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[Saint Seiya] A Aposta - Capítulo 2, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7

Autor: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Amizade, Comédia, Drama, Lemon, Romance, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Nos dias aparentemente de paz, Milo, entediado de suas aventuras amorosas, propõe aos seus amigos de boemia (Máscara da Morte e Afrodite) uma aposta que poderá fazer de suas noites de verão Ateniense, mais divertidas. Porém, todo jogo de sedução, implica inúmeros fatores de riscos, inclusive, aqueles que envolvem o coração. [Milo x Camus, Máscara da Morte x Dite (e outros)]



Capítulo II

Dando as cartas, a primeira rodada vai começar!

Os preparativos para o jogo estavam quase prontos. O chefe do monitoramento do Santuário - amigo de Shaina - fez todo o trabalho de instalação das câmeras às espreitas e durante a noite; tudo para não levantar suspeitas. Em troca do “favor” ele seria retribuído quando precisasse.

Para melhor aproveitamento dos apostadores, o monitorador instalou câmeras não só nos quartos, mas também nos banheiros das suítes, salas de estar; jantar, e cozinhas. Afrodite pediu duas câmeras extras em seu jardim – já que era o lugar que mais passava o tempo, quanto ao Máscara da Morte, este quis uma câmera portátil e de fácil camuflagem, montagem e manuseio. Milo foi o único que não pediu câmeras extras porque na realidade, ele já dispunha de alguns aparelhos: uma câmera de mão e outra normal, que ele deixava montada sobre um tripé escondida dentro de um dos compartimentos do seu armário de roupas, o qual usava para fazer seus filminhos caseiros, caso o parceiro com quem estivesse, topasse a “brincadeira”, como ele costumava nomear seu hobby pervertido.

Todos os aparelhos de filmagens instalados foram interligados ao servidor na Sala do Sistema de Monitoramento do Santuário, claro que, para visualizar as imagens enviadas daquelas câmeras seria necessária uma senha a qual só o amigo de Shaina dispunha. Quando os competidores tivessem cumprido a prova, só precisariam ligar para o chefe da monitoração e informar o dia, o horário, a casa e o cômodo em que tudo acontecera, que ele se encarregaria do restante: ir até o servidor, passar a gravação para uma fita VHS e, em seguida, entregá-la ao jogador que, na sequência, faria a entrega à juíza.

Desta forma, o tão chegado dia da largada chegou. Shaina finalizava os preparativos no sótão da Taberna do Sol, onde era adega do bar e onde seria o ponto de encontro do grupo. Em um quadro negro que a amazona de cobra dispusera na parede, ela desenhou três tabelas, cada uma referente a uma rodada.

Na primeira tabela, havia o título “Livre Escolha”, na segunda “Indicação” e a terceira e última “Rodada da Sorte”, que seria realizada através de sorteio. Voltando a primeira tabela, logo abaixo havia a primeira coluna “Apostadores” com o nome dos três, um em baixo do outro, por ordem alfabética, ou seja, o primeiro da lista era o de “Afrodite”, o segundo do “Máscara da Morte” e o terceiro “Milo”.

Na sequência, vinham as colunas que seriam preenchidas através de sorteio. A primeira “Grau de Dificuldade” definiria se o desafio a ser cumprido seria: Leve (beijo na boca + orgasmo através de masturbação), Médio (beijo na boca + orgasmo através de sexo oral) ou Avançado (Beijo na boca e orgasmo + orgasmo através de penetração). Na segunda coluna seriam colocados os níveis “Bronze”, “Prata” ou “Ouro”. Na terceira, seria escrito o nome de cada vítima, referente ao nível sorteado. Na última coluna referente aos sorteios, a carta coringa de cada um.

