Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Amizade, Comédia, Drama, Lemon, Romance, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Nos dias aparentemente de paz, Milo, entediado de suas aventuras amorosas, propõe aos seus amigos de boemia (Máscara da Morte e Afrodite) uma aposta que poderá fazer de suas noites de verão Ateniense, mais divertidas. Porém, todo jogo de sedução, implica inúmeros fatores de riscos, inclusive, aqueles que envolvem o coração. [Milo x Camus, Máscara da Morte x Dite (e outros)]
Capítulo III
Todo jogo tem trapaças e artimanhas.
Shaina olhava seriamente para a tela, enquanto Afrodite fingia estar disperso, sentado com o cotovelo na mesa atrás dela, e o rosto apoiado no punho, enquanto movia discretamente a perna direita que estava apoiada sobre a esquerda embaixo do móvel.
Para a amazona de cobra não havia dúvida: no vídeo era o mestre do Santuário nu, segurando firme a cabeça de Dite que estava de joelhos diante dele, enquanto o Cavaleiro de Peixes quase se engasgava esforçando para sugar com avidez todo o volume dentro da sua boca pequena. Mesmo assim, era visível nos olhos azuis quase transparentes o tamanho do êxtase que sentia ao fazer aquilo.
Saga arfava, mordia o lábio inferior com os dentes e, quando não aguentou mais, prendeu com mais força os cabelos volumosos entre seus dedos, forçou seu membro a se atolar mais na garganta de Dite e urrou de um prazer, que fez os pêlos do braço branco da amazona se ouriçarem. O Pisciano, por sua vez, não teve outra opção a não ser engolir o líquido que era golfado com força pra dentro da sua boca, tomando-o tão avidamente que dava para ver o pomo de adão se movendo, assim como o barulho das engolidas.
Quando Saga o soltou, Afrodite caiu sentado para trás no carpete felpudo do seu quarto, buscando respirar freneticamente enquanto passava a língua e o dedos nos cantos da boca, lambendo todo o restante do sêmen que deixara escapar.
Saga, que havia sentado na cama, provavelmente, por ter perdido a sensibilidade das pernas, sorriu ao ver aquela cena.
— Você é... incrível... — O Geminiano disse, ainda recuperando o fôlego perdido.
— Se fosse para me classificar em uma escala entre regular a excelente, em qual eu ficaria?
— Tem dúvidas, ainda? — O rapaz de cabelos azuis mais escuros, saiu da cama e segurou o queixo de Dite, lhe sorrindo.
— Mas eu gostaria de ouvir — o pisciano insistiu.
— Excelente. — O homem afirmou, soltando do rosto dele e buscando suas vestimentas de mestre. — Eu tenho que voltar aos meus afazeres. Vamos marcar para continuar em outro momento...
Dite apenas sorriu.
— Como quiser, Grande Mestre...
Shaina desligou o vídeo e olhou para trás, fazendo uma única observação.
— A voz do Saga parecia um pouco diferente.
— É? — Afrodite levantou os ombros. — Eu não notei diferença alguma.
— Hm... — Shaina balançou a cabeça, achando que talvez estivesse ouvindo coisas. Ela nem podia imaginar o quanto alívio provocou no pisciano. — Bem, você é o segundo colocado. — ela anunciou, após fazer as marcações no quadro e limpar o giz na lateral da roupa.
Dite não disse nada, apenas olhou para a pontuação de Máscara e então levantou-se, após soltar um esturro.
— Pelo menos, eu não fui o último, e é fácil ser o primeiro quando se escolhe traçar uma vadia... — O cavaleiro de peixes resmungou e então, deu as costas à amazona, que só sorriu com a dor de cotovelo do outro, que agora subia para o bar.
“Olha quem fala...”, Shaina riu em pensamento.
Na parte de cima do bar, Afrodite viu Câncer no balcão, bebendo. O cavaleiro o olhou abrindo um grande sorriso e apontando para o banco vazio ao lado dele. Mas Dite fez questão de empinar o nariz e passar direto, ignorando o outro e indo para outro extremo do bar, onde um jovem soldado bebia com seus outros dois amigos.
