|

[Naruto] É Preciso Amar Como Se..., escrita por Andréia Kennen

Capítulos:  Único
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Angst, Drama, Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: Completa
Classificação: 18 anos
Resumo: KakaNaru (Kakashi x Naruto) especial para Iara-chan. Universo Alternativo. Leiam os avisos. Depois faço uma sinopse.

É preciso amar como se...
Por Andréia Kennen
Revisado por Blanxe

Entrei em casa, passei pela sala e adentrei o espaço do minibar. Abri o compartimento debaixo do balcão e apanhei a garrafa de uísque. As mãos trêmulas fizeram com que eu respingasse a bebida em parte do mármore antes de conseguir encher o copo. Suspirei fundo, tentando conter o ritmo frenético no meu peito e, então, tomei um grande gole do líquido âmbar. Afrouxei o nó da gravata, fiz uma careta devido o ardor da bebida e sentei no banco de madeira, ainda na parte de dentro da repartição. Terminei de entornar o restante do conteúdo do copo de uma única vez para, em seguida, repô-lo, agora, um pouco menos nervoso. Havia tomado uma decisão e seria naquela noite.

Estou casado faz oito anos com a mãe do meu tormento, nos conhecemos a dez anos no hospital onde ela é medica até hoje. Eu era instrutor da academia do exército; na época, estava voltando de um treinamento, quando um cara alcoolizado atravessou o sinal vermelho. Ele estava vindo em alta velocidade, tive que frear bruscamente e meu carro capotou várias vezes. Se não fosse o cinto de segurança, provavelmente, eu teria morrido, ou ficado em estado mais grave. Mesmo assim, fiquei preso nas ferragens e com o carro pegando fogo na parte de trás onde vasava gasolina, minha sorte, foi que o resgate não demorou e fui salvo antes de o veículo ser consumido pelas chamas. Mas, infelizmente, parte do meu rosto foi danificado por causa do fogo.

A médica do resgate, Kushina, foi o meu anjo salvador. Quando ela veio me ver, alguns dias depois do acidente, senti algo apertar forte dentro de mim. Linda. Foi tudo que consegui resumir. Olhos azuis, longos cabelos vermelhos, sorriso perfeito, linda, tão linda como nenhuma outra que vira antes. Mas era óbvio que alguém tão bela já pertencesse a alguém. No mesmo instante, notei a aliança dourada reluzindo em seu dedo anelar esquerdo e aquilo me desanimou imensamente. Mais ainda, depois que vi o estado deplorável de parte do meu rosto, que um dia fora considerado bonito, havia ficado. Para mim, estava tudo perdido, ficaria deformado para a vida toda. Mesmo assim, ela tentou me animar:

“Nada que um bom cirurgião plástico não resolva, Kakashi-san.”

“Isso não tem mais importância. Eu sempre imaginei que não conseguiria mesmo me casar, Uzumaki-san.”

“Não diga isso, ‘ttebane!” ela exclamou, ficando com as bochechas coradas. “Não julgue as mulheres com o pensamento masculino, Kakashi-san. Beleza não é tudo para se conquistar uma boa esposa. Está certo que um belo rosto ajuda... Mas recuperá-lo vai ser bom mesmo é pra você, para curá-lo dessa depressão e melhorar sua alto-estima. Quer ou não que eu lhe indique a um bom cirurgião?”

Nunca pensei que gostaria tanto e tão rápido de alguém como gostei dela. Kushina era eufórica, gentil, atrapalhada às vezes. Ela sempre sorria, se desculpava, ficava com o rosto tão vermelho quanto seus longos fios. Se não fosse o apoio dela, talvez não conseguisse me reanimar para enfrentar a sala de cirurgia por mera vaidade.

O dia da cirurgia chegou mais rápido do que eu esperava e foi nesse dia que consegui reuni alguma coragem para confessar a ela os meus sentimentos.

“Uzumaki-san...”

“Kushina...” ela me corrigiu. “Pode me chamar apenas de Kushina.”

“Suman...[1]”

“Diga, Kakashi. Ainda está com receio da cirurgia?”

“Não. Não é nada relacionado a operação. Lembra de quando eu disse que não me importava mais em arrumar uma esposa?”