A tabela ainda não terminava ali, depois dos parâmetros que seria definido por sorteio, vinham as colunas de “Resultados da Rodada”, onde seria marcado: o tempo que cada um levou para completar a prova, ou seja, em qual dia o desafio foi cumprido e os pontos adquiridos naquele quesito. A segunda coluna seria marcada: a “Qualidade”, ou melhor, o desempenho do apostador em cada tarefa, e se o encontro havia sido na opinião da vítima “Satisfatório/Regular”, “Bom”, “Ótimo” ou “Excelente”, e a quantidade de pontos referentes a cada resposta. Por último a coluna “Grau de dificuldade” onde ficará o multiplicador dos pontos. Por exemplo, se a primeira rodada o grau sorteado do primeiro apostador é “Leve”, o multiplicador de pontos dele será o denominador “2” ou seja, se ele conseguir no total 200 pontos na prova, esses pontos serão multiplicados por dois e o resultado final da rodada deste jogador será 400 pontos. Se for “Médio” o multiplicador será “4" e se for Avançado o multiplicador será “6”. Ainda existe a pontuação bônus de cada categoria que se somará ao valor final: 500 pontos para quem cumprir a prova com um cavaleiro de bronze, 700 pontos categoria prata, e 1000 pontos ouro.

Shaina terminara a explicação e repousara a régua que usava para apontar os detalhes no quadro negro sobre a mesa, então, voltou-se para os três pares de olhos azuis, cada um em uma variação diferente, que estavam fixos nela.

— Como essa primeira rodada é de livre escolha não precisaremos usar aquele quadro. — ela apontou para outro cartaz na parede onde ela havia relacionado e enumerado todos os guerreiros do Santuário por categoria. — Assim, vamos direto para o sorteio do “Nível” e do “Grau de dificuldade” e assim, vocês poderão fazer suas escolhas. Como o Afrodite é o primeiro da lista, por favor, faça a gentileza.

O pisciano suspirou, descruzou as pernas e, após jogar os cabelos azuis-piscina, que estavam nos ombros, para trás, levantou-se com o chamado e parou ao lado de Shaina, olhando para o globo de sorteio.

— Onde conseguiu isso? — ele perguntou curioso.

— Peguei emprestado com o seminarista na igreja do vilarejo. De vez em quando eles promovem Bingos para arrecadar dinheiro para capela. Mas, como eles não iriam ocupar por esses dias, eu peguei emprestado. — ela explicou, mostrando as bolinhas de número “um”, “dois” e “três” e colocando-as dentro do globo. — Nesse primeiro sorteio as bolinhas vão ajudar a definir o grau, ‘Um’ se refere ao grau ‘Leve’ e assim segue a sequência. No segundo sorteio, elas irão nos ajudar a definir a categoria das vítimas, ou seja: bronze, prata ou ouro. No terceiro sorteio as cartas coringas: Tempo, Nível e Grau. Pode girar o Globo e retirar a primeira bolinha, Afrodite. Depois de ver o número, recoloque-a no globo e a vez é a do seguinte, no caso, o Máscara.

Seguindo as instruções de Shaina, o sorteio terminou rapidamente.

— Bem, já temos os parâmetros dessa primeira rodada. De acordo com o quadro, Peixes, o grau do seu desafio será o Médio, ou seja, você deverá beijar sua vítima na boca e os dois, ou só a vítima, deverá chegar ao orgasmo através do sexo oral. O nível do cavaleiro que você deverá escolher é ouro e a sua carta coringa é a “Tempo”. Quem é o seu escolhido? — ela perguntou, acrescentando em seguida: — Lembrando-o que não pode ser o Milo, nem o Máscara, nem o cavaleiro de Áries, porque ele não se encontra no Santuário no momento.

— Eu já sei... — o Pisciano suspirou. Na realidade, ele já tinha alguém em mente e sem maiores rodeio, anunciou: — Saga.

— O mestre?! — Máscara se sobressaltou.

— Você queria que eu escolhesse quem? O Touro? — ele perguntou, colocando as mãos na cintura e fechando os olhos, determinado. — O Saga é um cavaleiro de ouro como nós. Além do mais, ele é... perfeito.

