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[Saint Seiya] A Aposta - Capítulo 1, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Amizade, Comédia, Drama, Lemon, Romance, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Nos dias aparentemente de paz, Milo, entediado de suas aventuras amorosas, propõe aos seus amigos de boemia (Máscara da Morte e Afrodite) uma aposta que poderá fazer de suas noites de verão Ateniense, mais divertidas. Porém, todo jogo de sedução, implica inúmeros fatores de riscos, inclusive, aqueles que envolvem o coração. [Milo x Camus, Máscara da Morte x Dite (e outros)]

Disclaimer: sobre a autoria do Fandom, Saint Seiya não me pertence, e sim ao seu autor: Masami Kurumada e seus respectivos colaboradores. Esta é uma fanfiction (Ficção feita por fã), e é totalmente sem fins lucrativos. Porém, o texto apresentado aqui é de minha autoria e a exploração comercial, cópia (parcial ou integral) das ideias apresentadas aqui, ou ainda, a divulgação fora deste domínio por pessoas não autorizadas, será considerada plágio.

Observações: Presente de amigo oculto para Keiko Maxwell. Keiko, eu quis muito fazer sua primeira opção, (Shaka x Mu), mas os dois não colaboraram comigo e na hora que falei pra eles: "se peguem agora, ou eu desisto de vocês", eles ascenderam seus cosmos na minha direção, e eu saí de fininho. Hahahahah! Alienação, a parte. Milo x Camus não é também uma especialidade minha. Sei que eles são o casal mais popular do fandom de Saint Seiya, então deve ter zilhões de fanfics maravilhosas deles. E eu aqui na minha humildade, tentei fazer algo novo, o que não deu muito certo. Hahahaha! Mas me esforcei, fiz de coração, não consigo fazer fafics de um capítulo facilmente, então é longfic. E espero que curta. Feliz Natal, boas festas! E muito yaoi pra nós ao decorrer do ano! Beijos.

Agradecimento especial à Blanxe-senspai, não só pela revisão, mas pelo apoio que ela me deu no processo inteiro de construção da fic. E principalmente pelos comentários divertidos dela ao longo da revisão. Muito obrigada mesmo, Blan!


Capítulo I
Aposta e Apostadores

Revisado por Blanxe



Estavam lá os três, bebendo naquele bar novamente, deixando que o calor do álcool atiçasse seus corpos bem trabalhados dos repetidos e mais repetidos treinos. Afinal, a única distração que restava para alguns cavaleiros naquele tempo aparentemente de paz eram as horas que passavam entornando canecas e mais canecas na taberna Pôr-do-sol que ficava nas redondezas da Acrópole de Atenas (1).

Apesar de o lugar ser uma construção humilde e rústica, com varandas de madeiras e paredes em rochas, era famoso e carregava o nome que tinha por dois motivos: sendo que o primeiro era porque os frequentadores começavam a chegar, em sua maioria, ao pôr-do-sol, para presenciarem o espetáculo diário que era o crepúsculo do lugar. Segundo: porque o bar estava localizado no topo mais íngreme da Acrópole, e dali tinha-se a impressão de que o astro magistral do céu - em toda sua grandiosidade e variedade de tons vermelhos, amarelos e laranjas -, pousava para seu sono diário ali, na montanha ao lado do bar.

O estabelecimento, apesar de simples, dispunha de alguns luxos, como três ambientes. Um a céu aberto, no quintal da construção, com bancos e mesas de pedras enormes. Esta era, geralmente, a opção dos rapazes aprendizes, dos soldados e, até mesmo, dos criados que terminavam seus afazeres cansados e preferiam ficar longe da elite que preferia o interior do bar. O segundo ambiente era o piso inferior interno e externo da residência, formado pelo salão principal e as grandes varandas que rodeavam a construção. Nesse espaço, se misturavam os cavaleiros já categorizados como: bronze, prata e, raramente, os de ouro. O bar ainda contava com um terceiro ambiente, localizado na laje de pedra da construção. Ali, era um lugar reservado, onde normalmente ficavam clientes que não gostavam ou não podiam ser vistos, como, por exemplo, as amazonas sem suas máscaras.

Assim, desde os tempos remotos, a taberna Pôr-do-sol se mantinha aberta com o intuito único de servir aos guerreiros do Santuário.

Atena permitia o divertimento aos seus subordinados apenas nas noites de sextas, sábados e domingos, porque durante a semana eles tinham que se manter focados em seus treinamentos. Atém mesmo porque, nem toda a escolta da deusa compartilhava do gosto incomum pela boemia, muitos dos guerreiros preferiam desfrutar das noites do fim de semana assistindo há um filme, lendo um bom livro ou, até mesmo, em um bate papo saudável com os amigos. Alguns, mais ousados, preferiam o leito ardente e proibido de alguma guerreira.

