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[Original] Os Aventureiros de Aurora - Capítulo 1, escrita por Andréia Kennen


Capítulos: 1 2 3 4 5 6 7 8
Autora: Andréia Kennen
Fandom: História Original
Classificação: inicialmente 14 anos
Gêneros:  romance, aventura, fantasia, drama, yaoi.
Status: em andamento 
Resumo: Cristal sonhava em ser um Alfa e viver grandes aventuras ao lado de um Domador de Dragão. Para realizar seu sonho, tornou-se o melhor aluno da academia Sonar. Porém, nada fora como ele realmente esperava que seria, a começar por seu Domador...


Notas: Minha segunda original depois de "As Origens de Sebastian" e o "O filho da Mata". Inicialmente a fic era pra ter 5 (cinco) capítulos. Mas já que a presenteada quis continuação e a história cabe continuação. Irei dar continuidade a ela. Espero que gostem!
* Obs.: a capa fui eu que desenhei e colori, graças a santa paciência do Akito-sensei me ensinar. u.u 

Os Aventureiros de Aurora  
Revisado por Vane 
Capítulo 1 

O viajante sentia-se exausto. Mas quando ele avistou as torres pontiagudas da vila de Erix surgindo em meio aos frondosos pinheiros da Floresta Tharin, seu ânimo se reavivou. Após duas semanas de viagem, havia finalmente chegado ao seu destino.

Ponderara por algum tempo antes de tomar aquela decisão. Escolher deixar sua pacata vila e abrir mão de uma oferta de emprego garantido nas minas de Fedra, onde o pai fora operário durante toda a vida, não fora bem a parte “difícil” da sua escolha. A sua maior dificuldade fora deixar a mãe viúva sozinha. Não que Dona Elda sofresse de alguma doença terminal ou precisasse de cuidados. Ela só havia se tornado mimada demais. O termo poderia parecer estranho para um filho usar ao definir o comportamento da mãe, quando o normal deveria ser o contrário, mas essa era a realidade do jovem viajante.

Depois da morte do pai, a mãe havia se apegado a ele em demasia. Mesmo que ele não tivesse culpa pelo acidente que levara seu pai à morte, na época do ocorrido, ver a mãe tão depressiva fizera-o sentir que era sua obrigação compensá-la pela ausência do marido. Por isso, passou a acatar fielmente todas as suas ordens e pedidos, por mais estranhos que fossem, desde coletar Mel de Hortênsia no campo de Childre a altas horas da noite, até acompanhá-la no chá de senhoras nos fins de tarde aos domingos.

Tanto zelo deixara Dona Elda mimada e dependente da sua presença. Por isso, ele se preocupava ao deixá-la sozinha. Todavia, tinha seus próprios sonhos, que se diferenciavam e muito dos planos que a mãe traçara e queria que ele seguisse.

Descobrira, acidentalmente, que o pai havia tentado na sua juventude ser um Alfa. Estava explorando o sótão da sua casa quando encontrou escondido em fundo falso e rachado de um velho baú, que estava abarrotado de quinquilharias, fotos de uma época em que o pai exibia uma vasta cabeleira prateada — e não os fios mirrados da sua quase calva cabeça —, um corpo bem trabalhado, sem a barriguinha de sobrepeso, e um sorriso largo, certamente inspirado pelas esperanças de viver aventuras que nunca chegariam a se concretizar.

As várias fotos narravam uma história. A arena em Erix, onde ocorriam os testes finais para Alfas. O pai, rodeados de colegas sorridentes e cheios de poses. Não precisou de muita pesquisa para descobrir o que apagara aquele sorriso tão eufórico que o pai exibia nas fotos ao lado dos amigos, e que ele nunca testemunhara. Bastaram algumas idas à biblioteca local e ele conseguiu toda a história de um ponto de vista sensacionalista dos tabloides que noticiaram na época o fracasso daquele grupo de rapazes em se tornarem Alfas, como se aquilo fosse uma espécie de tragédia cômica.