Ao ouvir aquilo o canceriano fechou a expressão, mostrando-se claramente emburrado. Por um segundo sentiu vontade de matar Milo por ter sugerido aquele jogo estúpido, no entanto, não podia ficar reclamando; já havia aceitado o desafio, e sorrindo para a tabela onde estava seus dados, ele anunciou seu escolhido antes mesmo de Shaina lhe perguntar.

— Eu vou escolher o Misty, já que saí com a categoria prata e o melhor nível desse jogo.

— O Misty?! — Afrodite virou seus olhos azuis incrédulo para Máscara. — Você o anunciou tão rápido que parecia que já o tinha em mente há séculos!

— Ué, Rosa? Vai me dizer que não está todo animadinho pra brincar com o mestre?

— Vocês dois nos poupem da briguinha de casal — Milo os interrompeu. — Estão sendo patéticos.

— Já que adentrou a conversa, é a sua vez, Milo — Shaina chamou atenção dele. — Nível bronze, grau leve, quem vai ser?

Milo pensou por alguns instantes, olhando para o cartaz ao lado onde estava descrito os nomes dos cavaleiros de bronze. Não tinha muitas escolhas, afinal, sete dos dez guerreiros de bronze não estavam no Santuário. Cinco deles ficavam na fundação do avô adotivo da reencarnação de Atena; Shiryu, apesar de fazer visitas frequentes ao Santuário, no momento estava nos Cinco Picos na China e Ikki, desaparecido como de costume. Assim, restava a ele Seiya, Shun e Hyoga...

De repente, pensar naquele último nome fizeram os olhos azuis do escorpiano brilharem, o rapaz loiro estava no Santuário treinando com seu vizinho de casa. Já havia lutado com Hyoga; também doara sangue para restaurar a armadura de Cisne, além de ele ser pupilo do seu melhor amigo, Camus de Aquário... Na realidade, pensar no amigo de templo o desmotivou um pouco, fazendo-o até sentir certo frio nas entranhas, com certeza absoluta, Camus não gostaria nada de saber que queria molestar o seu pupilo, contudo, o nível do desafio era leve e o Aquariano não precisava ficar sabendo.

— Complicado, Milo? — Shaina cruzou os braços no peito e passou a bater o salto alto no piso de rocha, esperando, evidentemente impaciente.

— Claro que não! — ele respondeu rapidamente. — Só estou fazendo algumas análises antes de definir minha escolha. Isso é um jogo, não é?

— Escolha logo! — Máscara esturrou.

— Hyoga. — ele respondeu de uma vez, fazendo o trio o olhar com estranhamento. — O que foi?

— Para mim, nada de errado. — Shaina descruzou os braços e caminhou até a lousa para fazer a anotação do nome escolhido. — Mas já vou avisando: é a primeira escolha que vale, você não pode mais mudar — ela o lembrou, terminando de escrever o nome rapaz loiro no quadro.

— Mas o que é que tem de errado com a minha escolha?

— Você poderia ter escolhido o Shun, oras! — Máscara elucidou, com um sorriso aberto no rosto, ao pensar que o aprendiz de Shaka ficaria livre pra ser dele em alguma das rodadas seguintes. — Afinal, ele é o tipo cordeirinho inocente o qual caras como você, estilo Lobo-mal, adoram papar. Mas, não... Você escolheu o pupilo do Camus! O garoto é como se fosse a filha dele! Vai mesmo pegar a filha do seu melhor amigo? — o canceriano fez questão de debochar, gargalhando alto.

— Agora ele vai — Shaina afirmou. Ignorando a expressão pensativa de Milo. — Regras são regras e a escolha está feita.

— Eu não estava pensando em mudar, minha cara.

— Ótimo, então. Alguém vai utilizar a carta coringa nesta rodada? Fora a “Tempo” do Afrodite, Máscara pode mudar o “Nível” com a sua e o Milo o “Grau”.

