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[Naruto] A Crise dos Sete - Extra 1, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Extra 1 Extra 2 Epílogo

Autor: Andréia Kennen
Gênero: Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Naruto e Sasuke, mesmo sendo um casal pouco convencional, sempre se esforçaram para viverem bem e como uma família comum. Contudo, o mal que assola as famílias comuns (a temerosa "Crise dos sete anos de casados")está rondando esse lar feliz. Será que eles irão conseguir vencer todos os obstáculos e manter o casamento?
Confiram![NaruSasu. +18. Presente de níver pra minha Blond-Hikari-nee-chan.]

Notas iniciais do capítulo

Você já leu o capítulo 17 (o final)? Tem certeza!

Então prepare suas injeções de insulina porque esse Extra - Parte 1 está puro açúcar.

Mas o bom é que depois do açúcar, podemos adicionar os limões, né? 8)

Boa leitura!




A Crise dos Sete

Capítulo Extra 01

Revisado por Blanxe



Duas semanas antes da festa de aniversário de Bara e Hikari.



Sasuke olhou pela segunda vez o relógio de pulso constatando as horas: 19h10. Ajustou o nó na gravata e engoliu com dificuldade o restante da bebida em sua taça. Apesar de o local ser bem refrigerado, sentia calor. A bebida ardeu em seu estômago e por estar com a taça vazia, o garçom que estava lhe servindo apareceu do seu lado novamente, como um fantasma surgido do nada, fazendo-o sobressaltar.

— Posso servir-lhe mais uma bebida, senhor?

O sorriso e olhos estreitados do garçom faziam-no se recordar vagamente de Sai, o atual marido de Sakura, que tinha um jeito debochado de ser; o qual odiava. Fez que sim com a cabeça e o homem se retirou tão rápido quanto surgiu. Com certeza, Sai estaria rindo de si em uma situação constrangedora como aquela.

Havia feito reservas no restaurante mais caro da cidade. Não que havia gastado para tal, simplesmente conseguira cortesias com o dono do local, o qual conheceu em um encontro educacional. Na ocasião, o atual diretor da Toldai, Orochimaru, que era também antigo coordenador do seu curso, ao apresentá-lo ao dono do restaurante informou ao homem que ele estava tentando reatar o casamento. O próprio dono do restaurante, que era um senhor muito amistoso e bem apessoado, acabou lhe dando dicas e oferecendo o restaurante como um ponto estratégico para reconquistar “sua amada”. Não teve tempo de dizer ao homem que não era “a amada” e sim “o amado”, pois ele se empolgara em lhe contar casos de reconciliações, pedidos de casamentos e namoros que seu restaurante havia sido palco.

“Aprenda rapaz: mulheres adoram luxo!”

Não precisava daquela dica. Sabia muito bem disso, Sakura era um bom exemplo. O problema é que não estava tentando se reconciliar com uma mulher e sim com um homem; mas aceitou a cortesia de bom grado, dizendo que iria conversar com sua companhia.

Havia descartado a ideia, essa era a verdade. Mas por acaso mencionara o episódio com Naruto e foi surpreendido quando ouviu dele a resposta: “Se ele nos deu os convites não deveríamos desperdiçar a chance de comermos bem”.

Todavia, percebeu que fora um erro assim que pôs os pés dentro daquele lugar. Sentiu-se como uma presa adentrando a toca dos leões, pois quase todos os olhares do salão se voltaram para ele.

Notou que o ambiente era um local de encontros para pessoas de elite, dentre elas, certamente magnatas, homens na maioria senhores, poderosos, que exibiam suas belas e jovens esposas. Sasuke, talvez por ser jovem e considerado bonito, tornou-se o centro das atenções.

Procurou manter o queixo elevado e a expressão rígida, enquanto marchava para a mesa reservada, que por azar, estava localizada quase ao centro do salão — ou seja, um pequeno palco montado em um lugar estratégico.

Entre uma bebida e outra que o garçom lhe trazia enquanto esperava por Naruto, notara que a curiosidade estava também estampada no jeito atento do sósia de Sai, já que ele era o único garçom que o atendia.