O lugar estava quase vazio, afinal, era segunda-feira. Os três admiraram Afrodite com olhares estarrecidos.
— Quero falar com você lá fora, soldado — o Pisciano disse ao rapaz que era responsável pela guarda do salão do mestre e após este gritar “Sim, senhor!” ele se retirou.
Máscara encarava Dite, perseguindo seus movimentos com as sobrancelhas grossas crispadas. O pisciano, que percebera o olhar curioso sobre si, resolveu voltar ao balcão para dar uma resposta, mesmo que achasse que o amante não a merecesse.
— Só vou agradecer ao jovem que me ajudou a levar o mestre até meu quarto. — ele sussurrou.
— Está mudando seus conceitos? — Máscara sorriu de lado, elevando a caneca de bebida até a boca e entornando-a em um grande gole.
— Só descobri que quero fazer de tudo pra não ficar pra trás. — ele rebateu, escorrendo o dedo indicador na face de Câncer e se afastando em seguida.
— Dio Santo! O que te deu pra querer levar isso a sério agora?!
Afrodite saiu sem respondê-lo, deixando um Máscara da Morte ainda mais indignado.
Do lado de fora, em uma parte escondida da montanha, o jovem soldado encontrou o pisciano.
— Se- senhor Afrodite?
O cavaleiro de Peixes não fez cerimônias, empurrou o rapaz para a parede rochosa, fazendo-o bater as costas e, em seguida, encostou seu corpo junto ao dele, sentindo a ereção dele despontar rapidamente.
— Você fez um bom trabalho, Conan. Mas, se quiser viver, vai ter que guardar nosso segredinho, mesmo sob a pior das torturas, entendeu?
Quase sem ar, por ter aquele homem o pressionando, o jovem concordou balançando a cabeça.
— Acredite, meu senhor, eu jamais o trairia. E roubaria quantas vestimentas do mestre fossem necessárias para o senhor.
Afrodite sorriu, soltando o garoto e deixando-o respirar, somente para fazê-lo perder o ar novamente ao vê-lo se afastar e tirar a sua roupa de baixo, ficando somente com a toga.
“O problema é que eu também estou devendo uma para aquele desgraçado do Kanon, agora...”, o pisciano se lembrou, então olhou para o jovem que tremia com o rosto vermelho e ordenou:
— Deite-se.
— Co- como?
— Eu não gosto de ficar repetindo as coisas, garoto! Deite-se no chão e abra a calça!
Sem saber ao certo o que pensar, e meio desajeitado, o garoto desamarrou a roupa do uniforme e sentou-se no chão, mantendo as costas apoiadas na parede de rocha. Então, viu Afrodite se aproximar com toda sua exuberância, embora com o rosto sério. Só se deu conta do que estava acontecendo quando sentiu seu pênis ser retirado da calça e direcionado para a boca pequena daquele ser divino. Afrodite não o sugou, apenas o lambeu, umedeceu-o suficiente com a sua saliva para ir direto à etapa principal: segurar sua ereção e direcioná-lo em sua entrada. O êxtase que o soldado sentiu ao ter seu órgão consumido pelas paredes internas daquele cavaleiro, fora algo indescritível.
O torpor que o atingiu em seguida foi tão arrebatador que ele estremeceu por inteiro, principalmente, ao sentir o membro pulsar comprimido, ao ter dificuldades de atravessar aquele caminho tão estreito e contraído onde se inseria. O perfume que exalava dos cabelos e da pele de Afrodite eram tais como entorpecentes que o embriagara, fazendo sua cabeça dar voltas. Quando Afrodite sentou-se completamente sobre seu colo, retesando as costas por sentir a cabeça do membro do jovem golpeá-lo na parte mais profunda do seu interior, o corpo de Conan ardeu e seu coração disparou tão desesperado que ele imaginou que iria perder a consciência antes de atingir o ápice.
Mas não. O soldado fez de tudo para ficar desperto e sentir cada centímetro do prazer incomensurável que era possuir o homem mais belo da Terra...