— Eu já estou no Grau mais leve, então, está de bom tamanho — o escorpiano explicou. — O Hyoga pode ser difícil, mas essa é a intenção do jogo: novos desafios. Quero saber até onde sou capaz de seduzir.

— Falou o Don Rabo-torto! Ha, ha, ha!

— Vai para o inferno, Máscara...

— Então, se estamos acertados, vamos começar logo de uma vez!

— A largada vai ser agora. — Shaina olhou o relógio e marcou o horário no quadro. — Quem entregar o desafio até amanhã ao pôr-do-sol aqui na taberna, ganhará 200 pontos, no segundo dia 180 pontos, no terceiro 150, no quarto 130, no quinto 120 e no sexto: 100. Do primeiro ao último dia existe uma diferença significativa de 100 pontos. Lembrando-os que quem não cumprir dentro do prazo, não irá pontuar no primeiro quesito “Tempo”, mas se entregar após a data, poderá concorrer com a qualidade. Querem dizer alguma coisa?

Os três balançaram a cabeça negativamente, os ares pensativos e as mentes em suas vítimas. Assim, Shaina deu a largada.

— Então, boa sorte a todos e a primeira rodada está valendo. Que vença o melhor!

O trio desapareceu em um piscar de olhos e amazona de Ophiuchus sorriu, mal podia esperar para ver os primeiros resultados e também, saber até onde eles conseguiriam jogar, sem se machucarem.

...

Máscara x Misty

Máscara da Morte foi o primeiro a cumprir o desafio e no primeiro dia. Talvez, por pura sorte, naquela sexta à noite, após os sorteios, ao subir para o bar para perguntar ao Mouses onde ele poderia encontrar o loiro, Cavaleiro de Prata de Lagarto, viu na mesa dos colegas o próprio, sentado de pernas cruzadas e com um ar enfadado, enquanto os outros dois amigos gargalhavam e entornavam uma caneca atrás da outra.

Máscara acabou sorrindo de canto. Sabia que Misty não bebia e, por isso, era raro vê-lo ali. No entanto, imaginara o motivo que o trouxera ali: cruzara com Asterion durante a manhã e ele lhe dissera que era aniversário do Mouses, isso significava basicamente que os três amigos estavam ali comemorando.

“Sou mesmo um cara de sorte”, ele pensou, chegando à mesa do grupo e puxando uma cadeira de outra mesa, virando-a ao contrário e acomodando-se do lado do guerreiro de Baleia.

— É seu aniversário, né, Mouses?! — perguntou em um misto de afirmação, já dando tapas fortes nas costas do grandalhão. — Parabéns, camarada! Vou pagar a próxima rodada.

— Pôxa, Máscara! Obrigado! — o aniversariante comemorou, com lágrimas cintilando nas margens dos olhos devido à sensibilidade aflorada por causa da bebedeira. — Que bacana! E o Misty vive dizendo que os cavaleiros de ouro são insensíveis e não gostam de se misturar.

O cavaleiro de lagarto arregalou os olhos, dando um pisão no pé do amigo por de baixo da mesa e o advertindo entre dentes cerrados:

— Cale a boca, idiota.

— Você não pensa isso, né, Misty? — o câncer perguntou, apanhando a caneca que o taberneiro havia acabado de colocar à sua frente e erguendo-a a altura da sua boca, mantendo os olhos firmes nos azuis tão claros de Misty. “Tão belos quantos os de Dite”, ele pensou, e então, complementou, ao ver que ele havia até suspendido a respiração: — Ou se não... vou ser obrigado a desfazer esse engano e fazê-lo pensar diferente... — piscou, observando o rosto do outro se avermelhar. Em seguida, elevou a caneca no alto e propôs um brinde, gritando: — Buon compleanno! Salute!

— Saúde! — foi acompanhado pelos outros dois.

Enquanto Misty só continuou observando em silêncio, bebericando seu suco de Damasco. Sentindo um estranho tremor lhe formigar a virilha ao ter sua vaidade enaltecida ao sentir os olhos cobiçadores de um dourado sobre si.

