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[Naruto] No Regrets, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: único
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: concluída
Classificação: 18 anos
Resumo: Sai é um adolescente que guarda um grande rancor do seu pai adotivo, por esse motivo, ele quer encontrar um meio de fazer o homem sofrer e é na internet que ele encontra a solução... [ Yaoi, ItaSai (Itachi seme e Sai Uke), +18, Drama, Angst, UA, OOC, Darklemon, tortura, violência, one-shot. Presente de Níver pra minha imoto Meg-chan!]

Notas iniciais do capítulo

Meg-imoto-chan, feliz aniversário atrasado!
Afinal, seu níver foi ontem dia 22/07/2011.
Me esforcei pra fazer esse presente e espero que tenha ficado do seu gosto, pois tentei fazê-lo de acordo com as dicas que me deu.
Agradecimentos especiais para Blanxe que me ajudou MUITO na revisão do texto e também, na escolha do título, obrigada, senpai!
Título da fic "No Regrets"(Sem arrependimentos), baseada na música do Robbie William.
Leram todos os avisos? Certeza de que querem mesmo prosseguir? Já viram quem é o uke e quem é o seme? Então, está bem, sigam em frente. :D
Boa leitura!

No Regrets
Capítulo Único
Revisado por Blanxe

“Eu não tinha perdido a cabeça e
Era eu quem teria de desistir
Você não podia ficar pra me ver chorando
Você não teve tempo
Então eu levemente escorreguei...”
(No Regrets – Robbie William)


Haviam escolhido a praça de alimentação do shopping como um ponto de encontro. O local era o mais apropriado para o primeiro encontro com alguém que, até então, podia considerar um total desconhecido. Se falavam apenas pela a internet e a rede mundial de computadores ao mesmo tempo em que beneficia, permitindo a interação em tempo real com os mais diferentes tipos de pessoas e culturas, traz com essa interação um grande risco: pessoas más intencionadas.

Apesar de que, o jovem a espera do seu acompanhante, sabia daquele fator de risco. Era exatamente por ele que estava ali.

Estava prestes a se encontrar com um estranho, do tipo mais temido pelos pais, até mesmo dos adotivos: um provável pedófilo. Afinal, tinha recém completado quinze anos e a pessoa com quem marcara lhe afirmara ser um homem adulto.

Mas Sai queria causar essa preocupação aos pais e decidira que era mais do que necessário fazê-los tomarem um susto, principalmente o pai. Ele sempre fora considerado do tipo “bom menino” e, mesmo assim, não conseguia ter deles esse reconhecimento. Poderia também justificar o seu motivo como vingança à figura paterna, por mais que quisesse não se apegar àquele fator.

No começo, gostara da sua nova família, por mais que se sentisse um “peixe fora d’água” dentro dela. Afinal, os três — o pai, Minato, a mãe, Kushina e o irmão, Naruto, — tinham os cabelos claros e olhos azuis, um verdadeiro contraste com ele, que tinha os cabelos e os olhos negros.

Seu bisavô por parte de pai era europeu; viera para o Japão pelo fascínio à cultura, à história dos samurais, à mistura de arranha-céus tecnológicos e templos místicos antigos. Acabou firmando moradia no país e se casando com uma japonesa; com ela teve um filho, Jiraya, que se tornou outro amante da cultura, um estudioso, professor, escritor de contos e viajante. Jiraya, em uma de suas viagens a terra natal do pai, na Europa, encontrou uma londrina loira e de olhos azuis por quem se apaixonou e teve o filho: Minato. Porém, a união não formal dos dois, não deu certo por muito tempo e ele resolveu voltar para o Japão com o filho, que queria acompanhá-lo. Tentou um novo casamento, desta vez, com a bióloga e também professora, Tsunade. Os dois tinham muito em comum, ela também era descendente de europeus, vivera em Paris, na França, por alguns anos, havia se casado com um francês e tido uma filha com ele, mas o enlace também não deu certo e ela voltou para o país de origem com a menina.

A novidade, fora que eles não esperavam que seus filhos, já adolescentes, fossem se apaixonar. Minato e Kushina casaram e tiveram um filho: Naruto. Mas Kushina teve complicações no parto e acabou perdendo o útero, frustrando seus desejos de ter pelo menos mais dois filhos. Por esse motivo, decidiram adotar. De início, Kushina queria uma menina, mas quando ela viu Sai conversando no orfanato com Naruto e falando que o menino lembrava o irmão que ele havia perdido, ela se comoveu.

Minato e Kushina o adotaram, já grandinho: tinha seis anos — um ano mais velho que Naruto. Assim, sempre teve ciência de que eles não eram seus pais de sangue e, por isso, às vezes, chamava os dois adultos pelos nomes, o que deixava a mãe verdadeiramente furiosa. Mas não o fazia por maldade e sim pelo prazer de vê-la irritada, pois gostava muito da mãe e da sua forma exacerbada de demonstrar afeição a eles. Nunca percebera diferença na forma de tratamento dele com os dois. Kushina amava-os praticamente da mesma forma.

Já o pai, Minato, era um caso diferenciado. Ele estava sempre ocupado com suas pesquisas para Universidade; vivia viajando, mas quando estava presente, não conseguia deixar de transparecer que havia distinção entre o filho legítimo e o adotivo. O pai não era como a mãe. Ele podia até tentar, mas não conseguia esconder sua preferência pelo filho de sangue através de frases simples, gestos mínimos, mas que eram suficientes para feri-lo de uma forma inimaginável. E o mais doloroso para Sai era não poder culpar ninguém, extravasar aquele sentimento ruim, muito menos exigir o mesmo tratamento direcionado ao legítimo. Também não conseguia sentir raiva de Naruto, ele era como a mãe: dotado de uma simpatia e de uma alegria que o constrangia.

No início, Naruto não o aceitou muito bem, principalmente quando começou a perturbá-lo por estar sempre choramingando. Hora pelos atritos dele com seu vizinho da sua idade, Sasuke, hora porque Sakura, a menina de quem ele gostava, não lhe dava bola.

“Talvez ela não goste de meninas como você”, respondia quando ele vinha reclamar.

“Eu não sou uma menina, Sai!!”

“Não tem pinto. Vive chorando. Só pode ser uma menina.”, enumerava nos dedos.

“Saiiiiiiiiiiiiiiii!!”

“Vamos erguer sua camisa e ver se os seios já começaram a crescer...”

Naquele dia, ele viu o caçula encará-lo com os olhos azuis marejados, crispar os punhos e, na sequência, desferi-los contra sua face. Foram dois socos — um de cada lado do seu rosto — tão potentes que o fez cambalear para trás e cair de traseiro no tablado do dojo onde treinavam artes-marciais com o avô Jiraya; o local que usavam para fazer os deveres quando ele não estava. Enquanto recobrava os sentidos, o mais novo fora novamente na sua direção gritando enfurecido.

“Eu vou te matar, nii-san, ‘ttebba!!”

Naruto poderia ter ficado furioso naquele dia, mas algo dentro de Sai se aqueceu, fazendo-o sorrir. Isso aumentou a fúria do mais novo que achava que o irmão ainda zombava de si. Mas o seu sorriso tinha outro motivo: aquela fora a primeira vez que Naruto o chamara “nii-san”.

Naquele dia, ao vê-los se espancando, a mãe deles deu-lhes um grande sermão e os colocou de castigo, sentados um ao lado do outro. Naruto fungava, com as pernas cruzadas no tablado e com os lábios contorcidos em um grande bico; ainda nervoso por Sai estar com aquele sorrisinho bobo no rosto, descansando sobre as pernas dobradas em uma posição mais ereta que a sua, massageando o queixo de vez em quando.

“Até que você tem um golpe bem potente.”

“Pra você ver que eu não sou uma...!”, Naruto parou de repente ao sentir a mão do mais velho repousar no topo da sua cabeça em um tipo de afago.

“Arigatô, otouto.”

O loiro arregalou as duas esferas azuis, claramente confuso com aquele agradecimento.

