|

[Original] Os Aventureiros de Aurora - Capítulo 6, escrita por Andréia Kennen

Capítulo Anterior - Capítulo Seguinte
Autora: Andréia Kennen
Fandom: História Original
Classificação: inicialmente 14 anos
Gêneros:  romance, aventura, fantasia, drama, yaoi.
Resumo: Cristal sonhava em ser um Alfa e viver grandes aventuras ao lado de um Domador de Dragão. Para realizar seu sonho, tornou-se o melhor aluno da academia Sonar. Porém, nada fora como ele realmente esperava que seria, a começar por seu Domador...

Os Aventureiros de Aurora

Capítulo 06

A fila que precedia o balcão de atendimento era gigantesca. Mas era a primeira vez que dona Elda estava em Erix e por isso a espera não a incomodava tanto quanto ao filho que não parava quieto. Cristal saíra e voltara para fila mais de uma dúzia de vezes.

A mãe já tinha o advertido que ir ao balcão perguntar o porquê da fila não andar só atrapalhava o atendimento e não ajudava em nada, mas Cristal não aguentava esperar e mais uma vez dona Elda o viu deixar a fila, ir até o balcão e voltar esturrando e pisando duro. Ela, por sua vez, continuava folheando o catálogo explicativo mensal que havia pegado na entrada sobre as atividades e os feitos do Conselho de Erix naquele mês.

— Por que não colocam pessoas mais dispostas para atenderem nessa merda? — o rapaz esbravejou, cruzando os braços no peito. — Aquele velhinho sequer ouve o que a gente pergunta!

Dona Elda, sem se preocupar com a exaltação do filho, passou outra página da revista tranquilamente e seus olhos se arregalaram ao ver uma bela imagem de Ryoha em uma pose imponente no centro da página.

— Oh! Veja isso, Cris!

— Mãe, você quer me ouvir e parar de folhear essa droga de catálogo!

— Mas veja, meu filho — a mulher virou a revista aberta para o Fairy. — É o seu ex-Domador! Pelo que fala aqui, ele é mesmo incrível. E se você ler nesse canto, estão falando sobre você também.

Tanto as pessoas que estavam na fila na frente da dona Elda, quanto os que estavam atrás, se voltaram para eles.

— Mãe! Está chamando atenção — Cristal a advertiu, ficando levemente corado nas bochechas.

— Não me diga que esse é o Alfa que estava acompanhando o Grande Ryoha?

— Sim. É ele sim — concordou dona Elda orgulhosa, sem notar o gesto de negação que o filho fazia com a cabeça. — O meu Cristal é um grande Alfa! Fiquem todos vocês sabendo que o próprio Ryoha disse que Cristal tem poderes e conhecimentos impressionantes e que parte dos seus grandes feitos não seriam concluídos sem ajuda dele — dona Elda expôs, exaltando ainda mais seu orgulho e fazendo o filho encolher os ombros.

Houveram algumas exclamações impressionadas, murmúrios e se iniciou uma pequena aglomeração em torno deles.

— Deixe-me cumprimentá-lo, rapaz — disse um homem com porte de Domador. — Eu ouvi falar que vocês encontraram uma espécie rara de dragões que elevou o Grande Ryoha ao nível de Caçador mais jovem da história de Aurora. E ainda rendeu para ele algumas honrarias dentro do Conselho Central.

O rosto de Cristal corou completamente. Havia se tornado o centro das atenções na recepção do Conselho de Erix e tudo que ele queria era saber do paradeiro de Ryoha, pois desde que acordara do coma, não se conformava com o fato do seu Domador havia seguido sem ele.

A mãe decidiu acompanhá-lo na viagem por mera curiosidade, mas ele jamais imaginaria que o feito deles estivessem se espalhado daquela forma.

Dona Elda continuou sorrindo enviesada ao lado do filho, mostrando para todos em volta a reportagem na revista com Cristal.

Um dos seguranças do salão ao perceber o tumulto veio procurar saber o que estava acontecendo.

— Posso saber qual o motivo da aglomeração? Mantenham a ordem.

