Autora: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Ecchi, Hentai, Lemon, Mistério, Orange, Romance, Suspense, Universo Alternativo, Yaoi, Yuri
Status: Completa
Classificação:
Resumo: Quatro jovens de classe alta, amigos de infância, decidem desfrutar ao máximo dos prazeres da vida, utilizando-se de suas belezas, riquezas e juventude; e para isso, não medirão pudores ou consequências. Contudo, até mesmo no pervertido jogo da sedução, corre-se o risco daquele elemento surpresa aparecer: o amor. Será que eles saberão lidar com esse sentimento com a mesma maestria que dominam a arte do sexo? Confiram! [Fic +18. Yaoi. Yuri. Hentai. Lemon. Orange. UA. Terminada. Prólogo + 11 capítulos + Epílogo. (mesmo estando terminada seu comentário é importante!. Personagens principais: Naruto/Sasuke/Sakura/Ino.
Notas iniciais do capítulo
Nota 1: A Mikoto está totalmente OOC, fiz alteração conscientemente. Sou abusada, eu sei; mas só altero – radicalmente – quando o enredo pede. No normal, eu tento não deixá-los tão fora do original, mas como já perceberam, a maioria ganham uma mudança aqui outra ali.
Nota 2: Quase no final do capítulo, a narração deixará de ser minha e passará ser feita pelo Loirão-pai, ou seja, se alternará para primeira pessoa.
Nota 3: Não tem sound track nesse capítulo, porque eu pensei em muitos flash back e no fim, não consegui optar por nenhum que combinasse. Então, cada um escolha o que achar melhor.
Nota 4: Agradecimento a Hikari-nee-chan, pela ideia do capítulo flash-back. E ao Akitou-sama, pela edição especial da capa. Beijos, amados! ;*
Divirtam-se!
Promiscuous
Capítulo 9 – No embalo do flash back
Revisado por Blanxe
Os quatro jovens dentro do carro conversavam animadamente. A paisagem que há algum tempo havia mudado de prédios para pinheiros gigantescos e montanhas, passavam pelas janelas como se fossem elas a correrem e não o veículo.
As duas garotas no banco de trás, eram as mais eufóricas com o feriado prolongado, não paravam de conversar sobre assuntos variados como: roupas, músicas, seriados novos da televisão, os livros que levavam para ler e o que iriam preparar para o jantar quando chegassem.
Era a primeira vez que estavam viajando para aquela região, onde ficava o chalé da família do rapaz ao volante. Todos no grupo eram maiores de idade, ou seja, tinham acima de vinte um anos, além de serem formandos da mesma universidade.
O quarteto estava junto desde a infância; cresceram na mesma vizinhança, estudaram na mesma escola e dividiram as mesmas brincadeiras. Tanta união, também influenciou em suas escolhas futuras, optaram pela mesma universidade e assim, continuaram juntos.
As duas moças dividiam o mesmo apartamento no condomínio próximo à universidade, igualmente, aos dois rapazes no banco da frente. Poderiam ser considerados mais que amigos inseparáveis, até, mais que irmãos.
O loiro sorriu discretamente ao observar o amigo sério ao volante: Fugaku Uchiha. Seu coração queimava até mesmo com a simples menção daquele nome. Era mais difícil ainda, controlar a alteração hormonal do seu corpo, quando passava a se lembrar de todos seus toques, caricias e beijos do mesmo.
Sim, eram muito mais que amigos.
Minato estava loucamente apaixonado. Paixão que descobrira e guardara dentro de si desde o início da puberdade. Porém, quando passaram a dividir o mesmo apartamento, já não conseguira esconder o fato tão bem. Sua melhor amiga, Kushina, sabia de tudo. E fora ela quem, gentilmente, lhe aconselhou a se declarar.
Mas, como se declarar para outro homem?
Acabou não sendo preciso. Um dia, depois de terem ido assistir uma partida de futebol - o qual o time que torciam vencera -, o calor provocado pela euforia da vitória fizeram os dois exagerarem na comemoração e chegarem caindo de bêbados em casa, caindo, literalmente. Já que, ao cruzarem a porta, se desequilibraram ao tentar tirar os calçados e tombaram um por cima do outro.
Fora o suficiente.