“Está me agradecendo por eu te bater?”

“Não, idiota.”

“Então, o quê é?”

“Um dia você vai entender.”

“Hã? Mas eu quero entender agora! Por que, dattebayo?!” ele não se conformou, afastando a mão do irmão da sua cabeça.

No mesmo dia, eles fizeram as pazes para alegria da mãe. Depois do ocorrido, os dois ficaram ainda mais próximos, se tornaram mais do que amigos, irmãos de verdade. Contudo, a aproximação deles começou a incomodar ao pai, que passou a ver com desconfiança o comportamento muito íntimo dos filhos.

“Você não está vendo o que anda acontecendo com seus filhos, não, Kushina?”

“Vendo o quê, Minato? Seja mais específico.”

“Eu peguei os dois dormindo na mesma cama!”

“E o que tem de errado nisso? Eles são meninos. Se um deles fosse uma garota, eu até veria motivos pra nos preocuparmos.”

“Eu não consigo acreditar que você seja tão ingênua, Kushi.”

“O que você está insinuando, querido?”

“Que não é nada normal dois pré-adolescentes ficarem dividindo a mesma cama! Seria normal se eles tivessem seis ou sete anos! Mas o Sai já tem 13 anos e o Naruto tem 12! Os dois já devem estar despertando suas sexualidades e, certamente, estão curiosos quanto a descobrirem seus corpos!”

A mulher franziu o cenho.

“Eles são irmãos, Minato.”

O homem suspirou.

“Eles não são irmãos, Kushina”

Sai, que ouvira toda a discussão escondido, sentiu muita raiva de Minato. Muita. Por estar insinuando coisas pervertidas, por estar envenenando a mãe contra eles. Algo ruim se apossou do seu estômago naquele momento, fazendo-o revirar. Nunca havia feito nada para que o adulto pensasse tal coisa de si. Só estava tentando ser um bom irmão mais velho para Naruto .

Ficou ainda mais deprimido quando o casal anunciou que iria dar um presente a ele de aniversário de quatorze anos.

“Crianças, seu pai e eu chegamos à conclusão de que já está na hora de cada um de vocês terem seu próprio espaço, sua privacidade, por isso, o presente de aniversário do Sai, desse ano, será um quarto novinho em folha!”

Mesmo a mãe tentando dar a notícia de uma forma eufórica, sabia que, na verdade, aquilo era uma prova de que ela concordara com tudo que o marido havia inventado. Mas esforçou-se para abrir um sorriso e agradecer.

“Então, finalmente vou me livrar do cheiro de urina que está impregnado em sua cama, né, otouto?”

“Faz muito tempo que não faço mais xixi na cama, nii-sannnn, ‘ttebba!!”

Quando mudou para o seu quarto novo, procurou fazer o que os ‘pais’ tanto desejavam e afastou-se do mais novo. Naruto protestara, falando que ele não lhe dava mais atenção, porém, aos poucos, o loiro foi se conformando, buscando passar mais tempo com os outros garotos da vizinhança e da sua escola. Sem perceber, o loiro já havia se habituado a distância que fora imposta à força entre eles.

Como nunca teve facilidade para fazer amigos, Sai isolou-se ainda mais no quarto que lhe fora dado de presente, com todos os móveis cheirando a novos, incluindo computador, televisão, rádio. Era como se os pais quisessem compensá-lo por algo... pela falta que o irmão causaria. Voltou-se então para o mundo da internet onde, pelo menos, conseguia fazer amigos. Durante às noites, sozinho, pensava em muitas baboseiras, mas a pior delas— e aquilo que não conseguia sair da sua cabeça —, era uma forma de ferir o homem que destruíra a harmonia de um lar perfeito.

Pensou em começar a beber, fumar, usar drogas, fazer crossdresser ([1]), assumir-se homossexual, começar a namorar uma mulher mais velha, qualquer coisa. Algo que fizesse Minato falar mal de si com razão. Mas, em tudo que pensava, culminava em se relacionar com outras pessoas, e nunca fora bom em relacionamentos.

Até que um dia, a solução veio ao seu encontro em forma de um pedido novo de amizade no Messenger. Não reconheceu o nome no endereço, mesmo assim, acreditou que deveria adicioná-lo e perguntar quem era. Mas, antes que pudesse questionar, a janelinha do Messenger piscou e, ao abri-la, aquela frase o chocou.

“Eu quero te comer”.

Sua mão tremeu. Vacilou por um instante. Era um molestador, alguém mal. Sobrepôs com a seta do mouse o botão que acionaria o bloqueio daquela pessoa que tinha de nickname “I-san-thebadwolf”, mas algo o impediu. Não conseguiu. Pensou por um segundo.

“Alguém mal...” , deixou o mouse de lado e passou a digitar.

“Eu vou te bloquear”.

“Se fosse para me bloquear, já teria feito.”

“Como conseguiu meu endereço?”

“Por aí.”

Era mentira. Não tinha aquele endereço em lugar algum. Aquela pessoa deveria ter conseguido seu endereço com algum dos seus contatos.

“Quer ver algo interessante?”

Não precisou replicar, pois logo apareceu a mensagem: “I-san-thebadwolf deseja começar uma transmissão via webcam com você, clique em aceitar ou rejeitar a exibição”.

A indecisão o corroeu por meros segundos, mas o palpitar acelerado do seu coração o fez agir por impulso e aceitar a visualização da webcam. Quando a imagem ficou clara no pequeno visor, Sai sentiu o rosto aquecer: um pênis ereto, adulto, estava exposto e sendo masturbado à sua frente. Ouviu passos e fechou rapidamente o comunicador encerrando a conversa. Na sequência, escutou batidas na porta e a voz abafada da mãe pedindo permissão para entrar.

Tentou disfarçar. Apanhou um livro na prateleira acima do monitor, deixou-o aberto ao lado do teclado e, em seguida, iniciou um documento do Word, para só então responder.

“Pode entrar, Kushina-san.”

“Já disse que sou sua mãe”, ela bronqueou, entrando no quarto com uma pilha de roupas passadas a qual depositou sobre a cama de solteiro. Então, ela voltou-se para o armário, abrindo-o e retirando os cabides, notando que o filho continuava concentrado em algo que digitava rapidamente no computador.

“O que está fazendo?”.

“Lição.”

“Hm. Claro”, ela respondeu, prosseguindo na tarefa de pendurar os uniformes do filho nos cabides. “O Naruto estava reclamando que você não o ajuda mais com a lição da escola. Ele está dormindo em cima dos livros lá na mesa de jantar nesse exato momento. Vocês estão brigados?”

Sai parou de digitar por um minuto, sentindo aquele incômodo ardor no estômago. Só estava afastado do irmão porque era um desejo do pai, essa era a resposta que queria dar a mãe. Contudo, aquela réplica, levantaria questionamentos, talvez, uma possível discussão e acabaria deixando a mãe chateada e não era isso que queria. Desta maneira, virou-se para ela, com os olhos apertados e um sorriso forçado e respondeu:

“Não estamos brigados. Só estou dando ao Naruto a oportunidade de mostrar que ele é capaz de se virar sozinho.”

O adolescente percebeu a mãe abrir a boca como se quisesse contestar seu argumento, mas não o fez.

“Se você diz que é só isso...” ela comentou, pondo a última peça no cabide, e se aproximou dele, depositando-lhe um beijo no topo da cabeça. “Não fique estudando até tarde, querido, precisa descansar. Boa noite.”

“Boa noite...”, assim que a porta se fechou, ele concluiu. “Okaa-san...”

De repente, aquele calor provocado pelo beijo e o momento de carinho da ruiva, sobrepôs aquele amargor que estava sentindo. Abriu o comunicador e bloqueou a pessoa estranha que estava se expondo para si. Por causa de Kushina, decidiu que não iria fazer nenhuma besteira, mesmo que quisesse se vingar de Minato.

