Capítulos: Prólogo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Epílogo
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Lemon, Mistério, Romance, Suspense, Terror, Tragédia, Universo Alternativo, Yaoi
Classificação: 18 anos
Status: Completa
Resumo: Sinopse: Japão, 1890, transição do período Edo para Era Meiji, um jovem brilhante e recém formado investigador é incumbido de um caso estranho em um povoado afastado do grande centro urbano do país. Descrente da causa que estava motivando a série de assassinatos no tal vilarejo, ele segue para o local, certo de que iria desmascarar algum falsário psicopata, e ganharia, enfim, seu lugar de destaque na policia da capital. Contudo... Queria o destino que o mal que aterrorizava aquela região, não fosse uma mera crendice popular. [ItaNaru. Shota. Yaoi. + 18. Drama. Terror. Suspense. Sobrenatural. Lemon.]
Redenção
Capítulo III — Konoha
Revisado por Blanxe
“Olhai!
A Morte edificou seu trono numa estranha cidade solitária,
por entre as sombras do longínquo oeste.
Lá, os bons, os maus, os piores e os melhores,
foram todos buscar repouso eterno...”
(A cidade do Mar – Edgar Allan Poe)
Iruka levantou-se mais cedo do que habitual, — antes do sol nascer —, e saiu para alimentar os animais; aproveitando para apanhar ovos e leite fresco. A chuva havia cessado e pelo céu limpo, percebera que o dia seria claro, propício para a viagem até a vila. Entrou novamente na residência e preparou o café da manhã, arrumando os alimentos sobre a mesa. Quando estava quase tudo pronto, ouviu o cumprimento do seu hóspede, que adentrava o recinto com o ar ainda sonolento.
— Bom dia.
— Bom dia – o respondeu, abrindo um sorriso. – Sente-se e sirva-se, por favor. Dormiu bem?
— O banho quente e o chá foram excelentes calmantes, dormi melhor do que eu imaginava. – Itachi confessou, puxando uma das cadeiras da mesa e acomodando-se.
— Fico feliz. Como está o ferimento? Vejo que encontrou suas roupas também – o homem observou.
— Quase não sinto mais dores ao pisar – Itachi respondeu a primeira pergunta e logo acrescentou a resposta da outra: — Encontrei as roupas sobre aquela cama vazia ao meu lado. Agradeço por estar fazendo tanto por mim, padre.
O Seminarista apenas meneou a cabeça e serviu ao rapaz café em uma caneca. Itachi estranhou a refeição naquela mesa: ovos, panquecas, frutas, mel, pães, leite, queijo, café. Não era um café da manhã tipicamente japonês. Lembrava-se de se alimentar daquela forma no período que esteve estudando na Europa. Aliás, todo aquele lugar – o Seminário, a capela e a casa – não tinham nada da arquitetura oriental. As portas não eram de correr e sim, com maçanetas. Não havia tatame e os quartos tinham camas ao invés de futon no chão.
— Não está com fome? – Iruka perguntou, ao perceber que o jovem Uchiha havia se detido, enquanto o café esfumaçava na frente dele.
— Ao contrário – o investigador disse, apanhando a caneca e bebericando o líquido quente, sentindo o calor em seu estômago transmitir-lhe uma sensação boa de conforto. – Estou faminto. Mas, não é muita comida só para duas pessoas?
— Você só andou tomando sopa esses últimos dias. Achei que precisava de uma refeição reforçada. – o homem explicou. — Por isso, preparei uma mesa farta. Vamos dar graças. – ele sugeriu em seguida, retirando o avental e sentando-se. Após juntar as mãos, fechou os olhos, abaixou a cabeça e agradeceu: — “Pai, obrigada pelo alimento de todos os dias. Que este nunca falte em nossas mesas. Amém”.
Itachi apenas fechou os olhos em respeito a prece do padre, mas nada disse. Após o “amém” garfou duas panquecas na pilha ao centro da mesa, depositou-as no prato a sua frente e após encharcá-las com mel, passou a comê-las utilizando-se de talheres ocidentais: garfo e faca.
O anfitrião ficou contente ao perceber que, diferente dos outros dias, — quando teve que praticamente obrigar seu hóspede a se alimentar, — este estava realmente com apetite. Desta forma, serviu-se também.
