Autor: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Amizade, Comédia, Drama, Lemon, Romance, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Nos dias aparentemente de paz, Milo, entediado de suas aventuras amorosas, propõe aos seus amigos de boemia (Máscara da Morte e Afrodite) uma aposta que poderá fazer de suas noites de verão Ateniense, mais divertidas. Porém, todo jogo de sedução, implica inúmeros fatores de riscos, inclusive, aqueles que envolvem o coração. [Milo x Camus, Máscara da Morte x Dite (e outros)]
Capítulo VI
Todo jogo tem desertores, perdedores e ganhadores.
Marin de Águia foi a pessoa escolhida por Atena para presidir a sindicância instaurada para investigar seus guerreiros: Milo, Afrodite, Máscara da Morte e um tal jogo criado por eles denominado “A Aposta”. O qual, de acordo com Camus de Aquário — o relator da denúncia —, infringia inúmeras normas do Santuário, principalmente, as de conduta dos Cavaleiros.
Enquanto as evidências eram levantadas, ou até segundas ordens, os três suspeitos iriam aguardar em detenção. Ou seja, estavam presos em quartos individuais no presídio do Santuário, localizado ao norte dos campos de treinamento, próximo a encosta do Cabo Sunion. O lugar era uma construção rústica e mais parecia uma masmorra pelo lado de fora, porém, do lado de dentro, já havia passado por algumas reformas e suas alas haviam ganhado ares mais modernos como iluminação elétrica, por exemplo.
Por ordem de Aiólia, o capitão das tropas, o trio também ficaria sobre vigília dia e noite para evitar que tentassem alguma gracinha. Encarregado do primeiro turno ficara Aldebaran de Touro e no segundo Algol de Perseu. Ambos, guerreiros apontados por Aiólia e que eram de sua total confiança, além de não terem amizade com os três acusados e, por isso, sabia que se manteriam imparciais quanto a pedido de favores.
A primeira audiência fora marcada por Marin para sete dias a contar da detenção dos acusados, que ocorreu um dia após a denúncia formalizada pelo aquariano. De acordo com a amazona, tempo suficiente para se levantar provas e colher depoimentos.
No dia seguinte à prisão dos três — na terça-feira —, o Cavaleiro de Leão, que já havia tomado o depoimento de Hyoga na segunda-feira, convocou Afrodite para ser o primeiro interrogado. Era ele quem no momento detinha as acusações mais graves: abuso sexual e tentativa de assassinato por envenenamento.
Aldebaran abriu a porta do quarto onde o Pisciano estava e o viu sentando na cama com as pernas cruzadas, tentando alinhar os cabelos ondulados com os dedos.
— Vamos, Dite.
— Será que eu não tenho direito a uma escova de cabelo pra eu dar um jeito na minha aparência antes? Meus cachos estão parecendo um ninho!
O grandalhão descruzou os braços e revirou os olhos, então adentrou mais o quarto e apanhou o rapaz pelo braço, puxando-o pra fora da cama.
— Você vai para um interrogatório, rapaz! Não tá indo pro Pôr-do-sol, não. Tá até ajeitado demais.
— Eu não vou me ferrar sozinho nessa, estão me ouvindo?! — ele gritou no corredor, para que seus vizinhos de cárcere o ouvissem e, melhor que isso, o entendessem
— Eu também te amo, Rosa Venenosa! Ha, ha, ha, ha! — gargalhou Máscara de dentro do se quarto.
Aldebaran empurrou o Pisciano e sua força excessiva o fez andar passos à frente sem querer.
— Em silêncio, Afrodite! Em silêncio se não quiser ser amordaçado.
— Você é mesmo um bruto, gigantão!
— Calado.
Milo, que estava sentado no chão, encostado na porta do seu quarto, em total silêncio, ouviu o escândalo que Afrodite fazia ao ser levado pelo Taurino. Sentiu suas entranhas apertarem e, por um instante, se arrependeu de ter proposto aquela brincadeira estúpida. Apesar de ter previsto problemas, não conseguia imaginar que seria tratado como um criminoso. Sempre foi um cavaleiro. Diferente de Máscara e Afrodite que eram homens de sangue frio, com passados obscuros e capazes de atrocidades, ele sempre fora uma pessoa do bem.