Aquela noite os dois se amaram como dois desesperados. A primeira fora ali mesmo, no chão gelado da sala, perto da porta. Desde então, não esconderam mais seus desejos, passando a transarem todas as noites.
Kushina - que era mente aberta, na mesma proporção que era esperta e perspicaz - logo descobrira e apoiara o relacionamento dos amigos. Já Mikoto, que era mais séria, fingia não saber de nada e ainda fazia questão de torcer o nariz e criticar os casais gays, quando estes cruzavam a sua frente.
Além do que, ela demonstrava sentir algo maior por Fugaku, o que tornava sua repulsa ainda mais justificável - era no que o loiro acreditava. Assim, para não criar confusões desnecessárias entre eles, o moreno decidira que seria melhor não assumirem publicamente o romance.
Ao estacionarem, o quarteto desceu rapidamente do veículo, admirando-se do chalé de arquitetura inglesa, com uma extensa cerca branca ladeando o terreno.
– Sugoi! Que lugar incrível, né? – Minato admirou-se, deixando o veículo aos pulos.
– Vem ajudar a tirar as malas do carro, Minato-kun! – Kushina reclamou.
– Ah, larguem isso um pouco! Primeiro: vamos tirar uma foto! – o rapaz posicionou a câmera - que havia retirado da sua mochila – em cima no capô do carro, e programou o disparo automático. – Venham meninas.
As duas se posicionaram rapidamente, uma do lado da outra, mas Fugaku não se movera, o que fez Minato buscar o amigo, puxando-o pela mão.
– Eu não gosto, Mina-kun! Pare! Me largue!
– Ah, não seja tão mal-humorado! É bom fazer recordações... – ele sorriu, apertando a mão dele entre as suas e posicionando-se ao lado das meninas. Fez um “V” com os dedos e, gritou: – Sorriam! – o disparo do flash os iluminou e em seguida, Fugaku puxou sua mão de volta, desvencilhando-a da do loiro, para voltar a apanhar as malas as quais havia largado no chão, avisando:
– Vamos, tem muita coisa pra gente arrumar.
Pode não ter parecido, mas aquele separar brusco de mãos fez o loiro sentir uma pontada estranha no peito. Era sempre assim. Mesmo em lugares não-públicos, Fugaku nunca se sentia relaxado suficiente para deixar se embalar por um pouco de romantismo.
– Ele tá mais mal-humorado que o normal, não é, Minato-kun? – a ruiva parou do lado do loiro ao perceber que este parecera chateado devido a grosseria do namorado.
– Não, Kushi-chan! – Minato negou rapidamente, mudando sua feição de preocupado e abrindo um grande sorriso para a amiga ao seu lado. Não estava a fim de estragar o feriado. - Impressão sua! Ele só está cansado por ter dirigido a viagem toda.
A ruiva não deixou de corresponder àquele sorriso tão grande, mas no fundo, sentia-se entristecida, pois sabia que sorrir era a forma do amigo esconder suas frustrações e não preocupar mais ninguém com aquilo.
– Ah, deve ser isso mesmo, né? – ela mostrou a língua entre os dentes, fingindo engolir a justificativa. – Seja cavalheiro, então, e me ajude com as minhas malas.
– Pra quê mulher precisa de tanta bagagem? – ele espantou-se ao ver no chão perto da amiga uma mala grande de viagem, três frasqueiras e uma bolsa. - Você não vai morar aqui não, Kushi! Só iremos passar cinco dias!
– Mas bem que eu gostaria de morar, esse lugar é tão lindo.
– É verdade... E o ar é tão puro.
O rapaz loiro cerrou seus orbes - tão azuis quanto o céu daquele dia claro - e deixou o vento frio do final de outono e início de inverno, roçar-lhe a pele. Estava realmente feliz por estar ali com os amigos que tanta amava, mas principalmente, por estar ao lado daquele com quem desejava viver uma vida inteira.
...
Dentro da casa...
– Você disse que falaria com ele. – a morena, encostou-se ao lado do rapaz alto e de cabelos negros, cobrando-o.
– Eu vou contar, me dê mais um tempo. – esse pediu, sem voltar os olhos para a jovem.