“Sim. É por isso que estamos aqui, não é? Para que você possa voltar a ser como era e se animar para encontrar uma boa pretendente.”

“Não. Não é bem por isso que eu disse aquilo naquela ocasião”, eu falei apanhando a mão dela que carregava aquela aliança brilhante. Então, após suspirar fundo, confessei: “É porque, para minha decepção, a mulher que eu gostaria de ter como uma ‘pretendente’, já pertence a outro...”, eu apontei a aliança. “Por mais que ela nunca tenha me falado do marido.”

Quando ela desvencilhou sua mão da minha sorrindo e dizendo que conversaríamos após a cirurgia, eu me senti o homem mais idiota da face da terra, por estar me confessando para uma mulher tão linda, talentosa e... casada. Internamente, me preparei para ouvir dela um grande sermão por ter feito aquilo.

A cirurgia foi um sucesso e depois de algumas horas de sono, recebi a visita dela — como prometido. Ela puxou uma cadeira e sentou-se próxima ao leito. A minha bela doutora tinha uma expressão triste estampada no rosto cabisbaixo. Algo que me fez sentir mais raiva por ter declarado um sentimento que agora pesava nela. Quando abri a boca para tentar desfazer algo, ela não me permitiu falar e a partir dali, só ela falou. As mãos cruzadas uma na outra sobre o colo, os olhos desviando-se dos meus, ela narrou sua história. Nunca poderia imaginar que ela fosse viúva e que tivesse um filho pequeno para cuidar.

Mesmo assim, o pedido simplesmente escapou dentre os meus lábios após o término da narração dela: “Por favor, me dê uma chance, Kushina? Saia comigo?”

Eu a vi vacilar, mas, em seguida, afirmar positivamente com a cabeça. Naquele instante, eu queria ter forças físicas para sair correndo e gritar para o mundo o quanto estava feliz, mas ela tomou minha atenção, impondo uma única condição.

“Mas primeiro você terá que conhecer o outro pequeno homem da minha vida...”

“Vou ter que passar pela aprovação de um pirralho?”, brinquei.

A resposta dela foi um grande sorriso.

Até me recuperar completamente, nos víamos apenas no meu apartamento. Depois de dois meses e da recuperação ter sido um sucesso, marcamos finalmente de conhecer a casa dela e o pequeno Naruto.

Lembro-me como se fosse hoje. Entrei nessa casa de mãos dadas com Kushina. Assim que cruzamos a porta, vi aquele pequeno pedaço de gente irromper do nada e se pôr no nosso meio, desvencilhando nossas mãos de forma brusca. Ele tinha apenas sete anos de idade, os cabelos espetados e loiros iguais ao do homem nos retratos da parede e os olhos azuis muito mais claros do que os de Kushina. Não esperava o que ele iria fazer na sequência: apanhar a minha mão, elevar até sua boca e a morder com tanta força que senti os caninos afiados adentrarem a minha carne; o sangue correu pelos lábios dele e aquela visão me causou vertigem.

Apoiei um dos joelhos no chão. Meu coração estava acelerado. Minha única reação fora de trazer o pequeno corpo pra junto do meu em um abraço, em seguida, sussurrei em seu ouvido pra ele me soltar, enquanto ouvia os gritos desesperados de Kushina.

Quando ele me soltou, Kushina o puxou e eu segurei minha mão enquanto ela o sacolejava pelos ombros e o repreendia histérica.

“Está louco?! O que você é afinal? Um animal? Uma fera indomada que morde os outros?”

“Ele quer levá-la de mim! Eu não vou deixar!” o garoto respondeu no mesmo tom gritado.

“Da onde tirou isso?!”

“Eu NÃO quero outro pai! Meu pai está morto!” ele berrou.

“Eu não quero ser seu pai...”, eu os interrompi, ganhando os olhares azuis mais lindos e curiosos que já tinha visto na vida. Com um sorriso um pouco sem graça, completei: “Quero ser apenas seu amigo, Naruto. O lugar do seu pai ninguém irá tirar de você...”

“Viu? Viu como os adultos agem? Você não é mais um bebê, Naruto! Pare de agir como uma criança má e birrenta!”

