Capítulos: Prólogo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Epílogo
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Lemon, Mistério, Romance, Suspense, Terror, Tragédia, Universo Alternativo, Yaoi
Classificação: 18 anos
Status: Completa
Resumo: Sinopse: Japão, 1890, transição do período Edo para Era Meiji, um jovem brilhante e recém formado investigador é incumbido de um caso estranho em um povoado afastado do grande centro urbano do país. Descrente da causa que estava motivando a série de assassinatos no tal vilarejo, ele segue para o local, certo de que iria desmascarar algum falsário psicopata, e ganharia, enfim, seu lugar de destaque na policia da capital. Contudo... Queria o destino que o mal que aterrorizava aquela região, não fosse uma mera crendice popular. [ItaNaru. Shota. Yaoi. + 18. Drama. Terror. Suspense. Sobrenatural. Lemon.]
Redenção
Revisado por Blanxe
Capítulo 9 – Ardor
“A desgraça é variada.
O infortúnio da terra é multiforme e
estende-se pelo vasto horizonte como o arco-íris.
Suas cores são como as deste, variadas, distintas e,
contudo, intimamente misturadas.”
[Berenice – Edgar Allan Poe]
Itachi entrou no quarto de Naruto acompanhado daquela pessoa estranha que agora parecia uma junção de Kabuto e do funerário Orochimaru. Ainda não acreditara naquela história de possessão; o adolescente poderia estar apenas interpretando ser o homem com o qual convivera muito tempo e, por isso, conhecia bem os trejeitos.
― Eu vou ficar lá fora — ele falou, voltando para a porta. — Já sabe o que tem de fazer. E, lembre-se, Itachi-kun, que a vida de três... Não, digo, a vida de quatro crianças, afinal, a vida desse garoto... — apontou para a criança desacordada na cama. — deve ser importante pra você também, assim, quatro vidas estão em risco caso não conclua aquilo que conversamos.
Itachi manteve a inexpressão em sua face e não moveu um músculo facial sequer em resposta a ameaça do rapaz que deixou o cômodo, após sorrir-lhe daquele jeito escancarado.
Kabuto dissera-lhe que despejara, em torno da casa, um produto altamente inflamável, o qual “ele mesmo” — Orochimaru — havia desenvolvido à base de querosene. E que bastava uma pequena fagulha para fazer a funerária virar uma gigantesca fogueira.
Os dois haviam tido uma conversa elucidativa, apesar de o jovem investigador não crer em tudo que lhe fora exposto.
Aproximou-se do leito e admirou a criança adormecida. Sentou-se à beira do colchão que afundou devido à diferença de peso e elevou a mão para tocar com a ponta dos dedos o rosto empalidecido. Sentiu uma estranha energia estática que emanou da pele do menino provocando uma sensação parecida com um formigamento, no instante seguinte, os olhos azuis se abriram.
— Nii-san... — a voz enfraquecida chamou.
— Está com fome? — o investigador perguntou, massageando o pulso. Recebeu um meneio de cabeça como afirmação e, conforme fora orientado, estendeu o punho na direção da boca dele. — Sabe o quê fazer? ― inquiriu, olhando-o fixamente.
Os olhos azuis se mortificaram, mas continuaram atentos aos do rapaz diante deles. As mãos menores saíram debaixo do cobertor e seguraram o antebraço que lhe era exposto e quando boca da criança se abriu, mostrando uma fileira de dentes antes retos ganhando formas pontiagudas, Itachi sentiu, pela primeira vez, pavor. Naruto era mesmo dotado de poderes sobrenaturais conforme o dono da funerária lhe explicara, por mais que relutasse em crer.
Retesou-se quando as presas afiadas roçaram a pele do seu braço, mas foi no ato que elas adentraram sua carne com facilidade, que achou que iria desfalecer. A dor era insuportável. Agulhas. A sensação era como se fossem finas agulhas aquecidas no fogo que provocaram além da ardência do corte, um torpor nauseante. Itachi tentou desconectar sua mente daquela dor insana, trincou os dentes e apertou o antebraço como se quisesse interromper o fluxo sanguíneo em suas veias e assim o garoto parasse de sorvê-lo como se fosse o leite de um seio materno. Respirou com dificuldade, não conseguindo mais equilíbrio, aquela agonia já latejava em sua cabeça. Inclinou-se até seu rosto ficar próximo ao do garoto e pediu com uma voz vacilante: — Che-chega, Naruto...