— Estamos apenas cumprimentando o Alfa do Grande Ryoha.

O homem olhou desconfiado para Cristal. Ele sempre imaginou que a função de Alfa era exercida por fadas do sexo feminino, porém, havia ouvido rumores de que o Fairy do Grande Ryoha era um garoto muito habilidoso.

— Se você é mesmo o Fairy do Grande Ryoha, não precisa ficar nessa fila — falou, depois de medi-lo com o olhar de cima embaixo. — Você está sendo aguardado. Venha comigo.

Mesmo que houvesse protestos dos presentes pelo fato de estar recebendo preferência no atendimento, Cristal ficou aliviado em não precisar esperar mais naquela fila que não andava e se apressou em apanhar a mãe pelo pulso e seguir o guarda que já marchava há alguns passos de distância deles.

Mas sua ansiedade tinha um único objetivo: o paradeiro de Ryoha. Não era porque não suportava esperar, mas sim o fato de saber que a cada minuto que perdia com burocracias, era um minuto a mais que se distanciava do paradeiro do seu Domador.

Desde que a mãe lhe entregara a carta de recomendação deixada por ele, que vinha ensaiando o discurso no qual diria a ele umas boas verdades, principalmente, que não cabia a ele tomar decisões relacionadas com sonhos e sentimentos pertinentes a vida de outra pessoa.

E se ainda assim não o fizesse compreender seus sentimentos através das suas palavras malcriadas, o faria entender através de seus punhos ou... beijos. Pensou em mais aquela opção, enquanto a adrenalina de saber notícias sobre Ryoha percorria seu corpo, fazendo-o ficar ainda mais envergonhado.

Eles pararam abruptamente e só então Cristal olhou para o lado e notou que a mãe lhe sorria com os olhos estreitados.

— Poderia largar meu pulso, querido. Está apertando.

— Ah? Desculpe-me, mãe.

— Você é mesmo como seu pai — ela disse, aumentando o sorriso no rosto. — Quando está ansioso ou nervoso fica cego.

— O pai dele deve ser alguém muito importante para ter um filho tão prodígio — comentou o homem que apanhava seu cartão de identificação e expunha diante de um tipo de leitor de código de barras.

O sorriso de dona Elda diluiu-se, mas o do filho aumentou e com um orgulho inflamando seu interior foi ele quem respondeu:

— Meu pai tinha o sonho de ser um grande Alfa. O sonho o qual eu herdei e estou realizando com muito orgulho.

A porta se abriu automaticamente após uma voz eletrônica anunciar o nome do guarda “Elbert de Sandrix” e um extenso número de identificação. Depois disso o guarda se voltou para o garoto que tinha um olhar brilhante e os punhos fechados, não precisava perguntar o que deduzira pelo tempo verbal “tinha”: o pai daquele jovem Fairy certamente havia falecido.

— Se for desta forma, esteja onde estiver, seu pai deve estar muito feliz com os grandes feitos do seu filho — ele apontou para entrada aberta. — É por aqui.

Os três passaram pela porta e assim que adentraram o novo salão os olhos de Cristal se arregalaram. Havia uma imagem holográfica gigantesca reproduzida bem no centro daquela recepção que também era imensa.

— Ry- Ry- Ryo...?

O guarda negou com a cabeça.

— Esse não é o Grande Ryoha, é seu irmão mais velho: o Grande Dallian. Mas eles são realmente parecidos.

Os olhos de Cristal continuaram arregalados. A semelhança entre os irmãos era mesmo muito grande, a cor dos cabelos, dos olhos. Mas observando com calma, ele notou alguns diferencias, Dallian tinha o cabelo curto e apesar da maturidade, tinha um sorriso nos lábios, um ar leve, um brilho no olhar, quesitos simples, mas que diferenciavam e muito do ar sempre pesado e fechado que Ryoha carregava.