Naquela noite, ela o colocou de castigo no quarto e, enquanto tratava meu ferimento, pedia desculpas sem parar. Mas na minha mente, algo estranho acontecia, o filho dela não saía da minha cabeça. Aqueles olhos azuis ferinos, os dentes caninos, o rosto perfeito, a reação de um gato acuado...

“Tá me ouvindo, Kakashi?”

“Estou... Esqueça.”, eu toquei no rosto dela, beijando-lhe o topo da cabeça. “Ele é lindo... perfeito. Esqueça.”

“Como pode ser um homem tão bom e dizer isso, depois de tudo? Ele é um diabinho. Veja o que ele fez com a sua mão.”

“É só uma criança assustada por ter perdido o pai e está com medo de perder você também. De ficar só. Eu sei o que ele está sentindo, Kushina. A minha mãe morreu no parto. Eu morria de medo de perder meu pai e um dia meu medo se concretizou, ele se foi... E eu me senti muito, mas muito mal mesmo... Eu o entendo.”

Ela me abraçou, procurando me confortar e foi então que vi no alto da escada, o pequeno que ainda me encarava desconfiado. Acariciei os fios de Kushina e apenas sorri em retribuição ao olhar tão duro que ele me direcionava.

Não foi fácil me aproximar. Naruto não aceitava nada que eu lhe dava. Muitas vezes me jogou refrigerante na roupa, cuspiu a comida que eu lhe comprava, pisava no meu pé de propósito. Eu sempre escondia suas má-criações da Kushina, alegando ser um acidente. Mesmo assim, ela procurava confirmar com ele se era verdade, então, via-o buscar meu olhar e quando eu lhe retribuía em um sinal afirmativo, ele balançava a cabeça para mãe e concordava.

Aos poucos, fui ganhando a confiança dele. Ia apanhá-lo na escola, insistia em perguntar como tinha sido o dia dele, devagar, ele foi começando a se abrir. Certo dia, quando estávamos voltando do parque, o pequeno loiro estava tão contente que ao invés de pegar na mão da mãe para atravessar a rua, ele segurou a minha.

Quando senti aquele contato, eu gelei, mas ao observá-lo e notá-lo com aquele grande sorriso e olhos estreitados na minha direção, fui preenchido por uma sensação de vitória sem igual. Kushina quase chorou de emoção. Apanhei-o no colo e o girei, até afagá-lo em um abraço. Ele retribuiu, as mãozinhas apertando minhas costas, o coraçãozinho batendo tão intensamente quanto o meu.

“Eu deixo você casar com a mamãe agora, Kakashi-san. Eu gosto de você.” ele confessou para minha surpresa e, mais ainda, para a da mãe dele.

“Eu também gosto de você, Naruto. Arigato!” retribuí. “Muito.”

Poderia ser o começo de um final feliz, mas para mim, aquele foi o começo de um martírio. A primeira vez que percebi que aquilo que eu sentia não era normal, foi um mês depois do casamento, havíamos feito um churrasco no fim de semana, mas depois disso, Kushina se despediu dizendo que iria trabalhar, era o primeiro fim-de-semana que ela iria trabalhar depois da nossa lua-de-mel.

“Comportem-se os dois.” Ela se despediu.

“Traga um brinquedo, okaasan!”

“Larga de ser criança, meu filho. Cresce um pouco! Amo vocês!”

“Ja...”, acenei, balançando na rede.

“Também tô com sono...”, ele reclamou, esfregando os olhos com as mãos e encostando-se ao lado da rede. Eu estava só de bermuda e ele de camisa regata e sunga de banho, já que estava na piscina.

“Quer vir aqui?”

“Quero...”, ele ergueu os braços para eu apanhá-lo, então, o peguei. E não precisei fazer mais nada. Sozinho, ele foi se acomodando sobre o meu peito, repousando a mão sobre meu mamilo. Afaguei o cabelo dele com cuidado, sentindo certo incomodo quando ele começou a passar a unha naquela região.

“O que está fazendo?”

“Tá ficando maior...” ele observou.

“Claro que está... Você tá mexendo. Experimente fazer isso com o seu e vai ver o mesmo acontecer.”

“O da mamãe é maior e eu mamava nele quando era bebê”

“É normal os das mamães serem grandes, exatamente para guardar o leite que bebês gulosos como você se fartam.”