Proibido, entre aspas. Afinal, a divindade maior do santuário reencarnara na pele de uma jovem milionária e moderna: Saori Kido. E a adolescente, ao ressuscitar todos seus bravos guerreiros após a última batalha contra o Hades, o deus do submundo, suavizara algumas leis, para permitir uma vida “quase” normal aos seus seguidores. Assim, apesar da antiga regra ser rigorosa quanto ao envolvimento amoroso entre os servidores divinos, ela reiterara parte das normas para suavizar suas penas e permitir que seus guerreiros desfrutassem do amor carnal. Desde que, não houvesse disputa entre eles. Se necessitassem brigar por amor, seria somente nos campos de batalha, contra o inimigo, e a favor ao amor a ela que era traduzido como “amor a justiça, a paz e a humanidade”.

Porém...

Aqueles três não pensavam como a maioria que colocavam o amor e o respeito à deusa reencarnada acima de tudo. Eles preferiam aproveitar o retorno à vida da melhor forma mundana, favorecendo-se além de tudo, da fama e do status que ostentavam. Afinal, que cavaleiro abaixo deles teria coragem de censurá-los?

E os que regozijavam do mesmo patamar, pouco se importavam.

Afrodite era sempre o menos alcoolizado do grupo, gostava de ficar sóbrio para manter sua imponência e desorientar o que chamava de “plebeus”, não só com seu prestígio de poderoso cavaleiro de ouro, mas sim, com sua exuberante beleza. O belo pisciano gostava de se vestir ousadamente para frequentar o bar: a sua túnica era sempre a mais sensual, curta e em um tecido quase transparente. A trança da sandália subia sugestivamente pelas batatas das pernas, apertando sua carne branca, como se estas carregassem o desejo das inúmeras mãos que sonhavam em lhe apalpar. O perfume de rosas que cobria sua pele e seus cabelos volumosos deixava um rastro por onde passava e era ainda mais embriagante que a bebida servida pelo taberneiro. Ele também coloria seus lábios carnudos com um brilho labial incolor no sabor de fruta, que sempre carregava consigo para retocar e manter aquela sensação de lábios umedecidos e prestes a serem tomados durante a noite toda.

Alguns guerreiros, em sua amarga concepção, iam até o lugar somente para poder vislumbrá-lo em toda sua exuberância e fascínio. À noite, alguns mais ousados e encorajados pelo calor da bebida, vinham se ajoelhar e tentar beijar os seus pés, proclamando em alto e bom som o quanto sua beleza era uma dádiva dos deuses. Dite, como era chamado intimamente por seus amigos, entrava em êxtase ao ser tão cortejado e por ter tantos olhares carregados de desejos seguindo-o de uma maneira faminta: aquilo era o alimento necessário para sustentar sua vaidade sempre sedenta e insaciável.

Ele e seus outros dois companheiros de bebida sempre ficavam no balcão do bar, de onde podiam ser vistos e contemplados de todo o vasto salão.

Máscara da Morte, o segundo protagonista da história, era o tipo mais bruto e rústico dos três. Muitas vezes, vinha direto do treino para o bar; não se preocupava em se “emperetecar” como costumava dizer, nem sequer em subir até sua casa para tomar um banho e trocar as vestimentas de treino, que consistiam: na calça de malha justa em tom azul escuro e a camisa tipo bata em um tom branco envelhecido, de manga cavada, onde se via nitidamente amostra seus músculos torneados de tanto treino.

Dizia ele que “cada segundo perdido” era uma caneca a menos de bebida! E chegava ao lugar bem antes do pôr-do-sol, suado, para mostrar que nem todos os guerreiros dourados eram cheio de firulas. O odor que exalava da sua pele ele traduzia como o cheiro de macho predominante da espécie. Aquele que só ficava por cima! No entanto, o “tal macho alfa da espécie” não se importava nem um pouco em ser contraditório, e viver arrastando asa para outros machos.

Sim, Máscara da Morte não era diferente dos “plebeus” e também não resistia aos encantos do majestoso Afrodite, e era no leito da décima segunda casa, que adorava terminar as noitadas de bebedeira. Mas, enquanto permanecia no lugar, se divertia gargalhando alto, principalmente, quando via alguém cair aos pés da sua “Rosa Venenosa” como apelidara Afrodite. “Tenha atitude de macho, homem!”, tirava-lhe sarro e chutava a cabeça do infeliz, ainda assim, fazia a questão de bater as suas mãos calejadas de treino nas coxas brancas amostra pelo cruzar de pernas sensual de Dite e alisá-las vulgarmente até por dentro da túnica, subindo e descendo com firmeza, alegando de maneira debochada ao “verme” como nomeava os inferiores, que jamais saberiam o quão boa era a sensação de alisar aquela pele.