“Eu estou no céu...”
Já Dite, no começo sentira-se enojado de ter que se submeter a um mero soldado. Mas a realidade era que estava necessitado após rever aquele filme e ter que ignorar Máscara da Morte. Não podia ficar com Câncer e também não queria, até porque havia uma regra no jogo que não permitia os competidores de ficarem uns com os outros no período de disputa. E o maldito Kanon só o deixou a flor da pele, mas se recusou a transar porque disse estar mais do que satisfeito com Saga.
“Só vou atender esse seu fetiche idiota porque posso precisar de um favor futuramente...” , foi a desculpa dele.
O Pisciano já estava devendo demais. Não queria ficar em dívida com um mero servo também. Por isso, deixou o nojo e o remorso de lado, e passou a mover-se com intensidade sobre o pênis de Conan até senti-lo golpeando com mais fervor seu interior, necessitava, desesperadamente, chegar ao orgasmo, e esperava que aquele garoto se segurasse o suficiente até satisfazê-lo.
— Annnn!! Está chegando... — ele gemeu, apertando o lábio inferior nos dentes, tentando não gritar despudoradamente. Na realidade, percebeu que a virilidade do rapaz era tão impressionante, que o pênis dele parecia moldado em aço. Assim, foi ele quem acabou não aguentando por muito tempo, após algumas cavalgadas, jogou o corpo para trás, apoiando-se nas pernas do rapaz e sentiu suas paredes internas se contraírem freneticamente, elevando-o aquele mar de sensações inebriantes do gozo, enquanto seu membro despontado embaixo da túnica despejava seu sêmen; molhando o tecido.
Conan não suportou ter sua ereção tão contraída dentro do ânus de Afrodite, seus olhos reviraram nas órbitas e urrou ao atingir o ápice. Seu sêmen foi expelido com força para dentro do cavaleiro de ouro e o tremor que o abalou foi tão ardente, que quando tudo terminou, sentiu-se esvaído de forças até para se mover.
Desta forma, foi Peixes quem recuperou suas forças primeiro e se ergueu, fazendo seu falo escorregar lambuzado para fora dele. Conan ficou eletrizado ao ver seu sêmen escorrendo pelas pernas daquele homem tão perfeito.
— Se delicie o quanto puder com que está vendo e sentindo rapaz... — Afrodite falou, sorrindo de lado. — Você não ganha na loteria duas vezes.
...
Milo x Hyoga
Milo estava entrando em desespero quando soube que Dite também já havia completado a prova. E ele, o grande idealizador do jogo, que só tinha como desafio arrancar um beijo de um mísero cavaleiro de bronze, ainda não havia conseguido sair do lugar. No primeiro dia da disputa, no domingo, fora até a casa de Aquário, mas tudo que conseguira fora perder o domingo da forma mais entediante possível.
Camus foi incumbido de fazer uma pesquisa para Atena e Hyoga estava ajudando-o. Os dois ficaram horas e horas folheando páginas intermináveis de livros velhos o que fez Milo pegar no sono profundo nas três primeiras horas que passou com eles e quando acordou e quis abrir a boca pra reclamar, o amigo lhe antecipara a resposta: “Se não está se divertindo, saia!”.
Rebatia que estava se divertindo sim, e pegava um livro qualquer para folhear também, mas meia hora depois, já estava bocejando novamente. Porém, tentou tirar proveito da situação, para analisar Hyoga. O pior de tudo era que o aprendiz de Camus, apesar de ter se mostrado um garoto bem sentimental quando lutaram um contra o outro na Batalha das Doze Casas, ali, ao lado do mestre, ele parecia uma parede de gelo impenetrável. Seus olhos não mudavam o curso nem em um minuto sequer e até mesmo para se levantar e ir ao banheiro ele pedia permissão.
Até que em uma dessas vezes, Camus desconfiou.
— Por que não tira os olhos do Hyoga, Milo?
Aquela pergunta fez o escorpiano se sobressaltar, mas era hábil nas respostas e logo encontrou uma desculpa:
— Só estou reparando o quanto ele é dedicado.