Aliás, ele se deteve ao seu lado e depositou na mesa mais uma taça de gim e uma pequena porção de petisco com patê.

— Não pedi nenhum acompanhamento.

— Cortesia da casa, meu senhor. O chefe pediu para que tratássemos o cliente dessa reserva com muita dedicação.

Recordando-se do que se tratava, concordou.

— Obrigado.

— Perdoe-me a ousadia, senhor... — o rapaz vacilou, mas ao notar os olhos de Sasuke curiosos sobre si, decidiu concluir. — Alguns clientes me passaram seus cartões para que eu os repassasse ao senhor. Também há alguns bilhetes de madames. Eu os alertei de que o senhor estava esperando por companhia e que certamente recusaria. Mesmo assim, me pediram para que eu insistisse.

Sasuke sentiu um ardor nas bochechas e fechou os olhos. Odiava aquilo.

— Eu recuso.

— Sim, claro. Desculpe-me, senhor. Com sua licença.

O rapaz se afastou e suspirou fundo ao se aproximar do balcão de bebidas.

— Ele não aceitou, né?

— Evidente que não. — o rapaz afirmou emburrado, retirando os inúmeros cartões e bilhetes do bolso e empurrando para o colega atrás do balcão. — Jogue-os no lixo para mim. Vou perder umas boas gorjetas.

O balconista apanhou os cartões e os bilhetes. Alguns tinham até marcas de beijos feitas por batom. Sorriu e meneou a cabeça negativamente, comentando:

— Com certeza um cara boa pinta como ele deve estar esperando uma companhia à altura. Acho que nosso cliente não faz ideia, mas ele e sua misteriosa dama se tornaram a atração principal dessa noite.

— Não sabe, mas está desconfiado. Porque dá para ver que ele está um pouco tenso. Confesso que também estou curioso. Espero que a companhia não dê o bolo nele, quero ver essa mulher. Aliás, me devolve esses cartões. Vai que a moça não venha e ele decide aceitar uma nova companhia.

— Você é mal, Ryuko-san — balbuciou o balconista.

— Sou nada, Ken-chan. Sou apenas prático. De qualquer forma, alguém para deixar um cara como ele esperando, deve ser mesmo uma deusa. Quero muito vê-la desfilando no nosso palco e arrancando olhares carnívoros desses velhos babões e narizes contorcidos dessas dondocas.

— Não sei, não, Ryuko-san. Mas algo me diz que hoje teremos uma surpresa.

— Tá falando daquele seu poder esquisito de novo?

— Não é poder. Chama-se: “pressentimento”.

— Tanto faz. — ele ergueu os ombros. — Mas me diz, você acha que ela será feia?

— Hm. Não seria isso.

— Vamos apostar?

— Nossas gorjetas?

— É.

— Não importa a idade, se ela for uma beldade, eu ganho. Se não for, você ganha.

— Combinado. Mas é melhor circular, tem clientes chamando.

— É verdade! Que saco! Até.

— Até.

...

Vinte e cinco minutos antes, do lado de fora do restaurante. Ino olhava assombrada para fachada luminosa do D’luxe Bistrô. Era o restaurante mais caro de Ginza. Quando Naruto colocou a mão na maçaneta para abrir a porta do carro e descer, rapidamente a loira acionou a trava automática e ligou o carro novamente.

— Ino? — Naruto arregalou os olhos para ela. — O quê tá fazendo?

— Dando marcha ré, não está vendo?

— É claro que estou vendo! Mas deixa eu sair antes!

— Nem pensar que você vai entrar no D’luxe Bistrô vestido desse jeito, Naruto.

— Como assim? ­— ele esticou a camisa branca que vestia. — O Sasuke falou pra eu vir alinhado. Estou vestindo uma camisa nova.

— Naruto, você não entende mesmo. Tem um shopping na outra esquina. Dá tempo de salvar a sua pele ainda.

— Quê?!