A maioria dos rapazes formados na Academia Sonar naquele ano havia se reunido para pleitear o cargo de Alfa em Erix. A ideia havia partido do líder da turma de formandos: Orion Galeeu, seu pai. A tese que ele sustentara para empreitada em grupo era a de que se houvesse um maior número de candidatos do sexo masculino, mais deles seriam escolhidos para o cargo de Alfa. Porém, a maioria passou no exame, mas somente seus bons desempenhos não foram suficientes para eles caírem nas graças dos Domadores presentes, que optaram por Fairies do sexo feminino.

Nunca se detivera para pensar no motivo, mas sabia que eram raros os casos de garotos que se tornavam Alfas, apesar de saber da existência deles. Perto das milhares de Alfas femininas, o número de rapazes era praticamente irrisório.

Não culpava o pai por ter tentado e nem conseguiu considerar o fracasso dele algo humilhante. Se existiu — e ainda existia — uma falha, essa estava na mentalidade, passada de geração para geração, dos Domadores que acreditavam no mito de que Fairies femininas eram melhores dotadas de habilidades mágicas. Acabavam assim com o sonho de muitos rapazes de viver grandes aventuras, e de colocar em prática toda a teoria aprendida na Academia Sonar sobre feitiços, encantamentos e magia.

Por isso, fora naquele instante que se decidira: seria um Alfa. Não somente um Alfa, mas o melhor que Aurora já tivera.

Mas, para não ser desencorajado, escondera sua pretensão dos amigos de escola e até mesmo da mãe. Não queria obrigá-los a finalmente revelar o episódio “trágico” do pai a fim de desmotivá-lo.

Depois de se decidir, seu próximo passo fora se dedicar. Tornara-se o melhor aprendiz na Academia Sonar. Alguns dos professores, também alheios à sua verdadeira pretensão, chegaram a lhe dizer que sua genialidade era um desperdício. Mal sabiam eles que o estavam impulsionando ainda mais na sua tomada de decisão. Jamais teria uma vida comum e pacata na vila, quando a grande nação Aurora carecia de seres mágicos com suas habilidades. Havia aprendido a ser pretensioso depois de tantos elogios.

Agora estava ali, a alguns metros de Erix e da realização do seu sonho. Estava confiante na sua capacidade. Contudo algo lhe afligira durante a viagem, e era exatamente o motivo pelo qual o pai e os amigos da sua época não foram bem sucedidos naquela mesma empreitada. Por mais que estivesse preparado para uma resposta negativa, não havia nada naquele mundo que pudesse fazer com que ele se conformasse caso perdesse por não ter nascido fêmea. Seria injusto. Mas também sabia que se aquilo chegasse a ocorrer... o que poderia fazer?

Chegara a ensaiar um discurso de repúdio aos ignorantes Domadores caso falhasse, mas só pensar nessa possibilidade já o fazia sentir uma pontada de dor no estômago. Não queria se dar ao luxo de se deixar abater. Precisava manter o ânimo firme. Sua escolha estava feita havia muito tempo e não voltaria atrás àquela altura.

Olhou à sua frente e contemplou os grandes portões de madeira de Erix abertos para recepcionar os viajantes que vinham de todas as partes do mundo. Havia uma quantidade grande de transeuntes. Muito diferente de quando estivera ali dois meses antes, para o teste escrito. Era algo esperado; afinal, os próprios Domadores estariam presentes desta vez, pois eram eles os juízes que avaliariam os candidatos e suas aptidões.

Continuou caminhando e logo se misturou à multidão. Impressionou-se ao ver as caravanas dos Domadores. Os mais velhos pareciam mesmo poderosos com suas estaturas elevadas, corpos musculosos, cicatrizes e feições enrijecidas. Alguns chegavam a ser assustadores. Havia muitos clãs diferentes; notava-se a diferença pelos uniformes que vestiam. Na maioria, pareciam roupas resistentes, confeccionadas em couro, de cores variadas, mas com predominância de tons sóbrios: azul escuro, verde escuro, cinza e preto. Eles também usavam bastantes assessórios, cintos que prendiam suas armas (adagas, espadas, lanças – quando elas não vinham presas em suportes nas costas), luvas e coturnos de cano longo. Alguns usavam uma espécie de capa com o emblema do clã. Algumas capas tinham mangas, outras não; estas expunham braços torneados e tatuados.

