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[Saint Seiya] A Aposta - Capítulo 5, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Amizade, Comédia, Drama, Lemon, Romance, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Nos dias aparentemente de paz, Milo, entediado de suas aventuras amorosas, propõe aos seus amigos de boemia (Máscara da Morte e Afrodite) uma aposta que poderá fazer de suas noites de verão Ateniense, mais divertidas. Porém, todo jogo de sedução, implica inúmeros fatores de riscos, inclusive, aqueles que envolvem o coração. [Milo x Camus, Máscara da Morte x Dite (e outros)]

Capítulo V
Todo jogo desperta ânsia de vitória, desconfianças e arrependimentos.
Máscara da Morte x Seiya
Máscara encarava a fita de vídeo que havia apanhado na sala de monitoração antes de subir para o Pub e que agora se encontrava diante dos seus olhos, descansada sobre o balcão do bar. O sol estava começando a se pôr. Era o primeiro cliente daquele sábado, e provavelmente o primeiro desafiado a completar a prova.
Todavia... Por mais que o canceriano soubesse que a sua investida não seria correspondida, não se sentia satisfeito com o resultado.
O cavaleiro de Pégasus estava passando por sua casa, quando o apanhou de surpresa pelo pulso e o empurrou para parede, imprensando-o contra ela e lhe beijando a boca a força.
A reação de Seiya foi obviamente normal, para alguém que é convicto de sua heterossexualidade: fúria. O guerreiro de bronze, após conseguir desvencilhar do beijo forçado, socou a face do cavaleiro de ouro. Máscara parecia visualizá-lo ainda diante de si; os olhos revoltados, o peito arfante, enquanto revezava a limpeza da boca que era feita com o dorso da mão direita, depois com a palma da esquerda.
A única coisa que o Câncer fez foi se levantar, rindo muito daquela reação, enquanto ouvia o japonês esbravejando.
“Você é maluco, Kisama?!”
“Maluco? Eu? Você que entrou aqui feito um furacão, garoto! Eu jurava que era o rapaz que encontrei no bar o qual convidei para passar a noite comigo...”
“Naniii?! Você está me achando com cara de quem se deita com um porco pervertido como você?!”
“Ha, ha, ha! Tá bom, garoto, tá bom... Não fique tão irritadinho, foi um engano, oras! Mas diz a verdade, até que você gostou, não foi?”
“Se eu gostei?!”, ele gritou, esfregando desta vez, o antebraço com força na boca e cuspindo a saliva no chão da casa de Câncer. “Eu vou lá gostar de um beijo vindo de um pinguço fedido como você?! Vai pro inferno, Máscara! Eu vou dar um jeito de pular sua casa quando tiver que passar por aqui!”, Seiya avisou apontando o dedo indicador para o colega guerreiro e em seguindo saiu correndo da casa.
O velho taberneiro, após servir o Cavaleiro de Câncer, o avisou que Shaina já esperava na adega nos fundos. No entanto, Máscara não se moveu e nem lhe deu uma resposta, apenas continuou ali, com aquele ar pensativo, tão incomum dele. E o mais estranho de tudo para Atila, foi ver intacta a caneca cheia da bebida que ele tanto gostava. Continuou, de forma discreta, encarando aquele homem de aparência bruta, através dos seus óculos de grau, enquanto secava os copos. Naqueles cinquenta e cinco anos de bar, aprendera a guardar muitos segredos. Seu velho pai, que Zeus o tenha, ao começar passar para si a função que um dia herdaria dele, lhe explicara inúmeras coisas e uma delas, era que jamais deveria se intrometer nos assuntos daqueles homens caso esses eles não lhe pedissem opinião.
“São sim guerreiros do bem, meu filho. Mas, por mais sensíveis, belos e alegres que aparentem ser, nunca se esqueça: eles são homens carregando em si o cosmo, uma pequena fração do poder dos deuses. Alguns deles se tornam tão poderosos, que sua força astral chega se igualar a das próprias divindades Olimpianas e desta forma, também podem ser tão impiedosos quanto elas. São capazes sim, de matar em um mero piscar de olhos... Não tenha receio de temê-los, filho. Pois, enquanto tiver medo, terá respeito e conseguirá se manter vivo, assim como seu velho pai.”
Era por aquele motivo que, por mais vontade que Atila tivesse de perguntar o que havia acontecido com Máscara para ele estar tão amuado, achou prudente continuar seguindo os conselhos do seu falecido pai se quisesse viver longamente.