O veneno vinha praticamente de ambas as partes.

Falando em veneno, nos remete ao nosso terceiro e último componente desse trio. O não menos peçonhento, belo ou senhor machão: Milo de Escorpião. Milo parecia ser a perfeita junção dos outros dois amigos. O que ele tinha de belo em sua estatura elevada, no porte físico estrutural bem distribuído e trabalhado, na pele morena, nos cabelos ondulados tão cumpridos quanto os de Dite, nos olhos azuis claros e sedutores e nas vestimentas sempre alinhada, tinha também de metido a macho predominante e sedutor. Diferente dos outros dois, Milo era um predador nato. Adorava utilizar-se do fascínio que causava para saciar sua libido, por isso, exibir-se jamais era o suficiente.

Contudo, algo estava começando a entediar este último membro do trio: o findar da noite. Milo não gostava de figura repetida em seu leito, ele ansiava por desafios. Por esse motivo, escolhia sempre uma (ou um) amante diferente pra terminar consigo na cama, por mais que não precisasse se esforçar para tal. Normalmente a escolhida ou o escolhido, sempre acabava lhe dizendo que ansiava muito por aquilo. Foi desta maneira que o pior começara acontecer: estava ficando sem opções e, por isso, recomeçara um ciclo de repetições. Isso o enervava, pois, se saísse mais de uma vez com alguém, este “alguém” queria se impor diante de si, achando que tinham algum vínculo.

Então, decidira que queria ficar com Dite novamente. Conclusão: ele e Máscara acabaram entrando em um atrito feio; algo que Milo realmente não entendera. Afinal, os dois amigos insistiam em dizer que não eram compromissados, mesmo assim, sempre terminavam a noite juntos.

Dite era quem vinha com a mesma desculpa para o fato: ninguém com o nível abaixo do dele, colocaria as mãos — nem outras coisas — sobre ou dentro de si. Ou seja, alguém para merecer tomá-lo só poderia ser um dourado ou acima disso; sendo mais específico: o mestre ou um deus!

Desta maneira, só restava ao belo de olhos e fios azuis piscina, duas alternativas: Máscara e ele próprio, Milo.

Todavia, o Afrodite fora o primeiro amante do Escorpião. Naquela época, os dois ainda eram meros pré-adolescentes de quinze anos; a curiosidade sobressaindo a pouca experiência. Nos seus encontros iniciais, se restringiam apenas aos toques, carícias quase que inocentes. Até que essas foram aumentando e Milo sentia o anseio por mais crescendo incessantemente dentro de si e no meio de suas pernas.

A pele de Afrodite alva como a neve e perfumada como suas rosas envenenadas, atiçara o paladar do Escorpiano que queria, de qualquer forma, saboreá-la. De tanto insistir por tal, um dia conseguiu fazer com que Dite se despisse para si e foi aí que, mesmo sendo um lobo faminto para saborear sua presa, conseguiu comedir o seu anseio e acabou descobrindo que a calma no ato de se “devorar alguém” era a fórmula do bom amante, pois enquanto acariciava, lambia e mordiscava cada centímetro de pele descoberta de Dite, o Pisciano se contorcera tanto que acabara alcançando o orgasmo antes mesmo de chegarem aos finalmente.

Tocado pela libido mundana, Afrodite desejou mais daquelas carícias molhadas e provocantes e, durante muitas e muitas noites se entregou totalmente aos braços de Milo, deixando-se ser conduzido pelos instintos carnais do amigo.

No início, era somente masturbação, mas não demorou muito para ambos aprenderem o caminho completo da luxúria ao perceberem o quanto sentiam prazer com o vai e vem da penetração e com as estocadas profundas. Enfim, conheceram o enlevo surreal do prazer carnal e verdadeiro, e não quiseram parar por aí.

No entanto, quando já não viam mais novidade um no corpo do outro e quando os encontros dos dois já não promoviam tantas faíscas, começaram a perder o encanto, até que decidiram se separarem para procurar prazer em outras camas.

Milo descobriu os encantos e a maciez da carne feminina nos prostíbulos da cidade. Mas as mulheres da vida não fora seus únicos experimentos, caçou ferozmente as mais belas servas do Santuário, até mesmo as virgens destinadas a servirem o grande mestre. Não tinha receio de dizer que era insaciável e que adorava o jogo de seduzir. E se existir alguém que acredita que Milo enjoou do sexo masculino por ter se esbaldado com Afrodite, está enganado! Para Milo, não havia distinção entre sexo e sim: desejo. Se sua presa despertasse em si o interesse, faria de tudo para levá-lo para cama sem pensar duas vezes.