Nascera fruto de uma aventura amorosa do pai, um soldado do Santuário que se apaixonou por uma garota humilde, filha de comerciantes da capital. Lembrou-se de que viveu com a mãe até os seis anos de idade e de que ela falava muito pouco do genitor. Quando isso acontecia, ela frisava que não podiam viver juntos porque o homem era um servidor da guarda de Atena. No entanto, ela não pensou duas vezes em largá-la com o homem que não podia assumi-lo e que até então era um perfeito desconhecido para si, para aceitar a proposta de casamento de um estrangeiro. Depois disso, nunca mais a viu.
Até que ele e o pai-soldado se deram bem a princípio. Passou a viver no vilarejo do Santuário, mais exatamente, no dormitório dos aprendizes. Fora então, que começou a ouvir dos aspirantes as inúmeras histórias sobre os Guerreiros Dourados.
Até aquele momento, imaginava que o pai pertencia ao exército comum, como vira algumas vezes em desfiles na rua. Mas não, aquele ambiente era bem diferente do que idealizara. Todos os meninos diziam que, além das colinas, havia uma gigantesca estrutura escondida, onde vivia uma deusa e seus poderosos guerreiros.
Aquilo parecia tão encantado quanto os contos que a mãe lhe contava para dormir. Por isso, não dera crédito aos garotos no começo. Mas, foi em um dia de tempestade, quando viu um cavaleiro de ouro pela primeira vez, que tudo mudou. Havia caído uma chuva forte, e muitos guerreiros do Santuário — o tal lugar mágico — vieram ajudar a socorrer os moradores. Como era pouco ágil, ao invés de fugir quando o alojamento ameaçou desmoronar, escondeu-se embaixo da cama e acabou ficando preso nos escombros. Achou que seria seu fim, quando a escuridão em que fora imerso durou pouco, os pedaços da construção foram tirados de cima de si como se estas fossem plumas.
Ao conseguir se rastejar para longe do prédio em pedaços, sua primeira reação fora de assombro. Deslumbrado, viu aquele homem de armadura reluzente e gigantescas asas douradas, olhando-o com preocupação.
“Você está bem, pequenino?”
Naquele instante, só conseguiu mover a cabeça automaticamente em um “sim”, logo em seguida, o homem chamou por alguém, era um garoto, talvez da sua idade, que o apanhou pela mão e o puxou.
“Venha, vou te levar para onde estão os outros...”
Enquanto aquele menino o puxava para longe, Milo mantinha o pescoço entortado para trás, observando aquele homem se mover tão rápido que seus olhos não conseguiam acompanhar. Viu-o erguer escombros monstruosos a procura de sobreviventes, enquanto sua roupa dourada reluzia naquele dia tempestuoso e obscuro, como se fosse o representante do sol a trazer esperanças.
“O que ele é?”, perguntou, voltando-se para o menino assim que pararam sobre um abrigo, onde havia mais moradores socorridos.
“Como o que ele, é? Todos conhecem meu irmão Aiolos. Ele é o cavaleiro de ouro de Sagitário; um dos mais poderosos guerreiros do legado de Atena. Um dia, serei tão poderoso quanto ele.”
Foi naquele dia.
Milo lembrou-se, que foi naquele dia que decidira ser um Dourado.
Porém, quando contou seu intuito ao pai, o homem se recusara, falando-lhe que não era tão simples quanto parecia e que muitos aspirantes morriam no caminho para se tornar um cavaleiro.
Foi naquele dia também que Milo magoou seu velho pai pela primeira vez, perguntando-lhe se era por isso — medo — que o homem passara a vida toda sendo um reles soldado, ao invés de buscar ser como Sagitário.