A imagem holográfica media em torno de uns cinco metros, era reproduzida sobre uma base branca e redonda e vinha de um projetor instalado no teto. No pé da base tinha um título escrito em dourado: “O Grande Dallian e sua Alfa Rosali”, logo abaixo do título corriam descrições dos momentos reproduzidos holograficamente e ainda o dragão capturado, o dia, as armas e poderes utilizados na captura. Conforme a imagem alternava, também mudava as poses do Domador com sua fada diante dos vários espécimes de dragões capturados por eles. Certamente aquele era um salão de homenagens aos feitos de grandes Domadores. Mas uma das últimas reproduções deixou Ryoha impressionado, o holograma reproduzia um monstruoso Altroz lançando chamas sobre um vilarejo e na descrição intitulada como “A tragédia que extinguiu o clã Edo” datava a morte de Dallian e de sua fada.

— Há muito tempo existe esse salão? — Cristal quis saber.

­— Há algumas décadas — o guarda respondeu.

— O Ryo já entrou aqui?

— Sim. Inúmeras vezes. E se quer saber se ele já viu essa reprodução a resposta também é sim. O Grande Ryoha já é considerado um prodígio há muito tempo. Aliás, ele é o mais jovem Domador a se tornar Caçador da história de Aurora — o homem apontou para o lado esquerdo do salão, onde havia outras reproduções holográficas em tamanhos bem menores.

Cristal e a mãe se aproximaram da imagem que o homem apontara e o Fairy se impressionou ao ler na base da imagem o título: “O Grande Ryoha e seus feitos”.

— Veja, meu filho! — dona Elda exclamou fazendo o filho sobressaltar. — É você.

Os olhos de Cristal se arregalaram novamente. Foram reproduzidos na pose que os dois mais gostavam de fazer: um de costa para o outro. Em todas as imagens Cristal aparecia sorridente, enquanto Ryoha mantinha sua expressão séria. Mas a última reprodução preocupou Cristal, a imagem que datava a promoção de Ryoha para Caçador e o mostrava sozinho, usando um tipo de burca na face que deixavam somente seus olhos negros expostos. Ele também empunhava duas espadas diferentes, que pareciam foices.

— O que é isso cobrindo a face dele?

— Caçadores são chacais, minha criança. Executam sentença de morte. As máscaras fazem parte do uniforme de um chacal.

— E onde o Ryoha está nesse momento?

— Desculpe-me — pediu o homem. — Mas já estou indo além das minhas obrigações aqui. Está vendo aquele balcão? — o guarda apontou para um balcão feito de um tipo de granito branco no fundo do salão. — Pode se apresentar para a jovem na recepção e ela irá direcioná-lo para quem pode dar as explicações que deseja.

Cristal assentiu rapidamente e apertou o passo na direção do balcão. Dona Elda por sua vez agradeceu ao guarda com um sorriso gentil e só então seguiu o filho.

Na recepção, a recepcionista que estava em uma chamada através no de um difone móvel, mal deu atenção para Cristal e pediu que ele aguardasse sentado enquanto ela prosseguia na conversa que pelo “amiga, ele é lindo” fez Cristal acreditar que se tratava de algo particular.

— Desculpe-me, mas eu não vou ficar esperando porque me disseram que estou sendo aguardado — insistiu, batendo o punho fechado em um sino sobre o balcão, fazendo a moça interromper a conversa.

A recepcionista franziu as sobrancelhas e se direcionou para o visitante com a voz alterada.

— Será que você não pode esperar um mi-... nu-... — mas o fio de raciocínio da jovem se perdeu assim que ela pôs os olhos sobre o rapaz.

“Nossa! Que gatinho!” ela observou em pensamento.

O rosto da jovem corou enquanto a voz da amiga do outro lado da ligação começava a soar impaciente: “Ei? Serena? Você está aí? O que houve? Continua me contando, amiga. Estou curiosa!”.

— Desculpe-me, Amiga. Mas eu te ligo mais tarde. Beijos — a recepcionista desligou, abrindo um grande sorriso para o rapaz diante dela. — Mil perdões por fazê-lo esperar. Em que posso ajudá-lo?

— O tiozão que guarda a recepção principal disse que eu estava sendo esperado.

O semblante da jovem se tornou mais sério.

— Como se chama?

— Cristal Galeeu.

— O ex-Alfa do Grande Ryoha??