Os olhos do loiro se abriram e Itachi notou as íris antes azuis transparentes serem tingidas de rubro. O garoto não fez menção de soltar imediatamente e o investigador debateu-se, prevendo que iria desmaiar.
― Chega. — pediu novamente entre os dentes trincados. — Por favor, chega!
O garoto piscou algumas vezes e o vermelho dos olhos se dissipou. Itachi sentiu os dentes retroagirem da sua carne, causando uma dor ainda mais angustiante, porém segurou o grito que ameaçava escapar da sua garganta, buscando respirar. Assim que sentiu o braço livre, puxou-o para si e estacou o ferimento com uma das mãos. Vacilou por um instante antes de olhá-lo e, quando o fez, observou, com espanto, as marcas precisas da arcada dentária em sua pele. Mas não havia vestígios de sangue, pois o local em volta do ferimento havia escurecido como se fosse uma queimadura que entrara em processo de cicatrização.
—Nii-san, daijoubu?
A pergunta preocupada fez Itachi voltar sua atenção para o menino no leito. Naruto empurrara os lençóis para o lado e sentara-se sobre as próprias pernas exibindo o corpo sem nenhuma vestimenta. Não havia cicatrizes no menino, que mudara de cor rapidamente e reluzia uma tonalidade bronze, que parecia ter sido adquirida nos dias ensolarados de primavera. O loiro aparentava estar saudável e não a criança pálida de momentos atrás. Ele sorria, expondo os dentes brancos e lineares, exceto pelos caninos.
— Sou eu quem pergunto: você está bem, Naruto?
— Sim! ― o garoto afirmou. ― Estou bem. — disse, coçando o nariz com o dedo indicador e aumentando o sorriso. — Feliz por ter vindo me buscar, Itachi-nii-san!
Ao ver aquele sorriso, Itachi esqueceu-se momentaneamente da dor no pulso e daquele receio estranho que ameaçara consumi-lo há pouco. Quase sentiu vontade de sorrir também, algo que não se recordava ao certo de como se fazia. Aproximou-se com cuidado de Naruto e tocou novamente aquele rosto infantil irradiado pela alegria de simplesmente vê-lo ali. Acariciou-o e percebeu o garoto fechar os olhos, aproveitando-se do afago como se fosse um gato manhoso. Sem mais receios, o moreno puxou Naruto para si e envolveu o corpo menor em seus braços, apertando-o junto a si.
O garoto retribuiu o abraço, envolvendo as costas do mais velho com seus braços menores e, por estar com a cabeça descansada sobre o peito do adulto, notou o quão acelerado estavam os batimentos cardíacos dele.
― O coração do nii-san... Tá batendo rápido. — ele observou inocente.
Itachi afirmou com um resmungou e apertou um pouco mais o garoto contra seu corpo, espalmando as mãos nas costas nuas dele. De repente, as palavras de Kabuto ressoaram em sua mente mais uma vez:
“De acordo com os ensinamentos da Igreja, o pecado originou-se em Adão e Eva. Por causa deles, fora determinado por Deus que todo ser humano nasceria e morreria pecador. Todavia, esse mesmo Deus, todo misericordioso, resolveu dar uma segunda chance aos humanos, enviando seu próprio filho a Terra para ser o grande salvador. Mas o Messias foi torturado e morto pelos “irmãos” e, mesmo assim, antes de morrer, ele pediu ao pai para que perdoasse seus “irmãos”, livrando-nos desde então, do pecado original de Adão e Eva. A partir daquele momento, os humanos adquiriram o direito de redimir dos próprios pecados. Podendo assim, alcançar o descanso eterno no paraíso. Ou seja, mesmo que um ser humano cometa pecados durante sua vida toda, se em algum momento ele se arrepender, terá o direito de se valer da misericórdia divina e ser salvo. Mas, há exceções.”
“Como toda regra”, Itachi comentou, depois de observar que o rapaz detivera a explicação para fitá-lo como se esperasse dele alguma curiosidade.
“Exato. Para todas as regras existem exceções e nas leis divinas não é diferente. Os seres humanos podem sim, se redimirem dos pecados cometidos em vida, excetos aqueles que nascerem de um pecado irretratável.”