Cinco minutos depois, Naruto estava sendo puxado pelas galerias do Shopping Ginza. Os dois se detiveram diante de uma boutique de roupa masculina e foram recepcionados por uma senhora de sorriso muito simpático.

— No que posso ajudá-los, jovens?

— É uma emergência! — exclamou Ino esbaforida, fazendo a senhora arregalar os olhos por trás dos óculos de aros finos e redondos. — A senhora conseguiria transformar esse loiro em um príncipe digno de jantar no D’luxe Bistrô em menos de quinze minutos?

A senhora olhou para Naruto e logo sorriu, piscando um dos olhos para Ino.

— Com esses olhos azuis e cabelos loiros? Já estamos na metade do caminho, senhorita! Vamos conseguir!

­— Yes! — Ino e a mulher espalmaram as mãos.

Minutos depois, a simpática vendedora acenava para os dois, contente por ter cumprido bem o desafio. Assim que Naruto deixou a loja, arrancou inúmeros olhares de entortar pescoços.

— Estou atrasado, Ino!

— Não tem problema. Quinze minutos estão dentro da tolerância. Ainda temos que passar em mais um lugar.

— Que lugar?! E por que eu tenho de me vestir como um pinguim para ir jantar?! Eu odeio ternos. Tá todo mundo me olhando!

— Estão olhando porque você está lindo. Nunca iria deixar você passar a vergonha de entrar todo desleixado no D’luxe Bistrô. Se fosse para comer aqui no shopping, ou em um restaurante qualquer, tudo bem. Mas aquele lugar é muito requintado Naruto.

— Mas eu não vou ter dinheiro para pagar esse terno, Ino.

— E quem está cobrando algo? É um presente meu para você.

— Agora você conseguiu me deixar nervoso... Eu não sei me comportar com etiqueta.

— Vai dar tudo certo. Apenas mantenha o rosto elevado. Olhe as pessoas de cima e coma com tranquilidade. Não coloque os cotovelos na mesa, fique ereto mesmo estando sentado. Use os talheres da direita para esquerda.

— Ah! É muita coisa pra eu lembrar assim!

— Vai dar tudo certo, agora aperte o passo porque não podemos passar dos quinze minutos.

...

Sasuke olhou para o relógio mais uma vez. Não conseguia imaginar que Naruto tivesse esquecido ou simplesmente se atrasado. Estava começando achar que aquela tinha sido uma péssima ideia, afinal, Naruto nunca iria colocar um terno para entrar naquele lugar e quem sabe, já tivesse até aparecido e barrado, e estava chateado e emburrado em algum lugar. Imaginar isso o apavorou. “Talvez ele pense que fiz de propósito, só para diminuí-lo” —apanhou o celular no bolso da calça e discou o número do loiro.

Do lado de fora, o quadro havia se invertido e agora era Naruto quem puxava Ino em direção do restaurante.

— Me larga, Naruto! Eu marquei de ir para balada com minhas amigas!

— Entra comigo, Ino!

— Eu não tenho reservas!

— Mas você pode ficar na mesa com a gente.

— Eu vou atrapalhar o encontro de vocês.

— Por favor? Só entra. Depois você sai.

Ino suspirou.

— Tá. Eu vou ficar um pouco no balcão e pedir uma bebida. Mas na hora que eu perceber que está tudo certo, eu vou embora. Entendeu?

— Obrigado, Ino.

Naruto sentiu o telefone vibrar no bolso da calça e apanhou-o rapidamente.

— Onde você está? — perguntou a voz do outro lado.

— Aqui fora — respondeu.

— O que aconteceu? Não te deixaram entrar?

— Não cheguei à entrada ainda.

— Não sei se foi uma boa ideia. Se quiser me esperar aí fora, vamos para outro lugar.

— Não. Eu quero jantar com você aí dentro.

Sasuke sentiu o coração bater mais rápido e observou a sua volta. Havia se instaurado um estranho silêncio. Até mesmo a música ambiente estava mais baixa e os volumes das conversas sumiram por um instante. Engoliu em seco, suspirou e respondeu.

