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[Naruto] A Crise dos Sete - Capítulo 17, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Extra 1 Extra 2 Epílogo

Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]


A Crise dos Sete

Capítulo 17 (Final)

Revisado por Blanxe

Naruto entrou na pequena área de serviço e viu Bara sentada no chão, encostada na mureta e acariciando a cabeça do cameleão que descansava tranquilo em seu colo. Fechou a porta sanfonada ao atravessar para área. Desprendeu uma camisa branca do pequeno varal de armação redonda e colorida que estava suspenso no ar, preso por um suporte no teto. Vestiu a camiseta, depois de sacudi-la, e sentiu arrepios com o choque frio do tecido ainda úmido com sua pele aquecida do contato que tivera há pouco com Sasuke.

Acomodou-se no chão ao lado de Bara. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo. Até que ele, Naruto, decidiu iniciar a conversa pelo pedido de desculpas.

— Desculpe o otou-chan, Bara-chan? Eu não quis gritar com você.

— Ai, Otou-chan... Eu não estou chateada com você por causa do grito. O que me deixou triste foi você menosprezar o R-16. Ele pode ficar depressivo, sabia? Os animais têm sentimentos. O R-16 ele faz parte da família e está preocupado com o Hi-chan também.

Naruto revirou os olhos para cima e invocou sua escassa paciência.

— Tá. Mas não é bom para você e nem para o R-16 ficarem muito próximos do Hikari enquanto ele estiver doente. Eu falei pelo bem dos dois.

Como Bara não demonstrou estar aceitando sua justificativa, Naruto decidiu ceder.

— Certo. Desculpe-me por ter menosprezado você, R-16?

A filha abriu um sorriso satisfeito para o pai. Apanhou o camaleão e o ergueu na altura do rosto, deixando o bicho diante dos seus olhos.

— Viu, bobo? Papai ainda te ama — ela confortou o lagarto, dando um abraço nele, fazendo-o girar os olhos em lados aleatórios. Depois disso, depositou o bicho sobre o colo do pai. — Ele disse que aceita as desculpas, otou-chan.

Naruto sorriu e soltou um suspiro brincalhão de alívio. Acariciou o topo da cabeça cascuda e cheia de pontas do camaleão que, por estar solto no seu colo, começou a se movimentar; agarrou-se ao tecido da sua camisa e iniciou uma escalada pelo seu peito, até alcançar o ombro esquerdo, o qual aproveitou como ponte, e subiu pela grade de proteção da área, até desaparecer de vista.

Naruto se voltou para filha e descansou uma das mãos sobre a cabeça dela, procurando se certificar de que ela não estava mesmo mais chateada com ele, perguntou:

— E você? Tem certeza que não está brava com seu otou-chan?

Bara negou rapidamente, agitando a cabeça de um lado a outro. Depois abraçou as perninhas e apoiou o queixo sobre os joelhos, dando um sorriso matreiro, o qual o pai não pode ver devido a sua posição, mas que muitos diziam ter herdado dele.

— Não, otou-chan. Porque você e o papai Sasuke estão ficando de bem — ela justificou.

A lembrança de que fora flagrado pela filha beijando Sasuke fez Naruto perceber que havia cometido um deslize. Tinha se deixado levar pelo calor do momento, sem parar para pensar; como era acostumado a fazer. Prometera a si mesmo que não seria ele quem tentaria a reconciliação. Porém, acabou não resistindo e beijou o ex-marido ainda estando comprometido com Sasori.

Estapeou-se mentalmente ao lembrar-se do compromisso com o vizinho e por não ter sido capaz de controlar seus impulsos.

— Bara, escuta — ele pediu e ganhou o olhar curioso da menina. — O que o otou-chan fez foi errado. Eu estou saindo com o Sasori, por isso não deveria ter beijado outra pessoa.

— O papai Sasuke não é outra pessoal. É o papai Sasuke.

— Sim, Bara. Mas não é certo. Quando firmamos compromisso com alguém, devemos ser fiel a esse alguém.

Bara piscou seus grandes olhos azuis claros para o adulto ao seu lado e, depois de pensar por um instante, o questionou:

— E o que é ser fiel, otou-chan?

A pergunta pegou Naruto de surpresa.