Ele riu, então continuou com aquilo e, brincando, ele colocou a boca no meu mamilo e passou a sugá-lo. Eu não consegui repreendê-lo. Não sei por que não consegui. A minha ereção cresceu tão rápido que eu apenas fechei os olhos e deixei aquilo acontecer. Naruto sugava, arranhava com os dentes, prendia o pequeno botão róseo nos dentes, puxava e soltava. Fez isso em um e depois fez no outro. Eu gemia, gemia controlado e baixinho. Ele se esfregava sobre meu ventre, tanto, que eu não consegui resistir ao orgasmo que me assolou.

“Tá batendo forte... o coração...”, ele observou.

“É, está...”, eu respondi, procurando regularizar o fôlego. O mormaço fazendo nossos corpos transpirarem, o barulho das cigarras embalando a sonolência que nos abatia. “Agora durma, Naruto, por favor, durma”, praticamente implorei.

“Tá...”, ele concordou, voltando a encostar a cabeça no meu peito e fechar os olhinhos.

Depois daquilo, foi um tormento atrás do outro. Até mesmo ir buscá-lo na escola tornou-se uma tarefa árdua. Ele entrava pela porta do passageiro, segurava meu ombro e depositava um beijo na minha face. Então, ele se sentava, colocava o cinto de segurança, tudo como uma boa criança comportada. E eu, como um adulto despudorado, só conseguia olhar para suas pernas, amostras na bermuda curta do uniforme.

Naruto conversava sempre animado, falando das artes que aprontara na escola, dos colegas, da professora e eu... só conseguia pensar no calor bom que sentia em minha face aonde ele havia tocado com seus lábios.

Mesmo assim, tentei me forçar a esquecer do episódio da rede e ser um padrasto normal. Mas para o meu maior tormento, ele se apegara ainda mais e mais a mim, queria que eu o ajudasse nos deveres da escola, brincasse com ele, jogasse vídeo-game, coisas normais que para mim se tornaram tortura, afinal, a cada toque, a cada afago e abraço dele, eu só conseguia pensar em quão boa era a textura da sua pele.

Certa noite, ele não quis dormir sozinho. Reclamou em nosso quarto que tinha um monstro na janela do quarto dele querendo entrar. Kushina estava cansada e só resmungou, dizendo que agora ele não podia mais dormir com ela e que tinha que enfrentar os monstros do quarto, o que o fez chorar. Comovido, eu disse que por mim ele podia deitar-se conosco.

Ele deitou-se entre nós dois, mas se agarrou em mim e, naquela noite, fiz um esforço demasiado para segurar todo o louco desejo que consumia minha mente. Mas na noite seguinte, Kushina estava de plantão e eu não consegui negar o pedido. Por estarmos somente nós dois, foi muito mais complicado me segurar. Perdi o sono, enquanto as minhas mãos agiam sozinhas. Foram apenas carícias, consegui me conter e me aliviar com a masturbação. Mais, na noite seguinte, o pedido de Naruto se repetiu e Kushina se irritou.

“Ele já está grandinho pra acreditar em monstros.”, ela alegou, mantendo-se incisiva na resposta negativa do pedido.

Naruto ficou chorando por um longo tempo do lado de fora e, quando o choro cessou, percebemos que nós dois ainda estávamos acordados.

“Ele deve ter ido dormir”

“Hm”, eu concordei.

“Kakashi...”, ela me chamou, se debruçando sobre mim e sussurrando em meu ouvido “Eu não o deixei ficar porque eu quero fazer amor com você.”

“Certo...”, me virei sorrindo e atendi o desejo dela mesmo que aquele não tivesse sido o meu.

Fizemos, apesar de eu ter achado que meu empenho não foi dos melhores. Quando terminamos e ela pegou no sono, eu resolvi descer para beber água, quando vi Naruto sentado do lado da porta.

“O que está fazendo aí?”

“Não quero dormir sem você.”

“Naruto...”, resmunguei bravo, apanhando-o no colo e levando-o para o quarto dele. O deitei na cama e o repreendi nervoso: “Está querendo irritar mais a sua mãe?”

Então, ele começou a chorar compulsivamente, esfregando as mãos nos olhos. Eu fui fraco. Não consegui simplesmente virar as costas e deixá-lo chorando. Sentei-me do lado dele na cama e afaguei seus cabelos.