De repente, Milo adentrou a Taberna e reparou Máscara no balcão; aproximou-se, com intuito de agradecê-lo.
— Ei, Italiano! Obrigado. — disse, sentando-se ao lado dele e batendo a mão em seu ombro. Depois, se voltou para o taberneiro: — Boa tarde, Atila! O de sempre.
— Boa tarde. É pra já cavaleiro.
— “Obrigado” pelo quê? — Máscara perguntou, com os pensamentos ainda distantes.
Milo achou a pergunta esquisita, mas não tanto quanto a caneca de vinho cheia na frente do amigo.
— Jamian... — o Escorpiano o lembrou, reparando na fita sobre o balcão e deduzindo também, que o Cavaleiro de Câncer já havia cumprido a prova. — Ele falou que foi você quem o jogou na porta de casa e...
— Você acha que o Dite vai levar isso até o fim, Milo? — Máscara questionou do nada, cortando a fala do colega.
O cavaleiro de Escorpião, por sua vez, franziu o cenho diante daquela inquisição. Máscara havia usado seu nome e não o apelido de “Rabo-torto”. Fora que, o guardião da Quarta Casa estava muito sério; um comportamento bem anormal em se tratando dele, que estava sempre gargalhando alto e cuspindo zombaria para todos os lados. Sorriu para o taberneiro quando este lhe entregou a caneca cheia de cerveja e se afastou em seguida, indo ajeitar as mesas do salão, ao mesmo tempo em que dava privacidade aos dois. Então, encarou o canceriano, tentando entender o que ele dissera.
— Do que está falando, Italiano?
— Ele não tá bebendo com a gente desde que o jogo começou.
Milo tomou um gole da cerveja. Também havia percebido o fato.
— É, ele está meio estranho — afirmou. — Mas isso é fase, ele vai voltar ao que era quando tudo terminar, não acha?
— Você sabia que ele deu para um soldado? — Máscara deu a notícia em forma de perguntada, sorrindo amargamente de lado e fazendo Milo arregalar os olhos surpresos.
— Tá brincando?
— Não... Eu vi os dois juntos. Depois, ainda ouvi os amigos do moleque contando vantagem durante a semana toda para quem quisesse ouvir aqui no bar.
Os olhos de Milo aumentaram ainda mais de tamanho.
— E o que você fez, Máscara? Não me diga que...?
— Ainda não fiz, Milo. Mas me segurei pra não degolar aqueles dois e pendurar suas cabeças na entrada do bar. Ou quem sabe, refazer a decoração da minha casa...
O Escorpião engoliu em seco. Não duvidava de que o amigo fosse capaz de tal, mas para ele chegar àquele ponto, era porque sua obsessão por Afrodite talvez fosse bem maior do que Milo imaginara a princípio...
Achou por bem, tirar aquela dúvida:
— Máscara, por um acaso você... gosta do Afrodite pra valer?
O Câncer riu ao ouvir aquela pergunta que achou idiota e acabou se lembrando da caneca de vinho. Sentiu que ela viria a calhar naquele momento, para adoçar o amargor em sua boca depois daquele questionamento inesperado.
— Sei lá dessa merda de gostar, Rabo-torto — respondeu, após tomar um bom gole do vinho e voltar a repor a caneca no balcão. — Eu só sei daquilo que me dá prazer e me faz bem. Nem me fale dessa porra de amor também. Eu nasci um cara estranho... era o caçula de oito irmãos e minha mãe morreu no meu parto. Desde pequeno comecei a ver gente morta. Um dia eu disse isso pro meu velho e ele me respondeu que eu estava fingindo ser um de débil mental pra não ajudar ele e meus outros irmãos na feira. Muitas vezes, ele me espancava como se eu fosse um cachorro sardento mendigando por comida. Até que um dia ele falou que iria me vender pra ver se eu tinha algum valor. Naquela noite eu peguei um caco da garrafa de bebida que ele tinha quebrado e passei no pescoço dele. Depois disso, arrumei minhas coisas pra ir embora enquanto dava risada do espírito dele me xingando.
“Você disse que eu não conseguia ver, não é? Então, eu não estou te vendo. Vai ver se o inferno existe alma penada!”, Máscara lembrou-se da sua fala ainda pequeno.