Havia muitos da sua espécie ali também. Estavam acompanhados pelos pais, que vinham assistir de perto aos testes.

Sobressaltou-se ao se deparar com algumas das suas colegas de sala, algo que o fez abaixar um pouco o capuz a fim de manter o rosto escondido. Foi impossível para ele não se deslumbrar ao ver Hariza ali, acompanhada de duas amigas e o irmão mais velho. Hariza podia não ser uma das Fairies mais bonitas da sua escola, mas era inteligente e determinada. Ela fora a garota por quem ele nutrira uma paixão de adolescente durante boa parte do seu período escolar. Mas quando se focou no objetivo de se tornar um Alfa, decidira deixar aquela paixão adormecer.

— Não se esqueça de escolher a mais bonita, meu filho — aquela frase dita por um homem que passava por ele vestido de capa azul escura, acompanhando um jovem que parecia um Domador recém-formado, chamou-lhe atenção.

Mas a resposta pouco interessada do rapaz o aliviou parcialmente.

— Nunca ouvi falar de uma Fairy feia, pai.

O homem gargalhou alto e em seguida respondeu:

— Isso é verdade. Mas existem as que sobressaem aos olhos. Como aquela loira que vimos na entrada lá atrás. É daquilo que estou falando!

— Sei, sei. Eu já entendi — o garoto respondeu mais com a intenção de por fim aos comentários do mais velho do que dizer que realmente concordava.

Mesmo assim, o viajante balançou a cabeça descontente. Não, não era aquela resposta que queria ter ouvido daquele garoto e sim: “Não é a beleza dela que me importa, pai, mas sim suas habilidades”.

O aperto no seu estômago retornou com força. Se os Domadores se baseassem mesmo no critério “estético” para escolherem suas futuras parceiras, ele estaria em sérios apuros. Apesar de ter herdado a beleza natural da sua raça, não era uma garota. Mesmo assim precisava acreditar, para o próprio bem, que a maioria dos jovens Domadores ali presentes estava em busca de um parceiro (independente do sexo e da beleza) com habilidades que os ajudariam em suas funções de guerreiros, e não de alguém com atributos necessários para ser uma boa esposa.

Caso contrário...

Sentiu os ombros pesarem.

Mas um silvo agudo dentro de sua cabeça o despertou. Ergueu os olhos rapidamente e observou o ambiente mudado à sua volta. Seu campo de visão havia se alterado automaticamente; estava em modo de defesa. Isso significava que existia algum perigo eminente contra um humano. Não via mais seus corpos exteriores, mas apenas sombras cuja massa vital interior brilhava, fazendo-o distinguir quem era humano e quem era ser mágico por meio das cores: o fluxo vermelho de energia eram os humanos, o fluxo lilás eram os Fairies. Então viu um fluxo verde-musgo se mover rápido debaixo do solo, perto dos portões, bem onde um grupo de humanos estacara.

Não parou para pensar e correu na direção deles gritando:

— Saiam daí! Tem algo embaixo da... — seu grito fora interrompido por um tremor forte de terra que o derrubou de cara no chão. Esmurrou o solo e praguejou. — Merda! Se eu já tivesse minhas asas!...

Em questão de segundos os Alfas dos Domadores alçaram voo.

— É uma Arágona, mestre Dareon! — gritou uma das Fairies, pertencente a um guerreiro que vestia o uniforme verde escuro da escolta de Erix.

O homem desembainhou a espada de suas costas e sorriu de lado.

— Muito bem, Jasmin. Afastem-se, visitantes! Deixem essa belezura comigo.

— Não é uma Arágona... — sussurraram duas vozes ao mesmo instante.

O Fairy desfez o modo de visão de alerta e olhou ao seu lado. Queria saber quem tivera aquela perfeita sincronia de pensamento com ele e notou que a curiosidade fora recíproca, pois o humano ao seu lado também o fitava.

Olhos cinzentos. Cabelos castanhos avermelhados, ondulados, longos, presos em um amarra rente à nuca e com uma franja que caía na testa formando um “V”. O rosto pálido. Uma expressão estranhamente vazia. Tinha certeza de que ele era humano, mas certamente era o humano mais bonito que já vira em toda a sua vida.