— O oposto de certas pessoas.
— Está me alfinetando, Camus? — ele resmungou, dobrando os braços e elevando-os para trás da cabeça, fazendo-os de apoio para a mesma.
— Se você não tem o que fazer, Milo, procure. Está atrapalhando a nossa concentração.
— É domingo, Camus! Tudo bem se quer ficar preso aqui o dia todo, mas prender o seu pupilo com você? Por que não deixa o garoto sair pra se divertir um pouco?
O Aquariano franziu o cenho para o escorpiano depois daquela estranha observação, mas não conseguiu dar uma resposta àquela afronta, pois Hyoga voltava do banheiro. O loiro sentou-se à mesa e retomou a leitura de um dos artigos. Foi então que, após suspirar, o Aquariano, pediu:
— Saia, Hyoga.
— O quê, mestre? — o rapaz ergueu seu olhar incompreensivo diante daquela fala repentina.
— Saia. — Camus repetiu, firmemente.
— Mas o que foi que eu fiz de errado?
— Não é isso. Vai fazer algo que queira. Estou te dando o restante do domingo de folga.
— Mas, por que, mestre? E a nossa tarefa?
— Eu continuo sozinho. Vai.
— Mas, mestre eu...
— Vai logo, Hyoga! — ele gritou rispidamente, fazendo o loiro de olhos azuis se sobressaltar e fechar o cenho, olhando estranhamente de Milo para o seu mestre. Então, se ergueu e saiu em silêncio.
Milo ficou confuso. Não era bem aquilo que ele pretendia, então olhou para Camus que soltava o ar pelo nariz como se fosse um touro.
— O que foi isso? Precisava falar de um jeito tão duro? O garoto saiu daqui com lágrimas nos olhos!
Camus inspirou profundamente, tentando acalmar seu nervosismo.
— Você queria dizer algo, Milo?
— Dizer algo?
O escorpiano realmente não entendeu o que houve naquela tarde. Ficou olhando para Camus durante um bom tempo sem saber o que ele queria que dissesse, até que o amigo falou que deveria ter entendido algo errado e então retomou as suas pesquisas. Tentou de todas as formas arrancar o que ele queria dizer, mas não conseguiu e então foi expulso também.
Achou que era sua deixa para procurar pelo Cisne e abordá-lo, mas, por incrível que parecesse, não conseguiu encontrá-lo naquele dia e nem no seguinte. Na terça-feira, descobriu que Hyoga ajudava nos treinos, enquanto Camus ia prestar assessoria à deusa. Assim, teve que fazer algo o qual ele não suportava: visitar o campus de seleção e teste dos aspirantes a cavaleiros.
E só foi chegar ao local e ser rodeado por aqueles monstrinhos em miniaturas que adoravam chamá-lo de ‘tio’, que se lembrou o porquê evitava tanto aquela área. Se fosse ele, já havia mudado o nome do local para ‘Creche do Santuário’. Em compensação, assim que o responsável pelos ‘anjinhos’ veio lhe receber com aquele sorriso suave no rosto e agigantando sua posição perante os pequenos, estapeou-se mentalmente por não ter optado por ele.
— Crianças, não é ‘tio’! Esse é Milo, um dos poderosos cavaleiros de ouro, o guardião da casa de Escorpião.
Até mesmo Milo se sentiu importante ao ser nomeado daquele jeito e sorriu perante aos “ó” de exclamação dos pequenos e seus olhares atentos.
— Obrigado, Shun. Até conseguiu me deixar sem graça, agora! Ha, ha, ha! — ele constatou, estufando o peito e tentando fazer uma pose altiva.
Já Hyoga, que estava ajudando Shun, fechou o cenho ao ver o escorpião ali. Estava começando a estranhá-lo mais do que o normal. Manteve-se afastado, enquanto as crianças se aglomeravam em volta do guerreiro de ouro, tocando-o como se ele fosse algum tipo de celebridade.
— Mas cadê a armadura de ouro? — um pequeno perguntou.