— Hã? Ser fiel? É… Ser fiel é... é... bem...

Naruto se encostou melhor na mureta atrás dele, jogou a cabeça para trás e com o campo de visão voltado para cima notou que R-16 já havia chegado ao limite da grade de segurança com o teto. Agora o lagarto andava para o lado direito, em direção às ramagens e aos insetos que pousavam por ali durante a noite. Não fazia ideia de como explicaria algo tão complexo como a “fidelidade” para uma criança, quando o barulho repentino da porta sanfonada da cozinha se abrindo chamou sua atenção e a de Bara.

— Dei banho no Hi-chan — Sasuke anunciou, olhando para o loiro. — Ele pegou no sono em seguida; provavelmente é o efeito do remédio. Vou preparar o jantar agora — concluiu e ordenou a filha: — E você, mocinha, hora do banho.

Bara se levantou em um pulo e abraçou as pernas do pai, comemorando.

— Oba! Comida do papai Sasuke! Não aguentava mais Ramen.

Sasuke sorriu e afagou os cabelos loiros da menina.

— Certo. Mas antes, banho — ele repetiu.

Bara ergueu a cabeça para olhar o pai e, ainda curiosa com a conversa que Naruto iniciara, resolveu tirar com ele sua dúvida.

— Otou-chan, o que é ser fiel?

Assim que ouviu a pergunta, Sasuke encarou Naruto buscando nos olhos dele uma explicação para aquele questionamento repentino de Bara. Mas o loiro se mostrou indiferente ao desviar seus olhos para outra direção.

Diante da resignação de Naruto e do anseio de Bara que mantinha seus olhos espertos fixos nele, Sasuke agachou-se e tentou explicar:

— Ser fiel é não deixar de honrar seus compromissos, cumprir sua palavra. Por exemplo: se lembra de quando você queria muito o R-16 e me prometeu que cuidaria dele se eu o comprasse?

A menina fez que sim com a cabeça.

— Então, você me fez uma promessa, certo?

— Certo — ela concordou.

— E você está cumprindo essa promessa?

— Sim, ué. — ela disse, abrindo as palmas das mãozinhas para cima.

— Isso significa que você está sendo fiel a promessa que fez ao seu otou-chan de cuidar do R-16.

— Ah... — a menina entreabriu os lábios. — Ser fiel é cumprir uma promessa?

— Praticamente é isso.

— Hmm... — Bara soltou aquele resmungo e colocou a mão no queixo. — Agora entendi o que o Naruto-otou-chan quis dizer. Ele não pode voltar para o papai Sasuke porque fez uma promessa de namorar o Sasori-nii-chan, é isso?

Ao compreender o motivo da pergunta da filha, Sasuke fechou o cenho imediatamente e se ergueu.

— Bara, vá tomar banho. — repetiu o pedido, prevendo que a mente dela estava trabalhando depressa demais. — Esse é um assunto de adultos. Crianças não devem se preocupar com eles. Agora vá.

A menina estava prestes a contrair os lábios em um bico, chateada por ter sua capacidade de compreensão reduzida por causa da sua idade, quando Sasuke a advertiu.

— Sem bico.

Bara suspirou e bateu as mãozinhas ao longo do corpo.

— Fazer o quê, né? Desculpe por querer entender as coisas complicadas dos adultos. — ela retrucou e, passando por Sasuke na porta, adentrou o apartamento.

Sasuke balançou a cabeça negativamente, fitando Naruto com um ar reprovador.

— O quê estava conversando com ela, Naruto? Apesar de às vezes a Bara aparentar ser mais adulta que você, ela ainda é uma criança.

Tentando ignorar a parte que ofendia sua maturidade, Naruto explicou:

— Ela nos flagrou, Sasuke. Eu só achei por bem explicar para nossa filha que não foi certo da minha parte ter beijado você se estou comprometido com o Sasori.

— Comprometido com aquele pirralho? Não me diga que está levando esse relacionamento com tanta seriedade?

Naruto se ergueu do chão tranquilamente, bateu as mãos na parte de trás da calça do pijama e, se detendo diante do rosto contraído de Sasuke, respondeu sério:

— Eu sempre levo todos meus relacionamentos com seriedade, Sasuke. Diferente de você, não é? — Naruto fez menção de passar por ele para entrar na cozinha, mas Sasuke o deteve, segurando em seu antebraço.