Mas, ele mesmo confessava que não gostava dos homens fedorentos e grosseiros como o Máscara da Morte, preferia os mais jovens, ninfetos, com feições delicadas, corpos esguios e melhor ainda, se tivessem pouca experiência. Assim ele podia, então, ensinar o quão prazeroso era o caminho do sexo, se deliciando ao perceber como esses aprendiam bem. Certos garotos virgens eram os que mais o surpreendiam, pois apesar do medo estampado em suas faces ingênuas — um fator que para o escorpiano era altamente excitante —, quando os possuía com sua virilidade fazendo-os gritar de dor no início, mas de prazer no final, era sempre embalado pelos orgasmos mais intensos.

Quanto às mulheres? Elas não. Não gostava de garotinhas inexperientes e choronas. Preferia muito mais as mulheres com vastas experiências ou pelo menos com o desejo de tê-las. Atacava as virgens destinadas ao mestre, porque elas, na maioria, eram mulheres adultas, conhecedora de seus corpos e loucas por descobrirem os prazeres da vida. Gostava de ser chicoteado com seus longos cabelos, enlaçado com suas grandes pernas torneadas. Sim! Preferia as mulheres altas e com seios fartos, coxas arredondadas e quadris abastados. Adorava afundar as mãos firmes em suas carnes e lhe deixar marcas. Adorava ficar por baixo nessa ocasião, sentir-se todo em volto em suas paredes ardentes.

Milo não tinha medo de confessar: era um amante nato do sexo.

O escorpiano, de repete, voltou a sua realidade: a taberna do Sol que aquela altura da noite já estava fervilhando. Suspirou enfadado, sentindo a falta imensa daquela euforia de suas primeiras noites de orgia.

Ele queria algo novo, arrebatador, intenso! Mas, como não conseguia pensar em nada, apelou para relembrar o doce néctar da Rosa Venenosa, convidando-o para sua cama na noite anterior, foi aí que aconteceu o estranhamento entre Máscara e ele: o bruto canceriano se interpôs entre eles e não aceitou.

Milo ficara furioso, afinal, ninguém ali era de ninguém. Era o lema deles. O próprio Câncer adorava se fartar de qualquer coisa durante a semana, desde que tivesse duas pernas e um orifício onde ele pudesse se enfiar. Seu cardápio não era nada requintado e variava entre aprendizes, a serviçais e até os jovens soldados. Regras impostas pelo governo atual de Atena que proibia relações carnais no período de treinamento e entre seus súditos? Para ele não existia. Ele vivia fornicando em pleno horário de expediente, atrás de qualquer moita. Porém, nos fins de semana, a coisa mudava! Aí ele queria desfrutar de carne luxuosa, leve, riquíssima: carne de peixe.

“Era o fim do mundo!”, exclamou Milo, para si mesmo.

Mas, para não perder os companheiros de boemia, o escorpiano abaixou a cabeça e deixou o bendito colega ganancioso se fartar de tanto comer o fruto do mar, e desejou do fundo do seu coração, que ele se engasgasse com as espinhas. Pois, no fim das contas, seu consolo era que Dite para si ainda era uma “figurinha repetida”. E, “figurinha repetida” para ele, não completava álbum.

E o Escorpião ansiava por experiências novas.

Foi então que, naquela noite, lhe surgiu uma ideia enquanto via Afrodite erguer seus cabelos azuis piscina para cima e oferecer a nuca acalorada para o Canceriano assoprar e tentar diminuir seu calor. Nesse exato instante, houve um estalo na mente pervertida do escorpião e uma louca e ousada ideia se formou. Após algum tempo insistindo para que os dois parceiros parassem com a “melação” e lhe dessem ouvidos, fizera a eles a proposta de um jogo.

— Não acho que seja prudente — foi a resposta de Afrodite, após ouvir a ideia de Milo.

— Florzinha... — o escorpiano cantarolou debochado.

— Porra! Não fale assim com o Dite, seu Rabo-torto!

— Máscara, menos — o pisciano pediu. — Eu sei me defender — complementou, e voltou-se para o outro colega, no seu outro lado. — E se Atena descobrir?

— Ninguém irá saber se usarmos de cautela — Milo afirmou. — E além de tudo, estou propondo um jogo, e todo jogo tem seus riscos. Isso é que o torna mais empolgante. Se vocês estão com medo... o que posso fazer? — Milo apelou para provocação, erguendo os ombros e as palmas das mãos para cima.

— Seu maledeto, Rabo Torto! Está nos chamando de mari-...