“Se eu pudesse escolher, queria ter nascido filho de um cavaleiro importante!”
O homem abaixou a cabeça ao ouvir aquela afronta e com uma voz rouca respondeu ao filho:
“Você se engana, Milo... Se engana se pensa que cavaleiros importantes têm tempo para terem famílias ou moleques de língua ferina como a sua...”
Apesar de ter visto lágrimas nos olhos do seu velho, o garoto realmente não dera importância para aquilo. Estava eufórico com a ideia de se tornar um cavaleiro como Aioros e no outro dia, o pai havia lhe alistado e finalmente começara sua jornada. Os anos transcorreram rápidos. Não demorou em se destacar entre os aprendizes; era empenhado, estudava fora do horário, fazia de tudo para ser o melhor. Depois que se tornara um aprendiz também passou a ver o pai muito pouco, principalmente, depois que ele teve que abandonar a função de soldado por estar com a saúde fraca.
Milo recordou-se também quando finalmente fora consagrado cavaleiro de ouro. Naquele dia, correu para o vilarejo no intento de encontrar o pai e dar-lhe as boas novas, e também convidá-lo para a cerimônia de nomeação...
Contudo...
O que encontrou fora apenas o casebre onde ele vivia no vilarejo abandonado. Procurou saber de algo com a vizinhança e uma senhora, vizinha, quem lhe dera a notícia:
“Hã? O velho Eliseu? Ah, claro que me lembro dele. Ele morreu faz quase um ano. Mas foi bom para ele, sabe? O coitado sofria muito. Principalmente de insônia. Às vezes, eu o via de madrugada, mesmo com a saúde fraca, na varanda, olhando em direção ao Santuário. Imagina que ele dizia que tinha um filho que estava prestes a se tornar um Dourado? Pobrezinho, estava variando. Era a doença, com certeza... Afinal, um soldado ter um filho tão importante...”
“Aquele foi o meu primeiro dia na Taberna Pôr-do-sol. Comecei a beber e a farrear para tentar esmagar aquela agonia, a dor latente que agonizava em meu peito e aquele nó insuportável que se formou na minha garganta. Nunca fui um bom filho... Mas nunca quis ser um mal também. Muito menos, ser um mal cavaleiro...”
A porta do quarto onde o Escorpiano estava de repente se destrancou e ele caiu para trás, olhando o cavaleiro de Touro que parecia um monumento gigante do ângulo que estava.
— É sua vez, Milo — o brasileiro falou, franzindo suas grossas sobrancelhas ao perceber os olhos azuis do rapaz lacrimejados. — Estava chorando?
— Ah?! Eu chorando? Você tá maluco, grandalhão? — Milo perguntou, abrindo um falso sorriso e colocando-se de pé rapidamente. — Meus olhos estão lacrimejando de sono... É um tédio ficar nessa joça sem fazer nada, não é? Deixe-me adivinhar, agora é a minha vez?
— Sim, e me siga em silêncio.
— Ah? Que é isso, Deba! Só porque eu estava a fim de contar aquela história de quando fui para o Golfo...
— Cale-se, Milo! Não deveria ficar tão animado, afinal, está com o pescoço na forca.
Milo sorriu, mas seus olhos claros se dispersaram novamente e ele se lembrou do restante da fala daquela mulher.
“Mesmo que o chamássemos de louco, o velho Eliseu insistia em dizer: Vocês podem não acreditar e zombar de mim o quanto quiser. Mas eu tenho certeza de que o meu filho será um grande, poderoso, justo e orgulhoso Cavaleiro de Ouro...”
...
Não havia se passado tanto tempo desde que Milo havia sido levado para o interrogatório quando Aldebaran retornou a ala dos encarcerados dourados e abriu a porta do quarto de Máscara e de Afrodite.
— Vocês dois, fora. — anunciou o Cavaleiro de Touro.
Ainda incrédulos os dois saíram dos quartos desconfiados, olhando para o brasileiro com estranhamento.
— E o Milo?
— Ele vai aguardar o julgamento em uma cela de verdade.