Resolveu também se reaproximar de Naruto. Primeiro, com a intenção de ajudá-lo nas lições da escola, o que provocou a euforia da mulher ruiva e do próprio loiro. Logo, reataram a rotina de antes, incluindo, as práticas no dojo do avô.

Estava indo tudo bem, quando em uma dessas noites de treino, tudo se enuviou.

“Vamos tomar banho juntos?”, o caçula sugeriu, recuperando o fôlego, deitado no chão ao seu lado.

“Ainda não aprendeu a se lavar sozinho?”, provocou.

“Nem vem se esquivar tirando sarro de mim, nii-san!” ele levantou-se, puxando-o pelo braço para se erguer. “Vamos usar o banho aqui do dojo!”

“Calma, Naruto...”

“Rápido, ‘ttebbayo!!”

Acabou cedendo ao pedido do loiro. Estavam sozinhos em casa: a mãe tinha ido ao supermercado e o pai estava viajando; sem Minato ali para inventar sentimentos sujos entre os dois, não havia com o que se preocupar.

Após a água aquecida, os dois entraram na banheira no chão de madeira. O vapor fez o suor correr o rosto de Sai; seu corpo ainda estava quente devido à atividade física de pouco antes, mas, mesmo assim, valia à pena, já que a água morna era relaxante. Lembrou-se de que não desfrutavam daquele banho juntos desde que o avô Jiraya saíra em viagem novamente. Ele encostou-se a um dos lados do ofurô, acomodando-se em um dos assentos, fechou os olhos e deixou-se ser invadido por uma nostalgia boa. Mas o silêncio do irmão o fez perguntar-se mentalmente se o menor havia fugido. Ao abrir os olhos, sobressaltou ao deparar-se com aqueles orbes azuis claros diante do seu rosto.

“O que foi? Está muito perto, Naruto”.

“Nii-san...”

Não era a imaginação de Sai, a voz de Naruto estava diferente, seu rosto corado, os olhos desfocados… Fora impossível para o moreno evitar descompassar de seu coração, ainda mais quando os braços do mais novo envolveram seu pescoço.

Naquele momento, não foi capaz de pensar racionalmente.

Aconteceu rápido demais, a boca de Naruto tocou a de Sai e, de repente, ele estava sentado sobre o seu quadril, esfregando seu pênis ao dele embaixo da água. Não só o coração de Sai aumentou as batidas, mas ele sentiu seu sexo enrijecer-se por receber aquele estimulo. Fora pego tão de surpresa, que não conseguiu reagir de imediato; deixou-se ser beijado, enquanto pensava aonde Naruto havia aprendido fazer aquilo. Mas, ao sentir a língua dele forçando para adentrar a sua boca, achou que deveria pôr um basta naquilo: segurou-o fortemente pelos ombros e, assim que impôs força para afastá-lo, a porta do banho se arrastou.

No momento seguinte, Naruto foi agarrado pelo braço e puxado para fora do ofurô. Logo depois fora sua vez de ter o braço agarrado e, ao sair da banheira, fora empurrado bruscamente para o chão, onde ficou. Viu o homem loiro com os olhos furiosos retirar o cinto e, na sequência, passou a ser chicoteado pelo o mesmo.

“Eu lhe dei um teto, moleque! E é assim que retribui?!”

“Espere, Minato-san! Está enganado!”

“Enganado?! Eu chego de viagem e vejo vocês dois se agarrando dentro do banho, Sai?! O que estava pensando?!”, o homem continuou açoitando o corpo do garoto nu.

Naruto gritou e grudara no braço do pai, tentando impedi-lo.

“Não, otou-san! Eu fui o culpado! Não é culpa do Sai!”

“Você está sendo seduzido, Naruto!”, o loiro mais velho empurrou o outro filho, voltando a atacar o que estava acuado. “Eu sabia que você não prestava, Sai! Kushina e essa ideia idiota de adoção! Olha o que ela colocou dentro da nossa casa!”

Sai queria chorar. A dor das palavras do pai era mais ardida que as chicotadas em seu corpo. O nó apertou-se em sua garganta e as contrações em seu estômago também. Abafou os ouvidos com ambas as mãos e fechou os olhos com forças, decidido a não ouvir mais as palavras ofensivas daquele homem, esperando que ele exasperasse toda sua raiva apenas nos golpes.

“Não, otou-san! Não!”, Naruto continuava gritando, segurando o braço do pai, impedindo-o de continuar. “Eu estou falando a verdade! Fui eu! Eu que sugeri o banho! A culpa foi minha! O Sai estava me evitando faz tempo! Fui eu quem o beijou. Sou eu quem quer fazer coisas pervertidas com o meu irmão mais velho!”.

Foi questão de segundos... As chicotadas pararam e Sai destampou os ouvidos e abriu os olhos a tempo de ver o adulto girar o corpo em fúria e estapear o rosto do irmão mais novo. Naruto perdeu o equilíbrio com a força do golpe, andou uns passos para trás, escorregou na água espalhada pelo tablado e colidiu com o chão, batendo a cabeça em uma quina de madeira...

...

— Sai-kun? ­— o adolescente saiu dos seus delírios e voltou sua atenção para a pessoa que o chamava, percebendo que havia terminado com o milk-shake. Afastou o copo vazio para o centro da mesa e seus olhos se detiveram no rapaz que não se preocupou em ser convidado para puxar a cadeira e sentar-se de frente a ele. — Sozinho na praça de alimentação? — ele perguntou curioso.

Uchiha Itachi era o irmão mais velho de Sasuke, que fora o melhor amigo de Naruto. Itachi, assim como Sasuke, tinha aquela beleza sóbria, equilibrada, mas que chamava a atenção por onde passavam. Ele tinha os cabelos cumpridos, negros, quase sempre amarrados por um elástico vermelho que pendia em um lado dos ombros; andava sempre bem vestido, como estava naquele momento, nas roupas de frio e usava óculos de grau de aro fino que parecia ressaltar ainda mais sua beleza.

— Estou à espera de alguém. — respondeu, enfim, saindo daquela estranha contemplação ao homem que, apesar de tudo, não era o tipo que procurava. Itachi, apesar de ser mais velho, não parecia pervertido, e sim, um rapaz do tipo correto e sério. E se continuasse ali, provavelmente o atrapalharia, principalmente, se chegasse a flagrá-lo saindo com um cara mais velho. Não demoraria a deduzir o pior e entraria em contato com seus pais, o que não desejava, por isso, tentou despachá-lo de uma forma menos rude possível. Estreitou os olhos e sorriu com os lábios estreitados, pedindo: — Se não se importa, poderia procurar outro lugar, irá estragar o meu encontro.

O Uchiha abriu mais os olhos, em uma expressão de surpresa por estar sendo enxotado de uma forma educada pelo filho adotivo dos Namikaze. Sabia muito bem que aquilo era da personalidade de Sai; as poucas vezes que ele esteve em sua casa para ir buscar o irmão, ele lhe dava aquele meio sorriso estranho. Mas não era a melhor pessoa para criticá-lo, afinal, não era alguém que tinha facilidade para se abrir em sorrisos como seu irmão mais novo ou o dele. Então, retomou sua expressão normal de indiferença e o respondeu com outra questão.

— E se eu disser que me importo?

— Tudo bem. Eu procuro outra mesa... — Sai disse, levantando-se, mas a mão de Itachi agarrou seu pulso, fazendo-o estancar onde estava e olhá-lo. — O que foi?

— Será que você ficaria, se eu me apresentasse como... “Lobo mal”?

Desta vez, foram os olhos de Sai que se arregalaram, ao mesmo instante em que o seu coração disparou. Aquela pessoa à sua frente... Uchiha Itachi? Era ele o ‘I-san’? Mas por outro lado, algumas coisas começaram a se encaixar, como o fato dele saber da sua vida sem nunca ter mencionado, ou até mesmo como ele conseguira seu endereço de e-mail. Certamente, vasculhando as coisas de Naruto em uma das vezes que o irmão visitara a casa dos Uchiha.