– Ele é tão lindo, não é? Sorridente, simpático, rico, perfeito... – a outra enumerava as qualidades de Minato, enquanto apertava mais os braços cruzados sobre o busto, em um gesto de evidente inveja. - Será que você vai mesmo conseguir fazer isso, Fugaku?
– Não seja tão irritante. – o tom de voz do mais velho mudou e seus punhos se crisparam, mostrando uma clara irritação com o ar de cobrança da bela garota ao seu lado. - Eu já lhe dei minha resposta, não dei?
– Tudo bem. – está pareceu se conformar momentaneamente e, descruzando os braços, encarou o alto da escada. – Só quero que saiba que se não o fizer antes de voltarmos para Tóquio, eu mesma falarei. – a jovem sussurrou, para em seguida, subir as escadas que levavam aos quartos.
...
O rapaz de cabelos loiros se movimentava freneticamente sobre o membro enrijecido do outro de cabelos negros, deitado abaixo de si. Mesmo com a temperatura amena, sentia o efeito dos seus impulsos em forma de suor que escorria pelo meio de suas costas. A face contraída abaixo da sua, as mãos firmes que seguravam seu quadril - ajudando-o nos movimentos - tornavam aquele momento ainda mais excitante.
Seu coração também não conseguia negar o quanto amava aquele homem, golpeando seu peito. Ao sentir o membro romper o caminho onde estava confinado e atingir-lhe o fundo, foi tomado por um arrepio. Deteve a subida e a descida para se concentrar-se nas contrações que começavam a acontecer. Guiado pelo desespero do orgasmo, contraiu sua parede anal com tanta força que fez aquele que o estava possuindo soltar um gemido e cravar as unhas na carne da sua bunda.
Os dois tentaram abafar os gemidos. Minato sentia o sêmen quente do seu amado despejando-se dentro de si e ele próprio acabou se derramando no peito de Fugaku, que o estava masturbando antes de se perder no próprio enlevo. O êxtase durou alguns segundos, e logo o corpo do loiro caiu e se aninhou sobre o peito do moreno.
Minato não entendeu muito bem, mas depois de algum tempo, percebeu que o Uchiha se desvencilhara dos seus braços e saíra do quarto, não voltando mais; pelo menos não, até que estivesse dormindo. Quando acordara pela manhã, todos já estavam de pé, preparando o café, para aproveitarem o dia passeando no campo, cavalgando ou somente descansando na beira do lago.
Assim, os dias de folga do grupo se passaram. Na penúltima noite, depois que fizeram amor, Minato decidiu que não iria dormir enquanto Fugaku não voltasse para o quarto. Contudo, a demora o fez sair da cama e ir procurá-lo. Primeiro, no banheiro do piso superior: estava vazio. Entreabriu uma pequena fenda do quarto feminino e, mesmo com a fraca luz do corredor, pode constatar que as duas mulheres estavam na cama dormindo profundamente.
Desceu até o piso inferior e a primeira coisa que viu foi um futon desarrumado no chão, notou também, a porta da saída entreaberta de onde vinha uma corrente de ar frio e um cheiro peculiar de cigarro.
Caminhou de pés descalços para a varanda que ladeava o chalé e viu o namorado sentado no cercado da área. Ele estava de olhos fechados, a cabeça reclinada e os joelhos juntos, enquanto o cigarro, preso entre seus dedos, queimava exalando fumaça.
Minato nunca imaginara que aquela poderia ser uma visão tão divina. Todavia, não deveria se prender a beleza do Uchiha, pois queria saber o porquê do seu isolamento. Aproximou-se e percebeu que sua presença fora notada, já que o homem saíra da pose de meditação, reabrindo os olhos e umedecendo os lábios com a língua, para repor o cigarro na boca.
– Achei que tivesse parado... – Minato comentou, referindo-se ao cigarro, enquanto encostava-se a cerca.
– E parei. – este confirmou, dando uma última tragada no tabaco para em seguida, apagá-lo e lançar a bituca no pequeno recipiente metálico no chão ao seu lado. - Mas quando estou nervoso sinto vontade.
– Nervoso?
– Hm.
– Qual o motivo de estar nervoso? Foi algo que eu fiz, já que montou o futon para dormir na sala?
– Estou dormindo na sala desde quando chegamos.
– Então, é algo, realmente, comigo?