Mas o Cânceriano não terminou a gritaria, pois Dite, que estava no banco entre os dois amigos, pediu de maneira firme:

— Parem! — Ele colocou as mãos, uma em cada peitoral ao seu lado e os empurrou, evitando o maior atrito. — Está cuspido na minha cara, Máscara — resmungou para o colega do lado esquerdo, o qual fez um bico de indignação e voltou para a bebida em seu copo. Em seguida, tornou para o escorpião, tentando mostrar algum interesse naquela ideia, pediu: — Então, me seduza, Milo. Você não é o grande sedutor? Diga-me: quais seriam as regras dessa brincadeira?

— Vamos elaborar as regras — ele disse em tom de empolgação. — Por exemplo, seria interessante levarmos a nossa brincadeira, não como uma mera aposta e sim como um jogo mesmo. Podíamos dividi-lo em três rodadas. A primeira seria de Livre Escolha, cada um de nós escolhe sua própria vítima. A segunda seria por “Indicação”, ou seja, cada um de nós escolherá a vítima do outro. A terceira rodada - com certeza a mais emocionante - teria a vítima decidida por sorteio.

— Milo... — o Pisciano sussurrou pensativo, fixando os olhos nos lábios de onde saiam às palavras empolgadas do ex-parceiro de cama. Dite tinha que confessar que quando Milo estava empolgado se tornava mais excitante, pois ele falava com paixão. Então, quis ouvir mais daquela conversa, levantando uma questão: — Três rodadas? Entendi... Mas se um mesmo jogador vencer as duas primeiras, então, a diversão acaba antes do auge?

— Não, Sereio... — Milo sussurrou o apelido de Dite de quando ainda eram companheiros de cama e, olhando dentro dos olhos azuis quase transparentes, seguiu com a explicação: — Atribuiremos ao jogo quesitos e para cada quesito uma pontuação diferenciada. Ao término de cada rodada, faremos a soma dos pontos e então, saberemos quem está liderando a competição, mas não ainda, o vencedor.

— Parece interessante... — Dite respirou pesadamente ao sentir a aproximação de Milo, sua fala mansa e sussurrada, seu olhar que parecia penetrá-lo, acabou não dominando o arrepio que tomou seu corpo e empregou força no cruzar de pernas.

Máscara saiu do banco, com o copo na mão, fazendo os outros dois se afastarem rapidamente e com a brecha aberta entre eles, foi ali mesmo que encostou as costas, exatamente entre Dite e Milo, evitando que continuassem a se aproximar daquele jeito perigoso e voltando a bebericar sua bebida, mostrou interesse na conversa.

— Os tais quesitos se referem a quê exatamente? — perguntou, tomando a atenção dos dois.

Milo afastou o banco um pouco para evitar o cheiro forte que vinha do colega e não deixou de rir de lado ao pensar que o maldito canceriano estava mesmo doente pelo Afrodite. Por isso, aquele jogo viria mesmo a calhar, pois serviria também para afastá-los e que sabe desse jeito, retornariam ao que foram no início: um trio despreocupado em formar vínculos.

— Primeiro quesito poderia ser Agilidade, quem concluir a tarefa em menos tempo ganharia uma determinada quantidade pontos. Segundo quesito, Qualidade. Faremos com que a nossa vítima nos dê uma nota de desempenho. Para isso, é simples. Basta perguntar a este, após o ato, como quem não quer nada: “Em uma escala entre: regular, bom, ótimo e excelente em qual eu estaria?”, sendo que cada atribuição, para nós, valerá certa quantidade de pontos. Podemos incluir também, através de sorteio, para tornar cada tarefa mais interessante, um grau de dificuldade. Por exemplo, Grau Leve: Beijo na boca, acompanhado de orgasmo de ambos, através da masturbação. Médio: Beijo na boca, mais orgasmo através de sexo oral de ambas as partes. Avançado: beijo e orgasmo através de penetração.

Tanto Dite quanto Máscara arregalaram os olhos e entreabriram as bocas praticamente ao mesmo tempo. Tinham que confessar que aquele jogo parecia interessante.

— Então é o grau de dificuldade que vai tornar a coisa boa? — Máscara quis ter certeza.

— Exato, meu caro Canceriano! — Milo exclamou, apertando o ombro do homem ao seu lado. — Mas isso ainda não seria o mais interessante, tem outro quesito que gostaria de acrescentar: o nível da vítima.

— Estou sentindo que não vou gostar disso... — Dite resmungou.