“E qual seria esse crime?”
“Não haverá salvação para as criaturas concebidas pela quebra do celibato de um padre, por exemplo...”
Os olhos de Itachi aumentaram, mas ele não interrompeu a explicação de Kabuto.
“De acordo com as normas da Igreja, um padre quebrar seus votos de castidade é o mesmo que repetir o pecado original de Adão e Eva. Foi assim que Naruto foi concebido. Os pais dele abdicaram da misericórdia divina para viverem o amor que sentiam. Eles e nem aqueles que tiverem seu sangue, poderão mais alcançar o paraíso eterno. Desta forma, uma alma como a de Naruto nasce condenada ao inferno. E o outro lado, aproveitando-se desse novo ente, o presenteia com dons surpreendentes e totalmente sobre-humanos para assim fazer dele um ser apto a conduzir mais almas humanas ao inferno... Mas há um “porém”, para receber esses dons por completo, o presenteado necessita aceitar o lado das trevas e para isso existem duas formas. A primeira: matando e sentindo o prazer em consumir a carne do pecador. A segunda forma é sentindo prazer ao ser tomado sexualmente ainda na pureza da infância. Como pôde perceber, está tudo ligado ao consumo da carne...”.
O investigador raciocinou rapidamente, pelo que entendera, o tal Orochimaru queria despertar o poder do demônio e, como ele não conseguia fazer com que Naruto consumisse carne humana, ele iria tentar da outra forma...
“E porque você acha que eu faria isso para despertar um monstro?”
“Porque você o ama, Itachi-kun.”
A resposta direta do outro, fez o Uchiha arregalar os olhos mais uma vez.
“Acha que eu o... amo?”, perguntou, alternando sua expressão de surpreso, para indiferente. Contudo, o sorriso sarcástico que brotou nos lábios do adolescente à sua frente que agora tinha os olhos estranhamente dourados, fê-lo perceber que não conseguiria enganá-lo facilmente.
“Se não o ama, mate-o”, Kabuto o desafiou.
“Acabou de me contar que nenhuma arma humana é capaz de matá-lo”, Itachi rebateu rapidamente.
“Armas humanas, não”, o rapaz concordou. “Todavia, como acabamos de conversar, para tudo existe exceções. Que nesse caso, é você, Itachi-san.”
O rosto do rapaz moreno se contraiu.
“Demônios só podem ser mortos por demônios, essa é a regra”, Kabuto explicou sem rodeios, antes mesmo que Itachi o questionasse.
O desentendimento do investigador foi captado pelo adolescente que, mantendo o sorriso na face, explanou:
“Sua família provém de uma linhagem de ‘Pregadores’, Itachi-kun. Antes que me pergunte o que é isso, irei lhe responder: os Pregadores têm a sua concepção igual a de Naruto, a diferença é que o genitor, ou o padre que quebrou o celibato, se arrepende da sua má conduta e entrega seu filho para ser domado pela Igreja. Essa criança, a única com o poder de matar um ser concebido da mesma forma que ele, é enganado e induzido a se tornar um assassino da sua própria espécie com a desculpa de que um dia alcançará a redenção divina. O que é pura mentira; óbvio. Como disse anteriormente, um demônio jamais ganhará o reino dos céus, por mais que se arrependa, por mais que não cometa pecado algum em vida e por mais que sirva a Igreja fielmente. E seu pai, meu caro Itachi, vem de uma linhagem de Pregadores muito antiga. Ele, na realidade era um Pregador antes de morrer e é por ser o filho dele que está aqui. Você também é um cachorrinho da Igreja, mesmo que ainda não tenha feito seus votos de servidão. Talvez, esse seja seu teste de aptidão. Sua verdadeira missão nessa vila é matar um ser da sua espécie. Adivinha quem? O garoto adormecido e enfraquecido naquela cama...” ele concluiu explicação em um tom teatral e de deboche.
“Acha mesmo que pode me convencer com toda essa ladainha sem sentido? Meu pai um Pregador? Como você saberia disso se eu que sou filho dele nunca ouvi falar?”
“Porque a Igreja exige total sigilo quanto ao assunto.”
“Meu pai não tinha nenhum poder, senão ele não teria morrido”, continuou sério.