— Você está dizendo que...
— Que o Milo assumiu tudo sozinho. — anunciou Aiólia, que estava logo atrás de Aldebaran. — E como coincidiu com o depoimento de vocês, então, os dois estão livres para aguardar o dia do julgamento em liberdade. Mas, Afrodite, não se aproxime do Shun. Nós ainda iremos interrogá-lo e se a versão dele sobre o envenenamento for diferente da sua, farei questão de que aguarde na cadeia junto com o Milo.
— Faça quantas perguntas quiser, Aiólia! Eu já disse que foi um acidente! O moleque se machucou podando minhas rosas, eu não fiz nada à ele.
— Sim, claro. E ele também tirou as roupas e se amarrou sozinho na sua cama?
Afrodite entreabriu os lábios, então, voltou a fechá-lo.
— Melhor ficar calado, Rosa.
— Isso mesmo. — Aiólia concordou. — Siga os conselhos do Máscara, parece que ele tem algum pingo de senso. Agora vão!
— Obrigado. — o pisciano disse, com um tom claro de ironia, empinando o nariz e passando por Aiólia de cara amarrada.
Mas o leonino não deu a mínima para arrogância do Cavaleiro de Peixes; esperou Máscara sair e só então suspirou desolado, olhando a pasta que tinha nas mãos, aonde continham cópias dos depoimentos os quais iria entregar para a defesa e acusação da Sindicância.
— Chateado, meu amigo? — o Taurino perguntou, parando ao lado dele.
— Só não entendo... Aldebaran. Não entendo...
“Você ouviu o que eu disse, Milo? O cavaleiro de Andrômeda está em coma, devido a uma overdose de um veneno fortíssimo, tem marcas no corpo por ter sido amordaçado, além de ter sido verificadas estranhas secreções em seu ânus, o que tudo indica ser lubrificante. Ele aparentemente foi violentado. Mas é na cama do Afrodite que ele foi encontrado e você está me dizendo que é o culpado?”
“Isso mesmo, Aiólia, meu caro. Afrodite e Máscara não têm nada haver com isso. O culpado de tudo fui eu. Eu estava entediado, sexualmente falando, e inventei um joguinho pra poder pegar uns garotos novos. O Dite só estava me fazendo um favor: me ajudando a pegar aquela coisa fofa do Shunzin...”
“Milo!!”
“Ok, me calo.”
“Tem algumas coisas que não casam a sua história com a dos demais. Apesar do Máscara e do Afrodite terem alegados não saberem de nada e serem inocentes até que provemos o contrário. No depoimento do Hyoga, ele disse que você, na sexta-feira, bem antes do ocorrido, foi alertá-lo sobre alguém que estava querendo seduzir o Shun. O que o levou a procurar o amigo e, ao chegar lá, ele viu o Afrodite convidando o Andrômeda para ir ajudá-lo no jardim no domingo... Então? Por que você faria esse alerta se o Afrodite estava agindo para você... Não me diga que se arrependeu do que queria no meio do caminho?”
Milo desfez o sorriso no rosto e ficou sério e pensativo por um momento. Então, após engolir em seco respondeu:
“Se eu disser que sim, que desisti do jogo que eu mesmo inventei quando percebi os problemas que ele viria a causar, você vai acreditar?”
“O quê?”
“Vou tentar explicar, meu amigo. A primeira prova do meu joguinho era dar um beijo no Hyoga. Por isso, inventei uma desculpa qualquer e me aproximei dele. Mas ao fazê-lo, eu descobri no processo que ele era realmente apaixonado pelo pupilo do Shaka. Usei isso para me beneficiar e falei que iria ajudá-lo com o Shun, ensinando-o como abordá-lo e de quebra, consegui cumprir a prova, ensinando-o a beijar... Aí saiu a próxima rodada: traçar o bonitinho do Shun. Sabia que iria ser uma missão difícil, então pedi ajuda do Dite e... Não sei, foram pequenas coisas que me fizeram perceber que o que eu estava fazendo não valia à pena... ”
“Como o quê?”