– Com a gente. – o Uchiha o corrigiu, descendo do cercado para ficar diante do loiro. Era o momento, pensou consigo. – A faculdade está terminando e estive pensando: vamos traçar caminhos diferentes a partir de agora. Eu vou ser administrador da empresa com meu pai e meu tio e você, provavelmente, será efetivado no banco onde está estagiando. É o nosso fim de linha. Vai ser complicado mantermos esse relacionamento de agora em diante. Eu acho que é o momento de terminarmos.
Minato ficou boquiaberto por um breve momento. Forçou-se a controlar o ardor que queimou internamente suas narinas e a margem dos seus olhos querendo fazê-lo derramar-se em pranto, da mesma forma que o tremor que correu o seu corpo queria fazê-lo exasperar-se em um grito. Fugaku queria terminar consigo por um motivo tão fútil? Romper um relacionamento de quatro anos porque os dois estavam terminando a faculdade? Como assim assumir caminhos diferentes se ainda estariam dentro da mesma cidade?
De repente, o loiro sentiu uma dor latejar em seu peito ao pensar que não passara de uma mera distração para o amigo. Sexo fácil. Para mantê-lo livre de relacionamentos sérios enquanto estudasse, evitando assim, deslocar sua atenção dos estudos. O maxilar de Minato tremia, seus pensamentos se embaralhavam, misturando-se com lembranças de tudo que viveram até ali. Por mais que quisesse, não conseguia encontrar nexo naquela justificativa.
– Se já havia decidido isso antes, como está parecendo, por que me trazer para cá? – Minato perguntou com uma voz rouca, que começava a ser embalada por alguns soluços. - Por que continuar transando comigo?
O término da última pergunta fez as lágrimas escorrerem pelo rosto bonito do rapaz a frente de Fugaku. Por mais que tentasse evitar, Minato o enlouquecia, mexia com sua sanidade e tirava-lhe o foco do que era realmente importante: construir uma família e uma carreira. Até naquele momento, ele era uma visão atormentadora, teve que buscar todas suas forças internas para não vacilar na resposta, para não puxá-lo pra junto do seu peito e apertá-lo consigo afirmando que não desejava deixá-lo jamais. Mas que havia feito uma enorme besteira e agora precisava assumir as consequências.
Respirou, sorriu discretamente de lado – algo que quase não fazia - e tentou dar a resposta mais cretina que conseguiu:
– Concordemos, Minato, você é quente na cama. Fazer sexo com você é algo surreal. Não podia perder a oportunidade de ter seus quadris balançando sobre mim uma última vez. Porém, nunca passou pela minha cabeça assumir um relacionamento homossexual e viver um futuro com você. Isso é ridículo. Um homem de verdade precisa ter uma mulher, ter filhos, constituir família. A vida não é só diversão e sexo. Você também deveria parar de pensar só nisso e começar amadurecer, procurar uma garota legal. A Kushina, por exemplo, ela é linda, inteligente e há muito está apaixonada... Por que não dá uma chance à ela?
Como imaginara sua resposta fora ferina. Desfez o sorriso da face quando viu o loiro lhe dar as costas e arrancar em uma corrida desenfreada na direção da floresta. Por mais que quisesse ir atrás dele, sabia que não podia. Tinha que se manter firme, antes de se contradizer e confessar que, na verdade, o amava desmedidamente e que seu maior desejo era viver eternamente ao lado dele. Mas e seus pais? Como encararia seus velhos? E a empresa da família? E a Mikoto? E o filho que ela carregava?
“É tarde, Mina-kun... Espero que me perdoe um dia...”, o homem desejou, encostando-se a parede e cobrindo o rosto com as mãos, e ali, deixou-se embalar pelo choro. Não imaginou que seria tão dolorido.
Já Minato, corria desesperadamente, enquanto as lágrimas derramavam queimando seu rosto; seu peito doía tanto, tanto, que achava que iria morrer... Os galhos secos das árvores lhe arranhavam a pele conforme ia avançando, o vento frio da madrugada ressecava seu rosto, as pedras lhe feriam a planta dos pés, porém nada, nada daquilo era mais dolorido que a agonia em seu peito. Entregara-se àquele amor de corpo e alma. Não conseguia se perdoar por sua ingenuidade.