— Certo. Estou te esperando — desligou e notou que automaticamente os sons da música e dos buchichos preencheram de novo o salão.

O garçom que estava atendendo Sasuke e passava próximo dele quando ouviu a ligação, apertou o passo e alcançou o balcão do bar que era junto à entrada.

— Parece que a atração da noite está chegando. Acabei de ouvi-lo falando no telefone. — avisou ao colega. — Agora vamos descobrir quem ganhou essa aposta.

Secando as taças tranquilamente, o outro rapaz apenas assentiu.

Ino estava com um vestido champanhe, uma bolsa de mão dourada e sapatos de salto alto também na cor dourada. O batom era um rosa claro, da mesma tonalidade do blush das bochechas, porém, os olhos estavam bem maquilados, delineados de preto e coloridos de prata e bronze. Os longos cabelos estavam presos em um coque charmoso, que deixavam alguns fios do seu longo cabelo soltos no pescoço. Todos os olhares se fixaram nela quando entrou. Ino tinha um belo corpo sinuoso, pernas e coxas bem torneadas, que ficaram bem visíveis devido ao curto cumprimento do vestido. Tais como os seios, que não eram volumosos, mas se destacaram devido ao vestido ser de alça fina. Não era a primeira vez que ela entrava no D’luxe Bistrô, mas nunca chamou tanta atenção quanto naquela noite. Achou que estava um pouco ousada para o local, como de fato estava, já que havia se produzido para a balada e não um jantar formal.

Sorriu quando viu o garçom que lembrava o atual marido de Sakura parar diante dela e se oferecer para guiá-la, sorrindo-lhe com os lábios estreitados.

— Posso acompanhá-la até sua mesa, madame?

— Não tenho reservas. Só vou beber um drink no balcão.

O garçom, que estava certo de que havia ganhado a aposta assim que colocou os olhos na bela loira que adentrara o local, se mostrou um tanto confuso com o que ela dissera.

— Ma- mas a senhorita não está sendo aguardada? Tem certeza?

— Eu não. Ele está. — Ino apontou para as suas costas e o garçom arregalou os olhos e entreabriu a boca ao notar Naruto. — Poderia conduzi-lo até a mesa dezesseis. O bar está bem ali, eu posso ir sozinha. Obrigada.

— Ino? — Naruto a chamou. — Está todo mundo olhando pra cá.

— Já disse: relaxa. — ela piscou um dos olhos. — Tenha um ótimo jantar.

— A- acompanhe-me, senhor — o garçom pediu.

Os dois loiros tomaram caminhos opostos, dividindo também olhares e atenção.

Sasuke notou que as pessoas em volta estavam admiradas com alguém que vinha atrás de si, ficou curioso e nervoso ao mesmo tempo e quando o garçom se postou ao lado dele, anunciando, sentiu que o coração iria pular para fora da boca.

— Sua companhia, senhor — disse o garçom e imediatamente Sasuke se pôs de pé. E ficou estagnado por um tempo, não acreditando no que seus olhos viam.

— Boa noite — Naruto falou. — Desculpe o atraso... é que, bem...

— Tudo bem. — Sasuke finalmente saiu do transe e balançou a cabeça, voltando a si.

Então, aquele sorriso deixou seus lábios de forma espontânea. Naruto estava estonteante. O terno que vestia lhe caíra perfeitamente bem. Os cabelos loiros que sempre vira revoltados estavam com gel e penteados para trás, mesmo assim, duas mexas teimosas caíam em sua testa. Seu rosto estava limpo, muito bem barbeado e até as sobrancelhas pareciam ter sido desenhadas. Ele parecia à caricatura dos príncipes que via desenhado nas histórias de conto de fadas que gostava de narrar para os filhos antes de eles dormirem.

— Está parecendo um príncipe.

­O rosto de Naruto corou imediatamente e ele coçou a nuca, sem graça, mostrando que, no fundo, era seu Naruto quem estava ali.

— Foi o que a Ino pediu para vendedora do Shopping aqui perto e as duas se empenharam em me transformar nisso.