— Ela só pode ser usada em batalhas, meus caros! — Milo respondeu. — Ou quando estamos em alerta, ou em alguma missão.
— Como vamos saber se você é tudo isso mesmo que o mestre Shun disse? — desta vez foi uma garota que perguntou, desconfiada.
— Ariadenes, não fale isso de um cavaleiro! — Shun repreendeu a pequena, então se lembrou de algo. — Ah, já sei! Mostre sua agulha, Milo.
Por um segundo, os olhos de Milo se arregalaram e sua face se avermelhou. Havia entendido algo errado e, sem querer, aquela pergunta estúpida saiu da sua boca.
— Assim? Na frente das crianças?!
Shun, que era um tanto inocente, apenas balançou a cabeça sem entender a questão do guerreiro, então segurou no pulso direito dele, erguendo-o e mostrando o dedo indicador para os aprendizes.
— A agulha escarlate, mostre pra eles.
— Ah! Entendi... claro! — o cavaleiro sorriu sem graça. — Você está falando dessa agulha, óbvio. — Milo riu e concentrando seu cosmo, fez a unha do seu indicador direto triplicar de tamanho, crescendo em uma cor vermelho, arrancando novas exclamações do pequeno.
De longe, Hyoga sentiu o rosto fumegar ao ver Shun segurando a mão do Escorpião.
— Vejam, esse é o ferrão do Escorpião. — Shun explicou. — Com essa agulha, Milo é capaz de furar os pontos vitais do oponente, injetando veneno diretamente em sua corrente sanguínea, fazendo assim, seu adversário morrer agonizando em uma morte lenta e muito dolorida.
— Que medo!
— Eu vou ficar longe.
Milo sorriu, olhando para o rosto de Shun, admirado da facilidade que ele tinha para lidar com as crianças. Mas, de repente, algo estranho aconteceu: Hyoga, praticamente soltando fumaças pelas ventas, atravessou no meio dos dois, separando-os daquele toque e então, saiu pisando duro, fazendo Shun e as crianças ficarem confusas.
— Hyoga, aonde vai?! — Shun perguntou, sem entender nada.
— Para casa do meu mestre.
— Mas você disse que iria me ajudar com as crianças hoje.
Entretanto, a observação do mais novo foi ignorada.
— Mas que bicho o mordeu?
Milo entendera perfeitamente qual tinha sido: um bichinho chamado ciúmes. Então, ele sugeriu que as crianças começassem um treino especial e pediram que elas dessem cinquenta voltas em torno do campus de treinamento. Motivadas pela agulha poderosa de Milo, obedeceram imediatamente.
Enquanto isso, Milo puxou Shun para conversarem sozinhos sob a sombra de uma árvore e quanto mais o observava, mais se repreendia por não tê-lo escolhido. Shun sentou-se em uma pedra apoiando os punhos fechados sobre as coxas e os fios verdes caíram como cortinas nas laterais do seu rosto, tampando-o. Assim, Milo em uma tentativa de saber se seria fácil tocá-lo, colocou os cabelos dele para trás da orelha, agachou-se à sua frente e o segurou pelo queixo, fazendo-o erguer a face para si.
Sentiu seu coração disparar como um louco ao ter aqueles olhos verdes cintilando sobre si. E foi exatamente como imaginara: nenhuma reação de repulsa. Shun não o repreendera pelo toque ou pela aproximação. Era exatamente por isso que o escorpião tinha fascínio em garotos mais novos e ingênuos.
— Ele parece que ficou bravo comigo, mas eu não entendi o que fiz de errado. — o mais novo reclamou, torcendo os lábios em um bico quase infantil.
— Você não conseguiu perceber mesmo, Shun? — Milo perguntou, tentando não demonstrar sua euforia em estar diante do tipo de rapaz que o encantava. — Mesmo?
O cavaleiro de Andrômeda apenas negou, balançando a cabeça de um lado para o outro, fazendo as entranhas de Milo se contraírem ainda mais pelo fascínio que aquela inocência lhe provocava. Não resistiu e aproximou seus lábios dos de Shun, fazendo o rosto do jovem corar instantaneamente. Mas como esperado, ele não retroagiu, apenas chamou por seu nome, talvez confuso com aquela aproximação.