Sua corrida foi findada por um tropeço, seu corpo voou e caiu rastelando o mato, as folhas secas e a terra úmida a qual apertou entre seus dedos.
O loiro encolheu-se em uma posição fetal e apertando o estômago - tentando dizimar um pouco daquela dor -, gritou.
Gritou como jamais achou que gritaria.
...
O último dia daquelas férias amanheceu nublado e chuvoso. Fugaku terminara de arrumar as malas e cochilava dentro do carro, já que não conseguira pregar os olhos depois da conversa que tivera com Minato durante a madrugada. Principalmente, quando começou chover e teve que ir atrás dele, encontrando-o adormecido em meio às folhagens do bosque.
Mas, o que estava feito, estava feito. Não iria mais voltar atrás. “E se...” o moreno fixou seus olhos no rapaz no seu colo “E se ele persistir? Se ele não aceitar... será que eu deveria dar uma chance ao nosso coração? É... Quem sabe... Talvez...”. Ao deixá-lo na cama, depositou um beijo terno em seus lábios e, rapidamente, deixou o quarto, para começar a preparar as malas.
Agora estava ali, com os pensamentos perdidos, o pesar em sua consciência e o peito latejando. Havia feito a coisa certa ou não?
Dentro do chalé, no piso superior.
– Tem certeza que você ‘tá melhor, Mikoto-chan? – a ruiva amparava a morena pelos ombros.
– Sim, só foi um enjoo leve. O médico disse que é normal no começo da gravidez. Eu vou esperar lá embaixo, com o Uchiha. – a morena avisou a ruiva, desencostando-se do corpo dela.
– Ah, sim, certo. – esta respondeu não muito animada.
Kushina ainda não conseguia acreditar no que Mikoto lhe contara aquela manhã. Ela estava grávida do Uchiha e os dois estavam planejando se casar depois da faculdade. O pior não era isso, o mais dolorido foi quando perguntou como ficaria a situação de Minato e o Fugaku, e ela lhe respondeu friamente: “Esse é o motivo desta viagem. Fugaku escolheu esse lugar para pôr fim nessa brincadeira.”
– Por que não o chama? – a amiga despertou Kushina dos seus pensamentos. - Temos uma longa e cansativa viagem de volta.
– Verdade. Vou fazer isso, agora mesmo...
A ruiva adentrou o quarto escuro, enquanto a colega descia as escadas vagarosamente. Ao ascender a luz, assustou-se ao se deparar com Minato sentado, todo sujo e com um olhar estático para parede.
– Mina- Minato-kun? O que houve?
– Eles, Mikoto e o Fugaku, estão juntos, não estão? É dele que ela está grávida? – as perguntas de Minato deixavam claro que ele ouvira a conversa no corredor. Todavia, o silêncio da amiga e o semblante abalado desta, lhe deram a certeza que precisava saber sem esperar ouvir as respostas. Assim, fez novas perguntas: – Quando começou? Como aconteceu?
– Ela... não me disse... – Kushina respondeu vacilante. – Só soube hoje, Minato-kun. Gomen? Se eu puder ajudar, se eu puder fazer algo...
– Kushi?
– Sim? – ela viu os olhos azuis, destacados no rosto sujo e de onde escorriam lágrimas, lhe implorar.
– Lá fora... Se eu vacilar, se eu tremer, fraquejar, se eu tombar... diante dele, dessa dor... – ele dizia soluçante, fungando, entre as lágrimas. – Você segura a minha mão?
Os olhos azuis escuros da ruiva dobraram de tamanho para o loiro, e, mesmo com os seus próprios ardendo da ânsia de chorar, ela aproximou-se dele, apanhou uma das mãos que apertava o edredom na sua e sorrindo-lhe, como na maioria das vezes ele mesmo fazia, ela garantiu:
– Ficarei ao seu lado, de mãos dadas ou não, o tempo que você precisar, Minato-kun.
...
Naquele dia eu voltei no banco de trás com a Kushina, dando a desculpa que não estava me sentindo fisicamente bem. Ao chegarmos à Tókio, houve mais uma troca. Fugaku ficou com a Mikoto no apartamento das duas amigas e a Kushina ficou comigo no nosso apartamento.
Eu e o Fugaku não nos vimos por um bom período, desde então.