— Padre, posso ser indiscreto? – o investigador perguntou, após limpar a boca em um guardanapo de pano que havia colocado sobre seu colo. — Você morou fora? – fez a pergunta, antes de ter a permissão.
— Está perguntando isso por causa da comida?
— Não só a comida, mas, todo esse lugar parece ter sido construído com base em outra cultura.
— Você é um bom observador – o padre comentou, partindo um pedaço de pão com as mãos e depositando uma das metades em seu prato. — O primeiro missionário da igreja católica que veio para essa região nasceu em uma cidade do interior da Itália. Logo, ele se transformou em um apaixonado pela missão de evangelizar e junto com outros sacerdotes, vieram para o Japão e construíram esse local com base na própria cultura...
O padre fez uma pausa para comer o pedaço de pão que ele molhou no leite da sua caneca, em seguida, deu continuidade na sua explicação:
— Sabe, Itachi-san... A igreja não tem só a missão de espalhar a palavra de Deus e conseguir novos fiéis, nosso intento é ajudar os menos favorecidos. Assim, esse lugar já foi no passado uma escola e abrigo para órfãos. Porém, quando Hideyoshi Toyotomi proibiu a disseminação do cristianismo no país e expulsou os missionários, esse lugar foi praticamente destruído. Muitos dos missionários foram perseguidos, mortos e alguns, conseguiram voltar para os seus países de origem.
Itachi terminou de engolir o último pedaço da panqueca enquanto ouvia atentamente a explicação do padre. Ele já havia estudado sobre aquele assunto na escola. Também sabia que a proibição fora extinta no ano anterior, 1889, depois do fim do Xogunato. Tinha ciência que muitos grupos que se mantiveram nas sombras, puderam ressurgir amparados pela nova constituição que permitia a liberdade religiosa.
— Está me dizendo que esse foi um dos lugares mantidos às escuras?
— Exato! – o seminarista assentiu. — Mesmo com a proibição, alguns grupos persistiram em continuar a evangelização. E aqui, por ser um local bem camuflado, foi um desses locais. Porém, há quatorze anos o padre Yoshita, o responsável pelo seminário, faleceu de uma grave doença. Não tinha nenhum seminarista para substituí-lo, éramos um grupo de crianças. Então, o mais velho, Kado, teve a ideia de escrever uma carta para diocese nacional, não demorou muito e veio a resposta: estavam mandando um padre substituto.
— Um padre substituto? – Itachi perguntou, elevando a caneca de café à boca.
— Sim... e... bem... esse foi só o começo dos nossos problemas.
O Uchiha percebeu o semblante do homem se endurecer. Aquilo atiçou sua curiosidade, sobrepondo até mesmo, sua vontade de ir para a vila. Queria ouvir aquela história. Era o princípio da sua investigação. Percebeu que Iruka estava hesitante. Com certeza, havia algo de errado no tal padre substituto.
— Esse homem... Ele, foi duro com vocês?
— Não! – o seminarista respondeu enfático. Fazendo Itachi sentir-se confuso.
— Não? Seu semblante mudou ao lembrar-se dele.
— O padre Minato era um homem muito bom. Ele tinha um coração de ouro. Era acolhedor, inteligente e...
— E...?
— Lindo... — Iruka sussurrou a resposta e Itachi franziu o cenho.
Havia escutado direito?
— Você disse “lindo”?
O homem balançou a cabeça positivamente, demonstrando-se constrangido.
— O padre Minato era o homem mais lindo que eu já havia visto na vida. Era muito jovem, creio que a idade que tenho hoje, vinte e dois anos. Era alto, determinado, sorridente, simpático e como eu disse: era belo. Tinha um rosto perfeito, cabelos loiros, olhos azuis muito claros.
Itachi engoliu em seco ao ouvir aquela descrição. Era como se estivesse ouvindo a descrição de Naruto, o pequeno que até o momento não sabia exatamente quem era. Não precisava de muita explicação para imaginar que talvez, que aquela criança tivesse algum laço familiar com o tal Minato. Poderia ser o irmão mais novo, primo ou até mesmo, filho.
— E o que aconteceu com esse homem tão “belo”?