Cristal sentiu uma veia em sua testa pulsar, demonstrando sua irritação por todos que o reconhecia ter aquele tipo de reação exagerada, mais ainda pelo fato de ser chamado de “ex” e intitularem seu Domador daquela forma pomposa que sabia que ele odiava, por remetê-lo ao irmão.

— Eu não sou “ex” coisa nenhuma! Eu ainda sou um...

— Querido se acalme. — a mãe entrou no meio da discussão, apertando o ombro esquerdo do filho. — Jovenzinha... Serena, né? Eu ouvi sua amiga gritando pelo difone seu nome — ela explicou, abrindo um sorriso simpático. — Meu filho está um pouco exausto da viagem. Será que poderia nos anunciar?

A garota que tinha os cabelos rosas amarrado em um rabo de cavalo que caía sobre um dos ombros fez que sim com a cabeça e apanhou o difone.

— Só um minuto — ela pediu e discou uma sequência de números e aguardou. Assim que foi atendida, falou: — Senhor Jafah, Cristal Galeeu de Sonora está aqui. Sim. Está acompanhado da mãe — ela tapou o fone por onde saía sua voz no aparelho e direcionou-se a mãe do Fairy. — Como é mesmo o nome da senhora?

— Elda Galeeu.

— O nome dela é Elda. Sim. Entendi ­— ela concluiu e desligou o aparelho e se direcionou aos visitantes. — Disse que irá receber o Cristal e pediu para que eu a direcionasse a sala de espera.

— Sem problemas — dona Elda concordou, mantendo o sorriso aberto. — Viu, querido? Tudo é simples quando se tem paciência.

Ainda sem muita paciência, o rapaz girou os olhos nas órbitas e se dirigiu a recepcionista.

— Onde eu o encontro?

— Pode entrar por aquela porta vermelha ali atrás e subir a rampa, no final dela você encontrará um elevador tubular. Entre nele e aperte o botão “governadoria”. Você será levado direto a entrada da sala dele. Ah, se estiver portando algum tipo de arma precisará deixá-la em um dos armários dispostos na parede antes de entrar no elevador. Se estiver portanto qualquer objeto perigoso o elevador não sairá do lugar.

— Entendi.

Cristal rumou em direção a porta vermelha e mesmo tomando distância rapidamente, não foi capaz de evitar a ouvir o início da conversa da secretária com a sua mãe.

— Desculpe-me, dona Elda. Sei que deve estar acostumada a ouvir isso, afinal todos os fairies são deslumbrantes, mas seu filho é um exagero de bonito. Nunca vi um ser mágico com uma beleza tão exótica quanto ele. Acho que é o contraste da pele morena com aqueles olhos azuis tão claros.

— Eu não posso discordar de você, minha cara. Afinal, eu sou a mãe e mães sempre babam em suas crias. Mas meu Cristal é mesmo lindo. Herdou a cor da minha pele — disse a mulher que era morena e de cabelos e olhos de um tom roxo bem escuro. — Mas os olhos e a cor dos cabelos são todos da família de Orion.

— Ele também tem os traços bonitos do rosto da senhora.

— Verdade, né? — ela disse, ficando levemente corada nas bochechas. — A única coisa que o estraga é esse temperamento genioso.

— Posso te falar um segredo, dona Elda? — ela viu a mãe de Cristal concordar com um balançar de cabeça e prosseguiu: — Para mim, isso só acrescenta no charme. — A garota piscou um dos olhos para a mãe do Fairy e as duas completaram o entrosamento em uma alta gargalhada.

...

Cristal estava tão focado em saber do paradeiro de Ryoha que apesar de ter ouvido ao fundo a gargalhada da mãe com a recepcionista, preferiu não dar importância. Adentrou pela porta vermelha e ao passar por ela seguiu pela rampa mencionada. Era um corredor não muito largo, de paredes e teto escuros, um tanto claustrofóbico, devido ao teto muito baixo. O local lhe remetia aos túneis das minas de Fedra, onde o pai trabalhara, e os quais visitara em excursão com a academia algumas vezes durante seu período letivo. Havia pouca claridade que provinha de uma carreira de pequenos focos avermelhados no teto e nas paredes; lembravam os vagalumes multicoloridos do Campo de Childre, vizinho do seu vilarejo.