— Você não era bem o que eu esperava... — acabou vocalizando sua decepção.

— Não tire conclusões precipitadas. — o rapaz lhe falou, levantando-se. — Vou provar que sou exatamente o que você procura.

Sai puxou seu punho de volta.

— Espero.

Então, seguiram lado a lado, em silêncio. Podiam ser confundidos como primos, ou até irmãos, tinham traços semelhantes. Sai analisou: “Pelo menos isso, de forma alguma parecemos suspeitos”. Ao chegar ao estacionamento, Itachi desprendeu os dois capacetes da lateral da moto e entregou um ao vizinho.

— Uma Suzuki?

— Eu disse pra não tirar conclusões precipitadas... — ele repetiu, colocando a chave na ignição, acomodando-se sobre o banco e pondo o capacete por último. — Tá esperando receber um convite formal?

Sai balançou a cabeça em negação e suspirou pesadamente. Colocou o capacete, sentou-se na moto e, ainda um pouco receoso, agarrou-se a cintura do piloto. Mas quando saíram para rua e a condução ganhou velocidade, foi invadido por algo bom. O vento, as ultrapassagens, a adrenalina; era a primeira vez que andava de moto e nunca imaginara que a sensação fosse tão boa... Era quase como voar, estar verdadeiramente livre. Entraram em uma avenida e percebeu que estavam seguindo por uma via que os levaria para fora da cidade.

— Onde estamos indo? — perguntou com a voz abafada pelo capacete.

— Pra longe. — foi a única resposta que obteve.

Levaram em torno de trinta e cinco minutos, até deixarem o tumulto da cidade e adentrarem a tranquilidade das vias que levava aos campos de arroz e das pastagens. Itachi adentrou por uma trilha e só quando a moto parou e Sai desceu, foi que ele sentiu um frio no estômago. Já era noite. Viu Itachi esconder a moto atrás de uma cabana e depois abrir o cadeado que trancava o lugar.

— Venha.

A mão de Itachi fechou-se em seu punho e Sai sentiu a força que ele tinha ao puxá-lo pra dentro. Estavam se isolando. Após trancar o cadeado, o mais velho retirou o casaco e iluminou o lugar com algumas lamparinas. Por fora, até parecia um casebre velho, mas por dentro, estava limpo. Havia poucos móveis: um aquecedor portátil, um futon de casal no chão, uma pequena mesa de madeira e duas cadeiras rentes a ela; no chão, próximo à parede, havia uma bolsa térmica e uma mochila. Com certeza, Itachi havia preparado o lugar com antecedência.

— A sós. — ele declarou, chamando atenção do moreno. — Nada e nem ninguém para nos impedir agora. — Itachi disse, abrindo finalmente um sorriso discreto para o vizinho.

Sai paralisou-se. Estava mais do que isolado, estava preso, e aquela constatação lhe causou certa tensão, mesmo que aquele fosse seu desejo. Tentou respirar cadenciado e se acalmar, mas não conseguiu evitar o sobressalto quando Itachi se deteve diante dele e tocou-lhe no rosto.

— Está tenso... — o mais velho observou. — Não me diga que está querendo desistir? — ele quis saber, notando o receio do vizinho.

— Claro que não!

— Que bom. — Itachi disse, se afastando e indo em direção as mochilas. — Afinal, é tarde pra desistir. Trouxe mantimentos. Acho que dá para uns três dias.

— Três dias?

— Sim, falei para o meu pai que iria viajar para o casamento de um amigo em Sapporo e que voltaria daqui uma semana. — Itachi explicou. — Na verdade, o casamento vai acontecer. Por isso, só posso ficar aqui com você esses três dias. É tempo suficiente pra causar algum pânico no seu padrasto, não é?

— O Minato-san não é meu padrasto. — Sai conseguiu andar finalmente, lembrando-se do motivo pelo qual estava ali. — Ele é meu pai adotivo e ele não vai se importar com o meu desaparecimento. — concluiu, parando diante do rapaz agachado.

— Se acha que seu pai adotivo não vai se importar com o que vai lhe acontecer, então por que quer fazer isso? — Itachi continuou sério, olhando-o. — Ou será que devo deduzir que você só está fazendo isso por mera perversão?

— Pense o que quiser.

O moreno mais velho moveu os lábios em um gesto que lembrava vagamente um sorriso, e se ergueu.

— Eu já disse o quanto crianças malcriadas me excitam? — perguntou, segurando o queixo do garoto, admirando o belo rosto que ele tinha. — Você se parece muito com o meu irmão...

— Devo deduzir que esse é o motivo por ter me escolhido?

— Também. — o rapaz concordou, soltando do queixo dele e segurando o zíper do casaco que ele vestia, descendo-o lentamente. — Melhor começarmos. Já estou ficando excitado...

Ao ouvir aquilo, dito de forma paciente, Sai quase foi capaz de ver seu plano indo por água abaixo. Itachi não era bem o tipo adulto pervertido que esperava; ele era dotado de grande beleza e ainda transparecia ter uma grande paciência. Apesar de que, não saía da sua cabeça que o mais velho poderia estar escondendo seu lado pervertido. Deduziu que era necessário usar de truques para certificar-se, e sabia exatamente o que fazer.

Estapeou a mão dele, de repente, afastando-a do seu zíper e voltou a cerrar o fecho da blusa até o pescoço. Arregalou os olhos e passou a respirar com dificuldade, como se estivesse lhe faltando ar, deu as costas para o moreno e correu para a porta que havia sido trancada. Agarrando-se ao trinco, começou a forçá-lo como se quisesse abrir o cadeado com sua força.

— Isso foi uma péssima ideia! Eu não quero mais fazer isso, Itachi-san! Eu não quero mais! Quero ir embora! Deixe-me sair!

Itachi franziu o cenho, achando estranha aquela mudança repentina, mas manteve-se no mesmo lugar.

— Está brincando, não é?

— Não! Eu não estou! Me deixe sair daqui! Estou arrependido. Eu sou virgem! E não quero perder a virgindade de forma bruta! Eu não pensei direito...

Sai continuo agarrado à fechadura, mantendo o teatro até ouvir os passos comedidos de Itachi vindo na sua direção e as mãos dele logo abafarem sua boca e puxá-lo para longe da porta.

— Cale-se! Está fazendo muito escândalo. Está certo que estamos em um lugar isolado, mas... Ahh!! — Itachi largou Sai ao ser mordido e o viu tornar a esmurrar a porta. — Você... não está brincando?

— Alguém! Socorro! Socorrooo!!

— Merda! — após praguejar, Itachi foi até o garoto, fechou as mãos nos cabelos dele e o puxou. Sai caiu no chão e resistiu, esperneando enquanto era arrastado pelos cabelos. — Merda, moleque! Cale-se! — o moreno o lançou no futon e o estapeou em ambas as faces. — Estou mandando ficar quieto!

Sai ainda tentou se levantar, mas foi empurrado de volta. Recebeu mais duas bofetadas e depois suas roupas começaram a ser arrancadas. Debateu-se, tentando segurar as mãos do mais velho e evitar que ele o despisse só que, mais uma vez, foi golpeado no rosto, desta vez, com o punho fechado.

— Pare de resistir!

— NUNCA! — o garoto gritou, com a mão no local atingido. — Eu disse que não quero mais, seu pedófilo! Me leva pra casa!

Itachi parou por um instante, admirando os olhos negros agora marejados, a face ruborizada e o peito arfante. Sai, através da internet, havia se mostrado um garoto muito frio e arrogante. Mas chegara a imaginar que era devido à proteção da rede, afinal, ele poderia ser quem quisesse protegido atrás do monitor, bem escondido no âmbito do seu quarto. Até quando o vira no shopping sabia que ele ainda se esforçara para sustentar o ar de durão, mas agora, ver aquela máscara caindo diante de si, causou em Itachi um desejo inexplicável. Era algo que fazia seu estômago revirar e o corpo estremecer de euforia.