No fim da noite, Máscara arremetia com tanta ferocidade para dentro do loiro que ele gemia despudoradamente fazendo o dourado querer atravessá-lo com suas estocadas. Não fora difícil convencê-lo à acompanhar até sua casa no final da noite, já que os outros dois ficaram pelo caminho de tão bêbados que estavam.

— Isso mesmo. Grite. É desse jeito que eu gosto. – Máscara pedia, agarrando nos cabelos loiros e puxando-os para trás, fazendo o loiro expor mais o pescoço para ele lamber, enquanto continuava se movendo.

— Ah! Ah! Ah...! Eu... vou enlouquecer! — Misty gritava entrecortado, virando o rosto de um lado para o outro, agarrado com as pernas no quadril do homem sobre si, os dedos dos pés todos contorcidos, denunciando o ápice que estava chegando. — Nunca... imaginei que... Ahh... você fosse atraído por mim... Máscara...

— Como não, Misty? — o outro falou, as costas suadas, sentindo que o orgasmo estava chegando novamente. — Com essa carinha de boneca? Quem não cairia por seus encantos? Agora diz, tá gostando, tá?

— Ahh! Se estou?! Você é maravilhoso... Ahh!

— Regular, bom, ótimo, excelente? — ele incitou-o a lhe dar a avaliação.

— Mais do que excelente, muito mais... eu vou gozar de novo! — ele anunciou, retesando as coxas e torcendo ainda mais os dedos dos pés, gritou alto: — Annnnnnnn!

Após dar mais algumas estocadas, estas dificultadas pelas paredes contraídas do outro, Máscara também foi embalado pelo tremor do orgasmo. Em seguida, atestou, ainda arfante, após passar a mão pela face suada de Misty e retirar os fios que lhe grudavam no rosto, recebendo dele um olhar satisfeito:

— É só a terceira vez de hoje, meu caro... A madrugada ainda é uma criança.

Shaina desligou a fita e a televisão, umedecendo a língua com os lábios. Então, pegou sua máscara que havia deixado de lado na mesa. Não precisava ver mais nada, já tinha absoluta certeza que Máscara havia conseguido os pontos máximos em todos os quesitos naquela primeira rodada, enquanto os outros dois já haviam perdido pontos por não conseguirem concluir a prova no primeiro dia.

...

Afrodite x Saga

Afrodite sabia que o seu primeiro desafio não era tão simples. Saga detinha o maior status no Santuário depois da deusa Atena. Porém, ele era o único, depois de Máscara e Milo, com quem já tinha tido algo antes. Apesar de ter ciência que fora um caso que ocorrera quando ele estava possuído por sua outra personalidade, aquela mais psicótica e doente. Mesmo assim, iria apelar para aquelas lembranças.

Na mesma noite, depois de sair do bar, foi até o salão principal do Santuário para tentar sua primeira investida, mas para sua decepção — mas não surpresa — Saga estava ocupado em uma reunião com Atena e o líder de tropas, Aiolia de Leão. Por isso, decidiu tentar no outro dia, pois sabia quando ele tinha aquele tipo de reunião, não havia horário certo para terminar.

— Quer que eu deixe um recado que o senhor esteve procurando-o? — o empregado perguntou-lhe com o rosto corado e os olhos baixos. Provavelmente, encabulado com a beleza do guerreiro dourado.

“Milo estava certo”, o pisciano pensou. Tinha pessoas que o desejava em todos os níveis, desde a ralé, aos mais ilustres. “Não tenho porque me preocupar tanto com Saga”.

— Diga-lhe apenas que eu o estive procurando... — resolveu deixar o recado. — Mas faça-o em particular, não diante da deusa. É um assunto que diz respeito a ele e a mim.

— Darei o recado, senhor! — o guarda bateu continência, mantendo a mão em riste na testa e os olhos agora voltados para o teto, como se encarar o guerreiro de peixes, fosse proibido.