— Cavaleiro?
— Você é tão lindo, exatamente por ser tão inocente assim... — o escorpiano sussurrou, sentindo o hálito quente dele roçando sua boca. Então suspirou. — Eu vou falar com o Hyoga.
— Falar o quê?
— Que ele precisar ser direto com você. — o escorpiano constatou.
— Hã?
Milo se afastou, mas antes de ir, deu um alerta para o cavaleiro de bronze, que ficou sem entender absolutamente nada:
— Shun, fique longe do Máscara.
...
Milo adentrou sua casa e não se surpreendeu ao desviar de uma rajada de vento frio que passou rente ao seu rosto.
— Por que está tão nervoso?
— Não se contentou só com o meu mestre, teve que ir atrás de Shun, também? Qual é o seu problema, Milo?! — o cavaleiro de Cisne parou diante do escorpião com o punho em riste. — O próximo eu não vou errar.
— Existe uma grande diferença em você errar e eu ter desviado desse golpe ridículo, meu caro.
— Seu desgraçadooooo!
Hyoga concentrou seu cosmo congelante e apontou seus punhos para o Escorpião, gritando “Pó de diamante!”. Mas com uma única mão o cavaleiro de ouro reteve o golpe e pulou para detrás de Cisne, imobilizando com uma chave de pescoço.
— Acredite, não é atrás do seu mestre nem do Shun que eu estou.
— Então o que você quer, seu...?!
— Te ajudar...
— Quê?! — Hyoga parou de se debater.
— Abaixe a guarda e eu lhe explico.
Milo o soltou e após alguns minutos de conversa, conseguiu convencer Hyoga de que o que ele queria era apenas ajudá-lo a conquistar Shun.
— Está brincando comigo?
— Não estou. — afirmou novamente, já ficando cansado de repetir aquilo. — Escute, Hyoga. O Shun é do tipo muito ingênuo. Eu já tive vário-... digo, conheço o tipo dele. Então, se você não mostrar segurança e não ser certeiro, não vai conseguir fazer enxergá-lo que o deseja.
— E como eu faço isso?
— Ataque, oras!
— Como?
— Beije-o, Hyoga! – Milo exclamou, abrindo os braços, como se dissesse o quanto aquilo é óbvio. — Chegue nele, puxe-o pela cintura, junte seus corpos e o beije com profundidade! Tenha certeza, isso dá um efeito tremulante nas pernas dele... Pronto! Ele será todinho seu!
— Eu não posso fazer isso. — Hyoga afirmou, levantando-se da cadeira onde estava e dando meia volta na sala, demonstrando o quanto havia ficado nervoso com aquela ideia. Passou as mãos no cabelo e no rosto suado, então, afirmou: — Meu estômago doeu só de você mencionar isso, Milo. E além do mais eu...
— Nunca beijou antes? — o escorpiano notou.
— Isso— Cisne confessou, envergonhado e cabisbaixo. — Eu não tenho segurança suficiente para fazer o que você disse.
— É aí que eu entro meu caro... — Milo falou, abrindo um grande sorriso.
Quando Milo fez a proposta de ensinar Hyoga a beijar, o loiro fez menção de sair correndo da sua casa, porém, com muita lábia e artimanha, o Escorpião acabou por convencê-lo.
Todavia, as primeiras tentativas foram complexas, e guardião da Oitava Casa percebeu que ensinar alguém a beijar era mais difícil do que simplesmente beijar quem quisesse. Hyoga se retesava, tremia, fechava os pulsos, os braços e pior... a boca.
— Eu não tô beijando uma tábua! — o cavaleiro de escorpião exasperou-se, cansado. — Como eu posso te ensinar se você fica parado como uma porta, Hyoga?!
— Eu disse... — o loiro abaixou os ombros, totalmente desanimado, despencando no sofá de Milo.