— Talvez não, meu Belo. Deixe-me exemplificar. Primeira rodada é Livre escolha. Mesmo com o grau de dificuldade avançado, essa rodada seria mamão com açúcar para qualquer um de nós, afinal, poderíamos escolher alguém aqui mesmo, agora, e todos terminariam a noite vencedores. Mas qual seria a graça disso? Por isso, a ideia do nível. Vamos categorizar através de sorteio o nível da nossa vítima para cada rodada, assim, cada uma delas terá um nível: bronze, prata e ouro... — Animado ao ter toda a atenção dos colegas para si, o escorpião deu continuidade: — Desta forma, na primeira rodada, cada um de nós terá a “Livre Escolha” restrita somente a uma categoria. Se no sorteio eu sair com a categoria “bronze”, por exemplo, a minha opção estará restrita somente a um dos cavaleiros do nível bronze. Porém, uma vez que a categoria já saiu para um jogador, ela é eliminada, ou seja, nas outras duas rodadas restarão para mim os níveis prata e ouro.

— Isso não será muito justo comigo! — Afrodite reclamou. — Se for assim, o Máscara e você serão beneficiados já que vocês não se importam de se deitar com qualquer ralé.

— Por isso, Dite, que estou dizendo que é um desafio. Só que, diferente de mim e do Máscara, você tem as pessoas que o idolatram em qualquer categoria, basta estalar os dedos e pronto, qualquer um que desejar vem lamber seus lindos pezinhos. Além do que, será uma jogatina de sorte.

— Qualé, Dite? O Rabo-torto tem razão! Que graça teria se fosse fácil?

Milo franziu as sobrancelhas para Máscara: odiava aquele maldito apelido. Mas, deixou passar já que o Canceriano estava tentando convencer o outro colega.

— Tá, então continua explicando — Dite pediu, fazendo um bico de emburrado, o qual encantou tanto o escorpião, quanto o canceriano. — A primeira rodada já não vai ser tão fácil quanto parece, então, como será a segunda?

— Claro, que eu explico, Sereio...

— Qualé, Rabo-torto? — o Câncer resmungou, batendo a caneca no balcão e encarando Milo com irritação. Já estava ficando mais do que nervoso com o fato de Milo continuar chamando seu amante daquela forma íntima e brega. — Não me respeita, não, porra!

Milo meneou a cabeça negativamente, o que fez o Câncer agarrá-lo pela camisa e erguê-lo. Dite já estava se levantando para impedir mais um início de briga entre eles, quando a observação seguinte do escorpião o fez imaginar que não precisaria intervir.

— Viu porque precisamos desse jogo? Vocês dois já estão parecendo um casalzinho de marido e mulher.

­ Máscara da Morte ficou encarando os olhos debochados de Milo por um instante, mas não deixou de imaginar que aquilo que ele dizia era verdade: estava começando a ficar patético, tendo ciúmes de outro macho. Assim, soltou da camisa do guardião da Oitava Casa e pediu firmemente:

— Continua explicando essa merda, Rabo-torto! Agora eu vou participar e vou ganhar esse jogo de qualquer jeito!

Era tudo o que Milo queria ouvir, assim, abrindo um grande sorriso, deu continuidade a sua explicação:

— A segunda rodada será Indicação. Essa rodada pode ser a mais complicada, porque cada um de nós irá fazer a escolha para o outro, então é o momento de dificultarmos a situação para o adversário. Porém, o quesito nível pode vir a calhar. Se você, Sereio... — Milo fez questão de fazer uma pausa na fala para olhar a reação do Câncer e comemorou internamente ao perceber que o colega realmente estava firme em sua palavra, pois ele não reagira, então, prosseguiu: - Se você sair com a categoria ‘ouro’, Dite, você não terá problemas.

— Mas se eu sair com prata e vocês me indicarem o Jamian?!

— Shhhhh... Dite! — Câncer esmurrou o balcão, repreendendo o amante. - Fale baixo, porra! O cara tá bebendo lá nos fundos!

O Pisciano olhou por cima do ombro e realmente notou que o domador de corvos estava mesmo presente, entornando canecas e arrotando alto na mesa nos fundos com outros três soldados. Ver aquilo fez suas entranhas embrulharem e a excitação com a história do jogo se esvair.

— Estou desistindo. Nem em sonhos eu me deito com aquilo.

— Porra, Dite! — Desta vez foi Milo quem se exaltou e bateu com o punho fechado no balcão, achava que conseguiria convencer Afrodite com mais facilidade. — Vamos colocar uma carta coringa no jogo então.

— Carta Coringa? — os outros dois questionaram ao mesmo tempo.

— Isso. Cada jogador receberá uma carta coringa no começo do jogo, e ele escolherá o momento certo em que deverá usá-la. Mas serão apenas três cartas referentes ao “Tempo”, “Grau de Dificuldade” e “Nível” e cada um de nós ficará com uma. Exemplificando, se Dite, na segunda rodada Indicação saiu com a categoria “prata”, a qual ele tanto teme, e o grau de dificuldade “avançado”, ou seja, sexo completo. Então eu, seu adversário conhecedor de suas dificuldades, lhe indico o nosso colega ali nos fundos. Pode parecer fim de jogo para ele, mas a carta coringa “Nível” poderá mudar a categoria de prata para ouro. Se for a “Grau” poderá mudar o grau de Avançado para Leve e se tirar a “Tempo”, ele ainda poderá estender o tempo da sua prova para o dobro. Então, Sereio, vai mesmo desistir da brincadeira sem ela começar?