— A partir daquele momento eu resolvi deixar a Ilha de Sicilia e passei a perambular pelo país, enfrentando desafios de todos os lados. Descobri também que tinha facilidade em lutar; fiquei forte rapidamente tantas foram as brigas em que me meti, até que comecei a ganhar dinheiro fácil com isso. Só que eu não me satisfazia apenas em bater ou ver os ossos dos meus adversários se quebrando. O prazer que me consumia era ver alguém morrendo... Aquilo sim era algo excitante... — Máscara sorriu, bebendo mais um gole de vinho e ao perceber que Milo continuava prestando atenção, prosseguiu: — Foi assim que ganhei meu apelido de Máscara da Morte, porque era assim que eu lutava: mascarado. Até que um dia me deparei com a derrota; era um cavaleiro do legado de Atena. Esse homem notou de cara que eu era ‘diferente’ ou ‘especial’ como ele costumava florear...
“Você vive acuado e assustado por esses espíritos que te rodeiam, não é?”, — Ele me perguntou e eu não contive a gargalhada. Dei aquela resposta que o deixou sem reação no começo: — “Eles não me assustam mais, porque agora não sou eu quem tem medo deles, eles têm medo de mim...”.
— Mas, ao invés do disgraziato me matar por eu ter perdido, ele me deixou vivo e ainda disse que “os meus dons” seriam melhores utilizados a favor de um bem maior. E que ele iria me tornar um cavaleiro de Atena. O único erro do meu mestre foi fazer de mim um lutador melhor do que ele. E um belo dia, ele chegou contando que o meu teste final era uma luta mortal em que o sobrevivente ganharia o título de Cavaleiro de Ouro de Câncer. Eu gargalhei de tanta empolgação; mesmo, quando soube que o meu oponente seria ele próprio. Não pensei duas vezes e nem tive o mínimo remorso de usar toda minha força para vencê-lo e no fim matá-lo. A cabeça dele foi o primeiro troféu da minha coleção. Fui consagrado guerreiro do legado de Atena graças ao lado demoníaco de Saga que na época simpatizava pelos recrutas mais impiedosos e de sangue frio. Desde então, para mim, estar do lado da justiça era ser o mais forte e derrotar o inimigo não importando qual fosse os meios. Só que tudo veio abaixo quando confrontei aquele garoto... Shiryu de Dragão. O menino jogou na minha cara que eu era indigno de ser chamado de cavaleiro de ouro, pois um verdadeiro herói da justiça não podia fazer de troféus as inúmeras vidas que ele tirava... Eu perdi minha vida na batalha contra um mísero moleque de bronze. Depois, voltei de novo como espectro para perdê-la novamente em combate. Mesmo assim, eu fui trazido de volta do mundo dos mortos pela misericórdia de Atena...
— Você pulou a parte que ajudou a derrubar o muro das Lamentações em Elíseos. Isso foi o suficiente para Atena lhe perdoar e lhe dar uma nova chance de recomeço.
— Exato! Mas Atena é uma mulher astuta e mais inteligente do que imagina, Milo. Ela sabia que a sede de um sanguinário não se cura da noite pro dia, e tive que me comprometer diante dela a participar de um programa de “reabilitação” para tratar a minha “psicose”. Foi nessas seções que encontrei Dite. Éramos dois que compartilhavam dos mesmos problemas. Ambos ficamos do lado errado na guerra, tínhamos a mesma perversidade correndo em nossos sangues e no fundo, não nos arrependíamos de ser o que éramos: ruins. Mesmo assim, eu sentia um pouco de receio dele. Mas não era um medo normal, era algo do que eu poderia vir a sentir por ele... Daquela dor incômoda, que você nunca sabe ao certo de onde vem e que atinge suas entranhas e as fazem se contorcer... É um sentimento novo e assustador para mim... Algo que não sou acostumado a lidar... Nunca foi só a beleza do Peixes que me atraiu, Milo. Na realidade, eu nem consegui discernir ao certo o que era bonito aos meus olhos. Dite me atraiu desde o começo por sua personalidade arrogante, seu ar imponente, seu jeito esnobe, sua perversidade, sua impiedade... Eu sempre me vi nele, e desta forma, pude perceber que sou humano...
Máscara parou de falar e sorriu para Milo que o observava atordoado.
Já Milo, aquilo poderia até ser algo meio ridículo de se pensar vindo de quem vinha, mas achou que aquela era maneira de Máscara dizer que amava Afrodite. Crispou as sobrancelhas e tentou mais uma vez tirar dele aquela dúvida:
— Você não quer perdê-lo, é isso que está tentando me dizer, Máscara? Acha que o jogo vai afastá-los para sempre?