“Os sentimentos verdadeiro do Hyoga pelo Shun, por exemplo. Os olhos de decepção do Camus quando me flagrou beijando seu pupilo. Nunca pensei que um olhar de mágoa de alguém tão especial me causaria tanta dor. A conversa que tive com o Máscara, que me contou um pouco do seu passado e como ele e Dite encontram um no outro a forma de se reabilitarem das feridas que o mundo lhes causara. O orgulho que meu finado pai tinha e que...” A voz de Milo engasgou, naquele momento e Aiólia pôde perceber um leve tremor o abalar, mas ele engoliu em seco e mesmo com as lágrimas ameaçando cair, concluiu: “Não podia continuar desonrando a memória do meu velho, que tinha um tremendo orgulho de ter um filho aspirante a Dourado, mesmo que esse filho idiota achasse vergonhoso ter um pai soldado... No fim, eu percebi que não podia continuar com essa brincadeira. Declarei para o Máscara que talvez fosse a hora de pararmos e fui procurar o Dite na madrugada, para dizer que não precisava mais do tal favor, mas ele não me atendeu. Decidi ir dormir e avisá-lo no domingo de manhã. Mas, acordei tarde e... Eu o encontrei chorando dentro do banheiro. Algo também o deteve. Ele tentou, mas não chegou a fazer nada com o garoto, Aiólia. Acredite..”
— Aiólia?
— Ah? Desculpe, Deba.
— O Milo vai ficar sobre vigia?
— O Algol já chegou e vai fazer a vigília, você pode ir meu amigo. Eu vou levar os depoimentos para a Marin.
— Eu te acompanho, então. Estamos indo para o mesmo lado. — O taurino sugestionou, simpaticamente; seguindo ao lado dele e questionando logo depois: — O Milo escolheu alguém para defendê-lo?
— Ninguém.
— Ninguém?
— É. Além de assumir toda a culpa sozinho, diz que não precisa que ninguém o defenda.
— Estranho...
— Muito. Mas de qualquer forma, Atena tinha indicado Shura, e irei passar os dados para ele.
— E você, Aiólia? O que achou? Milo é mesmo o culpado de tudo? Você o conhece desde a infância.
— Sim, eu confesso que o conheço há muito tempo. Mas tivemos vidas bem distintas dentro do Santuário. Pelo que percebi, através dos depoimentos e pelo pouco que conheço dele, Deba. O Milo pode ser o idealizador dessa brincadeira de mau gosto, sim. Mas não vejo tanta maldade nas atitudes dele. É mais imaturidade. O Escorpião sempre gostou de aparecer. Eu também acho que ele está assumindo tudo só para bancar o bom samaritano. — o Leonino suspirou mais uma vez, concluindo: — O jeito agora é aguardar os relatórios da defesa e acusação para apresentá-los à Marin e esperar pela condolência de Atena.
...
Máscara e Afrodite subiram para o Pôr-do-sol assim que se viram fora dos muros das prisões. Mesmo que o escândalo nas Doze Casas estivesse sendo mantido em sigilo, os olhares dos poucos frequentadores do início de semana no bar denunciavam que os segredos tinham pernas curtas no Santuário. O taberneiro, como sempre, serviu a bebida preferida para os dois em silêncio.
Não demorou muito para que a amazona de Cobra encapuzada se acomodasse ao lado deles.
— Espero que tenha destruído todas as evidências — Câncer sussurrou para mulher ao seu lado, tomando um gole da sua bebida favorita, sentindo como se não a provasse há séculos.
— Eu sou a eficiência em pessoa, meu querido. Não iria ser pega com tanta facilidade. Assim que recebi a notícia por um informante, dei cabo de tudo. Agora me digam: é verdade que o Milo assumiu toda a culpa?
— É o que parece, não? — Dite que estava do outro lado do Máscara, resmungou, tomando um gole da vodka servida pelo dono do estabelecimento. — Afinal, ele não está aqui.