— Espera... — o moreno pediu, pressentindo algo ruim no tom do loiro.

Sasuke nunca fora bom para expressar sentimentos positivos. Não sabia fazer elogios, ser carinhoso e muito menos gentil. Diferente de quando queria ser ferino e as palavras apenas deixavam sua boca com uma facilidade assustadora. Sempre ligou o fato ao seu orgulho. Demonstrar sentimentos bons era o mesmo que demonstrar sua fraqueza, por isso, nunca procurou se esforçar para vencer aquela barreira.

Mas durante todo aquele tempo que esteve separado de Naruto, vinha treinando em como externar melhor o que sentia e poder, finalmente, demonstrar que não era sua intenção ser tão duro e ríspido; que amava Naruto e aos filhos mais que tudo naquele mundo. E era com eles que queria estar.

— Termine com ele — impôs de repente, suavizando o semblante contraído.

Lutar contra sua natureza era algo complexo. Fazia-o tremer, engasgar, respirar com dificuldade, sendo assim, precisava ir devagar.

— E- estou ficando desesperado — alegou com a voz trêmula. — Eu quero voltar para nossa casa. Quero voltar para os nossos filhos. Eu... quero voltar para você. Quero nossa família de volta.

Naruto continuou encarando a mão de Sasuke apertando seu braço. A surpresa provocadas por aquelas palavras o deixou sem reação, mas seu coração desenfreara as batidas no peito. Não estava imaginando coisas. Tinha certeza de estar vendo um lado de Sasuke que desconhecia. Até via lágrimas brotando nas margens daqueles olhos que o fascinavam. Sasuke esfregou as costas de um das mãos no rosto, deixando-o vermelho e, enfim, as lágrimas desceram.

— Eu te amo! — ele declarou. — E sei que meu amor por você é algo incontrolável, possessivo e fora dos limites. Porque eu o amo acima de mim mesmo, Naruto. Eu jamais quis trocá-lo por alguém mais asseado, mais inteligente ou outras coisas que eu tenha reclamado na sua personalidade. Eu só queria que você corrigisse seus defeitos. Mas, ao mesmo tempo, eu não queria. Pois eu sabia que se você ficasse melhor do que já é, outros viriam roubá-lo de mim. Eu queria mesmo era poder monopolizá-lo, impedi-lo de sorrir e encantar outras pessoas com seu jeito de ser. Você não sabe o quanto doeu quando simplesmente aceitou nossa separação e passou namorar esse garoto. Eu vi todas as coisas que você sempre fez por mim desmoronando, desde a sua declaração quando ainda éramos adolescentes, até o pedido para o namoro e casamento. Foi você quem me fez tão confiante com suas declarações. Por isso, eu sempre ameacei, mas no fundo, conhecendo meus sentimentos, eu jamais teria coragem de realmente concluir minhas ameaças de separação. Entretanto, você, quando se decidiu, não hesitou. Isso me destruiu...

Os dois ficaram em silêncio por um bom tempo.

Naruto lutava contra uma vontade quase incontrolável de abraçar Sasuke; de confortá-lo e alegar que tudo voltaria a ser como antes. Todavia, teria também que reaprender a lidar com sua natureza e impulsos — exatamente como Sasuke estava fazendo — e assim, terem um bom recomeço.

Naruto retirou a mão de Sasuke que ainda segurava seu braço e abriu a porta da cozinha, puxando-o para adentrarem o local juntos.

— Vem. Eu vou te ajudar com o jantar.

Sasuke o seguiu; a ausência de resposta de Naruto deixando-o ansioso.

— Se vamos recomeçar... — Naruto iniciou. — Então que seja diferente desta vez. Sei que pode parecer estranho vindo de mim, mas eu quero ir devagar. — ele explicava, enquanto apanhava a panela no armário de utensílios e enchia com água na torneira da pia. — Vamos resolver as coisas aos poucos; uma de cada vez. Primeiro, a saúde do Hi-chan. Vamos esperar que ele melhore. Depois, irei encontrar a melhor forma de terminar com o Sasori. Por último, vamos procurar um lugar maior para morarmos. — ele concluiu, fechando a torneira e colocando a panela sobre o fogão, acionando a chama com o acendimento automático em seguida.

