centro sala, no meio dos três adultos e se intrometendo na conversa, ele mesmo fez o anúncio:
— É que vou morar com você e com o meu pai, Naruto-otou-chan!
Continua...
Notas finais do capítulo
Desculpem a demora para atualização dessa fic, mas é que realmente tive muitos contratempos, mas agora a fic anda! :DMas, espero aquela boa motivação, né? Algumas reviews! Hahaha! Pra quem acompanha Redenção também, o capítulo 5 já está em fase de acabamento. Beijo coletivo!See you next! o/;*
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