“Claro que ele não tinha. A Igreja não permite que seus pregadores se tornem demônios completos. Muitos deles nem sabem do dom que podem despertar. Sabe como foi descoberto que a quebra da castidade desperta os poderes das trevas nos Concebidos, Itachi-kun? Quer chutar?”
O rapaz meneou a cabeça em um ‘não’, mesmo que no fundo, imaginasse a resposta.
“Foi quando um desses ‘homens de Deus’ abusou de um menino Concebido e acabou acordando na manhã seguinte com as entranhas devoradas... ha, ha, ha! Digo, ele não acordou nunca mais... ha, ha, ha! Não é engraçado? Quer dizer... Não é tão engraçado em se tratando do pobre garoto que foi morto em seguida pelos seus próprios familiares, mesmo ele sendo uma vítima; uma mera criança que foi violentada e ainda morta bruscamente...”, Kabuto suspirou. “Voltando ao nosso assunto, Naruto se nega a consumir carne humana, por isso estamos tendo dificuldade em torná-lo completo. Assim, o atraímos até aqui, Itachi-kun. O garoto está fascinado por você. Tome-o e ele terá os poderes.”
“Eu sou igual ao Naruto?”
“Não exatamente. Você não nasceu de um padre, Itachi-kun. Seu pai era um investigador de polícia. Mas você pertence a uma linhagem de um padre que cometeu o injurio há muito tempo atrás. Ou seja, o pecado que circula em suas veias foi se diluindo com o passar de geração para geração. Não desanime. Isso não significa que você não tenha os dons das trevas, tem, mas a manifestação é mais singela. Além do que, pelo fato de não ter jurado lealdade a Igreja, se quiser, a tempo de despertar e tornar seu poder mais significante.”
Itachi retirou os braços de Naruto em torno do seu corpo e o empurrou até deitá-lo na cama. Sabia o que tinha que fazer.
— Naruto... — falou, percebendo ele direcionar aquele olhar grande e confuso para si. — Você me perguntou aquela noite se eu iria fazer o mesmo que ele fez, lembra?
O garoto balançou a cabeça afirmativamente.
— Mas, na verdade, o Orochimaru não conseguiu fazer nada, não foi?
— Não.
— Você o machucou?
Ele respondeu que ‘sim’ com a cabeça novamente.
— Certo.
Itachi ergueu-se da cama.
— Aonde vai, Itachi-nii-san?
— Lugar nenhum. — garantiu, despindo-se do casaco que vestia, do paletó, da gravata, da camisa, dos sapatos, das meias, do cinto, da calça e da roupa íntima, ficou totalmente nu. Itachi agora entendia porque Naruto ouvira seu coração batendo tão facilmente, era capaz de senti-lo esmurrando o peito. A idealização do que tinha que fazer é que causava aquela adrenalina. O que iria fazer não era apenas transar com alguém do mesmo sexo, iria transar com uma criança, um menino inexperiente, um ato que iria despertar nele um lado demoníaco.
Subiu novamente na cama e tocou o rosto do loiro, percebendo-o corar, certamente, por ter se despido diante dele.
— Naruto, eu vou fazer amor com você.
— Fazer... amor? — ele perguntou confuso. — O que é isso?
— É... — o adulto aproximou-se do rosto dele e depositou a mão sobre o peito do menino. — Não é algo que dá para explicar bem com as palavras, é algo que se deve sentir.
— Se for com o nii-san, eu deixo fazer amor comigo.
O homem moreno sentia as batidas cadenciadas no peito de Naruto, da mesma forma que pôde constatar o quanto aquela pele era macia. Itachi segurou o queixo do menor e seus lábios seguiram de encontro aos dele, quando sua boca tocou a dele sentiu seu interior se comprimir. Foi tomado por um desejo crescente e não conseguiu conter o beijo mais avançado, de forma faminta e com a língua. O calor o tomou rapidamente, fazendo seu baixo ventre formigar. Deixou-se agir por puro impulso, substituiu sua boca pelos dedos, enquanto desceu os beijos úmidos para o pescoço, tórax e mamilos do loiro. Perturbou-se ainda mais quando percebeu Naruto reagindo positivamente aos seus toques. A cada carícia sua, ele gemia, se contorcia, exprimia o pequeno membro entre as pernas que se friccionavam uma na outra.