Então, voltou-se para Sasuke, que o observava em silêncio.

— Essa é a minha proposta. Se você aceitar...

Sasuke fechou os olhos, inspirou fundo e os reabriu. Admirou a seriedade e a calma estampadas no rosto de Naruto. Claro que não fora daquela forma que havia imaginado a reconciliação, no entanto, depois de tantas críticas que descarregara sobre ele, não poderia esperar um Naruto caindo de amores por si novamente. E se aquela era a única alternativa, faria o seu melhor, passaria por cima do seu orgulho tolo quantas vezes fossem necessárias, mas o teria de volta.

— Existe um lado em mim gritando e que não aceita esperar mais nenhum segundo para ter você de volta. Que quer assassinar aquele pirralho de cabelos vermelhos agora e ter o velho Naruto arrancando minhas roupas e me amando do seu jeito. Mas se for preciso calma para tê-lo de volta. Então, eu aceito a sua proposta.

Naruto estreitou os olhos, enquanto seu grande sorriso se abria.

...

Estrearam a casa nova com a festa de aniversário dos gêmeos. Naruto e Sasuke decidiram vender o carro, o apartamento e quitaram as dívidas com o dinheiro levantado. O que sobrou foi juntado com a economia que Kakashi e Iruka haviam feito exatamente para ajudá-los na aquisição de um imóvel melhor e que antes não aceitaram por mero orgulho. O dinheiro foi o suficiente para adquirirem uma casa de dois andares em um bairro próximo a universidade que Sasuke trabalhava. A casa tinha um quintal, onde as crianças poderiam brincar, e uma garagem onde era guardado o novo carro financiado; o qual os dois concordaram em dividir a prestação.

O bairro também não era tão longe da casa dos pais e nem da escola onde os gêmeos estudavam.

Naruto entrou em sociedade com Chouji para abrir e gerenciar uma franquia da rede de lanchonetes do amigo no novo bairro. Mas em vez de comercializar pizza, decidiu trabalhar com a comida que mais gostava: Ramen. O local ganhou até um nome personalizado: “Ki-Ramen!”.

Sasuke, com seu bom gerenciamento da coordenação de curso e com a apresentação de novos projetos que melhoraram o empenho dos acadêmicos, fez com que o curso de Ciências Biológicas da Toldai ganhasse o prêmio por ter os acadêmicos com os melhores desempenhos da universidade. Garantindo assim, sua continuidade na coordenação, mesmo depois do retorno de Karin, que não foi prejudicada e, sim, promovida ao cargo de assessora da reitoria.

Sakura também estava na festa de aniversário, ela retornou da Europa grávida e aquela altura já sabia o sexo: uma menina. Seria o primeiro filho dela e de Sai, o que estava causando ciúmes em Yoru que anunciou para mãe que permaneceria morando com o pai na casa que agora tinha um quarto só para ele.

Na festa, Kakashi e Iruka eram os responsáveis em divertir as crianças com show de mágica no quintal. Juugo, Naruto e Sasuke preparavam as guloseimas enquanto Ino e Karin serviam. Shikamaru estava presente na festa na companhia do casal de filhos, assim como Chouji, a esposa Chilli e a pequena Konoha, que não demorou se juntar aos filhos de Shikamaru para brincar.

Naruto viu que faltava refrigerante em algumas mesas e logo descobriu o motivo: Ino havia parado de servir porque ingressara em uma conversa animada com Shikamaru. Achou por bem não interromper e procurar outra pessoa para ajudá-los.

— Sasuke, cadê o Yoru-chan? — perguntou ao entrar na cozinha e ver Sasuke cobrindo com granulado as bolinhas de um doce chamado brigadeiro.

— Eu pedi pra ele comprar mais bebidas na conveniência, mas isso já faz um tempo.

— Vou procurá-lo.

— Hm.

Naruto passou por Karin que vinha recarregar a bandeja vazia na cozinha.

— Obrigado pela ajuda! — ele falou, sem se deter.

— Hai. — ela sorriu.