Afrodite assentiu, com estranhamento, franzindo suas finas sobrancelhas para o rapaz que parecia extremamente nervoso. Teve a impressão de que já vira o rosto daquele guarda em algum lugar e, por um instante, imaginou que talvez fosse um dos seus admiradores da Taberna. Assim, resolveu tirar a dúvida:

— Você... Não foi a taberna hoje, foi?

O rapaz, que deveria ter em torno dos vinte e dois anos arregalou os olhos e entreabriu os lábios surpresos com aquele questionamento. Nunca imaginara que em sua existência um guerreiro como aquele - contemplado por ser o mais belo de todos e ainda componente da elite dourada do Santuário - se lembraria do seu rosto. Ainda mais nervoso e gaguejante tentou respondê-lo:

— É- é- o- o- me- me- meu plan- plantão hoje, se- senhor.

— Hm...

Dite resmungou em resposta e, após dar um sorriso de lado, deu as costas para o rapaz jogando os cabelos para trás e fazendo seu perfume de rosas impregnar o ar e adentrar diretamente nas narinas do jovem que quase não conseguiu manter-se em pé, tão grande era o tremor em suas pernas. Após a saída do guerreiro, este ainda ficou sonhando com aquele encontro inesperado. O ser que sempre admirara anonimamente naquele bar, havia falado consigo e ainda havia lhe reconhecido?

— Pelos deuses, ele é ainda mais divino de perto! — o homem caiu de joelhos no chão, tentando acalmar o nervosismo apertando a camisa em seu peito e confessando para si mesmo: — Meu coração parece que vai sair do peito... Eu sei que meus amigos dizem que ele é um guerreiro frio e perigoso, mas... eu correria o risco feliz se pudesse uma única vez na vida tocar sua pele... Ele me reconheceu! Eu mal posso esperar para contar para Mekias e o Daeru!

— O que está fazendo no chão, soldado? — Aiolia perguntou, assim que a porta do salão do mestre se abriu.

— Nada, capitão! — ele levantou-se imediatamente, se pondo em riste. — Eu achei que tivesse visto um... rato...

— Não saia da sua posição de guarda jamais, soldado. Esse salão deve ser vigiado como se fosse um tesouro supremo.

— Sim, senhor!

— Alguém apareceu?

— Na verdade, uma pessoa à procura do grande mestre.

— Quem?

— A pessoa pediu para que eu me reportasse diretamente ao Grande Mestre.

— Mas eu sou o seu capitão e exijo...

— Aiólia, chega... — a voz imponente de Saga se fez audível de dentro do salão. — Deixe o jovem entrar e me passar o recado e pode se retirar por hoje.

— Sim, meu mestre. — o cavaleiro dourado de Leão fez uma mesura para porta aberta, então saiu, após olhar com o estranhamento para o soldado que passou por si em uma marcha mecânica. Também notou que ele estava com o rosto suado, o que lhe remetia a nervosismo. Achou estranho, mas se retirou.

Dentro do salão, o mestre perguntou:

— Quem esteve a minha procura, Conan?

O rapaz que havia adentrado o salão do mestre se ajoelhou diante do trono onde ele estava sentado com a máscara que encobria seu rosto. Ele estava sozinho, Atena, provavelmente, já havia se retirado para seu templo que ficava atrás do salão do grande mestre.

— O senhor Afrodite, Cavaleiro de Ouro de Peixes, Vossa Alteza. Ele pediu para avisar que precisa lhe falar.

— Disse do que se tratava?

— Apenas que era para lhe dar o recado em particular.

— Hm... — o mestre resmungou e ficou em silêncio por alguns minutos, o que fez o nervosismo do rapaz aumentar. Estava receoso que seus pensamentos pudessem ser ouvidos e que o mestre descobrisse sua perversão. Mas, de repente, a voz do homem mais imponente do Santuário, lhe falando calmamente, fez seu receio se esvair: — Amanhã cedo, Conan, quando estiver saindo do plantão. Passe em Peixes e diga ao Afrodite que irei tomar café na casa dele e então conversaremos. Já que durante o restante do dia e parte da noite, estarei sobrecarregado de afazeres novamente.