— Não, Rabo-torto... Você entendeu errado. Eu não sou uma donzela que se apaixona e pensa em baboseiras românticas como essa. Estou tentando explicar que sempre fui um psicopata, sedento por sangue. E não foram as seções de “Reabilitação” que controlaram essa ânsia de matar, e sim, o fato de eu ter encontrado uma maneira de aliviá-la com o Afrodite. Caso eu o perca, perderei também meu ponto de equilíbrio e não sei mais se serei capaz de segurar o desejo insano que anda crescendo dentro de mim de voltar a arrancar cabeças... — ele falou abrindo um sorriso de lado, que logo se transformou em alta gargalhada, que gelou até a alma do Escorpião.
...
Afrodite x Shun
No domingo, pela manhã, como combinado, Shun estava ajudando Afrodite com o jardim. O pisciano o rodeava de longe, usando uma tesoura para podar as ramagens que subiam pelas pilastras da sua casa como serpentes. Estava espreitando, igual a um caçador analisando sua presa.
Shun tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo, mas alguns fios escapavam da amarra e grudavam no seu rosto suado devido ao calor. Ele usava a máscara de proteção que encobria a boca e o nariz, equipamento de proteção necessário para não se inalar o aroma venenoso das rosas. Ele também estava com luvas grossas e vestia uma jardineira branca, a camisa verde e um bota de couro na cor creme completavam seu visual de jardineiro meigo.
O pisciano mordeu o lábio inferior; não podia negar que o garoto era irritantemente gracioso.
Na sexta-feira, havia acontecido algo estranho: estava tentando convencer o pupilo de Shaka em ir ajudá-lo no jardim quando Hyoga chegou do nada, arfante, dizendo que precisava falar com ele urgente. Não queria demonstrar suas verdadeiras intenções diante do rapaz loiro, por isso, apenas reforçou que esperaria por Shun no domingo de manhã para ajudá-lo com a poda e então se retirou.
Na volta para sua casa, fez questão de passar por Câncer e acabou se deparando com Máscara saindo do banho: os cabelos ainda pingando, o peitoral bem definido molhado, a toalha em volta do pescoço, uma calça jeans surrada e os pés descalços. Sentiu um tremor lhe abalar ao ver o amante daquele jeito tão simples e tão sedutor.
“Pela sua cara emburrada, a primeira investida não deu resultados...” ele fez questão de observar, esvaindo com a empolgação do Pisciano em vê-lo tão atraente. Em seguida, Máscara sentou-se no sofá ao lado da mesinha de canto e apanhou na gaveta da mesma o maço de charutos.
“Voltou a fumar?”, Dite perguntou, vendo-o ascender o tabaco e levá-lo até a boca, tragando-o e jogando fumaça para cima.
“É o jeito...”, ele se recostou na poltrona, abrindo os braços.
Naquele momento, Afrodite se segurou para não deixar a disputa de lado e se jogar nos braços daquele homem pelo qual sentia uma verdadeira loucura, porém, a fala seguinte dele, fez seu desejo se esvair e seus nervos se aflorarem.
“Melhor sair. A minha vítima vai passar por aqui a qualquer momento e a sua presença pode por tudo a perder...” ele falou, tragando mais uma vez o charuto que estava balançando antes em sua boca, e entortou os lábios para soltar a fumaça pelo canto da boca.
Afrodite não esperou uma nova fala, empinou o nariz, jogou os cabelos que estavam nos ombros para trás — como sempre fazia quando queria chamar atenção — então saiu da casa de Câncer, marchando, tão dura eram suas pisadas.
Seus olhos azuis-piscina retornaram ao momento atual. Talvez Milo tivesse razão: os dois não eram “marido e mulher” e, por isso, tinha que se convencer de que aquela disputa viera em bom momento.
Mas porque não conseguia, simplesmente, tirar Máscara da sua cabeça?
“Talvez, no fim disso tudo, eu consiga me livrar desta necessidade doentia que sinto de ter aquele desgraçado...”, Afrodite pensou, se aproximando do canteiro onde Shun trabalhava.
Foi quando notou algo estranho: o adolescente saiu às pressas de perto das rosas e veio para debaixo da sua varanda; retirou uma das luvas, e olhou o sangue que despontava no indicador direito.