Ao entrar na cozinha, Karin admirou os dois homens que trabalhavam com suas feições sérias, enquanto usavam aventais com detalhes em rosa e prendedores coloridos nos cabelos. Não deixou de achá-los graciosos. Juugo preparava os salgados e Sasuke os doces.

Ela reabasteceu a bandeja e antes de sair, perguntou:

— E o bolo?

— Está no forno — Sasuke foi quem respondeu. — Estou terminando aqui e já vou decorá-lo.

— Foi ele mesmo quem fez, querida — Juugo a informou.

— É? Eu nunca imaginei que Sasuke tinha dotes culinários. Quem disse que são somente as mulheres que surpreendem desempenhando bem as funções masculinas, né? As crianças estão amando as guloseimas.

— Mas é melhor você voltar a servi-los senão eles vão começar a invadir a cozinha e não vão nos deixar terminar — Sasuke a advertiu.

— Opa. Já estou lá fora! — ela disse, saindo com a bandeja.

...

Naruto estava se aproximando da conveniência quando notou o rapaz loiro — amigo de Sasori — se desencostar em sobressalto de uma caminhonete no estacionamento e, na sequência, colocar dedo polegar e o indicador na boca e assoprar. Um silvo alto se fez e ele compreendeu no mesmo instante: era um sinal para informar que ele havia chegado.

Não demorou e viu sair detrás do veículo Sasori e Yoru. Aproximou-se rapidamente e a tempo de notar os dois ainda ofegantes, um tanto desalinhados, os lábios avermelhados e os rostos levemente corados. Não foi preciso muito raciocínio para deduzir o que havia ocorrido.

— O que estavam fazendo? — perguntou e os três desviaram os olhares para lados aleatórios ao mesmo tempo.­ — Ninguém vai me responder?

Yoru suspirou. Preferia confessar antes que a situação se complicasse. Confiava no padrasto. E, naquele momento, era melhor tentar buscar um aliado do que arrumar um inimigo.

—Sasori e eu estamos saindo, Naruto-otou-san. Mas não fala nada para o meu pai ainda ou ele vai me esganar.

Naruto balançou a cabeça, descrente.

— Sasori, você é mais velho que o Yoru! — Naruto alegou para o ruivo, que franziu o cenho.

— Ah, ótimo! Agora é assim? — o rapaz pôs ambas as mãos na cintura. — Você termina comigo dizendo que é muito velho para mim, agora eu sou muito velho para o Yoru-kun? O que é bom para mim, então?

— Eu? — o outro loiro sugestionou, para ser censurado em seguida.

— Cala a boca, Deida! — Yoru e Sasori gritaram ao mesmo tempo.

— Não tá mais aqui quem abriu a boca, hn?

— Tá. — Naruto fez uma massagem na testa. — Vocês vão me deixar com rugas cedo.

— Por favor, Naruto-otou-san? Não diga nada para o meu pai agora ou ele vai acabar com a festa.

— Mas vocês não suportavam um ao outro, como isso foi acontecer?

— Acho que a Lei de Coulomb[1] explica isso.

— Quê? Quem é esse?

Os três rapazes suspiraram ao mesmo tempo.

— É exatamente o que ocorre com você e o pai do Yoru-kun. São opostos que se atraem — respondeu Sasori.

Naruto ponderou por um instante, então, respondeu:

— Certo. Eu não vou falar nada por enquanto. Até porque hoje é dia de festa. Mas se não conversar com o seu pai, Yoru, eu vou falar.

— Valeu, otou-san.

...

Naruto estava chegando em casa quando viu Tsunade saindo de um táxi com duas caixas grandes embrulhadas em papel de presente.

— Levem o refrigerante para dentro e ajudem a servir — ele ordenou para os três que o acompanhavam, que assentiram e andaram rápido e aos cochichos para dentro da residência.

Ele se aproximou da médica.

— Achei que havia dito que não viria ­— ele disse, oferecendo ajuda para carregar os dois pacotes.

A médica pagou o taxista e se voltou para Naruto.

— Consegui trocar meu plantão — justificou.

— Sei — ele brincou.