Itachi parou ao notar a pequena ereção despontada. Olhou o rosto ruborizado, ele ainda tinha os olhos azuis celestes que tanto admirava. Segurou o pênis dele pela base e massageou usando apenas três dedos, fazendo movimentos de subida e descida, até a glande ser descoberta. Ao ver aquela parte avermelhada exposta e o líquido perolado brotando do pequeno orifício, não segurou a ânsia de experimentar o gosto que ele tinha, lambeu aquela região com a ponta da língua e nos segundos seguintes, já estava com a ereção dele toda na boca, sugando-a de forma cadenciada.
Naruto se contorceu embaixo de si, apertou os lençóis entre suas mãos e gritou.
― Ahhhh! Nii-sannnn! Ahh!
A boca de Itachi se encheu do orgasmo do menino, mas ele não engoliu todo o gozo, deixou um pouco escapar da sua boca e escorrer para debaixo dele. Espalhou o líquido que serviria de lubrificante e invadiu o orifício do menor com um dos dedos, enquanto ele ainda arfava do orgasmo que tivera, não demorou muito e percebeu o membro se erigindo novamente. Naruto não protestara; enfiou mais um dedo. Seu corpo também reagia, estava ardendo, sentia-se totalmente excitado e aquela era a pior das constatações. Desejava mais do que tudo fazer sexo com aquela criança, mesmo que fosse errado. Por mais que aquilo parecesse insano, demoníaco...
―Nii-sann... Tô sentindo de novo! Tá vindo de novo!
Mais uma vez o líquido espirrou do pequeno órgão, desta vez, sujando o rosto do investigador, enquanto ele sentia seus dedos serem comprimidos pela contração do interior dele. Retirou-os com cuidado quando os espasmos acalmaram. Passou a mão no rosto e limpou a sujeira feita por ele; aproximou-se do rosto do loiro, notando a respiração quente que deixava os lábios avermelhados de tanto serem pressionadas.
― Crianças são tão impacientes... Abra a boca. ― pediu, mostrando sua mão suja do sêmen dele mesmo. Naruto abriu e pôs a ponta da língua para fora, como se já entendesse o que tinha que fazer lambeu o seu próprio orgasmo.
E como Itachi lutou. Lutou contra seus próprios instintos, contra a força da excitação que o atingia de forma agressiva. Seu membro latejava tanto que a sua razão por muito pouco não se esvaneceu, fazendo-o agir por impulso e tomar o garoto de forma intensa. Arremetendo com furor para dentro dele o seu órgão maduro enrijecido, fazendo-o percorrer em um vai e vem frenético por aquele canal estreito e quente os quais seus dedos experimentaram há pouco. Notou os olhos ainda azuis, o que indicava que não tinha feito o suficiente.
― Parece que não terá efeito, se o ato não for consumado.
― O quê, nii-san? — o menino perguntou, arfante.
Itachi balançou a cabeça em um não e os olhos azuis ficaram parados nos seus por algum tempo, talvez, buscando entender o que realmente estava acontecendo. O moreno sorriu com os lábios pressionados e pensou: “Pecador ou não. Pregador ou não. Demônio ou não. Não importa, enquanto formos capazes de sentir nossos corações, enquanto estivermos vivos e formos capazes de sentir, ainda poderemos ser chamados de humanos...”.
— Eu já tomei a minha decisão.
...
Iruka era encarado com espanto pelo homem de cabelos prateados com um tampão em um dos olhos e vestido com uma Yukata[1]. Havia conseguido escapar com o garoto da cela graças ao assassino que Orochimaru contratara e que acabara sendo seu próprio chacal. Viajara quatro horas, sem parar a cavalo, mas ao chegar à delegacia pedindo por ajuda, disseram-lhe que o responsável pela jurisdição de Konoha já havia encerrado o expediente àquela noite. Não foi fácil convencê-los de lhe fornecer o endereço do tal Kakashi, mas após anunciar que era um caso de vida ou morte, conseguiu um oficial para acompanhá-lo até a residência. Agora, estava diante do homem.
— Um... padre?
— Ajude-me... — falou, sentindo os joelhos tremerem.