O mais velho sorriu de lado e levantou-se, indo até a mochila e retirando de dentro dela uma corda. Achou que realmente não precisaria daquilo, mas, pelo jeito, havia se enganado.

Sai, que já estava com o peito desnudo, sentiu arrepios ao ver aquele sorriso medonho se desenhar no rosto antes sereno de Itachi. Pelo jeito, sua interpretação surtira efeito. Quando o notou retornando, fez menção de levantar-se e fingir uma fuga, mas a corda envolveu seu pescoço e o levando de volta ao chão com a força brusca do puxão. Tossiu e ficou sem ar por um instante. O aperto do objeto em seu pescoço fora realmente dolorido. Itachi tirou a corda e envolveu seus punhos, amarrando-os acima da cabeça.

Na sequência, ele o puxou pelo punho, fazendo-o se levantar, jogou as coisas da mesa no chão e empurrou Sai de bruços sobre ela. Retirou as calças dele e amarrou as pernas do garoto junto às pernas da mesa, fazendo-o ficar totalmente exposto e imobilizado.

— Visão magnifica... — concluiu ao terminar, apanhando a cueca dele do chão e amassando-a em uma das mãos. Debruçou-se sobre o corpo do garoto até alcançar seus ouvidos e comentou: — Será que vou precisar enfiar isso na sua boca, ou pretende ficar mais calminho?

Sai engoliu em seco, dando a entender que ficaria em silêncio, fazendo Itachi deixar a cueca de lado.

— Sua pele é tão clara, fica marcada só de apalpá-lo... — Itachi notou, apertando a carne das nádegas. — Mal posso esperar pra ver como ela vai ficar coberta com as marcas do chicote que eu trouxe...

Sai retesou-se ao ouvir que seria chicoteado. Itachi realmente levara a sério quando dissera que queria ser sadomizado e, apesar do medo, estava começando a sentir algo diferente. Algo que fazia o seu baixo ventre formigar. Principalmente ao sentir como a mão adulta e firme percorria seu corpo de maneira possessiva e como aquela voz sussurrada lhe soara pervertida ao afirmar-lhe que seria açoitado. Agora acreditava ter feito a escolha certa: Itachi estava começando a dar indícios que seria um bom carrasco.

— Está se conformando?

O garoto sentiu um alívio quando o peso de Itachi descobriu o seu corpo, mas preocupou-se em mantê-lo animado e esforçando-se para parecer inocente, perguntou:

— O que vai fazer?! Eu não quero ficar amarrado desse jeito!

— Primeiro... Jogamos a cobertura, assim... — Itachi abriu um tubo e passou a despejar um líquido gelatinoso no meio das costas de Sai, fazendo-o arrepiar-se. Fez uma trilha, até alcançar o meio das nádegas, as quais ele apartou com uma das mãos, direcionando o líquido gelado no orifício entre elas. — Vou precisar colocar um pouco mais aqui se não o brinquedinho que eu trouxe não vai entrar de jeito nenhum.

— Brin- brinquedinho? Pare... Está gelado... Pare!

— Calma... Logo vai esquentar. — Itachi afirmou, abrindo a mochila e retirando a prótese com vibrador de tamanho e espessura avantajada que pedira na internet. O objeto, além de ter um tamanho bem exagerado, não tinha uma extensão lisa, e sim, cheia pontos que pareciam pérolas e que, certamente, tornaria a penetração dificultosa. Itachi alisou o rosto de Sai com o objeto. — Está vendo como é grande e espesso? Se não colocar uma boa quantidade de lubrificante, a dor que vai sentir será tão intensa que o fará desmaiar e... bem... Não vai ter muita graça com você desacordado, por isso, precisamos ir com calma.

Sai arregalou os olhos, admirando a espessura daquilo. Na verdade, havia tentado fazer alguns testes antes de marcar o encontro, para ter ideia do quanto seria dolorido o sexo anal, ou prazeroso. Tentou usar os dedos, mas achou estranho e nojento, não teve muito sucesso. Então, tentou usar um tubo de caneta, mas a sensação foi apenas incômodo, não dolorida de verdade. Foi aí que procurou algo maior: o cabo da sua escova de cabelo. Após medi-lo com o seu próprio pênis ereto. Tentou no banho, depois de ter estimulado bem o seu pênis, porém, ao começar a introdução, sentiu uma dor fora do comum; procurou manter-se excitado pra chegar pelo menos à metade, mas a dor fora tanta que sua excitação se esvaiu rapidamente, o fazendo desistir. Sabia muito bem o quanto aquilo seria mesmo dolorido.

— Não... não coloque isso em mim, Itachi-san! Não vai entrar! Vai doer muito! Espere!

— Só vamos saber se fizermos o teste... — Itachi abriu as nádegas do menino e admirou o quanto o furinho estava contraído; alisou-o com o dedo indicador, tentando forçá-lo a se abrir, mas estava difícil. — É. Acho que você tem razão, vai doer bastante.

— Eu disse... Ah!! Espere... Ainda não... Não faça...

— Se você não relaxar vai ser pior.

— Estou dizendo que não cabe!

— Cale a boca... — Itachi sussurrou, concentrado em encaixar a prótese no pequeno orifício, enterrando-a devagar, mas o grito que escapou de Sai o fez arrepiar-se e segurar-se para não introduzir o objeto com força e de uma única vez.

— Está doendoooo! Pare! — Itachi o viu inclinar o pescoço para o lado, tentando olhá-lo e pôde contemplar, mais uma vez, os olhos negros lacrimejados. Já não tinha mais certeza se ele estava mesmo arrependido ou se tudo aquilo fazia parte do joguinho sujo de Sai.

— Mas... eu estou aqui exatamente para isso: fazê-lo sentir dor... — Itachi empurrou o objeto um pouco mais, fazendo Sai engolir o choro. — Estou tentando fazer o que me pediu pela internet... — ele fincou um pouco mais, vendo o garoto soltar gemidos de dor. — Então, por que eu... — impeliu mais força, tentando fazer a prótese chegar ao fundo mesmo aparentando ter tocado o limite do corpo. — iria parar? — deu uma última e mais forte estocada.

— AAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH! — o grito de dor fora real, o corpo mais novo retesou-se e as lágrimas escorreram pelas bochechas alvas, sem que ele percebesse; não conseguia se mover de tão lacerante era a dor.

— Está sangrando um pouco... — Itachi observou, tentando mexer o vibrador e percebendo-o totalmente preso ao orifício esticado e avermelhado em torno dele. — É normal que sangre. Para entrar até onde está a passagem teve que esticar muito e deve ter rompido alguns vasos, nada que cause grandes danos.

— Está doendo... — Sai choramingou. Estava mesmo chorando. A dor era tão insuportável que latejava até em sua mente. Além disso, sentia aquele objeto alojado dentro de si e não conseguia nem imaginar o quão agonizante seria se ele fosse movimentado.

— Uma dor sobrepõe a outra, não é? Essa não é sua ideologia? Então, logo essa dor será sobreposta por uma um pouco maior.

— Chega... — o garoto pediu.

— Nem começamos ainda. — Itachi disse, voltando a vasculhar a mochila, retirando de dentro dela um chicote de três pontas. Também havia comprado aquilo em uma loja de artigos sadomasoquista na internet. — Você disse que queria sentir dor. Pretendo dar o meu melhor.

O garoto fechou os olhos. Não queria mais ver nenhum dos objetos de tortura de Itachi. E também parecia que o vizinho já estava bem motivado, então só precisava tentar ‘aproveitar’ da melhor forma seu momento de castigo. O primeiro açoite não demorou a atingir suas costas nuas e o ardor e a surpresa do golpe o fez retesar o ânus, fazendo a dor que sentia em seu interior aumentar. Logo, veio a segunda chicotada e, mais uma vez, contraiu-se. O terceiro açoite foi nas pernas. Depois houve uma sequência nas nádegas e, a cada estalar, Itachi empregava mais força; a cada nova chicotada, mais contraía aquele objeto dentro de si e era exatamente ali que sentia a contradição: quando o pressionava, uma sensação estranha se espalhava por seu corpo, causando um desejo incontrolável de sentir aquilo estocá-lo até atingi-lo mais fundo. Estava quase pedindo para que seu molestador parasse de puni-lo e movesse o objeto quando ele pareceu ter notado por si.