— Ele foi morto.
— Foi morto? Por quê?
O futuro padre balançou a cabeça negativamente.
— No dia em que aconteceu eu havia ido até a vila vender a nossa colheita da horta. Eu não queria ir porque era meu aniversário. Contudo, seguíamos uma escala e o padre me advertiu que, mesmo sendo meu aniversário eu não podia descumprir com as minhas obrigações. Eu chorei, o respondi mal, fiquei emburrado, mas tive que ir. Quando eu cheguei à cidade, havia uma movimentação estranha de pessoas desconhecidas; não dei importância para aquilo. Entrei na venda com intento de terminar meus afazeres o mais rápido possível. No entanto, o dono do estabelecimento estava com um ar preocupado, senti naquele instante que ele queria me dizer algo, mas não disse. Talvez, por não poder. Porém, quando eu estava saindo, a mulher dele, — que havia perdido o filho há alguns anos -, pediu que eu ficasse para o jantar. No primeiro momento eu neguei, disse que era meu aniversário e precisava voltar para comemorar junto com os irmãos, mesmo assim, ela insistiu, falou que iria fazer um bolo e como eu ainda estava bravo com o padre Minato, decidi ficar...
Itachi percebeu que o semblante do homem tornou-se pesado, tanto que seus olhos se avermelharam.
— Iruka-san, se não estiver se sentindo bem para continuar...
— Estou bem – o seminarista avisou, limpando as pequenas lágrimas que margearam seus olhos, ameaçando cair. Tomou fôlego e continuou a narração: – No outro dia eu tentei ir embora, mas, novamente, o senhor e a senhora da venda não queriam deixar. Eles diziam: “Fique conosco, Iruka. Seja nosso filho.” Eu respondia: “Não posso, eu já tenho minha família”. Aí eu percebi que os semblantes deles se tornaram tenso. Havia algo de errado. A dona me abraçou e me informou, ressentida: “Não tem mais. Fique aqui, será menos perigoso para você...”. Aquilo foi como se virassem um balde de água fria sobre a minha cabeça, na hora, eu imaginei que algo de muito ruim havia acontecido aqui no Seminário. Fugi de lá às pressas e voltei para cá... Quando cheguei... Foi horrível.
— Estavam todos mortos?
— Todos – afirmou. — Não pouparam ninguém, nem os meus amigos que eram da minha idade.
— Quem foi?
— Até hoje eu não soube. Ninguém me falou. Os moradores da vila se calaram completamente. Desesperado, eu fui pedir pela ajuda deles, só que ninguém se manifestou. Voltei sozinho, levei os corpos para a floresta e enterrei todos. Dez crianças órfãs e o padre. Desde então, eu vivo nesse lugar sozinho.
— Mas você não está...
Itachi se deteve ao perceber que iria falar de Naruto. Os olhos do padre voltaram para si, marejados, novas lágrimas ameaçando cair, esperando a conclusão do que iria mencionar. O investigador suspirou. Aquilo não parecia ter nenhuma ligação com demônio e a noite que tivera. Mas ninguém podia comprovar que todos os assassinatos que estavam ocorrendo naquela vila eram culpa do sobrenatural, o que tornava Iruka ainda mais suspeito. Poderia ser vingança.
— Você disse que não está sozinho, não é? – tentou consertar sua gafe.
O homem sorriu, limpando o rosto com as costas das mãos.
— É verdade. Deus me deu muita força pra não desviar do caminho certo, mesmo depois de tudo que ocorreu. “Perdoar para ser perdoado”, esse é um dos ensinamentos da igreja.
— Sei... Mas você não chegou a avisar a diocese do que aconteceu?
— Não foi necessário, de alguma forma, eles souberam. Todavia, decidiram não mandar mais ninguém, provavelmente, com receio que a tragédia se repetisse. Mesmo assim, continuei morando aqui e estudando para me tornar o futuro padre desta região. Depois que a lei protegendo a liberdade de religião foi instaurada no ano passado, passei a ser chamado mais na vila. No começo, eu estava rezando somente nas casas, até que os moradores decidiram erguer uma capela. Contudo, eu ainda não recebi a Ordem Sacerdotal (1), por isso, não posso celebrar a Eucaristia (2). Mandei as correspondências para diocese e me pediram para que eu comparecesse à capital para uma audiência com o Bispo. Porém, esses crimes começaram a ocorrer e eu fiquei impossibilitado de sair. As pessoas estão com medo do Demônio e querem uma pessoa de Deus por perto...