Algum tempo depois da nossa formatura – a qual eu não compareci -, as notícias boas sobre a felicidade do casal começaram a correr. Fugaku havia se casado, a jovem esposa dera a luz ao primeiro herdeiro Uchiha, ele fora nomeado presidente da empresa.
Enquanto eu e sua mãe continuávamos amigos, e estagiários no banco. Recebemos os convites para tudo, desde o noivado, ao batizado do primogênito. Contudo, eu simplesmente não conseguia engolir tudo que ouvi e senti naquele dia e ficar fingindo que estava feliz pela alegria do nosso casal de amigos.
Eu só conseguia desejar o mal. Eu pedia infinitamente aos céus, que fizesse Fugaku pagar pela dor que eu passei. Durante muitas noites de febre, tomado pela depressão, eu desejava ardorosamente que ele sofresse. Só assim, eu conseguia um pouco de paz para dormir.
Os anos se passaram, quando eu finalmente percebi que se continuasse seguindo pelo caminho obscuro o qual estava, eu não voltaria mais, ficaria eternamente perdido nas dolorosas recordações do passado e no futuro que poderia ter vivido. Era preciso seguir em frente.
Foi quando decidi me reerguer, olhei para o lado e, finalmente, consegui enxergá-la: a mulher que sempre me apoiou, sempre me amou e jamais desejou ter nada em troca, a não ser, permanecer do meu lado segurando - ou não - a minha mão.
Logo senti meu ânimo se renovar, passamos a sair juntos, a nos distrair, viajarmos nas férias, não demorou muito e me percebi apaixonado como jamais imaginei que ficaria novamente. Fiz o pedido de casamento em uma viagem às margens do Veneza. Nos casamos quando chegamos, fizemos uma linda festa e voltamos para passar as núpcias em Paris.
Um tempo depois veio a minha promoção no serviço e sua mãe anunciou que era hora dela abandonar o trabalho para dedicar-se apenas aos dois seres mais importante da vida dela. Quando perguntei quem era o segundo. Ela pôs as mãos sobre a barriga e sorrindo anunciou: “o nosso filho que está crescendo em mim”.
Eu estava verdadeiramente feliz e não podia desejar felicidade maior. Eu me sentia novamente um ser humano completo, era um homem de sucesso na empresa, marido de uma esposa linda e carinhosa, e pai de um menino faceiro que era a minha cara; havia vencido totalmente a dor.
Contudo, naquele mesmo ano, no final do outono em que você nascera, exatamente sete anos depois daquele último no chalé, aconteceu algo inesperado. Recebemos a visita deles: a família Uchiha.
Fora insistência da Mikoto que desejava ver o filho da amiga e também, apresentar à ela o filho mais velho de seis anos e o caçula, que havia chegado recentemente, dois meses antes do nosso.
Era a primeira vez, em exatos sete anos, que eu estava revendo Fugaku. A minha primeira reação fora de choque. Impressionei-me de forma não discreta ao perceber o quanto ele havia envelhecido. Ao contrário de mim, que ele mesmo elogiara dizendo que eu ainda tinha o belo rosto do qual ele se recordava bem, e ainda havia ganhado um ar mais adulto, mais elegante.
Ignorei totalmente os elogios e, agindo impassivelmente, tentei levar a conversa só na perspectiva de dois pais de família e não dos adolescentes apaixonados que um dia fomos. Precisava de toda forma acreditar que aquele passado havia mesmo sido enterrado dentro de mim. E fiquei feliz ao perceber que ao longo da nossa conversa, realmente, não sentia mais nada por ele.
Enquanto as mulheres conversavam e falavam dos filhos. Eu o ouvi reclamar de tudo da sua vida. A empresa que estava quase abrindo falência, a mulher que lhe cobrava o tempo inteiro uma melhoria de vida, e, também, a vinda do segundo filho, em um momento em que estavam financeiramente péssimos.
No fim, aquela noite terminou e nos despedimos. Ao apertarmos às mãos, ele me entregou seu telefone e cochichou com a maior cara de pau que eu ligasse para marcarmos de passar um final de semana no chalé. Apenas sorri em retribuição e disse: “Claro...”.