— Sim, meu senhor!

— Pode se retirar.

O rapaz se levantou, fez uma reverência e saiu da sala.

...

Na manhã seguinte, o domingo amanhecera com um sol escaldante, Dite se banhava no lago do jardim lateral da Décima Segunda casa, quando ouviu chamados de dentro da sua casa.

— Estou aqui fora! — respondeu.

O soldado Conan seguiu a voz e atravessou os cômodos, transpassando por uma porta que dava a um local reservado. Seu coração já palpitava desenfreado em pensar que iria rever Afrodite de perto em menos de vinte e quatro horas. Entrou no jardim e prendeu totalmente a respiração ao ver o cavaleiro no pequeno lago artificial daquele local...

“Sem roupas...?”

Ele queria, mas não foi capaz de mover os olhos que se paralisaram no pisciano, que agora lhe sorria enviesado.

— Tem um recado para mim?

O rapaz só conseguiu balançar a cabeça em resposta.

— E qual é?

— O... Me- me- mest-... — Conan não conseguiu, pois de repente um branco atingiu sua mente e não foi capaz de se lembrar do que o mestre lhe pedira pra dizer. Ele só conseguia olhar para a água cristalina, que movia devagar, as várias pétalas de rosas e o corpo totalmente nu de Afrodite abaixo dela.

— Está querendo perder seus olhos, soldado?

A pergunta de Dite, falada daquela forma — em um sussurro — fez o rapaz voltar a si imediatamente.

— Perdão, meu senhor!! — ele gritou, ajoelhando-se e fixando seus olhos no chão. Havia feito uma besteira. Sabia que não se deveria olhar diretamente para um daqueles cavaleiros, muito menos se ele estiver naquelas condições. — Eu não tive a inten- intenção, meu senhor! Juro! Perdoe-me.

— Ainda está aqui, Conan? — agora fora a voz do mestre em suas costas que fez o rapaz se sobressaltar.

— Mestre?!

— Pode ir.

— Mas, o senhor Afrodi-... Digo...

— Está cansado por ter passado a noite em vigia, soldado. Não se preocupe com o Peixes. Vá descansar.

— Sim, mestre! — ele levantou-se batendo continência e então se retirou às pressas.

— Até mais, Conan. — Afrodite fez questão de se despedir, acenando para o rapaz que ficou ainda mais vermelho.

O grande mestre retirou a máscara, fazendo seus longos cabelos azuis emoldurarem seu rosto, e a depositou sobre uma das mesas de Jardim de Peixes, a qual tinha um guarda-sol ao centro e aonde havia uma cesta com frutas, pães e suco sobre ela. Apanhou uma maçã e a mordeu, após puxar a pequena cadeira e se acomodar diante do lago artificial, admirando o Cavaleiro de Peixes, que não se movera.

— Queria me ver?

— Mais do que só ver... — foi direto.

O mestre, agora sem a imponência da sua máscara, olhou seriamente nos olhos de Afrodite. Não podia negar que tiveram algo no passado, mesmo que sua personalidade estivesse deturpada. Lembrava-se muito bem de como era fácil se perder naquela beleza tão embriagante. Até sentia pena do pobre rapaz que deixou o lugar, porém... as coisas haviam mudado.

— Afrodite...

— “Dite”, Saga. — o pisciano o corrigiu.

— Reserve a forma íntima de tratamento para os seus amantes.

Aquela frase fez o sorriso nos lábios do pisciano se esvanecer rapidamente. O olhar sério de Saga também o incomodava bastante. Pelo que percebera, não seria tão fácil como imaginava. Mas, não iria desistir sem tentar: ficou de pé no lago, expondo seu corpo agora molhado e cheio de pétalas de rosas.

— Está um calor terrível. Entre e se banhe comigo. — Afrodite o convidou diretamente, estendendo-lhe a mão.