— Tenho de agradecê-las então?

— Se quiser, a Ino tá li no bar. A tiazinha da loja disse que termina o expediente às nove.

Sasuke manteve o sorriso nos lábios e balançou a cabeça. Entendendo melhor o que havia acontecido. Então apontou para a cadeira à frente da que ele estava.

— Vamos aproveitar a noite.

O garçom se moveu rápido, primeiro puxou a cadeira para que Naruto se sentasse. Depois para Sasuke. Em seguida, anotou os pedidos dos dois e saiu pensativo pelo salão, ainda descrente daquela situação. Não precisava ser um gênio para saber que aqueles dois eram gays. Já havia atendido muito deles ali mesmo, no D’luxe Bistrô. A diferença era que muitas vezes alguns o confundiam por parecer com uma dupla de amigos (o caso daqueles dois), primos, irmãos, ou ainda, quando eram facilmente confundidos com pais e filhos, tios e sobrinhos e por aí em diante. Kenji tinha um bom faro para aquele tipo de casal, bastava pôr os olhos em um cara e ele sabia. Era parte do tal dom ao que se referira com ele antes. Enquanto ele precisava ter alguma evidência concreta para ter certeza. Naquele caso em específico, sabia que os dois eram gays não pelo faro, intuição ou aparência, mas sim pela reserva que fora feita. Seu chefe havia deixado muito bem alertado: “Tratem com muita dedicação o casal da reserva 16, se trata de uma reconciliação amorosa e precisamos fazer nossa parte para que tudo saia bem”.

Suspirou pesadamente. Não entrava na sua cabeça casais gays. Ainda mais quando os caras não pareciam gays. Olhou em volta e notou que eram poucos os clientes que, assim como ele, pareciam confusos ou se sentindo ludibriados. Mas a maioria agia perfeitamente normal e até comentavam com suas companhias o quanto aqueles dois eram perfeitos. Perfeitos, eram. O loiro era até um exagero de bonito. Brilhante que chegava a ofuscar a visão. O outro, apesar de ter o rosto mais bonito, era do tipo sério e misterioso. Mas, acima de tudo eram homens e lhe embrulhava o estômago pensar que no fim da noite os dois estariam juntos em uma cama.

Fez uma careta e sacudiu a cabeça para afastar aquele último pensamento, observando de soslaio Kenji no balcão, cheio de sorrisos, engrenando em uma conversa animada com a beldade que por um instante lhe fizera acreditar que havia ganhado aquela aposta. “Maldito, Ken-chan! Mas não se preocupe! Não vou fazer questão de receber minhas gorjetas essa noite!”.

No balcão.

— Desculpe-me a sinceridade, senhorita. Mas seu irmão é deslumbrante. Juro que cheguei a imaginar que a companhia daquele rapaz moreno seria um homem bem mais velho, do tipo diplomata, sabe? Porque ele me lembrou muito aqueles assessores de políticos.

— Naruto é mesmo esplêndido. E você não deixa de ter razão quanto ao Sasuke parecer um assessor de político, ele é algo parecido: coordenador de curso da Toldai. Mas garanto que ele é chato o suficiente para nunca se deitar na cama de um tipo grotesco qualquer. Ha, ha!

Os dois riram e o balconista completou a bebida no copo já pela metade de Ino. Viu por cima do ombro da jovem, seu amigo Ryuko encará-lo com um olhar fulminante, com certeza bufando interiormente por ter que lhe ceder suas gorjetas da noite — as quais ele fará questão de serem as mínimas possíveis. Mal sabe ele que no fim da noite, irá surpreendê-lo novamente ao dizer que ele ganhou a aposta e deixá-lo ficar com as poucas gorjetas que arrecadara. Já que a aposta se referia a uma ‘beldade’ o que o irmão daquela jovem, “Naruto-san”, não deixava de ser. Divertir-se-ia ainda mais ao vê-lo ficar vermelho e praguejar por ter recusado algumas das gorjetas mais altas daquela noite.