— A lubrificação está fazendo efeito... Meu brinquedo já está escorregando, vamos ter que empurrá-lo de novo, assim, Pronto.

Sai inspirou profundamente, tentando manter algum nexo quando o objeto atingiu exatamente o ponto que desejava. Mas Itachi pareceu não ter percebido o quanto aquilo fora prazeroso para si e voltou à tarefa de surrá-lo com o chicote. Até tentou se concentrar na dor do açoite, mas foi incapaz de evitar arquear mais as costas e contrair o seu interior. O fez com tanto desejo, que aquilo que estava ameaçando tomá-lo explodiu de uma vez e com tanta intensidade que mal reconhecera o grito que deixou sua garganta.

— Ahhhhhhhhhhhhhh!!

Ao ver o corpo do garoto dando espasmos, Itachi debruçou-se sobre ele e acionou o botão do vibrador, aproveitando para mover o objeto dentro do canal e prolongar o êxtase que o tomava por mais alguns segundos. Quando tudo se acalmou e o garoto passou a respirar pesadamente, de boca aberta e salivando, Itachi retirou a prótese de uma única vez e o ouviu gritar de dor.

— Parabéns. Você teve seu primeiro orgasmo anal e, pelo jeito, foi bem intenso... — o rapaz mais velho, deixou a prótese cair no chão e retirou algo de dentro do bolso da calça. — Ponha a língua pra fora. — pediu.

— Por quê?

— Quero te dar algo.

Sai obedeceu, um tanto zonzo e inerte devido à força do orgasmo que sentira. Viu Itachi colocar sobre sua língua duas pílulas de cor rosa; levou-as para dentro da boca e as mastigou.

— Bom menino. Mastigando, o efeito vai surtir mais rápido.

— O que são? Drogas? — Sai quis saber, após engoli-las, sentindo os resquícios grudando no céu da sua boca.

— É algo para animá-lo mais rápido. — Itachi novamente saiu das costas de Sai. — Agora que está sem forças pra ficar se debatendo, eu vou soltá-lo. Vai se comportar?

— Hm. Tô sentindo as minhas costas e meu traseiro doerem tanto que acho que não consigo me mexer...

Itachi sorriu, desamarrando-o da mesa. Tirou-o daquela posição e o pegou no colo, depositando-o sobre o futon. A dor dos açoites fez Sai apertar os olhos, enquanto novamente estava sendo amarrado.

— Achei que não iria me prender mais.

— É que tive uma ideia... Suas pernas vão ficar mais abertas, dobradas e amarradas desse jeito... Eu passo a corda nos seus braços assim e os imobilizo, solto mais um pouco e posso enrolá-las em seus tornozelos também... parecem cobras envolvendo sua pele tão clara... — Itachi explicou, elevando as costas do pé direito de Sai até a boca e depositando um beijo ali, o que fez o garoto ficar vermelho.

— Ei! Isso não parece algo que um molestador faria...

Itachi fitou Sai com seriedade, percebendo que o rubor que ganhava a pele pálida deixava-o com um ar verdadeiramente inocente e encantador. Largou o pé de lado. “Se ele quer assim... Veremos até onde ele vai suportar...”

— Tem razão. Não é pra isso que estou aqui. É para torturá-lo. — o mais velho disse, disperso, alisando o peito dele com a mão espalmada, imprensando os mamilos, para depois apertar um dos pequenos botões entre seus dedos, torcendo-os e puxando-os com suas unhas cumpridas.

— Ai!

— Dói?

— Um pouco...

— Vou fazer melhor.

Sai acompanhou Itachi com os olhos e o viu retirar a proteção de uma das lanternas e apanhar a vela e vir com ela em sua direção. Os olhos do garoto se arregalaram ao sentir a primeira gota de cera quente caindo sobre seu mamilo ouriçado.

— Ahhhhhhh!! Isso queima!

— Claro, está quente. — Itachi direcionou a vela para o outro mamilo, no qual dispensou umas gotas a mais no bico e na parte sensível em volta dele. Novos gritos. Mas não se deteve, pingou mais gotas da cera derretida no meio da barriga de Sai, no pequeno furinho do umbigo, na virilha... A cada gota que caía, era gratificado com um novo grito.

Quando chegou ao ventre dele, segurou o pênis pela base, friccionou a pele empurrando-a pra baixo, deixando a glande e o furinho da uretra no topo dela mais expostos.

Ao imaginar o que Itachi estava prestes a fazer, Sai arqueou para tentar impedi-lo, mas era tarde, as gotas de cera cobriram o pequeno orifício no centro do seu órgão causando uma dor sem medidas. Jogou-se com força para trás e gritou desesperadamente, contraindo-se e se debatendo com os dentes trincados e os punhos apertados. Urrou, até que o ardor da queimadura naquela parte tão sensível do seu corpo se amenizasse.

As lágrimas vertiam pelo canto dos seus olhos. Sua consciência dava indício de que iria turvar-se a qualquer momento, só não acontecia devido à estranha palpitação no seu peito, causada, certamente, pela droga que Itachi o fez ingerir. Então, Sai sentiu que estava sendo penetrado novamente, mas, desta vez, não era um pênis postiço, era mais macio e quente...

Sentiu as primeiras estocadas de Itachi e o corpo adulto sobrepôs o seu. O Uchiha estava com a mão entre seus corpos, massageando seu órgão que pulsava pelos fluídos retidos e que se acumulavam dentro de si, já que não podia ser expelidos, pois a cera derretida havia esfriado criando uma crosta na abertura do canal da uretra.

— Eu vou enlouquecer... — Sai ofegou, com o rosto febril e a respiração pesada que parecia um vapor de tão quente.

— Parece que os efeitos da droga estão aparecendo... Está tão sensível. E está tão quente e apertado dentro de você. Acho que não vou aguentar.

— Meu pinto... está doendo... — Sai tentou segurar o choro, mas não conseguiu. — Tá doendo muito...

De repente, aquela imagem fez o peito de Itachi se contrair. A verdade era que estava mesmo interessado em Sai. Desde que o vira pela primeira vez em sua casa com o irmão mais novo que aquele interesse surgiu. Perturbou tanto Naruto que nem acreditou quando ele finalmente passou-lhe o e-mail. “Mas ele é meu.”, o garoto de olhos azuis anunciou possessivo, relutando em lhe entregar o pedaço de papel. “Que tal fazermos uma troca, Naruto-kun... você fica com o meu irmãozinho tolo e eu com o seu, hã?”. Naruto não lhe respondera, apenas fez um bico e se afastou. No começo, quando começaram a conversar por Messenger, só pensara em coisas pervertidas, mas depois, ao conhecê-lo melhor, ao ouvir suas confidências e tristezas, sentiu vontade de conquistá-lo de verdade. Mas Sai não lhe dera brecha, por isso estava ali, atendendo aquele capricho estranho e tendo que segurar todos os seus sentimentos e esperanças.

— Essa face... — Itachi sussurrou, estocando-o mais no fundo. — Queria torturá-lo mais... Mas eu preciso me aliviar... — Itachi anunciou, alcançando a boca dele e o beijando. Fazendo os olhos do garoto se arregalarem confusos.

“Beijo? Por que um beijo? Não, não, não... Não estrague tudo, baka... Não, não estrague... Não torne isso algo íntimo...” Sai não conseguiu evitar o palpitar mais intenso do seu coração. Os movimentos dentro de si já não doíam; o corpo do adulto ia de encontro ao seu, proporcionando um calor confortável, entorpecente, embriagante e, que ao mesmo tempo, provocava calafrios ainda que estivesse totalmente abrasado. Começou a ofegar.