Naruto percebeu que o pai detivera a narração por um minuto, como se tivesse se engasgado com a comoção, mas depois dele respirar profundamente, conseguiu concluir.
– “Com certeza ligarei”. Foi a minha resposta. E assim que eles foram embora, eu rasguei o número e joguei na lixeira. Era a última vez que eu o estava vendo vivo.
Naruto apertou a foto que havia retirado do álbum e apertava nas mãos, esforçando-se para não demonstrar o tremor que lhe assolava. Nunca, em sua existência, quando a mãe lhe dissera que o pai teve “uma paixão gay” na juventude, achara que ouviria uma história daquela intensidade. Seu coração batia forte, o rosto do pai estava transtornado e ele continuava se segurando para não chorar.
– Alguns anos depois... – o pai continuou. - Eu... li a notícia da morte deles pelos jornais. O casal havia deixado os filhos sobre os cuidados do tio, e viajaram para passar um fim de semana no chalé da família. Um animal, que atravessou a estrada, fizera o carro se desgovernar e tombar. Alguns anos depois, o parente se cansou de cuidar dos filhos que não eram dele; os alocou em um residencial perto do que, para ele, eram antigos amigos da família e desapareceu no mundo.
O homem encarou o filho e fixando os olhos naqueles que pareciam os espelhos dos seus, falou:
– Entende agora, meu filho? Entende do que eu quero lhe poupar? Não desejo que você sofra tudo que eu sofri, optando por viver um amor impossível.
Naruto, que até então se mantivera em silêncio, após tomar fôlego, se manifestou:
– Pai... Em primeiro lugar, essa história triste que acabou de me contar, é sua e não minha. – o loiro falou em um tom de voz baixo. - O Sasuke não é o Fugaku-san da mesma forma que eu não sou o senhor. Não pode se prender na ideia de que o que aconteceu com vocês, irá se repetir conosco. Mas de alguma forma, foi devido às decisões do senhor e do seu... ex, que eu nasci, e o Sasuke também.
– Meu filho...
– Pai! Nós dois somos diferentes. Não estamos aqui para dar continuidade a algo que foi sufocado lá atrás, estamos aqui para viver a nossa própria vida. Seguirmos o nosso próprio caminho, seja ele qual for... – Naruto voltou-se para foto e alisou a imagem dos pais com o dedo. – Eu acredito que o amor do Uchiha-san e o seu, foi sincero até o último momento. Assim como eu acredito que...
– Que?
– Que os sentimentos do Sasuke por mim, são verdadeiros. Ele confessou que me ama, Otousan. No começo eu não acreditei nesse amor, porque a forma que ele demonstrou foi um pouco... agressiva.
– Como assim agressiva?
Naruto devolveu a foto ao pai e, tentando evitar que ele se preocupasse com a informação, abriu seu grande sorriso para, em seguida, dar continuidade:
– Foi algo que ele fez por impulso, mas não se preocupe, pai! – Naruto apressou-se em transmitir tranquilidade. – O mais importante, é que hoje eu o entendo e acredito nos sentimentos dele. Mas, não sei se posso correspondê-los, já que, até pouco tempo atrás, eu tinha certeza que a mulher da minha vida era a Sakura.
Mesmo Naruto dizendo para ele não se preocupar, Minato franziu o cenho. Já imaginava o que Sasuke Uchiha podia ter feito. Mas, acima de tudo, confiava no filho. Se ele dizia que não precisava se preocupar, então, daria esse voto de confiança.
– Eu desconfiei dos dois à toa?
– Bem... – o loiro falou, tentando evitar o constrangimento. – Gosto muito do Sasuke como um amigo, ou melhor, como o irmão que eu não tive. De qualquer forma, antes de afirmar qualquer coisa, eu quero conversar com ele, pai. – Naruto levantou-se. Queria fugir daquela conversa antes que complicasse a situação contando ao pai que o amigo o desvirginara sem seu consentimento. – Estou cansado. Será que posso ir dormir?
– Claro, meu filho. Você tem aula amanhã. Mas, sinta-se a vontade em me pedir conselhos quando precisar. Foi por isso que abri meu coração para você, para que sinta confiança no seu pai.