O aspirante a Domador continuou fitando o Fairy sem alterar a expressão facial. Querendo identificar a face que permanecia escondida, pois inclinou levemente a cabeça para o lado, tentando olhar dentro do capuz, o que fez com que o Fairy puxasse mais a touca para a frente.

— Porque está escondendo seu rosto, Fada? — perguntou rispidamente, mas o Fairy não se moveu. — Tá. Não me interessa também — mudou de ideia de repente. — Se não agirmos rápido, Dareon vai perder sua cabeça por causa da avaliação errada da Alfa dele. Se você sabe que não é uma Arágona, me responda então o que é.

— Está me testando?

— O que acha? Isso tudo é um grande arena de teste.

— Uau. Você sabe mesmo ser rude. É uma matéria extra nas aulas da Academia dos Domadores?

— Se seu desejo é ser uma Alfa, vá aprendendo que delicadeza não é uma dádiva dos Domadores, Fada.

O Fairy ponderou, e então decidiu responder:

— Não é uma Arágona. É uma Darágona. A diferença entre as duas é que as Darágonas têm duas cabeças, sendo que uma delas...

— É falsa. — o humano interrompeu o Fairy e continuou ele mesmo a resposta, que também estava na ponta da sua língua. — Uma das cabeças é a calda — complementou.

— Isso. Uma evolução natural que ocorreu no espécime para confundir os predadores. Se a cabeça falsa for atacada, ela irá abocanhar seu predador com a verdadeira. Por isso...

— O correto é se agir em conjunto e atacar as duas cabeças ao mesmo tempo — disse o humano, como se exibisse seu conhecimento.

Depois disso, ele se levantou e saltou na direção oposta ao outro Domador, com a clara intenção de ajudá-lo. O rapaz, que vestia um raro uniforme vermelho escuro, retirou a lança de suas costas, desdobrou-a, e ela se tornou uma arma gigantesca.

Assim que a cabeça da Darágona irrompeu do solo, Dareon, que já havia saltado para o alto e ganhado impulso, começou a descer rápido e fincou sua espada entre os pontos que seriam os olhos do animal. A terra abaixo dele estremeceu e no instante seguinte a outra cabeça — a verdadeira — irrompeu do lado oposto, envergando-se na direção do Domador, pronta para abocanhá-lo. Houve muitos gritos.

O rapaz que havia saltado na direção oposta fincou sua lança estendida entre as narinas verdadeiras do monstro, atravessando-lhe a boca e se enterrando no chão. O ponto atingido era sensível nas Darágonas e provocava uma dor tão lancinante, que fazia aquele monstro da espécie Dragão-Serpente-Rastejante se paralisar imediatamente. Foi o que aconteceu.

Depois que o furor do monstro foi contido, houve muitos aplausos e todos rodearam o jovem Domador. Algumas das Fadas aspirantes a Alfas olhavam assustadas, outras em deslumbramento.

— Você foi incrível, garoto! Nem tem uma Fada e agiu muito melhor do que aqueles que têm.

— É verdade! — concordou outro. — Foi mesmo incrível.

— Ninguém pediu sua ajuda, fedelho! — Dareon abriu espaço entre as pessoas que rodeavam o jovem e, ao alcançá-lo, apanhou-o pelo colarinho e o ergueu até que o rosto dele ficasse na altura do seu. — Como ousa se intrometer? Humilhou a mim e a minha Alfa na frente de todos!

— Sua Alfa fez uma avaliação errada e que poderia ter custado sua vida. Desculpe-me se fiz a função dela de protegê-lo.

Os olhos do homem se arregalaram pela ousadia proferida por aquele jovem que era apenas um aspirante a Domador. Ainda pior foi a reação da Fairy que estava pousada em seu ombro esquerdo, no modo diminutivo. Os olhos da pequena se encheram de lágrimas e no instante seguinte ela alçou voo e ganhou os céus. Dareon acompanhou o rastro formado por gotas brilhantes deixadas no ar por sua Fada Jasmin até ela desaparecer de vista.

Em seguida, voltou-se para o jovem e ergueu seu punho fechado.