— O que houve? — interpretou um ar de verdadeira preocupação, aproximando-se dele com as sobrancelhas finas franzidas.
— Acho que um dos espinhos atravessou a luva...
— Oh! Mesmo? Mas não fique nervoso, sabe que comigo por perto não terá problema. — Dite afirmou com um leve sorriso, tomando a mão dele na sua e olhando o líquido carmesim que escorria. — É só sugar o veneno, vou te mostrar, assim...
Shun sentiu o rosto fumegar quando Afrodite enfiou seu dedo todo na boca. Mas ao contrário do que ele lhe dissera o veneno não parecia estar sendo controlado, na realidade parecia estar se alastrando mais rápido, pois a temperatura do seu corpo aumentou gradativamente. Ele puxou sua mão de volta e arrancou a máscara no seu rosto. Estava sentindo falta de ar. Desprendeu os suportes da jardineira e retirou a camisa por cima da cabeça. Seu corpo estava queimando.
— Minha pele! Está ardendo, estou ficando se ar! — reclamou arfante para o homem que mantinha os olhos azuis detidos sobre si, sem dar nenhum indício de que queria realmente socorrê-lo.
Afrodite não se moveu. Ficou apenas observando os efeitos da nova mistura com a qual regava suas plantas daquele canteiro. Era um entorpecente que estava em fase de teste ainda, mas o qual conhecia bem os resultados. Sorriu mais abertamente quando percebeu que Shun não aguentou o efeito colateral e acabou revirando os olhos e caindo desmaiado. O pisciano balançou a cabeça negativamente, apanhando o Cavaleiro de Andrômeda nos braços e o levando para dentro da sua casa.
— Tadinho... Tão descuidado — o peixe constatou, escorrendo o dedo pela face dele, após deitá-lo em seu leito. Em seguida, percorreu com seus dedos o pescoço, tocou os mamilos rosados que estavam eriçados e desceu, apalpando o tecido de brim e sentindo a ereção despontada entre as pernas dele. — Acho que exagerei na dose de Afrodisíaco...
...
Depois de algum tempo, Shun despertou. Sentia a cabeça tão dolorida que não foi capaz de abrir os olhos de imediato; os lábios estavam ressequidos, a pele ainda estava acalorada e parte do corpo estava dormente. Mas, havia uma sensação mais estranha, um formigamento no baixo ventre que o fez se esforçar para abrir os olhos e saber o que era.
Porém, ao descerrar os orbes verdes e perceber que aquele teto não era conhecido, tentou se levantar. Mas, não conseguiu sair do lugar. Logo, descobriu os motivos: suas mãos estavam presas no alto, na cabeceira da cama em que se encontrava; e seu corpo não obedecia, só conseguiu mover um pouco o pescoço, erguendo a cabeça e encostando-a na armação atrás de si, para enxergar melhor. Chocou-se, ao ver Afrodite totalmente nu diante de si. Na realidade, entre suas pernas, que estavam afastadas.
— Ainda bem que despertou, não vai ter graça fazer com você desacordado.
— O quê... — Shun sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo ao imaginar o que estava prestes a acontecer. Mesmo assim, não quis acreditar naquilo. — O quê pretende, Afrodite?
— Não sabe mesmo? Será que é tão inocente a esse ponto? Mas eu acho que não... — ele respondeu a própria pergunta, passando a língua nos lábios, comentando em seguida: — Seu corpo está reagindo bem. Veja como isso aqui está crescendo, mesmo que os meus carinhos estejam tão suaves.
Foi ao ouvir aquilo que Shun se deu conta que havia um movimento estranho dentro do seu ânus.
— O que está fazendo? Por que comigo?! — Shun perguntou com os olhos arregalados, o rosto cada vez mais quente, a respiração começando a se desregular devido à sensação que aquele estimulo lhe provocava. Seu corpo parecia mais sensível que o normal, mesmo que não quisesse aquilo, estava ficando excitado.
Dite balançou os ombros.
— Só tive vontade de repente.
— Não! Você não... Ahhh! Está ardendo, pare!! Pare... Afro- Afrodite! Eu não quero que seja com você!