Mas Saga, o Cavaleiro de Gêmeos, manteve-se no mesmo lugar, apenas avaliando seu cavaleiro, cuidadosamente.

— Era só isso que queria? — o mestre perguntou, devolvendo a fruta mordida de volta ao cesto e se levantando. Após apanhar sua máscara, seguiu de volta por onde havia entrado. — Eu tenho muito que fazer como mestre desse Santuário, Peixes. Não tome meu precioso tempo.

— Espere, Saga! — o guerreiro de peixes se desesperou, saindo do lago e se aproximando do mestre, segurando seu pulso e impedindo-o de recolocar a máscara. — Você não pode simplesmente me ignorar! — falou nervoso. — Já ficamos juntos muitas vezes e...

— Está faltando homem em seu leito?

A pergunta fez Dite olhá-lo espantado.

— Não é isso...

— Afrodite... — o mestre se desfez do agarre do pisciano em seu pulso e segurou com aquela mesma mão a face dele fortemente, fazendo-o olhar dentro dos seus olhos, para entender claramente o que iria dizer. ­— Eu estava possuído por uma entidade maligna. Aquele que o desejava não era eu. O mestre desse lugar é um homem que idolatra apenas sua deusa e que repudia certos tipos de comportamento por parte dos seus cavaleiros. Não sei por que diabos você decidiu me procurar, mas seja qual for, esqueça-o. — Saga deu sua fala por encerrada e afastou Afrodite com um empurrão que o fez andar para trás e adentrar novamente no pequeno lago.

Enraivecido e com a face toda ruborizada por ter sido rejeitado, Dite crispou os punhos, não medindo as ofensas que saíram da sua boca sem pensar, direcionadas ao homem mais imponente do Santuário que se afastava vagarosamente.

— Desgraçado! Como ousa a me rejeitar assim?! Eu sou o homem mais belo do mundo! Não interessa se foi uma entidade maligna ou não! Era o seu corpo me possuindo, eram as suas mãos me tocando e era a sua boca que quase me engolia! Está ouvindo, Saga!!

O mestre se deteve na saída, somente para repor a máscara. Dite sentiu um deslocar de ar e um golpe o jogou para cima, fazendo-o cair na água. O sangue que saiu da sua boca tingiu o límpido lago com um facho vermelho.

— Ouse a gritar essas bobeiras novamente e verá do que sou realmente capaz, Afrodite. Não brinque comigo.

O golpe na velocidade da luz havia pegado o cavaleiro de peixes de surpresa. Ele se levantou, limpando o filete de sangue que escorria pelo canto da sua boca, enquanto fitava o homem se afastando com aquele ar de imponência ainda mais engrandecido depois de humilhá-lo. O belo cavaleiro sentiu suas entranhas se contraírem de ódio. Mas ele começou a rir, ao lembrar-se de algo interessante.

— Esse maldito, filho da puta... — ele resmungou, cuspindo o sangue fora do banho e esfregando a boca com o punho fechado. — Fica nessa pose toda, mas eu sei muito bem que só está me rejeitando porque descobriu como é bom ter um homem sobre si depois que o irmãozinho voltou à vida...

Foi então que um estalo se fez na mente de Dite, fazendo-o abrir um grande e débil sorriso.

— Eu ainda não estou fora da disputa... “Mesmo que eu tenha que jogar sujo...”, Dite olhou para a câmera e após jogar um beijo pra ela, seguiu com seu fio de raciocínio, enquanto voltava pra dentro da sua casa, pingando água e sangue: “Kanon frequentava a Taberna assim que ele voltou para o Santuário. Ele não é nada santo... E também sei que ele está treinando para se apossar da vestimenta de gêmeos. Seria uma maneira de me vingar do desgraçado do Saga também...” — Ha, ha, ha, ha, ha!

Continua...


Notas finais do capítulo

Obrigada àqueles que deixaram reviews e incentivaram essa ficwriter a continuar postando! See you next! o/

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