— Maldito, pirralho! Eu vou socar sua cara até deformá-la e...

— Pare, Dareon — ordenou um homem vestido com um turbante cor de vinho, que abria passagem em meio à multidão. — Este é Ryoha, irmão do falecido Grande Dallian. E o que ele disse não deixa de ser a verdade. Solte-o.

Houve murmúrios de surpresa e Dareon pareceu ter compreendido que estava diante de uma espécie de celebridade. Olhou o jovem e reconheceu nele os traços peculiares do quase extinto clã Edo: as feições delicadas e os olhos cor prata. Se ele era mesmo irmão de Dallian, sua genialidade não o surpreendia, mas seu modo de agir e a arrogância sim. Nesses quesitos ele parecia ser o extremo oposto do que Dallian fora.

— Para mim é só mais um moleque metido e arrogante que está se achando por ser irmão de um dos maiores nomes de Aurora. Mas com certeza ele não chega nem aos pés do Grande Dallian — disse em tom ferino e soltou o colarinho do rapaz, empurrando-o para longe. — Se está aqui para a seleção, é melhor que se apresse. Aliás, todos façam o mesmo! Vamos! Dispersem! O show acabou!

As pessoas em volta deles obedeceram e se dispersaram rapidamente. O rapaz apenas fitou ambos os homens à sua frente como se eles não estivessem ali. Como se não estivessem falando com ele e nem sobre ele. Apenas ajeitou o uniforme e olhou à sua volta. Havia perdido a sua Fairy de vista. Apesar de não ter visto seu rosto, estava confiante de que a encontraria no teste.

“Alguém com suas habilidades certamente se destacará na prova”, ele pensou. “Você vai ser minha, Fada”, o jovem Domador determinou, dando as costas para Jafah, o governante de Erix, e seu subordinado mais leal, Dareon.

Assim que o rapaz se afastou, Dareon questionou seu governante:

— O que há de errado com esse pirralho, Jafah? Por que maldição ele se acha tão especial?

— Porque de fato ele é, Dareon.

— Como?

— Esse jovem obteve licença especial para se tornar Domador mesmo ainda não tendo uma Fairy, direto com o Conselho Superior.

O subordinado arregalou os olhos e entreabriu os lábios, surpreso.

— Não me diga que aquele pirralho pretende...?

— Sim. Pretende.

O Domador bufou e riu ao mesmo tempo.

— Que irônico. O irmão de Dallian quer se tornar um Caçador? — O homem balançou a cabeça, incrédulo. — Eu fui amigo de Dallian, Jafah. Combati ao lado dele tantas vezes que já perdi as contas. Ele era verdadeiramente poderoso, eu concordo. Diferente de nós Domadores comuns, que só usamos a força física, Dallian era um estrategista nato. Analisava os mínimos detalhes à sua volta com rapidez antes de agir. Dificilmente suas investidas eram falhas. Inteligente, ágil e engenhoso com as armas. Mas, acima de tudo, era gentil. Tinha um olhar terno e cativante. Um sorriso dócil... Nada comparado a esse garoto. Dallian repudiava os Caçadores, Jafah. Ele acreditava em um mundo onde Dragões e humanos pudessem conviver em harmonia.

O governador suspirou.

— Eu o conhecia melhor do que ninguém, Dareon. Mas não se esqueça de que foi a ingenuidade de Dallian que o levou à morte. O mesmo Dragão que o matou também aniquilou toda a sua vila. Eu não tiro as razões de Ryoha.

— Então, esse garoto está atrás de vingança?

— É o que parece, não?

O segurança levou a mão à cabeça e a coçou.

— De qualquer forma, isso já não é mais da minha conta. Concordar ou discordar não irá interferir em nada na decisão de alguém. Só acho que ele está seguindo o pior caminho, e sinto pena da Fairy que será escolhida por ele. Chega. Vou chamar os Coletores para recolherem essa Darágona. Depois vou procurar a Jasmin e irei para a arena.

O governante de Erix assentiu e Dareon se afastou. Pelo que tudo indicava, aquele ano eles teriam uma seleção conturbada, como há muito não tinham.

Continua...

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