— Não, assim não...

— Vamos trocar de posição. — Itachi anunciou, puxando o nó das cordas e soltando os braços e as pernas de Sai. Então, o abraçou e os dois giraram. Sai ficou por cima, sentado sobre o órgão de Itachi, com as mãos espalmadas no peito dele, tentando evitar que seu peso fizesse o pênis afundar mais dentro de si.

— Está pra explodir... — Itachi notou, tocando o membro ereto do garoto.

— Eu... eu... eu...

­— Sente-se. — o moreno mais velho pediu, retirando as mãos de Sai do seu tórax e segurando-as na sua, para retirar o apoio. Passou a mover o quadril para cima, fazendo-o cavalgar. — Vamos. ­Mexa-se... Sai...

Sai ouviu seu nome ser dito sem nenhum sufixo, de forma íntima. Aquilo adensou ainda mais sua sensibilidade, já estava se movendo involuntariamente por causa das ações do parceiro. Sentia o pênis enrijecido dele acomodado dentro de si, mas devido aos movimentos, ele deslizava para fora e voltava a preenchê-lo, golpeando-o naquele ponto tão sensível. Quando ele passou a lhe motivar, para que também agisse, tentou mover o quadril, levantando o traseiro, sentindo o órgão escorregar para fora de si e, então, voltava a sentar-se sobre ele. Itachi continuava erguendo o quadril de encontro ao seu, fazendo o atrito ser maior.

— Se contraia... — Itachi pediu, segurando a cintura dele. O garoto apenas balançou a cabeça afirmando e depois desceu na ereção com o seu interior contraído, conforme foi vencendo a resistência, sentiu o ardor de ser rasgado por dentro causar-lhe mais arrepios.

Itachi não conseguia mais segurar e quando seu membro chegou ao fundo de Sai, pressionado daquela forma, explodiu. Sai sentiu o calor do gozo do moreno enchendo-o por dentro, arqueou as costas e as contrações no seu interior se espalharam, atingindo também seu membro que pulsou dolorido. Mas como o gozo não encontrou caminho para ser expelido por causa do bloqueio da cera, ele gritou.

— Ahhh!! Precisa sair! Precisa sair!

Itachi sorriu, adorando ver o desespero estampado na face dele. Mas Sai precisava mesmo se aliviar. Sendo assim, segurou o membro do adolescente pela base e, com a sua unha cumprida, conseguiu remover a capa formada pela cera. O gozo demorou um pouco a sair, mas após massageá-lo, o líquido espirrou com força, melando seu tórax e parte do seu rosto.

Olhou o rosto de Sai totalmente vermelho e só tinha uma palavra para defini-lo: lindo. No instante seguinte, Itachi o viu tontear e cair em sua direção, desfalecido.

No outro dia, ao despertar, Sai acordou e viu Itachi em pé diante da mesa, vestido apenas com a cueca e a camisa social aberta, os cabelos amarrados e os óculos de aros finos. Sentiu vontade de sorrir. Vê-lo na claridade era diferente. Ele parecia muito mais bonito.

— Finalmente acordou?

— Sim. — assentiu, esfregando os olhos. — Que horas são?

— Uma e meia. Preparei o café.

— Uma e meia, já?

— Uhum. — ele afirmou no resmungo e levou uma caneca de café, estendendo-a para o garoto.

— Preciso mijar... ­— Sai falou, empurrando a caneca para o lado.

— Eu acho que você não vai conseguir ficar de pé... — Itachi o alertou, devolvendo as canecas a mesa. — Espere, vou ajudá-lo.

— Que bobeira. Por que não consegui-... ? — o garoto, teimoso, tentou se levantar enquanto falava, mas assim que ficou de pé, percebeu que não tinha força nenhuma nas suas pernas, além do corpo parecer pesar uma tonelada. Tonteou e foi de encontro ao chão de olhos fechados e só não chegou a colidir, porque foi amparado por Itachi.

— Minhas pernas... Não obedecem.

— Claro que não. Você foi torturado, abusado, drogado. Eu te ajudo. — Itachi o apanhou no colo e viu o garoto esconder o rosto ruborizado em seu peito.

— Idiota...

— Idiota?

— Está estragando tudo sendo gentil comigo... — Sai disse, apertando o ombro dele. — Não era pra ser assim...

Itachi suspirou, entrando com o moreno no pequeno banheiro do lugar.

— Eu só quero que você fique consciente até o nosso prazo acabar.

“Mentiroso... Você é um grande mentiroso, Itachi-san...” Sai pensou consigo mesmo, enquanto era posto em pé diante do vaso. Ainda teriam mais dois dias para ficarem juntos e, de alguma forma, aquilo provocou em si uma sensação boa e inesperada: o mesmo calor que sentira antes... Um calor provocado por algo novo. Algo que ainda desconhecia... Algo que remetia aquelas pequenas amostras de gentilezas daquele que era pra ser seu carrasco; e que o fazia, de repente, querer esquecer a vingança, o ódio que nutria pelo pai, da dor que queria sentir para sobrepor aquela outra maior e então, tentar ser feliz.

...

Havia passado quatro dias desde que Sai estava desaparecido. A mulher de cabelos ruivos estava de joelhos diante de um pequeno altar no meio da sua sala, onde havia uma foto de um menino loiro e sorridente. As lágrimas desciam pelo seu rosto, mesmo com os olhos fechados. A porta repentinamente se abriu e ela levantou-se abruptamente, mostrando a feição desgastada de dias sem dormir.

Encarou o homem alto, loiro e com os cabelos iguais ao do menino da foto. Kushina estava tão exausta e rezara tanto naqueles últimos dias para que a busca pelo filho desaparecido trouxesse resultados que não conseguia imaginar que Minato estivesse prestes a lhe dar mais uma má notícia. Os três juntos — ela, o marido e Sai — estavam sendo capazes de superar a falta de Naruto, mas se perdesse mais um filho... Também não queria acreditar na hipótese que ele havia fugido de casa, levantada pelo marido e pela polícia.

“Ele não tem motivos, Minato!”

“Ele me odeia, Kushi.”

“Não odeia, querido. Não tem por que ele te odiar”.

Todavia, Minato sabia que tinha. Não tivera coragem de dizer a verdade à mulher quando ela lhe perguntou, e foi Sai quem acabou dando a resposta.

“Estávamos tomando banho. Nós três. O pai, Naruto e eu... O Naruto saiu do ufurô pra atender ao telefone que estava tocando, escorregou no tablado molhado e caiu...”

Não entendia por que Sai mentira para lhe salvar, mas passara a vê-lo com outros olhos. Depois do velório, quando ficaram sozinhos, tentou perguntar o motivo por ele ter mentido e a resposta não lhe surpreendera.

“Só não foi por você...”, ele o interrompeu. “Eu já o odiava, Minato-san. Odiava por querer me afastar do meu irmão. Agora eu já nem sei mais o que sinto por você... Tem que ser algo maior, algo que transcenda e seja muito, muito pior que o ódio.”

“Talvez, desprezo?”

“Eu queria que você sentisse a dor que estou sentindo. Mas, a Kushina-san é a única de nós que não merecia passar por isso. Ela é uma boa mulher, sempre foi uma mãe dedicada e atenciosa. Por ela, esse segredo irá morrer conosco, não se preocupe.”

— Querido? — a voz da ruiva irrompeu os pensamentos de Minato. — Por favor? Diga-me que o encontrou.

— Sim. A denúncia estava certa, era ele.

— E onde meu filho está? Como ele está, Minato?! Não faz isso comigo, por favor, diga de uma vez!” a mulher pediu, com os olhos derramando em prato, apanhando o homem pela gola da camisa e chocalhando-o.

— Está no hospital.

— Hospital? – ela apavorou-se ainda mais. — Vivo?

Minato fez que sim com a cabeça, sentindo um aperto consumi-lo, principalmente, quando a mulher o abraçou.