— Ainda considero você meu filho e seus filhos meus netos, Naruto. Nunca vou concordar com o fato de você ser gay. Essa é minha forma de pensar e eu não vou mudá-la. Mas concordo que tenho que aprender a respeitá-lo e se você é mesmo isso, e vai continuar sendo, o que eu posso fazer? Mas prefiro que fique com o Sasuke. Pelo menos ele é alguém maduro e preocupado em crescer profissionalmente.

— O Sasuke não vai acreditar quando ouvir isso.

— E negarei até a morte que essas palavras saíram da minha boca, caso venha dar com a língua nos dentes.

Naruto sorriu.

— Obrigado, baa-chan.

Os gêmeos, ao verem a avó chegando, foram correndo ao encontro dela.

— Vovó, vovó! Trouxe presentes?

Os dois a abraçaram e Tsunade retribuiu o abraço duplo envolvendo-os ao mesmo tempo.

— Sim, meus pequenos danadinhos! Que saudades de vocês! Feliz aniversário!

Sasuke entrou no jardim carregando o bolo de chocolate, recheado com morangos, o favorito dos filhos. Em cima estava escrito em inglês: “Happy Birthday Hime-chan and Hi-chan”. Depositou-o na mesa no centro do jardim e convidou todos para cantarem os parabéns.

Os gêmeos se apertaram um do lado do outro para soprarem as velinhas.

— Antes, vocês precisam fazer um pedido. — alertou a filha de Chouji, já aposta com um pratinho na lateral da mesa.

Bara e Hikari se entreolharam e depois olharam todos em torno deles: Ino, a mãe biológica, a tia Sakura, o tio Sai, o tio Shikamaru, os dois filhos do tio Shikamaru, o tio Chouji, a tia Chilli, a Konoha, o Yoru-onii-san, o Sasori-nii-san, o vovô Iruka, o vovô Kakashi, a vovó Tsunade, a tia Karin, o tio Juugo, os amigos da escola e principalmente: o papai Sasuke e o papai Naruto. Então eles deram as mãos e foi Bara quem decidiu apenas reforçar o pedido que mais desejaram naqueles últimos dias; o qual já havia sido realizado.

— Papai do céu já realizou nosso desejo — ela informou. — Mas já que a gente tem esse direito, nós vamos usar nosso pedido de aniversário pra tonar mais forte o desejo que fizemos antes: que o papai Sasuke e o papai Naruto nunca mais se separem. Que eles continuem sendo fortes como os heróis da história que leem para gente. Vencendo sempre esse monstro que eles chamam de Crise.

Bara e Hikari encheram os pulmões de ar e sopraram as velinhas. Houve aplausos e todos se juntaram para as fotos em família.

Naruto e Sasuke juntaram as mãos. Sabiam que ainda enfrentariam muitas crises, teriam muitos problemas com os ciúmes, sofreriam preconceitos por formarem uma família fora do convencional. Mas eles aprenderam que o segredo do fortalecimento de uma relação não está somente no amor, mas também na tolerância, no companheirismo e na compreensão.

— Sim. Vamos seguir lutando sempre, né, Sasuke? — Naruto cochichou para o marido, enquanto Shikamaru, como o fotógrafo improvisado, pedia para se organizarem melhor e todos saírem na foto.

Sasuke sentiu aquele calor bom da mão que apertava a sua e concordou com um menear de cabeça.

— Hm.

O flash iluminou seus rostos e em breve aquela foto se juntaria as outras no canto especial da estante da sala. Era o final feliz de um pequeno trecho daquela história que, certamente, ainda tinha muito para contar.

Fim.



[1] A Lei de Coulomb é uma lei da Física que descreve a interação eletrostática entre partículas eletricamente carregadas. Esta lei estabelece que o módulo da força entre duas cargas elétricas puntiformes (q1 e q2) é diretamente proporcional ao produto dos valores absolutos (módulos) das duas cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre eles. Esta força pode ser atrativa ou repulsiva dependendo do sinal das cargas. É atrativa se as cargas tiverem sinais opostos. É repulsiva se as cargas tiverem o mesmo sinal Foi com base nessa lei que nasceu o jargão: “opostos que se atraem”. (fonte: http://scienceworld.wolfram.com/physics/CoulombsLaw.html )





Notas finais do capítulo

Nada de choro!

Aproveitem o ânimo e corram para o Extra 01 que está super açúcarado!

Vejo vocês lá! o/

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