— Vou ignorar sua arrogância, Afrodite.
— Vou lá fora. Preciso de ar — Máscara anunciou, empurrando seu banco para trás e se levantando. — Me dá uma garrafa de vinho, Atila.
— É pra já.
— Vai me deixar aqui sozinho com ela?
— Aqui está. — o taberneiro colocou o pedido do canceriano sobre o balcão.
— Não tô com cabeça pra discussões entre mulheres... — ele respondeu, fazendo uma careta, então apanhou a garrafa e saiu, ignorando os chamados de Afrodite em suas costas.
— Máscara? Máscara da Morte! Ei? Que Saco! — Dite esturrou, batendo com o copo de vodka no patamar de madeira, derramando o líquido no balcão. — Tanta baboseira! Tanto problema! Para no fim, o jogo acabar desse jeito! Sem graça e sem ganhador.
— Como não? Na situação atual, você é o grande ganhador dessa disputa, meu caro. — Shaina anunciou, fazendo o cavaleiro de Peixes fitá-la como se ela tivesse dito o maior dos absurdos.
— ‘Tá maluca? Com o Milo fora da jogada, quem ganhou, com certeza, devido à pontuação alta é o Máscara. Afinal, eu nem consegui concluir a bosta desta prova.
— Você está errado. Com o Milo fora do jogo por motivos extraordinários. Você vence por ser o único jogador que permaneceu.
— Espera. O que está querendo dizer?
— Que o Máscara desistiu do jogo; no sábado.
Afrodite entreabriu os lábios, mas não conseguiu formular nada. Voltou a fechá-la e depois de alguns segundos, acabou perguntando, confuso:
— O que está querendo insinuar, Shaina?
— Ai, Dite! Você é tão lerdo às vezes. Eu não estou “querendo insinuar”, estou alegando o que é fato: Máscara e Milo ficaram conversando aqui até tarde no sábado. O Câncer estava com a fita, havia conseguido o beijo forçado no Seiya, mas por algum motivo ele não a entregou. Na verdade, ele quebrou o vídeo na minha frente e na do Milo, anunciando que estava saindo fora da brincadeira. Naquele momento, o Milo, tal como você, ainda não havia entregado a fita com a prova cumprida. Ele disse que não foi capaz de investir contra o Jamian, que chegou bêbado na casa dele na noite anterior, chorando por causa de um amor não correspondido por uma mulher do vilarejo. No fim, ele acabou de conselheiro amoroso do Corvo bêbado e não conseguiu fazer nada com ele. Foi aí, que ele decidiu te procurar para sugerir que os dois anulassem a segunda rodada e fosse direto pra última. Mas parece que ele dormiu demais ao chegar em casa já na madrugada do domingo, e quando acordou pra ir te procurar, aconteceu todo aquele alvoroço. Entendeu agora? Máscara é o desertor do jogo. Milo o perdedor e você, meu caro, o grande vencedor. Parabéns! Comemore! Isso se tiver algo pra comemorar já que, devido ao seu grande esforço, Milo tá na prisão, ameaçado de perder a vestimenta dourada.
— Por que o Máscara desistiria? — o Pisciano ainda perguntou, custando a acreditar naquela informação.
A mulher suspirou e balançou os ombros.
— Isso quem pode lhe dizer é só ele, já que o Milo está preso.
...
Afrodite sentou-se ao lado Máscara que estava na montanha do outro lado da taberna, sentado na grama, contemplando o horizonte. A lua alta no céu criava a luminosidade perfeita para admirarem a imensidão do Santuário e toda sua imponência erguida por séculos. Dite reparou na colina em formato de “Z” e, mas ao longe, as luzes do pequeno vilarejo, de repente, um alívio o invadiu, o alívio por estar livre.