Apressou o passo até torná-lo uma breve corrida. Mas nem chegou a ficar ofegante quando alcançou o limite do corredor se detendo diante de três tubos rentes a parede, os quais subiam pelo teto. Cristal observou que os tubos tinham o espaço exato para o corpo de uma pessoa, poderia até caber duas pessoas se fossem magros como ele, apesar de que ficariam espremidos. Diante dos tubos havia uma tela holográfica, que exibia a mensagem “Bem-vindo, ao Conselho de Erix, por favor, visitante, se identifique”.

Como Cristal não notou nada onde pudesse escrever, resolveu falar:

— Cristal Galeeu.

De um pequeno ponto ao lado da tela saiu uma luz azul que escaneou o corpo inteiro de Cristal, ao concluir o escâner se recolheu e a tela passou a exibir várias informações em um ritmo que Cristal não pôde acompanhar. Assim que as informações pararam de ser expostas, a tela ficou branca e exibiu a mensagem: “Identificação confirmada. Não há armas. Entrada permitida.” e a porta do tubo do meio se abriu.

Assim que Cristal entrou a porta se fechou sozinha e a tela antes projetada do lado de fora se projetou dentro do elevador exibindo a mensagem: “Informar destino” e surgiu vários botões com nomes do que certamente eram todos os departamentos do Conselho de Erix, ao lado de “Registro de Espécimes” estava “Governadoria” e foi esse que Cristal acionou. A tela de mensagem mudou para: “Governadoria em 5 segundos” e virou um cronometro.

“5..., 4...”.

Cristal observou os números no painel, mas depois que o número 4 apareceu não foi capaz de continuar acompanhando pois foi atingido por uma compressão que o impossibilitou de manter os olhos abertos. Sentiu como se seu corpo estivesse sendo achatado por duas paredes de concreto pesadas e depois disso sugado através de um cano. Quando a sensação de que estava sendo espremido cessou Cristal caiu de joelhos no chão, com a respiração desregulada do susto, já que não havia tido tempo pra ficar sem ar. Sacudiu a cabeça de um lado para o outro e a levantou a tempo de ver a tela exibir os números “1” e “0” e esse último ser substituído pela mensagem: “Governadoria. Por favor, desembarque” e a porta se abriu.

Diferente do túnel escuro por onde entrara, havia algumas pessoas aglomeradas na recepção bem iluminada a sua frente. Todos o olhavam com ares de surpresa.

— Você está bem, garoto-fada? — perguntou um senhor de óculos, oferecendo a mão para ajudá-lo a levantar.

— Será que a primeira vez que ele usa o Elevatubor?

— Eu lembro da minha primeira vez — comentou outro com ar nostálgico. — Havia acabado de lanchar e foi um desastre...

— Argh! Estou indo almoçar, não fale isso.

— Vai demorar muito aí? Estou querendo descer ainda hoje.

Ao ouvir os comentários e observar aquelas pessoas uniformizadas, — tais como a recepcionista da entrada —, Cristal deduziu que eram empregados dos Conselho e se levantou rapidamente, saindo do elevador e desviando da mão estendida que o senhor lhe oferecia.

Na sequência a sua saída, o homem que estava bem atrás do restante, alto e magro, e que reclamara da demora de Cristal em sair do elevador, passou pelo grupo rapidamente e adentrou o cubículo. Ele acionou um compartilhamento no interior da máquina no qual depositou os papeis que trazia em mãos e só então sua voz abafada, devido a porta já estar fechada, pediu para a máquina: “Saída do Térreo 1”. A voz de dentro do tubo anunciou: “Térreo 1 em 9 segundos” e houve-se então um alto ruído, parecido com a turbina de uma máquina girando, e o piso de dentro do tubo desapareceu. Cristal se sobressaltou quando viu o homem ser empurrado pela força de uma corrente de ar expressa e desaparecer em uma velocidade que seus olhos mal conseguiram acompanhar.