Já havia passado o dia inteiro, Milo olhou a hora no relógio de parede da sua sala, observou o local onde sabia que havia uma câmera escondida. Ainda tinha tempo de completar o desafio naquele dia, assim, tentou recobrar o ânimo, puxou um pufe e sentou-se na frente de Hyoga que estava sentado no sofá de três lugares. Então umedeceu os lábios, colocou as mãos sob os ombros dele, suspirou fundo e fez uma nova proposta.
— Hyoga, não se dê por vencido. Eu acredito que não há fórmulas mágicas para se beijar. Só existe a vontade. Então... — Milo suspirou mais uma vez e ao ter os olhos azuis celestes do pupilo do amigo sobre si, perguntou: — Deixa eu te beijar?
— Não é o que estava fazendo?
— Não, Hyoga. Não um beijo ensinado. É beijo mesmo. Quero que você me deixe beijá-lo de verdade, para que você sinta qual é a diferença.
— E como seria isso? — o loiro perguntou, após engolir em seco, então, sentiu a mão de Milo em seu rosto, acariciando-o e os olhos dele fixos nos seus, até que ele começou a se aproximar do seu rosto. O coração de Hyoga passou a bater mais forte e ele prendeu o ar no peito, nervoso. Contudo, tentou se acalmar quando o Cavaleiro de Ouro lhe sussurrou: — Só relaxe... Deixe os lábios entreabertos e feche os olhos de vagar quando sentir minha boca tocando a sua.
Quando os lábios úmidos do escorpiano encostaram-se nos do Hyoga, o loiro sentiu uma pedra de gelo atingir-lhe o estômago. Milo movia-os sobre os seus entreabertos de um jeito sensual, umedecendo-os, passando a ponta da língua. Ele foi tomando-os devagar. Seu rosto esquentou rapidamente e, instintivamente, fechou os olhos e se deixou levar pelo embalo dos lábios dele. Tentou aprender, movendo os seus no mesmo ritmo. Lembrava que a boca tinha que ficar entreaberta e copiava os movimentos do homem que agora o segurava pela nuca, aprofundando mais aquela sensação de posse. Lembrou-se de que tinha que respirar pelo nariz quando faltasse o ar e aquele embalo perdurou por longos segundos.
No entanto, quis deter o escorpiano quando o sentiu passar dos limites e introduzir a língua dentro da sua boca, tocando a sua com a dele, prendendo-a e sugando-a com força, enquanto as mãos do cavaleiro desciam por suas costas, fazendo sua virilha arder, mas não foi capaz de impedi-lo. Aquele beijo provocava-lhe sensações que o deixava enfraquecido...
Todavia, outra presença acabou fazendo-o se deter por si.
Hyoga abriu os olhos reconhecendo imediatamente a presença do seu mestre Camus, que tinha uma aura enfurecida. Ele estava estacado no meio da sala e com as mãos na cintura.
Ele puxou Milo com tanta força que o Escorpião fora parar na parede no extremo contrário do cômodo, balançando a cabeça, um pouco atordoado, tentando entender o que estava acontecendo.
— Pra casa, Hyoga! — Camus ordenou.
— Mestre, não é...
— Camus, meu amigo, não é...
— Saia agora, Hyoga! — o Aquariano ordenou novamente para o pupilo, que acabou por sair correndo. Em seguida, direcionou para Milo com um olhar de desprezo: — Nunca esperaria isso de você, Milo, não com o Hyoga! Não com o meu aprendiz!
— Está enganado...
— EU NÃO QUERO OUVIR SUAS DESCULPAS! Não coloque os pés na minha casa, Milo! Nunca mais, entendeu? Nunca mais!
— Você não pode estar falando sério, Camus! Foi um mal-entendido! Eu só estava ensi-...
Mas já era tarde, Camus deixou a oitava casa e, pela primeira vez na vida, Milo sentiu uma pontada agonizante no peito.
— MERDA! — ele esmurrou o chão da sala, fazendo um buraco com o golpe. — Que droga é essa que estou sentindo logo agora?!
Continua...
Notas finais do capítulo
Agradeço à todos que estão deixando reviews e alimentando a alma faminta dessa escritora!
See you next! o/
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