O pisciano sentiu a brisa fresca balançar os fios de sua franja. Era a primeira vez que frequentava o Pub em um estado tão deplorável. Sem maquiagem, sem estar banhado em suas fragrâncias perfumadas e ainda estava vestido com aquela roupa simples da cadeia, um camisetão de manga que vinha até o meio do braço, estilo bata, que cobria parte da calça de malha azul escura. As sandálias brancas, de amarras simples. Os cabelos volumosos presos rente ao pescoço. Sorriu, sem graça. Sentindo-se feio diante daquela beleza monumental que era formado por montanhas, templos e ruínas.
— Quer beber mais? — ofereceu ao Máscara, que assim como ele, estava vestido com aquele uniforme, mas diferente das vestimentas convencionais do amigo, ele ficara até mais alinhado. — Trouxe outra garrafa de vinho.
Em resposta, o homem levantou sua caneca vazia para Dite enchê-la.
— Shaina disse que você desistiu do jogo — comentou, sentando-se na grama ao lado do outro.
— O que prova que ela é mesmo uma mulher ainda que eu tivesse minhas dúvidas. — o homem falou, levando a bebida que Afrodite havia lhe servido até a boca. — Falam demais.
— Por que fez isso?
— Porque eu quis, oras.
— Oh, sim! Óbvio. — Dite constatou irônico, achando que era mais fácil arrancar uma resposta detalhada de uma pedra do que do Canceriano.
— Foi o jeito que aquele Rabo-torto disse que eu convenceria você. — Máscara anunciou de repente, fazendo Dite que não havia trazido uma caneca para ele, quase se engasgar ao tomar a bebida direto no gargalo da garrafa.
O cavaleiro de peixes limpou o excesso do vinho que escorreu pelas laterais da sua boca e respingou em sua roupa.
— Me convencer? De quê?
— De que eu gosto de você.
Os olhos claros de Afrodite se arregalaram.
— Ele disse que eu só precisava ser sincero como eu sempre fui. Dizer que não quero ver outro marmanjo te pegando. Que fiquei emputecido ao saber que você deu para aquele soldado maledeto e que fez boquete no mestre. E que eu queria te matar quando o vi todo determinado em desvirginar o pirralho que pertence ao Pato...
Dite não sabia se ria ou se chorava. Ele estava confuso com a mistura de sensações que o abalou. Por um instante, sentiu-se muito mais feio do que se sentira há minutos atrás e muito desarrumado para ouvir aquilo que tanto ansiou ouvir.
Mas, por fim, deu de ombros. Subiu para o colo do Câncer e enlaçou seu pescoço, mantendo a garrafa de bebida nas costas dele. O outro, por sua vez, correspondeu ao abraço, segurando as costas do pisciano com as mãos espalmadas.
Ambos os olhares se encontraram, umidificados. As respirações se intensificaram. Afrodite respirava descompassado, sorrindo bobamente, encostando a sua testa na de Máscara.
— Repete. Repete olhando nos meus olhos.
— Merda de narcisista do inferno... — o italiano riu, segurando o queixo dele e fixando-se naquele olhar o qual adorava se perder. — Ti amo, disgraziato. Tá bom assim?
— A parte do “Disgraziato” você poderia ter descartado.
— E você, Dite?
— Eu? — o rapaz meneou a cabeça, sem desfazer o riso de alegria que havia desenhado na face. — Acho que perdi já a noção de quanto tempo estou apaixonado por você, Máscara... Eu estive esperando tanto para ouvir isso. Sempre me arrumava da melhor forma possível esperando que fosse em uma daquelas nossas noites... E você faz logo agora! Eu estou tão… tão feio...
Máscara puxou o pequeno cordão que amarrava os longos cabelos de Afrodite e sorriu ao ver aquele embaralhado de fios azuis-piscina balançarem com o vento fraco que soprava.
— Máscara não... Estão emaranhados...
Em um movimento rápido, Máscara arrancou o camisão que Dite vestia por cima da cabeça dele. Então o segurando pelas costas, deitou-o na grama, retirando sua camisa em seguida. Desamarrou as sandálias, tirou uma depois a outra. Então, segurando a calça de malha pelo cós de elástico, puxou-a para baixo. Dite ergueu o quadril para ajudá-lo e, de repente, seu rosto se aqueceu de vergonha ao se perceber tão exposto.