O homem que analisava com morbidez o visitante e o colega oficial, ao perceber que ele culminaria no solo, antecipou-se e apanhou a criança do seu colo, aliviando-o do peso.
— Por Deus, o que está havendo aqui?! — perguntou, entrando com a criança nos braços e depositando-o sobre o sofá da sala, em seguida, voltou para a porta e ajudou o outro a entrar.
— Desculpe-me, Kakashi-san, mas ele insistiu e...
— Não se preocupe, pode ir. Eu cuido disso.
O rapaz bateu continência e se retirou, fechando a porta.
— Está ferido? — Kakashi perguntou ao rapaz. — De onde é esse sangue? Seu? Do garoto?
Iruka entreabriu os lábios, mas não conseguiu proferir uma palavra sequer, a exaustão de repente o venceu e, mesmo querendo manter-se lúcido, sua cabeça girou e acabou desfalecendo nos braços do policial.
— Ei, chooto! Ei!
Algumas horas depois, Iruka despertou apavorado. O aconchego daquele ambiente contrastava com seu desespero interior. Levantou-se rápido e teve que amparar a cabeça com ambas as mãos tentando controlar a vertigem que o assolou, só não caiu, pois sentiu suas costas baquearem contra um peito e, em seguida, braços o envolveram.
— Ainda está fraco, é melhor manter-se deitado.
O rosto do seminarista aqueceu-se imediatamente e ele se debateu, afastando-se daquela aproximação.
— O que pensa que está fazendo?!
— Impedindo-o de cair?
— Onde estou?! Onde está o garoto que eu trouxe? O que fez com ele seu perver-...
Houve um estalo e Iruka cobriu com uma das mãos o lado do rosto que fora esbofeteado.
— Recomponha-se, homem. — Kakashi pediu. — O garoto está no hospital. Chamei um médico, ele disse que o jovem precisava ser medicado e reidratado imediatamente. Estava quase morto. Ele também o examinou, mas disse que você estava fora de risco, mesmo assim, receitou algumas vitaminas — enquanto falava, ele foi até a bandeja que havia deixado na mesa no centro da sala e apanhou um copo de água e os comprimidos de um frasco. — Tome.
— Eu não tenho tempo para isso! — Iruka empurrou a mão do homem, rejeitando os comprimidos. — Eu vim atrás de ajuda! Eu preciso salvar uma pessoa...
— Se você não estiver recomposto, não poderá salvar ninguém!
Iruka inspirou, buscando controlar o nervosismo e, ainda relutante, apanhou o medicamento, engoliu e tomou o copo de água em um só gole. Estendeu-o de volta ao homem, que suavizou o semblante, estreitando o único olho exposto e lhe sorrindo amavelmente.
— Agora sim, pode me contar o que está havendo.
— Eu vim da Vila da Folha.
— Konoha ka? — o homem perguntou, mudando a expressão imediatamente, talvez, compreendendo agora o apavoramento do padre e a gravidade do problema.
— Isso. — Iruka assentiu. — Eu e o governante estivemos aqui na capital meses atrás em busca de auxílio. Voltamos com a promessa de que mandariam um investigador para nos ajudar no caso de assassinatos misteriosos que estavam ocorrendo na Vila. Realmente ele foi enviado. Mas a carruagem do investigador foi atacada na estrada a caminho da vila. O irmão dele desapareceu, talvez, até já esteja morto. O próprio rapaz estava ferido, eu tomei conta dos ferimentos dele e, assim que ele se recuperou, começou a investigar o caso... Mas agora... Agora ele corre risco de vida...
Iruka percebeu o rosto daquele homem se contrair.
— Quem é esse investigador, padre?
— Uchiha, Uchiha Itachi.
O delegado se levantou.
— Não pode ser.
— Não?
— É uma história longa. Mas é melhor que eu conte no caminho para essa vila. Você está se sentindo melhor, padre?
— Sim. Claro que sim. — ele afirmou, erguendo-se também.
— Então é melhor nos apressarmos.
— Certo!
...
Nas ruas de Konoha, o homem que carregava uma enorme espada nas costas e três cabeças puxadas pelos cabelos em uma das mãos, andava, causando pânico os moradores.
— É a cabeça do Hokage-sama! — um dos moradores gritou.
— Deus nos proteja! É o demônio!
— Não é um demônio, é um assassino!