“Não precisa chorar.”

“Você não gosta de mim...”

“Gosto, é claro que gosto.”

“Mais não gosta igual gosta da mamãe.”

“Não tem como. A sua mãe e eu somos adultos. Nosso amor é diferente.”

“Quando eu for adulto, você vai me amar como ama a mamãe?”

Aquela pergunta fez meus olhos arregalarem e a respiração no meu peito se condensar.

“Você viu?”, perguntei perplexo.

“Sim. A mamãe disse que era amor o que estavam fazendo. Você nunca fez aquilo comigo. Então, você não me ama. Mas quando eu ficar adulto, você vai me amar como ama ela, não vai, Kakashi-san?”

O que eu poderia responder?

Claro, aquilo que um adulto sensato responderia.

Mas, infelizmente, a minha lucidez fora embora, no momento em que senti aquela mordida ferina em meu punho.

“Promete guardar segredo?”

“Prometo!” ele me respondeu empolgado.

“Quando for adulto, se ainda quiser que eu te ame, eu vou amá-lo como os adultos se amam.”

“Hai!”, ele me respondeu eufórico, abrindo seu grande sorriso e me abraçando.

O barulho da porta do quarto de cima se abrindo e fechando me trouxe de volta ao momento atual. Logo, houve novos sons, os de pés descalços descendo a escada cuidadosamente.

— Pare, Naruto! — a voz feminina da jovem de cabelos rosa pediu e de onde estava pude visualizar Sakura dando um safanão na mão do loiro adolescente que a seguia atrás na escada, tentando enfiar a mão por debaixo da blusa dela. — Até parece que não teve o suficiente.

— Ham, ham! — pigarreei e a luz se ascendeu, para me revelar escondido no bar. O rosto de Sakura ficou totalmente vermelho por terem sido flagrados. — Então, é aqui que os dois estão matando aula?

— Oyaji?

— Kakashi-sensei, n- não é nada disso. — ela tentou se justificar, mas eu a cortei.

— Seu seio esquerdo está aparecendo, esqueceu o sutiã no quarto? — eu observei e ela imediatamente arrumou a alça da blusa branca que vestia e fez uma cara feia para o loiro atrás de si, empurrando-o. — Idiota, a culpa é sua! — ela abriu a porta da sala e saiu correndo.

— Ei, Sakura-chan! Espera aí. — meu enteado gritou, mas não foi atrás dela. Apenas fechou a porta e se aproximou, sentando no banco à minha frente. — Não disse que iria parar de beber?

— Não é melhor ir atrás dela? — rebati com outra pergunta.

Ele ergueu os ombros, indiferente.

— Garotas são muito sensíveis, se irritam por pouca coisa, mas logo ficam de boa. — garantiu ele, abrindo seu grande sorriso para mim e me encarando com aqueles olhos azuis claros que conseguia me tirar totalmente fôlego. — Não tem problema você saber que a gente está transando. Sakura-chan e eu estamos saindo, é normal.

— O problema não é o sexo e sim a aula. — aleguei em tom de advertência, desviando daqueles olhos e voltando a beber. — Eu procurei você para avisar que estava vindo embora mais cedo e que não poderia te dar carona e descubro que está matando aula. Que tipo de profissional você vai ser no futuro se continuar matando as aulas da faculdade desse jeito?

— Você não está chateado por isso, Oyaji, ttebba? — ele bateu as mãos no balcão. — É outra coisa, né? Faz dias que você tá com essa carranca amarrada... Que foi? É algo com a mamãe?

— Não tem nada de errado comigo e com a sua mãe. E pare de me chamar de “velho” eu não sou seu pai, Naruto. — o lembrei em seguida, terminando de entornar o copo de bebida.

— Você está bêbado. — ele observou, dando a volta no bar e tirando o copo da minha mão.

— Dois copos não me deixam bêbado. — menti, afinal, talvez fosse o sétimo ou oitavo da noite. Mas eu precisava criar coragem.

— Quer me enganar? Logo eu? Seu maior observador. — ele segurou meu braço, passando em volta do pescoço dele e me ajudou a levantar. — Vem, eu te ajudo a subir.

— Eu não estou bêbado, Naruto e... — quando demos dois passos para fora do bar, tudo girou e só então me dei conta de quanto havia bebido. Eu caí no chão, no carpete do meio da sala e ele caiu sobre mim.