Naruto seguiu em direção da saída da sala, mas antes de deixar o recinto, estacou e disse:
- Obrigado, Otouchan. Por essa conversa e... por confiar a mim seu passado. Acho que vai me ajudar bastante, a tomar as decisões certas. Oyasumi.
– Boa noite. – o homem assentiu, sorrindo.
– Né, mãe? – Naruto depositou um beijo na bochecha da sua mãe, que estava escondida no corredor e tinha o rosto molhado por lágrimas. – ‘Tô indo dormir.
– Vai sim, meu amor. – ela acariciou a face dele, enquanto lhe sussurrava: “estou orgulhosa de você.”
Ela viu o filho lhe retribuir com um belo sorriso, para em seguida, seguir nas escadas que levavam ao seu quarto. Kushina entrou na sala, aproximou-se do homem sentado na poltrona e o abraçou por trás, sussurrando-lhe no ouvido:
– Você fez bem em contar tudo a ele.
O marido acariciou os braços frágeis da esposa entorno do seu pescoço e, com os pensamentos em outra esfera, comentou:
– Eu queria muito ter me despedido, Kushi. Dizer a ele que apesar de tudo de ruim que desejei, em nenhum momento, eu quis que ele perdesse a vida.
– Ele sabia, querido. Ele, provavelmente, sabia.
– Nosso filho amadureceu bastante, não é?
– Sim, bastante. – ela concordou, orgulhosa.
– Agradeço a Deus por ele ter herdado a sua cabeça e não a minha.
Ela sorriu.
– Bobo. – ela deu um beijo estalado na face daquele homem o qual amava desmedidamente, levando o que este dissera com um elogio. – Mas ele tem a sua aparência, seus belos olhos e o mais lindo de tudo: seu sorriso. E é por isso que nem mesmo os machões dos Uchiha, conseguem resistir, né?
Agora fora vez do marido sorrir abertamente e, mais animado, puxar a mulher para seu colo, para admirar-lhe a bela face.
– Será que o Naruto vai dar uma chance ao Uchiha?
– Bem, eu não costumo errar. Meu palpite é que sim. Talvez ele relute por algum tempo, mas não muito.
– Se isso acontecer, eu vou ser obrigado a aceitar o Sasuke como... como...
– Namorado do Naruto, nosso segundo filho.
– Pois é. – ele resmungou, se vendo obrigado a concordar com aquele termo. - Por que isso não me soa tão agradável como me parecia na juventude?
– Deve ser porque você se tornou um pai ciumento e superprotetor, que não quer ver o seu filhinho criar asas, voar pelo o mundo e no fim, se acolher nos braços másculos de outro homem, que não sejam os seus, estou certa?
O rosto do homem se avermelhou.
– Não diga tantas besteiras, Kushi! – ele a advertiu, sorrindo e agarrando-a, fazendo-lhe cócegas, tanto, que os dois caíram do sofá e foram parar no carpete.
– Ai minhas costas... – ela reclamou. - Não somos mais adolescentes para agirmos assim... – a ruiva o advertiu, tentando ajeitar os cabelos, que foi novamente, bagunçado pelas mãos do marido.
– Pare, Minato!
– Só tem uma coisa. Se eu souber que o Uchiha fez alguma besteira, eu vou cortar o pirulito dele fora.
Ela subiu no corpo do homem e sorrindo, garantiu:
– Relaxa, eu tenho certeza que as coisas serão diferentes.
– E quanto às meninas, a Sakura e a Yamanaka?
– Ah... eu tenho outro bom palpite sobre elas.... Estou dizendo, relaxe, o destino cuida dos caminhos e reorganiza tudo da melhor forma possível... – ela afirmou, debruçando-se até alcançar os lábios dele e sussurrar: - Eu te amo.
Ele amparou o rosto da mulher com as duas mãos. Confiava no que a esposa dissera, afinal, eles dois eram uma prova de que se, não der certo de uma forma, o melhor era se tentar de outra. E, antes de cerrar os lábios dela com um beijo, segredou-lhe, carinhosamente:
– Eu também te amo, Kushi...
Continua...
Notas finais do capítulo
Yo, minna-san! o/
Penúltimo capítulo, ou seja, o próximo: é o fim. =D
Como será que o Sasuke está, largado sozinho naquela cabana? Naruto conseguirá salvá-lo?
Façam suas apostas!
See you next! o/
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