— Compreendo...
— Acho que falei demais, Itachi-san. Se quiser ir à vila, é melhor sairmos agora. Vai acabar ficando tarde.
— É verdade, vamos.
Antes de deixarem a residência, Itachi deu uma olhada para ver se encontrava algum rastro de Naruto. O garoto que sempre aparecia e desaparecia do nada ainda era um mistério. Iruka ainda não o mencionara, mas em algum momento, o garoto atravessou a vida do futuro sacerdote e agora fazia parte dela. Talvez, Iruka resolvera ficar com ele, exatamente por ele se parecer com o tal padre Minato...
Ou não.
Na noite passada, após se banharem o pequeno insistiu que queria dormir consigo. Aceitou, mas ao acordar pela manhã, ele já não estava mais lá. Ele lhe falara que dormia no porão e, certamente, fora proibido pelo padre de sair de lá enquanto estivessem com visitas.
— A carroça está pronta, Itachi-san! – o padre o avisou.
O investigador seguiu o caminho onde o padre estava ainda pensando no pequeno. Naruto parecia um garoto esperto, apesar da ingenuidade em alguns quesitos. Além do mais, o próprio Iruka confiava deixá-lo sozinho, já que ele lhe informara que de vez em quando viajava para tal vila. Estava se preocupando sem necessidade. Subiu na carroça e sentou-se ao lado do seminarista, percebeu que a carroceria do transporte estava cheia de mantimentos.
— Vai vender?
— Eu troco por produtos que não tenho aqui. Um homem de Deus não precisa de dinheiro.
— Hm...
...
O caminho até a vila fora tranquilo. Depois da conversa no café da manhã, Itachi passou a “engolir” com mais facilidade aquele homem. Por mais que o classificasse como suspeito, algo em si, dizia que ele era só mais uma vítima do destino. Por isso, acabou dizendo à ele sua verdadeira identidade: que era um policial enviado pela capital. Fato que não o assustou em nada, reforçando sua crença de que ele, realmente, não tinha nenhum envolvimento com os crimes, na verdade, Iruka se mostrou muito feliz ao saber de sua profissão.
Aproveitou-se da boa disposição do homem para interrogá-lo sobre os crimes. O Umino lhe deu muitas informações importantes: falou que os crimes começaram por volta de um ano. Havia morrido vinte e cinco pessoas, — se contasse com o cocheiro que os guiava vinte e seis – o que somava quase três vítimas por mês. Não havia semelhança física entre os mortos, que eram desde crianças, adolescentes, adultos, idosos, mulheres, homens, ricos, pobres, até bonitos e feios. Contudo, o investigador sabia que todo assassino em série possui um padrão para suas vítimas, e pelo que percebera, precisaria investigar mais ao fundo para descobrir o padrão daquele.
Porém, a forma de matar era identicamente bizarra: a cabeça era arrancada e largada no lugar do crime, enquanto o corpo desaparecia. Se fosse daquela forma, ainda tinha esperança de encontrar o irmão vivo. Ele havia sumido completamente. O homem também informou que só ocorre uma vítima por vez. Por isso, algumas pessoas que estavam acompanhadas das que foram vítimas na hora do ataque, afirmavam que haviam visto o Demônio. Essas pessoas eram testemunhas importantes. Ele próprio – Itachi – era uma dessas testemunhas e podia confrontar com eles, o que vira.
Aquela informação também enchera o peito do investigador de certo alívio. Aquilo que os atacara na estrada – por sorte — escolhera matar o cocheiro. Mas, por azar, Sasuke despertara com a morte do condutor e ao gritar assustado atiçou a coisa, que decidiu atacar a carruagem, mas, provavelmente, Sasuke conseguiu fugir para floresta e podia estar a salvo em algum lugar. Era naquilo que queria acreditar.