Rimos e então criei coragem para tocar o rosto dele. Mas Naruto se desvencilhou do meu toque, pegou a minha e me ajudou a me reerguer do chão. Subimos as escadas, abraçados, ele me levou para o quarto, me colocou na cama de casal, tirou minhas meias, a gravata em torno do meu pescoço e, então, foi a vez dele tocar meu rosto.

— Te amo, tá? Descanse. — ele beijou minha fronte e saiu da cama, apagou a luz e parou por um instante na porta.

Senti uma vontade imensa de chorar. Uma dor horrível apertou meu peito e quando ele estava fechando a porta, eu resmunguei tão baixinho que achei que ele não fosse capaz de ouvir.

— De acordo com você mesmo, isso não é amor...

Com certeza ele ouviu, pois percebi que ele ficou parado por um tempo ainda na porta, e só segundos depois a fechou.

Eu queria tanto ter dito que havia bebido para tomar coragem, mas, infelizmente, a voz não saiu. Vivemos tanto como perfeitos “pai e filho” que ele simplesmente se esqueceu de que um dia, ele desejou me amar de verdade.

Só que eu não esqueci em nenhum momento. Na realidade, aquilo só cresceu e ganhou proporções fora do normal. Agora era tarde. Eu não podia tê-lo. Ele gostava de meninas. Mas também não podia mais viver com aquilo me atormentando.

Abri a gaveta do criado mudo ao meu lado e toquei na arma que era pra defesa pessoal. Suspirei fundo. Eu tinha que ter coragem. No entanto, a porta do quarto se abriu novamente e a luz se ascendeu. Fechei a gaveta rapidamente e olhei o loiro que agora vinha rápido na minha direção.

— Eu estava procurando um remédio para dor de...

— Diga-me! — ele gritou, interrompendo minha falsa justificativa e sentando-se na cama e segurando meus ombros, fixando seu os olhos claros e marejados nos meus.

Meu coração palpitou forte.

— Dizer o quê?

— Que você não se esqueceu da nossa promessa?

Minha boca entreabriu e eu sorri desajeitado. Segurei o rosto dele com ambas as mãos e respondi sua pergunta com um beijo nos lábios, que foi rapidamente correspondido. Enquanto nossas roupas deixavam nossos corpos, eu beijava cada parte que ia sendo exposta d da pele dele.

Ficamos totalmente nus, eu pedi para que ele ficasse de bruços e preparei aquela região usando saliva, enquanto mantinha a masturbação em seu pênis. Ele ofegava e quando não consegui mais suportar, direcionei meu órgão tenro na pequena entrada, rocei com cuidado e quando a cabeça venceu a resistência, entrei com um golpe só até o fundo. Ele gritou e eu me paralisei.

— Desculpe-me, Naruto... Eu queria ser mais delicado, mas a ansiedade não me permite. — fui sincero.

— Está ardendo... — ele reclamou. — Mas eu consigo aguentar. Pode se mexer.

— Tem certeza?

— Hm... Eu já venho me preparando psicologicamente para isso há algum tempo. Eu sabia que seria dolorido.

— Certo, então...

Com o consentimento dele, passei a tomá-lo impiedosamente, alisava suas contas enquanto arremetia com tanta força que o fazia gritar e segurar nas barras da cabeceira da cama que rangia e batia com força na parede. Seus gritos de dor se alongaram por um tempo, mas quando senti meu membro deslizar com mais facilidade, percebi que seus protestos se transformaram em gemidos de prazer. Quando as paredes internas dele passaram a contrair minha ereção, procurei impor mais velocidade ao arremate das minhas investidas e o golpeei tão ao fundo, que quando meu sêmen o preencheu por dentro, senti o corpo dele retesando-se mais uma vez e o orgasmo o atingir, fazendo seu pênis expelir o gozo que molhou o lençol da cama.

Terminamos suados e entrelaçados um no outro em um abraço forte. Foram tantos anos esperando por aquilo que não conseguimos nos separar e dormirmos daquele jeito.

Na manhã seguinte, eu ouvi o ruído da gaveta da mesinha ao lado da cama se abrindo e o clique do revólver sendo preparado para o disparo.