Dite torceu os lábios de um lado a outro, pensativo.

— E qual será o tempo máximo para completar cada rodada?

— Acho que o prazo máximo de uma semana está de bom tamanho para nós.

— Você não está esquecendo-se de algo importante não, Milo? — Máscara chamou atenção do escorpiano para si. — Como iremos provar quem terminou primeiro e se fez mesmo o que deveria fazer?

— Filme caseiro — ele respondeu, categoricamente.

— Quê?!

— Só precisaremos de uma câmera instalada em um lugar estratégico do nosso quarto.

— Mas acho que seria interessante se tivesse um juiz — Dite sugeriu. — Alguém imparcial, para fazer análises e distribuir os pontos de forma correta.

— Não é uma má ideia — Milo concordou. — A cena poderia ser filmada e a fita entregue ao juiz da competição que analisaria e verificaria se a gravação é valida. No fim de semana, nos uniremos pra assistirmos todos os filmezinhos e seria revelada a pontuação que cada um obteve. Mas o problema é: quem seria esse juiz?

— Eu.

Os três se sobressaltaram e voltaram seus olhos ao mesmo tempo ao ouvirem a voz grave, mas evidentemente feminina, que vinha de uma pessoa encapuzada, bebendo do outro lado do balcão.

— Quem...

— Ver dois homens juntos é um fetiche altamente excitante — a voz respondeu cortando a fala Milo e depois de dar uma alta risada, esta concluiu: — Acho que vou me divertir muito analisando esses filminhos.

Não precisavam de mais detalhes. Pela voz e risada cínica que ouviram após aquela afirmação, o trio já imaginava quem era a única amazona que se atrevia a frequentar aquele lugar.

— Tem certeza disso?

— Absoluta — ela reafirmou. — Eu quero ficar encarregada de receber e assistir esse material. Mas, para não causar nenhum tipo de fraude, como o Peixe colocou tão bem, ou tentativa de intercepção da entrega pelos demais, o ponto de entrega do material de cada um será aqui na taberna todos os dias, sempre ao pôr-do-sol. O prazo é de uma semana, certo?

— Isso mesmo... — Milo assentiu.

— Eu vou consultar todo o material no mesmo dia que eu receber, caso eu perceba alguma irregularidade e ainda esteja no prazo de entrega, irei contatá-los e avisar sobre o problema e assim, terão tempo de corrigi-lo. Quanto as câmeras, eu posso cuidar disso também, graças a senhorita Kido, temos um sistema de monitoramento interno instalado no Santuário agora, em outras palavras: eu conheço a pessoa responsável pelo monitoramente e posso pedir para que ele instale as câmeras de maneira imperceptível em seus quartos. O que me dizem?

— E vai fazer tudo isso em troca de quê, Shaina? - o câncer perguntou sem se preocupar em chamar a amazona pelo nome, o que a irritou bastante.

— Não fale meu nome, seu estúpido!

— Porca Miséria!

— Me chamou do quê?!

— Parem! — Milo interrompeu e, voltando para mulher de capuz, elucidou: — Está claro, ela vai fazer por puro prazer, como já explicou, não é mesmo, minha querida Rainha das Cobras?

— Não venha com esse seu repertório de Don Juan barato pra cima de mim, Milo! — a mulher o cortou imediatamente. Apesar de apreciar os dotes masculinos do Escorpião, a Amazona de Ophiuchus não apreciava nada seus cortejos enjoativos. — Guarde sua lábia para o desafio, sabe que comigo isso não é necessário. E vou fazer por prazer sim, mas o prazer maior será o de quebrar as regras feitas por aquela...

— Já entendemos. — foi Afrodite que interrompeu desta vez. - Melhor parar por aqui antes que blasfêmias comecem a sair desta língua ferina, não é? Já estão combinados os honorários da juíza, então... Milo, você não está esquecendo-se de nada não? O que o vencedor vai levar se ganhar essa disputa?

De repente, a questão de Afrodite fez um silêncio se instaurar entre os quatros. Milo tinha pensado em tudo, menos no prêmio. Na realidade, para ele, o prêmio era simplesmente ser considerado o melhor, além de se extasiar com o prazer da disputa.

— Posso sugerir algo? — a amazona interferiu, mais uma vez.

— Já que se meteu o suficiente... — Dite revirou os olhos, comandando: — Diga.