— Deus ouviu nossas preces. O que estamos esperando?! Vamos vê-lo! Vou pegar a minha bolsa, espere um minuto... — o homem segurou o punho da mulher, impedindo-a de ir. — O que foi?

Os olhos do homem se desfocaram e ele ouviu a voz do policial em sua cabeça.

“Ele foi abusado e sadomizado de todas as formas possíveis. Há queimaduras, marcas de açoite, dentes e cordas em todo o corpo. O problema é que o lugar estava preparado... Sabe, havia embalagens descartáveis de água, bebida, comida e a última informação que tínhamos dos senhores é que ele deixou um recado na geladeira, dizendo que iria encontrar um amigo no shopping, correto? Pelo que levantamos no computador dele, ele marcou mesmo um encontro com esse tal de ‘I-san’. Mas descobrimos que todas as informações sobre esse rapaz são fakes. E até o IP do computador que ele acessava, deu do outro lado do globo. Ou seja, ele sabia exatamente o que estava fazendo. E pelos históricos que levantamos, o seu filho também sabia...”

“O Sai, digo, meu filho... ele vai ficar bem, não vai?”

“Vivo. Bem, eu não posso afirmar. O senhor está ciente com qual intenção ele planejou tudo isso, não é, Namikaze-san? Talvez ele não imaginasse a gravidade do resultado, mas pelos históricos, ele fez tudo isso para atingi-lo...”

“Eu sei... Eu sei... Eu só quero vê-lo. Posso vê-lo?”

“Precisará do aval da Assistente Social e... estão querendo revogar a guarda do Sai...”

“Quê?!”

— O que aconteceu, Minato? — a voz da mulher cortou as lembranças dele. — Tem algo que precisa me dizer ainda, não tem?

— A guarda do Sai vai ser revogada, Kushi. É como eu lhe disse antes, o Sai me odeia. Ele me odeia por ter causado a morte do Naruto.

— Por que ele te odiaria? Você não teve culpa, amor. Ninguém teve. — a mulher respondeu, calmamente. — Ele mesmo disse que o Naruto escorregou e caiu sozinho. Eu acredito nele.

— Ele disse isso para...

— Minato! — ela de repente exclamou em um sobressalto, para novamente voltar a falar em uma voz tranquila e pausada. — Eu não quero saber sobre o que passou. Eu só quero saber de agora em diante, eu quero meu filho de volta.

— Mas...

— Vamos conversar com os assistentes... — ela o abraçou, como se fosse o loiro que precisasse ser confortado. — Eles vão entender o nosso desespero. Tudo vai dar certo. Eu não vou perder mais um filho.... Não é? Diz pra mim que não vou? Você me prometeu.

Minato correspondeu ao abraço da mulher, um tanto tenso, mas concordou.

— Não vai, Kushi. Não vai. Eu vou contratar um bom advogado. O Sai é nosso filho e ninguém vai tirá-lo de nós.

...

Cinco dias se passaram, Sai já estava fisicamente recuperado, mas ainda se mantinha em observação no hospital devido ao processo que corria referente sua guarda ser revogada ou não. O advogado da família Namikaze entrou com recursos quanto à revogação e não demorou que ele conseguisse uma liminar para visitá-lo. Porém, uma assistente social acompanhava todas as visitas.

— Acho que as sessões com a psicóloga estão ajudando muito. — disse a assistente para o pai, enquanto a mãe arrumava o travesseiro atrás das costas do filho.

— Eu não aguento mais esse lugar, okaa-san. Quero voltar pra casa, pro meu quarto, para a escola. Quando vou poder voltar?

— Você ainda está se recuperando de um trauma, meu filho. — falou Minato, com um semblante natural.

“Meu filho...”, aquela palavra ecoara na cabeça de Sai. Sua vingança não havia tido exatamente os efeitos que queria. Àqueles dois ao invés de o repudiarem, se separem, ou coisa parecida, estavam estranhamente mais unidos e amáveis. A psicóloga havia lhe contado que quando Minato e Kushina souberam que poderiam perder a guarda dele, começaram a lutar para que aquilo não ocorresse de todas as formas possíveis.

“Mas eu já disse que eu fui o culpado. Eu saí com essa pessoa porque eu quis.”

“Você foi seduzido. Estava em choque, traumatizado por ter perdido o irmão e um molestador acabou se aproveitando da situação. A função dos pais era ter acompanhado-o mais de perto. Mas eles se voltaram para suas próprias dores e esqueceram que ainda tinham um filho vivo e que esse filho precisava do apoio deles. Porém, eles estão dispostos a corrigirem esse erro e, por isso, creio que em breve estará de volta ao seu lar.”

Naquele dia, Sai sorriu. Não, nada havia ocorrido como esperava, mas havia saído muito melhor. A conversa dos pais, da psicóloga e o próprio pensamento do rapaz foram irrompidos por batidas na porta e quando aquele adolescente quase da sua idade entrou no quarto com um buquê de flores nas mãos, Sai sentiu um gelo apoderar-se de seu estômago, que aumentou gradativamente ao ver a pessoa que o acompanhava.

— São para o Sai, Sasuke-kun? — a ruiva apanhou o buquê.

O garoto fez um bico com os lábios e esturrou.

— Meu irmão que insistiu. Tome! — ele jogou contra o peito do rapaz na cama.

— Delicado... — Sai cantarolou, debochado. Fazendo o vizinho fechar ainda mais a expressão.

— Vocês são uns amores, eu vou colocar isso na água. — Kushina se propôs, apanhando as flores do colo do filho e indo em direção da porta.

— Eu vou aproveitar a deixa pra ir almoçar. — a psicóloga também saiu.

— Eu vou esperar lá fora, o cheiro desse lugar me enjoa. — Sasuke falou, seguindo os que saíam.

— Bem, eu tenho que voltar para o trabalho. — Minato disse, aproximando-se do leito do filho e afagando os cabelos dele. — Acho que amanhã já poderemos voltar pra casa.

— Espero. ­ — ele assentiu, sorrindo.

O loiro retribuiu o sorriso do filho adotivo, então estancou diante de Itachi, olhando-o seriamente. O olhar foi retribuído por Minato, então o homem suspirou.

— Fugaku e Mikoto?

— Estão bem.

— E você, terminou a faculdade?

— Sim, faz dois anos. Estou terminando a pós-graduação.

— Hm, isso é bom. Já deveria estar pensando em casamento, não? Alguém em mente?

Itachi parou por um momento, tentando evitar que seus olhos o condenassem ao fitar Sai, então assentiu.

— Talvez.

— Certo. Mande lembranças para o Fugaku. – ele disse, apertando o ombro do rapaz e saindo em seguida.

— Se eles tivessem ideia de quem eu sou, não nos deixariam a sós tão tranquilamente. — falou, aproximando-se do leito assim que a porta se fechou.

— Pode ser.

— Está melhor? Parece que ainda tem muitas marcas... — Itachi apontou para a pele exposta do braço dele.

— Não sinto mais nada. — Sai esticou a manga do pijama, observando os arroxeados deixados pela corda. — Só estou detido aqui ainda porque aquela mulher que se diz psicóloga insiste em dizer que sofri um trauma.

— E sofreu? — Itachi perguntou, sorrindo.

— Acho que o Lobo Mal que me atacou estava mais pra Lobo Bonzinho.

— Não seja um mal agradecido. Ele se empenhou.

— Será que... — o garoto falou vacilante, com as bochechas já ruborizadas. — Se eu der outra chance, acha que ele pode fazer melhor?

Itachi balançou a cabeça de um lado para o outro e sorriu. Era exatamente o que queria ouvir.

— Só saberemos, se tentarmos...

Fim.

[1] Crossdresser– é um termo que se refere a pessoas que vestem roupa ou usam objetos associados ao sexo oposto, por qualquer uma de muitas razões, desde vivenciar uma faceta feminina (para os homens), masculina (para as mulheres), motivos profissionais, para obter gratificação sexual, ou outras.

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