Máscara sentiu pela primeira vez que tinha um coração bem exagerado. Pois seu o órgão disparou em uma cavalgada ferrenha em seu peito, só porque seus olhos se deparavam com aquela beleza descomunal diante de si. A pele clara do Cavaleiro de Peixes reluzia banhada pela claridade da lua. As madeixas azuis-piscina contrastavam com o verde do gramado e sua face ruborizada, dera-lhe o ar inocente que Afrodite não tinha.
— Você não conseguiria entender o quão deslumbrado estou. Para mim, você está mais lindo agora, do que nunca esteve.
— Máscara... — Dite sussurrou se erguendo, já não conseguindo mais conter aquela ansiedade.
O pisciano enlaçou-se novamente ao pescoço de Máscara e o beijou de forma faminta. O canceriano correspondeu imediatamente à ferocidade daquele beijo, incendiando-se de um desejo urgente de possuí-lo. Voltou a deitar o amante na grama, se desfez da sua própria calça rapidamente e poucos minutos depois — após toda a preparação e de Afrodite praticamente implorar que parasse de torturá-lo e o penetrasse de uma vez —, introduziu seu membro lentamente no canal anal do amante. Mas não queria fazer sexo de maneira afobada como das outras vezes. E, mesmo sentindo seu órgão latejando o pedido de alívio, introduziu-se em Dite refreadamente, se deliciando com o frenesi causado pelo afundar lento do seu membro.
Afrodite sentia a virilha ardendo; contorcia os dedos dos pés que estavam elevados, por estar daquele jeito tão aberto. Sua excitação era tão intensa que a dor do início da penetração nunca lhe parecera tão extasiante. Mordeu com força o lábio inferior quando sentiu a cabeça do pênis de Máscara golpear o limite dentro de si. Estremeceu, ao elevar um pouco a cabeça e conseguir ver o amante sorrindo, parado.
— Veja... Tá todo dentro.
— Ah, Máscara... Vai... Não me torture!
— Eu nem comecei a me mexer ainda e parece que já está se desmanchando... — ele percebeu, tocando o pênis ereto do outro que começava a gotejar.
— Eu não consigo mais segurar, está vindo... — Dite anunciou, revirando os olhos ao sentir as sensações que precediam o orgasmo o tomando.
Aquele foi o acorde que Máscara estava aguardando para finalmente ritmar seu embalo, respirou fundo e acelerou os movimentos de entrada e saída, dando estocadas firmes e precisas. Golpeando com força o interior de Afrodite. O pisciano por sua vez gritou, gozando, enquanto Máscara ainda se arremetia com rispidez, prolongando as contrações em seu interior. Logo o sentiu chegando ao ápice, despejando em si o sêmen. Então Máscara se debruçou sobre ele, alcançando seus lábios e os dois se beijaram, enquanto sentiam o coração um do outro batendo fora do ritmo.
Minutos depois, o pisciano estava com a cabeça deitada no peito de Máscara, se deliciando com o afago que ele fazia em seus cabelos, agora mais emaranhado devido ao suor e os movimentos do sexo.
— Precisamos dar um jeito de salvar a cabeça do Rabo-torto — Máscara anunciou.
— E como você sugere que façamos isso, sem arriscarmos nossos próprios pescoços?
— Apelando.
— Pra quem? Não me diga que está pensando em falar com Atena?
— Não. Ela não daria tanto crédito para dois ‘reabilitados’ como a gente. Mas existe uma pessoa que com certeza ela ouviria.
Continua...
Notas finais do capítulo
Bem, o site estava com problemas, então essa postagem demorou um pouco mais. Espero que tenham curtido. O próximo capítulo, é o final. :DSim, A Aposta está chegando ao fim. Mas ainda teremos um prólogo. 8D
Espero que estejam gostando!
Reviews?
See you next!
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