— Desgraçado, o que você fez ao nosso governante!
Três homens munidos de espadas correram na direção do forasteiro que com apenas uma das mãos, sacou a zambatou em suas costas e, em um movimento circular, decapitou os três de uma única vez. A gritaria se propagou e os moradores começaram a correr e a se fecharem em suas casas, clamando por socorro.
— Eu só quero saber, onde é a residência de um verme chamado Orochimaru. Digam-me e eu partirei em busca dele. Caso prefiram o modo difícil, eu começarei a arrancar cabeças, até que me dêem a resposta.
O velho que andava apoiado em uma bengala e tinha um dos olhos cobertos por um tapa-olho, aproximou-se do assassino, detendo-se na sua frente.
— Danzou-sama, se afaste! Esse cara é um monstro!
— Não digam bobeiras. Já que Asuma está morto, eu sou o candidato mais óbvio a substituto dele ao cago de hokage. E como novo governante da vila, eu tenho que proteger a população; não vou permitir o caos. Se o seu alvo é aquela aberração, venha comigo, mostrarei com prazer onde ele mora.
...
— Pelo jeito, a guerra vai começar... — Kabuto observou, tendo uma visão ampla da floresta no teto da funerária, aonde havia se escondido e também, amarrado a menina loira que não parava de chorar. Havia uma trilha de tochas se formando em meio à escuridão da floresta, que era refletida nos óculos do jovem. — Parece que o Zabuza-san conseguiu um bom apoio. Que irônico. Apoio justamente daqueles que, provavelmente, tiveram seus entes decapitados por ele... — o homem abriu um grande e débil sorriso.
— Eu quero descer, nii-san! Estou com medo! — a menina pediu, apavorada.
O rapaz a olhou sobre o ombro e dali, a visão que teve fora motivadora. O vento da noite soprava os cabelos loiros e o rosto banhado em lágrimas dava a bela criança um brilho quase angelical. Ele se aproximou, segurou o queixo dela e escorreu a língua pela face delicada, o que fez a garota estremecer.
— O medo é mesmo um alimento sem igual — ele constatou, aumentando o sorriso. — Escute-me, criança. Se não quiser fazer uma viagem daqui até o chão, é sensato que mantenha essa boquinha fechada... — disse, pressionando o dedão sobre os lábios da menina. — Isso, desse jeito, fechada.
A garota arregalou os olhos azuis claros, fungou, engoliu em seco e estancou o choro quase de imediato.
— Melhor assim. — ele a motivou, voltando a andar sobre o teto e notando que os moradores, acompanhado do assassino, começavam a se deter diante da capela, munidos de armas improvisadas como: inchadas, foices, facões, paus e pedras. À frente deles, o assassino Zabuza com sua monstruosa zambatou e ao lado dele Danzou.
— Parecem que vieram preparados para uma festa e tanto! — gritou de onde estava, tomando a atenção de todos os olhares para si.
— Você sabe atrás do que viemos, garoto! Nos entregue o demônio!
— Deixe-me ver... — Kabuto cantarolou em tom zombeteiro, olhando atrás de si e dentro de suas roupas, então ergueu as palmas das mãos para cima e completou: — É, parece que não estou com ele nos meus bolsos.
Uma pedra voou na direção do jovem, a qual ele conseguiu desviar a tempo, com um mover rápido de cabeça.
— Isso não foi nada cortês.
— Não estamos de brincadeira, Kabuto! — anunciou Danzou. — Já sabemos que o monstro está escondido aqui! Seu mestre está morto, não tem mais porque continuar com isso sozinho. Renda-se e nós pouparemos sua vida.
— Meu mestre... morto? Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha! Vocês seres inferiores são mesmo engraçados, hã?
— Está duvidando, verme? — Zabuza se manifestou. — Eu mesmo cortei aquele desgraçado, cara de cobra, ao meio!
Kabuto acalmou a risada e limpou as margens dos olhos com a ponta dos dedos, certo de que um grupo como aquele, jamais entenderia o milagre que era compartilhar da alma de outra pessoa.
— Certo, certo... Deixando o momento cômico de lado, se desejam tanto assim o nosso pequeno monstrinho, façam bom proveito, ele está dentro da casa.
— Muito fácil. — resmungou o homem que se auto-proclamara substituto do governante. — É uma armadilha.