— Parece feliz — a cliente observou, fazendo-o sorrir ainda mais para ela.

— De fato.

— É assim que se sente quando se faz o que gosta... — Ino estreitou os olhos para o crachá brilhante e de cor dourada que estava disposto no bolso da camisa preta e de listras cinza do balconista e completou: ­—... Yamagata Kenji-san?

— Hai — ele confirmou.

— Nossos sobrenomes são parecidos sabia? Yamanaka Ino. Prazer em conhecê-lo.

— O prazer é todo meu, Yamanaka-san.

...

Naruto ficou um pouco tenso no começo, principalmente por ter a impressão de que os dois eram o centro das atenções naquele lugar cheio de gente rica. Chegou a imaginar que se cometesse um pequeno deslize, seria alvo de risadas grosseiras. Mas quando Sasuke e ele engrenaram em uma conversa sobre os filhos, depois de Sasuke perguntar com quem os gêmeos tinham ficado, acabou esquecendo o mundo ao seu redor e relaxou.

A comida daquele lugar era boa. O prato que escolhera era composto de um filé grelhado, com molho agridoce, algumas verduras e uma porção muito pequena de arroz. Era certeza absoluta que aquilo não iria satisfazê-lo, claro, se não tivesse se empanturrado com o sanduíche duplo de churrasco que Ino lhe comprara no Fast Food do Shopping e o obrigara a engolir com um copo de duzentos ml de Coca-Cola e um pacote de fritas enquanto ela dirigia como louca de volta para o restaurante.

“Cuidado para não derramar molho na sua roupa nova! Use os guardanapos!”

“Por que eu tenho que comer Fast Food, se estou indo jantar em um restaurante?!”

“Confie na sua onee-sama aqui, Naruto! Esse é um dos segredinhos básicos para que nós mulheres não passemos vergonha em um restaurante chique.”

“Isso é trapaça...”, resmungou ele. Mas Ino deu de ombro.

Mas, no fim, precisava agradecer por mais aquela dica, pois teve que se esforçar para terminar o prato. E quando terminou a sobremesa, se surpreendeu ao notar Sasuke com os cotovelos na mesa, as duas mãos entrelaçadas umas nas outras e com o queixo repousado sobre elas, encarando-o.

— Na-nani? Tem algo no meu rosto? Está sujo? — perguntou ele, já passando o punho na boca.

Sasuke balançou a cabeça tranquilamente em um “não” e esboçou um sorriso discreto.

­— Só estou te admirando.

Naruto sentiu o rosto arder e arregalou os olhos. Logo seu olhar ficou mortiço e ele repousou as mãos de volta na mesa, desviando a atenção do rosto de Sasuke para o restante do salão e acabou ficando ainda mais envergonhado ao perceber que outros clientes viravam o pescoço ou espichavam os olhos uma vez ou outra para olhá-los. Suspirou, sentindo-se um pouco incomodado.

— Se pudesse estar aqui, do meu ponto de vista, entenderia o que estou dizendo.

— Eu era o patinho feio da história. Você lembra? Quem sempre chamou atenção foi você. Não estou acostumado com isso. Na verdade não gosto das pessoas me olhando como se fosse um bolo confeitado na vitrine.

Sasuke sorriu.

— Desculpe-me por não ter avisado sobre esse lugar. É que foi tudo muito rápido. Eu ganhei os convites, mesmo assim, queria ter planejado melhor, ter ido te buscar em casa, ajudá-lo a escolher uma roupa. Depois que pensei nisso tudo. E fiquei com muito medo de que pensasse que eu estava tentando expô-lo ao ridículo ou rebaixá-lo.

Naruto coçou a bochecha com a unha do dedo indicador direito.

— Eu não pensei nada antes — confessou. — Só achei que fossemos jantar em um lugar bonito. Se não fosse a Ino ter se proposto a me dar uma carona, talvez eu tivesse mesmo sido barrado e pensado um monte de baboseiras como essa. Mas a Ino não me deu tempo de pensar e quando cheguei você ainda me ligou, dizendo: “Não foi uma boa ideia. Me espera aí fora, vamos jantar em outro lugar”. Então, se não fosse aqui, estaríamos comendo em outro lugar. Mas você se esforçou tanto para fazer algo especial, por isso fiz questão de entrar.