Contudo, o fato dos crimes não ocorrerem somente na floresta ou na estrada é que despertava atenção do investigador. Se fosse mesmo uma fera selvagem não atacaria pessoas dentro de suas casas como o padre lhe informara. Algumas das vítimas haviam sido mortas em seus quartos.
— Estamos chegando... – o homem o informou e Itachi estreitou os olhos para tentar enxergar mais adiante. Não entendia. Não conseguira enxergar vila nenhuma. Somente a estrada que seguia a diante, mas, de repente, o homem puxou as rédeas dos dois cavalos, forçando-os a convergir em uma pequena trilha a direita. A pequena estrada era tão densa que chegava a ser escura.
— Onde estamos indo?
— Para a Vila da Folha.
Após mais uns quinze minutos na carruagem, Itachi finalmente viu o que lhe parecera de longe, um enorme portão de madeira e se surpreendera ao perceber que a vila estava dentro da floresta. Após chegar ao portão, um rapaz com faixas enroladas na face, abriu uma portinhola na grande estrutura de madeira.
— É você padre?
— Sim, pode abrir?
— Claro. Quem é o moço que está com o senhor?
— Sou Uchiha Itachi. – o oficial se identificou. – Sou o investigador para o caso de assassinatos em série.
— Então é sua a carruagem que estava abandonada no meio da estrada? Pelo tanto de sangue que vimos no lugar, achamos que tinha sido vítima do Demônio. Espere um pouco, vou abrir o portão...
— Parece que encontraram minha carruagem...
— Sim, pelo menos poderá resgatar seus pertences. – o seminarista bateu as rédeas no lombo dos cavalos, após o grande portão de madeira ranger e se abrir.
O coração de Itachi acelerou-se no peito ao imaginar que talvez, alguém tivesse notícias do irmão. Mas, ao adentrarem a vila os seus pensamentos se dispersaram, a claridade do lugar entrou em contraste com a escuridão da floresta, ofuscando seus olhos. Havia dezenas de casas, crianças nas ruas, comércios abertos, cachorros, pássaros sobrevoando o céu, que dali, dava pra se ver tão límpido. Ouvira risos, pessoas conversando... Parecia uma vila pacífica e feliz.
Olhou para o padre, perplexamente. Aquele ambiente era muito diferente do lugar melancólico onde estivera hospedado até o momento. Pelo clima quente e alegre daquela vila, nem parecia que era ali que haviam acontecido tantos crimes.
— Primeiro, vou lhe apresentar ao governante da vila.
...
— Eu quero meu filho, Asuma! Você e o seu velho pai são a mesma porcaria! Suas ideologias de lugar pacífico e sem autoridades policiais é que tornou essa vila alvo de tantos crimes! Eu quero que encontrem Sai ou eu não responderei por mim! – o homem espalmou as duas mãos na mesa de madeira, fazendo-a tremer, então, foi imobilizado por dois jovens que estavam dentro da sala.
— Acalme-se, Danzou-san... – os rapazes tentavam segurar o homem mais velho, que raivoso, ameaçava partir para cima do governante da vila a qualquer momento.
— Não esqueça que meu velho pai também foi uma vítima. – o rapaz de barba e bandana na cabeça, se levantou, retirando o cigarro da boca e o apagando no cinzeiro da mesa. — Não fale como se eu estivesse de braços cruzados para o problema. Estamos em alerta e fazendo de tudo para tentar encontrar o culpado. Mas me diga: como prenderemos um monstro?
— Não existe essa merda de monstros! – o tal Danzou, que tinha um dos olhos enfaixados e uma cicatriz em forma de “x” no queixo, cuspiu as palavras, sentindo sua ira aumentar. Não acreditava naquela história de “Demônio” se havia algum culpado, era o homem de aparência estranha que cuidava do cemitério e havia mudado para a vila ao mesmo tempo em que os crimes começaram. — Prendam aquela aberração! Matem aquele homem e você verá esses crimes desaparecer...
— Não diga coisas sem sentido, meu senhor! Não podemos fazer isso sem provas! Estamos esperando um investigador da capital...
— Eu estou aqui. – Itachi adentrou o ambiente da discussão sem ser chamado. Na verdade, uma jovem na recepção havia solicitado para que ele e o padre aguardassem até que Sarutobi Asuma, o governante da vila, terminasse de atender um dos moradores. Contudo, não conseguiu ouvir toda aquela discussão e ficar em silêncio. – Sou Uchiha Itachi, o investigado enviado pela capital.