— Vou ignorar sua grosseria, Afrodite, já que estou tentando ajudar.

— Desembucha, logo! — pediu o Italiano, também impaciente.

— Os dois perdedores poderiam realizar um desejo do vencedor — ela sugeriu de uma vez.

Não foi preciso uma resposta, o sorriso cúmplice que os três trocaram selou aquela noite de verão escaldante em Atenas. Os três combinaram que o jogo começaria na próxima sexta-feira. Assim, eles teriam o fim de semana todo para agirem, além de tempo durante aquela semana para que as câmeras fossem instaladas em seus quartos.

No fim da noite, todos resolveram seguir para suas casas. Máscara pensava que a limitação do âmbito do seu quarto para concepção do ato sexual é que seria o problema. Seus amantes, exceto Dite, tinham medo da Quarta Casa, mesmo depois dela ter sido purificada por Atena. Mas, a regra do jogo não especificava que fosse necessariamente o quarto o local do ato, e sim, que o filme caseiro estivesse regular. Desta forma, nem que fizesse diante das câmeras de um supermercado e depois roubasse as fitas de segurança para entregar a Shaina, daria um jeito de cumprir cada rodada com êxito.

Sorriu de canto, ao pensar naquilo, olhando o cabelo esvoaçante de Dite que caminhava sensualmente à sua frente. Precisava vencer, pois queria fazer Milo engolir o que dissera no bar: que Dite e ele estavam parecendo um casal, quando no fundo, ele estava se remoendo de inveja por não ter o privilégio que tinha. No momento em que Shaina sugeriu a realização do desejo, pensou em algo muito interessante para poder se vingar de venenoso Escorpião.

Para Dite, seu receio maior referente ao jogo era ter que sucumbir diante de um ser inferior. Por isso, teria que se apegar a sorte para vencer. Contudo, já havia decidido, se a coisa ficasse complexa demais, não cumpriria a tarefa e perderia a rodada. Afinal, perder significava sucumbir aos desejos e caprichos de um dos dois homens que mais lhe excitavam naquele mundo carnal. Assim, de acordo com o seu ponto de vista, não sairia perdedor daquela disputa.

Milo sorria internamente, caminhando ao lado de Shaina. Estava satisfeito consigo mesmo. Havia criado um jogo excitante e perigoso, e mal conseguia conter a euforia de iniciar aquela disputa. Mas, de repente, a voz da mulher que também já estivera em seu leito muitas vezes, perguntou-lhe algo que lhe chamou a atenção.

— Não tem medo de ser castigado? — Ela pronunciou-se em tom baixo, para que os outros dois não ouvissem.

— Está brincando, Shaina? A excitação do perigo é que torna o clima do jogo prazeroso.

— Não estou falando disso, idiota!

— Então, do quê?

Ela suspirou.

— Nada.

— Qual é, Shaina? Agora fiquei curioso, diz logo!

— Esqueça, Milo! Um idiota como você só saberá o perigo verdadeiro deste jogo quando estiver diante dele — ela comentou, dando um salto e elevando-se para uma pilha de pedras, na direção onde o sol começava a nascer delineando com um facho dourado as montanhas. — Vejo vocês na largada! — ela se despediu, desaparecendo em seguida.

Os outros dois acenaram, mas Milo ficou desconfiado com aquele comentário da amazona.

“O que será que essa cobra quis dizer com ‘verdadeiro perigo deste jogo’...?”



Continua...


Notas do capítulo: 


1- Acrópole de Atenas é a mais conhecida e famosa das acrópoles da Grécia. É uma colina rochosa de topo plano com 150 metros de altura do nível do mar, em Atenas, capital da Grécia, e abriga algumas das mais famosas edificações do mundo antigo, como o Partenon e o Erecteion. (Fonte: Wikipédia). Obs.: Lembrando-os que a Taverna Pôr-do-sol é totalmente fictícia. Não faço a mínima ideia se existe comércio real no local.


Notas finais do capítulo

Fanfic já concluída, por isso, o próximo capítulo não vai demorar sair.

Mas isso também vai depender das reviews, caso não apareça leitores, eu deixo ela quieta. xD hahahha

Milo x Camus não é uma especialidade minha. Sei que eles são o casal mais popular do fandom de Saint Seiya, então deve ter zilhões de fanfics maravilhosas deles. E eu aqui na minha humildade, tentei fazer algo novo, o que não deu muito certo, creio eu. Hahahaha!

Mas me esforcei pra fazer esse presente, fiz de coração, e espero realmente que os fãs curtam.

Agradecimentos especiais ao Akito, o editor das minhas capas. Menino, vc se supera. A Capa ficou muito show. O_O

E a Blanxe-senpai, por ter revisado com sua dedicação de sempre!

See you next! o/

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