Sasuke esticou suas mãos sobre a mesa e alcançou as de Naruto.

— Você terminou com o Sasori? — mudou de assunto de repente, ao se recordar de que aquele Naruto tão belo diante dos seus olhos, ainda não era seu.

— Sim. Apesar de não ter sido algo legal. Ele chorou muito.

— Então, você me aceita de volta? — continuou focado na verdadeira intenção daquela noite.

Naruto abriu a boca para dar a resposta, quando o garçom que os atendia aquela noite parou ao lado deles, fazendo com que recolhessem suas mãos.

— Desculpe-me interrompê-los, senhores. Mas o dono da casa reservou uma surpresa especial para os senhores essa noite. Gostaria da permissão dos senhores para exibi-la.

— Se for de comer, eu já não aguento mais — Naruto apressou-se em dizer.

— Não senhor, não é de comer — garantiu o garçom.

— Tudo bem. — Sasuke concordou um tanto receoso.

O rapaz fez um aceno com a mão para o lado aposto. Do lado do bar havia um pequeno palco cerrado por cortinas e após o sinal do garçom, as cortinas se descerraram e surgiu uma bela jovem, usando um elegante vestido creme, brilhante, de cumprimento até os joelhos e os cabelos presos em um arranjo no alto da cabeça. O pianista ao lado dela deu dois toques no piano e a voz melodiosa da cantora irrompeu o ambiente causando arrepios.

([1])

Moshi kimi ni hitotsu dake negai ga kanau to shitara

Se você pudesse realizar só um desejo.

Ima kimi wa nani wo negau no sotto kikasete

O que você queria neste momento? Diga-me em segredo.

Moshi kimi ga kono koi wo eien to yobenakute mo

Se você não puder mais chamar este amor de eterno

Ima dake wa uso wo tsuite awai kotoba de shinjisasete mite

Queria que mentisse agora, e eu acreditaria em suas doces palavras...

Ai no uta hibikiwatareba / Haiiro no yozora ni hikari ga sasu yo

Quando ecoar a canção de amor, luzes iluminarão o céu cinzento da noite.

Hitotsu zutsu hikari wo tsunaide /Tooku no kimi no moto e to todoke yooo

Todos os raios de luzes me levarão até onde você está

Moshi watashi hitotsu dake negai ga kanau to shitara

Se eu pudesse realizar, somente um desejo meu.

Yume no naka de mo ii kara to aitai to negao

Eu queria te ver, mesmo que fosse um sonho.

Moshi watashi kono koi ga owari mukaeta toshitara

Se este amor chegar ao fim, eu ficarei em pedaços pra sempre.

Karasu no you kudakete mou modorenaku naru dakedo aishiteru

Como vidro estilhaçado. Como eu te amo.

Aimai na kankei demo ii

Podemos viver uma relação ambígua

Itsumo to kawarazu yasashiku shite ite

Só quero que continue sendo gentil

Hontou no koto wa iwanai de

Não seja sincero a esse ponto, não vou aceitar que...

Aenaku naru nante mou uke tomerarena aaaaa

Não posso vê-lo nunca mais...



Continua na parte 2...


[1] Ai no Uta – Koda Kumi (http://www.youtube.com/watch?v=KVWHOtRpMBE): a letra e a tradução foram retiradas do domínio: Letras.mus.br pode não estar 100% correta. Porém, a melodia dessa música é linda e casou perfeitamente com o momento de reconciliação dos dois então ignorem possíveis erros na letra ou na tradução.

Notas finais do capítulo


O Extra Parte 2 e o Epílogo estão nas mãos da Blanxe, minha amada revisora! E assim que ela terminar a revisão serão postados.

Acredito que até a próxima semana.

Deixem seus comentários!

Beijooooos

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