Por um minuto, Dite se deteve, encarando o garoto no leito, após aquela fala. Agora as lágrimas minavam pelas margens dos olhos verdes e ameaçavam escorrer pelo rosto ruborizado devido a vergonha, deixando-o ainda mais bonito. Era uma feição bem excitante. Mas o fizera lembrar-se da sua infância, quando foi tomado pela primeira vez. Nunca lhe deram a chance de escolhas. Era mais fraco, não podia se defender, então era obrigado a sucumbir. Por isso, quis se tornar forte, para conseguir se defender, e ter prazer com quem realmente desejasse.
Todavia, Shun não era fraco. E, se não fosse o efeito do veneno afrodisíaco, ele poderia ter se livrado daquelas amarras e tê-lo derrubado com facilidade fazia algum tempo. Afinal, o garoto tinha um cosmo imenso e uma grande força de vontade, que o fizera vencedor na batalha das Doze Casas, mesmo sendo um jovem que repudiava a violência.
Porém, desejava tê-lo para não ficar atrás naquele jogo e, por isso, o teria.
— Não me diga que está guardando esse buraquinho para o seu primeiro amor como se fosse uma mocinha virgem? ­— Afrodite provocou, aumentando o ritmo do dedo indicador dentro dele e acrescentando um segundo dedo, inserindo ambos devagar e, sorrindo maleficamente ao vê-lo se retesar e soltar um urro de dor. — Não seja idiota, Shun... Essas coisas de amor não existem. Só o prazer carnal é real. E na hora que você sentir o êxtase provocado pelos movimentos frenéticos de uma ereção deslizando pra dentro e pra fora desse buraquinho, você vai se arrepender de tê-lo guardado por tanto tempo...
Shun inclinou o pescoço para trás e apertou os olhos, as lágrimas derramaram rapidamente. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo com ele logo naquele momento em que estava tão feliz por ter os seus sentimentos por Hyoga correspondidos.
“É verdade, Hyoga. Estou sendo sincero. Eu também... Eu também o amo!”, Shun lembrou-se de como teve coragem de confessar-se, naquela noite em que Hyoga apareceu desesperado no alojamento, dizendo que precisava lhe contar algo importante antes que alguém o roubasse.
“Estou tão feliz, Shun! Eu quero tê-lo pra mim. Por isso, irei protegê-lo de qualquer um que queira abusar da sua inocência... Shun... Shun? O que foi? Por que está rindo desse jeito?”
“Bobo! Sempre tem alguém querendo ‘abusar da minha inocência’. Mas eu não sou tão ingênuo quanto pareço e nunca deixei ninguém fazer esse tipo de coisa comigo. E não é agora, que tenho meus sentimentos de amor correspondidos, que irei abaixar a guarda. Eu serei só seu, Hyoga. Eu juro.”
— Hyoga...
— Hyoga? — Dite parou os movimentos ao ouvir aquele murmúrio escapar entre os lábios do cavaleiro de Andrômeda. — Está falando do pupilo bonitinho do Camus? Então é ele o dono do seu coraçãozinho mole? Não me diga que é pra ele que está se guardando como uma donzela?
— Afrodite?
— Hm? Vai pedir por clemência? Ou vai chorar pro seu irmãozinho vir me bater?
— Não... Eu não preciso da ajuda do Ikki... — Shun reabriu os olhos e encarou o rosto embonecado de Afrodite que havia detido o abuso em seu corpo para prestar atenção. Seu coração parecia um instrumento musical fora do ritmo, tão acelerado que batia. Mas respirou fundo, tentando controlar o mover rápido do seu peito, que subia e descia devido ao descontrole da respiração e, então, falou com a convicção que até ele não imaginava ter: — Se você quiser continuar fazendo isso, faça com vontade. Sinta todo o prazer que puder, abusando do meu corpo. Porque eu juro, mesmo que eu seja punido por Atena depois, eu vou acabar com a sua vida.
...
Milo chegou arfante na Décima Segunda casa. Foi logo subindo as escadas de pedras na lateral esquerda, escondida entre as ramagens. Sabia que aquela subida dava para o quarto de Afrodite. Passou pelas cortinas esvoaçantes da janela e seu coração estacou por um segundo ao ver Shun totalmente nu com apenas um fino lençol sobre o ventre; estava desacordado no leito e havia manchas de sangue em sua pele e nos lençóis. Aproximou-se, custando a acreditar no que via. O corpo ainda estava suado e os braços presos.
O Escorpiano cobriu a sua boca aberta com a mão, enquanto a outra levou na cintura, andando de um lado para o outro. Não acreditava que Afrodite havia tido aquela coragem. Ouviu barulho de água caindo, então entrou no local que sabia ser o banheiro.