Abri os olhos assustados e me deparei com a arma apontada pra minha cabeça. A médica que um dia salvara a minha vida, ameaçava agora tirá-la. Kushina havia chegado do plantão e com os olhos vermelhos derramando-se em lágrimas segurava a arma engatilhada com as mãos trêmulas.

— Kushina... Você pode disparar isso acidentalmente, por favor, vire-a para o lado... — eu a alertei, me erguendo e me encostando à cabeceira da cama com as mãos levantadas em sinal de rendição.

— Não... — ela meneou a cabeça negativamente, após fungar com força. — Ela não vai ser disparada acidentalmente, Kakashi. Não se preocupe.

— Vamos conversar. — eu sussurrei meu pedido. Olhando para o Naruto que dormia em sono profundo ao meu lado.

— Eu não devolvi sua vida, desgraçado, pra você fazer esse tipo de coisas com o meu filho!

— Kushina, não é o que está pensando. Vire essa arma para lá, por favor.

— Tem sangue no lençol e nas pernas dele. Há quanto tempo você faz isso, seu pervertido? Desde quando está violentando o meu filho?! — ela gritou, o estampido da bala zumbiu em meus ouvidos. Tudo foi muito rápido.

A dor que senti ao ser atingido foi insuportável. Naruto tinha apenas dezessete anos. Primeiro ano da faculdade de cinema, o sonho dele era ser ator. Naquele momento, ele acordou e se colocou na minha frente bem no momento do disparo. A bala atravessou direto sua cabeça e ainda atingiu o meu olho esquerdo.

Por eu ser um ex-militar e ter muitos conhecidos influentes no governo, o caso foi engavetado rapidamente. Não houve investigação, nem corpo de delito, nada. A causa da morte do Naruto fora dada somente como acidental. Para a minha sorte, Kushina enlouqueceu após o disparo que matou o único filho e agora estava presa em um sanatório.

— Parece que as tragédias me perseguem, pai. — falei, deixando o ramo de flores sobre o túmulo dele e seguindo para o túmulo do Naruto, onde vi a jovem de cabelos rosa ao lado de outro garoto que tinha uma expressão indiferente.

Ele ergueu seus olhos negros para mim e eu o encarei com o único olho que agora me restava, já que o outro havia se perdido e estava encoberto por tapa-olho.

— Kakashi-san?

— Sakura-chan?

— Eu sinto tanto... — ela disse, indo ao meu encontro e me abraçando forte. Tive uma sensação de Dejavú quando fitei aquele rapaz de tez tão inexpressiva por cima de Sakura. Os olhos negros dele estavam fixos em mim, a pele branca e os cabelos em um corte desregular lhe davam um ar de rebelde... Nunca tinha visto um rapaz com o rosto tão bonito quanto o dele.

E o mais estranho, ele não tirou os olhos de mim.

— Ah, esse é um amigo meu e do Naruto. — Sakura falou, ao se desvencilhar do abraço. — Acho que o senhor ainda não o conhecia, ele é de outro curso. Uchiha Sasuke-kun, esse é o padrasto do Naruto, Hataki Kakashi-sensei.

— O Naruto falava muito bem do senhor. — ele comentou, tirando a mão de dentro do bolso da calça do terno e unindo-a a minha em um aperto firme.

Não era mais impressão, o toque da sua mão fez cada fibra do meu corpo vibrar. Aqueles olhos negros pareciam ver através a minha alma e ouvir o meu coração que chorava por ele. Mais do que isso, ele parecia desejar insanamente aquele coração dilacerado que ainda teimava em pulsar por aquela perda...

Fim.


[1] Suman – abreviação de “sumimasen’, que significa “sinto muito”, “desculpe-me” ou ainda, “com licença”.

Notas finais do capítulo

Olá, Minna!
Sei que estou em débito com as outras fics. Mas já vou alertando, não deixei de lado os meus outros trabalhos pra escrever essa. Na verdade, tenho essa KakaNaru pronta há mais de um ano, e só resolvi postar agora, para atender o pedido da Iara, no grupo "Fanfic Brasil" no facebook.
Espero que tenham curtido!
Quanto aos meus outros trabalhos, pretendo atualizar A Crise ainda essa semana.
Abraços!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Também

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...