— Isso não me importa! — Zabuza bradou, retirando a zambatou de suas costas e movendo-a no ar, fazendo os moradores se afastarem assustados. — A única coisa que quero é a cabeça daquele monstro.
O homem avançou em direção à porta com a intenção de ganhar impulso e derrubá-la na força, mas o barulho de trancas se abrindo fez com que ele desacelerasse da corrida e freasse diante do patamar que se abria. Todos voltaram seus olhos assustados para a mesma direção, a porta aberta revelava apenas uma escuridão sombria, de onde podiam ouvir o barulho de passos estalados no chão de pedra se aproximando. Até que surgira na escuridão dois pares de olhos flamejantes que continuavam seguindo na direção deles. Os moradores, em polvorosos, empunharam suas armas, trêmulos.
Zabuza manteve-se no mesmo lugar, acreditando que não deveria ser um monstro devido à tranquilidade com que vinha caminhando. Esperaria que ele fosse revelado pela claridade das tochas antes de tomar qualquer atitude. Porém, nem todos conseguiram manter a frieza e o equilíbrio diante do desconhecido e alguns dos homens da vila começaram a incitar ao ataque.
— É o demônio! Vamos pegá-lo!
— Vamos! — alguém concordara e as pedras começaram a trepidar na parede da construção.
Mas quando o grupo ameaçou avançar, Zabuza estendeu seu braço com a espada, criando uma barreira para que eles se mantivessem onde estavam.
— Esperem. É apenas um homem e uma criança.
— Como?!
— Não pode ser...
Logo perceberam que o homem à frente deles tinha razão, as duas silhuetas ficaram claras ao transpassarem a entrada de madeira e notaram que eles não tinham nada de monstros; era apenas o rapaz da cidade, segurando na mão de uma criança loira e sem roupas. Até os olhos flamejantes parecia ter sido uma ilusão de ótica criada talvez pelo o reflexo das chamas que eles próprios seguravam.
Do alto da Catedral, Kabuto crispou os punhos, sentindo uma fúria imensa invadi-lo, ao notar que Naruto não havia sofrido nenhuma mutação, o que tudo indicava que Itachi não cumprira o combinado. “Fraco” ele resmungou entre os dentes. “Eu não acredito que esse investigadorzinho não concluiu o que combinamos!”, exclamou em seus pensamentos.
Os olhares de Zabuza e Itachi se encontraram e se contemplaram por um breve instante. O assassino só os moveu para visualizar a mão que segurava firmemente a da criança nua, no processo, encontrou com os orbes claros e curiosos do menino estatelados sobre si. Fora impossível não lembrar-se do seu Haku e de quando o encontrara largado no meio da estrada, quase à beira da morte, em pleno inverno rigoroso, vestido apenas com trapos puídos. Nunca sentira pena de nada e de ninguém e naquela época não foi diferente. O que lhe atraíra para Haku foram os olhos. Os olhos que mesmo tão jovens, transmitiam todo o amargor da vida miserável que ele tinha tido até então. O garoto, mesmo diante de um bandido, não demonstrara nem um vestígio de medo. Era o contrário, naquela época, Haku parecia ansiar pela morte mais do que qualquer coisa...
E era exatamente aquela sensação que o invadia naquele instante, diante daqueles dois: fascínio. Fascínio por aqueles olhares que não expressavam nada de humano. Não havia medo, receio e nem temor nas duas faces à sua frente, mesmo perante a tantas pessoas em fúrias. Um sorriso desenhou-se por debaixo da máscara que encobria metade da face do assassino e ele sentiu um tremor percorrer-lhe, mas teve certeza de que não era apenas o instinto peculiar de defesa, mas sim, a ansiedade de imaginar o poder que aqueles dois poderiam lhe mostrar...
Continua...
[1] Yukata (浴衣) é uma vestimenta japonesa de verão. Geralmente pessoas usando yukatas são vistas nos festivais japoneses e nos festivais de fogos de artifícios (hanabi) e outros eventos tradicionais de verão. É uma forma casual de quimono e é frequentemente usado após o banho em hotéis tradicionais (ryokans) e em onsens. A palavra yukata significa literalmente roupa de banho. Yukatas podem ser usados por homens, mulheres ou crianças.
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