Os dois homens voltaram-se surpresos para o rapaz.
— O que significa isso? – Danzou esturrou, puxando seus braços de volta. – Um garoto? – apontou pra Itachi. — Tudo que mandam da capital é um bendito garoto? Ótimo! Agora sim nossos problemas estarão resolvidos. – ele ironizou e voltou-se para o governante, ameaçando-o: — Asuma, eu quero notícias do meu filho em vinte e quatro horas, se não tiver resposta, nada irá me impedir de fazer justiça com minhas próprias mãos. Fique avisado.
Ele passou, esbarrando em Itachi, na moça e no próprio padre que estavam detidos atrás de Itachi. Sarutobi olhou seriamente para o jovem que se intitulara o investigador vindo da cidade. Não podia dizer muita coisa da juventude do rapaz, ele mesmo, acabara assumindo o posto do pai muito cedo, antes do que imaginara. Não se sentia preparado para tanta pressão, ainda mais, para lidar com aquela situação de crimes.
— Então, é sua a carruagem encontrada cheia de sangue na estrada? – perguntou, abrindo a pequena gaveta anexa a escrivaninha e retirando dela um maço de tabaco, apanhou um dos cigarros com a boca e então, voltou a se sentar na cadeira atrás da mesa e, apontando para as duas diante de si, pediu: — Acomodem-se, por favor. – incluiu o padre no pedido. – Vocês dois, saiam. Agradeço a ajuda.
— Sim, senhor. – Os dois rapazes deixaram a sala, e a secretária fechou a porta.
— Não são meus seguranças, se é o que está pensando, padre. Eu só não queria sair no braço com aquele homem, por isso, pedi que os dois ficassem na sala para não permitirem que isso ocorresse. Sabe como ele tem pavio curto.
— O que houve com o Sai? – o seminarista acomodou-se na cadeira apontada.
— Está desaparecido há dois dias.
— Será que ele foi atacado pelo...
— Não temos certeza. O corpo dele não foi encontrado ainda. Só encontramos a carruagem e um corpo sem cabeça de um desconhecido.
— O meu cocheiro. – Itachi informou.
— Imaginei que fosse. Estou feliz que o monstro não tenha levado a nossa esperança de desvendar esse mistério por trás desses crimes, Itachi-san. Fiquei sabendo que é um dos melhores. Não fique chateado com o que Danzou disse, ele está desesperado, mas não pela aquela criança que ele cuida e sim, pelo poder. Aquele homem nunca tratou Sai com amor, você sabe, não é Iruka? Ele só está usando a situação como pretexto para tentar me desestabilizar e ficar com o cargo que sempre almejou... Velho desgraçado!
— Como era essa criança que sumiu, Sarutobi-san, o tal Sai? – Itachi perguntou, ignorando o restante dito pelo homem de barba.
— Eu tenho uma foto aqui. – Asuma abriu a gaveta da mesa novamente e debaixo do maço de cigarros, retirou um livro escolar. Folheou algumas páginas e logo encontrou a que queria. – Aqui está. – virou o livro e o empurrou na mesa na direção do rapaz. Esse é o Sai, apontou a pequena foto com o dedo. — Mas essa foto é antiga, foi quando ele começou a estudar, com sete anos. Agora ele está com quatorze. O semblante não mudou muito.
Apesar de não haver cores na foto, era perceptível que aquela criança tinha tez clara, olhos e cabelos negros, sentiu um gelo ganhar seu estômago. Se fosse assim, ele tinha os traços idênticos ao de Sasuke e até, ao do próprio Investigador. A mente do Uchiha foi rápida em criar uma dedução: dois jovens com quase a mesma idade e o mesmo padrão físico havia desaparecidos praticamente ao mesmo tempo... Aquilo sim, lhe parecia um padrão.
— Será que os senhores podem me dizer se, entre as vítimas sem cabeças, havia alguma outra com esse padrão físico: menino, cabelos negros, olhos negros, tez clara, idade entre 13 e 14 anos?
Tanto o padre, quanto o governante da vila se olharam confusos...
Continua...
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