— Dite! Seu...!
Mas o que Milo viu o deixou confuso.
— Afrodite? — ele abriu a porta de correr de vidro do boxe do banheiro e fechou a válvula do chuveiro. Abaixou-se e tocou no ombro do cavaleiro que estava sentado no chão, trêmulo, talvez por causa da água fria do chuveiro, e agarrado as próprias pernas enquanto os cabelos molhados cobriam sua cabeça baixa. — Afrodite, você não fez isso, não é? Digo, é só um jogo idiota entre eu, você e o Mascára... Isso não era pra ser levado a esse ponto. Digo... Era óbvio que o Shun era virgem... Digo... Que diabos aconteceu aqui, afinal?!
Mas nem Afrodite e nem Milo tiveram tempo de falar, pois a força do cosmo congelante que os atingiu, fez petrificar até mesmo a água que ainda pingava do chuveiro do Pisciano. Eles conseguiram trincar a camada fina de gelo que cobriu suas peles e então se levantaram, olhando assustados para o jovem que acumulava mais cosmo-energia e preparava-se para lançar o segundo golpe.
Hyoga havia procurado por Shun naquele começo de tarde e não o encontrou. Ele sabia que o amigo estaria ajudando Afrodite durante a manhã, por isso, achou que ele tivesse ainda em Peixes, e resolveu ver como estava indo o trabalho e se precisavam de ajuda. Mas não encontrou nem ele e nem Afrodite nos campos de rosas. Foi quando viu Milo esgueirando-se para lateral da casa, resolveu segui-lo.
Não acreditou naquilo que vira ao entrar: Shun no leito do Cavaleiro de Peixes. Adentrou a porta aberta do banheiro para buscar satisfações, quando ouviu Milo mencionando um jogo entre ele Máscara e Afrodite.
Não conseguia e não queria conter sua ira.
— Você estava por trás disso, Milo?! Eu confiei em você! Mas, estavam jogando? Pra quê? Pra fazer aquilo com o Shun?! Eu vou matar os dois e vai se AGORA! – Hyoga gritou, erguendo os dois braços para cima e formando um jarro, a posição do golpe mais poderoso que o seu mestre Camus havia lhe ensinado, então mirou nos dois Dourados e sem receio disparou o golpe com toda sua força: — EXECUÇÃO AURORAAAAAA!
O cavaleiro de gelo alcançou o sétimo sentido, o cosmo máximo de um cavaleiro, devido a sua fúria. Em poucos segundos, colocou em alerta todo o Santuário que imaginaram que os domínios de Atena estavam sendo invadido.
Continua...




Notas finais do capítulo

Então, será que a brincadeira dos três bonitões do Pôr-do-Sol, finalmente chegou ao fim? :D


Continuem apostando suas fichas porque essa roleta ainda não parou de girar. 8D


Agradeço de verdade a todas as reviews. Fazia tempo que não escrevia algo com os Dourados e graças ao presente que tive que fazer pra Keiko, me recordei o quanto é bom trabalhar no fandon. Melhor do que isso, é perceber o quanto Saint Seiya — minha primeira paixão — continua fazendo sucesso, inclusive, entre as novas gerações!


Aproveitando o ensejo e vou indicar duas grandes escritoras do fandom yaoi de Saint Seiya aqui no Nyah que é a minha amiga Fátima, vulgo Vagabond e a Sion Neblina, não tão amiga assim (porque nos conhecemos poucos), mas que é bem conhecida pelo trabalho perfeito que desenvolve. Sei que tem muitas outras boas escritoras, inclusive a minha nee-chan, a Meguari, que tá iniciando e que já está com fanfics que valem a pena conferir também, mas são essas que conheço por enquanto. :D


Mas, voltando ao assunto, falem a verdade, é difícil não se apaixonar por esses homens magníficos que tem de todas cores, tamanhos e embalagens, para saciar tudo quanto é gosto, né, não? 8D


Até quem não gosta de Saint Seiya se olhar nesse cardápio variado, vai encontrar um do seu número. Hahahahaha


E dá para escolher só um cavaleiro como favorito? O meu sempre foi o Ikki e o Saga, mas confesso que tenho o maior tombo pelo Mask.


E qual é o favorito de vocês? :D


Vejo vocês no próximo! Até lá!

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