Houveram reclamações dos presentes da folga do colega que aproveitou a confusão pra furar a fila e depois disso a aglomeração se dissipou, pois cada um dos que restaram entrou em um dos tubos e Cristal viu todos desapareceram de uma única vez.

Sozinho, o Fairy sacudiu a cabeça de um lado para o outro e retomou seu foco. Ao virar-se percebeu que haviam três jogos de escadas diferentes, na parede lateral de cada uma delas tinha uma placa-seta informando o departamento destino. O Fairy seguiu pela escada do meio. Os degraus subiam fazendo uma volta estilo caracol, mas não era muito longa. Logo o adolescente-fada deu de cara com uma porta que tinha uma placa escrito “Governadoria” e logo abaixo um papel com uma informação manuscrita: “Puxe. Não precisa bater, entre direto.” Obediente, Cristal girou a maçaneta e a puxou, adentrando o local para se paralisar com o coração disparado em seguida.

A porta se fechou com um baque e Cristal se encostou a ela com as pernas tremendo. Não havia sala, não havia chão, não havia teto. Aquilo parecia uma armadilha, se não fosse a risada brincalhona do homem sentado atrás de uma escrivaninha que parecia flutuar no ar.

— Do que tem medo, garoto? Você não é uma fada? Fadas podem voar. Eu até entendo quando humanos que não podem voar ficam petrificados de medo diante desta vista maravilhosa e dos quase cento e setenta metros de altura que possui essa torre.

— Mas eu nunca voei tão alto! Que brincadeira idiota é essa?

— Não é brincadeira. Essa é a minha sala. Venha, acomode-se. Eu estava a sua espera, Cristal. E não precisa acionar suas asas, pode vir andando mesmo.

Cristal olhou para o senhor que conhecera no seu teste para Alfa e depois de observar com mais calma a sala diante dele notou reflexo de luzes em alguns pontos. Aquilo era um truque. Com cuidado, pisou com a ponta do pé no chão e ao ter certeza que era sólido, trouxe o outro pé e enfim suspirou, ganhando confiança e caminhando até o governante de Erix.

— É de cristal.

— Como seu próprio nome — observou o homem cruzando as mãos uma na outra. — São Cristais produzidos nas Minas de Fedra, vizinha do seu vilarejo. Há dois tipos de cristais nessa sala, brancos e espelhados, que causam uma ilusão de ótica e dão a falsa impressão, pra quem entra, de que não existe sala e que estou flutuando no nada. Mas olhando daqui, você notará que é só aquele pequena parte que procede a entrada que é de Cristal.

O Fairy deu uma olhada a sua volta e notou que era verdade, havia paredes normais feitas de pedra, chão e até mesmo um teto que tinha o formato de um cone por dentro.

— Devo imaginar que esta é mais uma invenção de Argol Dentrix — disse Cristal, acomodando-se na cadeira de visitas.

— Sim. Uma mente criativa e surpreendente. Mas... sabemos que não veio até Erix para saber mais sobre a grande mente criativa de Aurora.

— Não, senhor. Eu vim aqui para reivindicar o posto que consegui há muito custo como um Alfa.

— E é exatamente por isso que estava a sua espera, meu jovem. Concordo plenamente que seria um grande desperdício um prodígio como você se aposentar tão cedo.

Um sorriso iluminou o rosto de Cristal.

— Então eu poderei me reencontrar com o Ryo?

O semblante de Jafah ficou sério.

— Na verdade, não. Eu não posso fazer nada em relação ao desejo do Grande Ryoha. Cabe a ele ter ou não um Alfa ao seu lado, visto que agora ele é um Caçador, função que o desobriga da necessidade de ser acompanhado por um Alfa. Mas, houve uma grande disputa entre bons Domadores enquanto esteve desacordado e por isso já temos um sucessor para ser seu novo mestre. Ele está no departamento ao lado preenchendo as últimas papeladas. Deixe-me chamá-lo. — o homem apertou um dispositivo na sua mesa e assim que uma voz feminina do outro lado o atendeu ele pediu: — Anna, peça para Derill vir até aqui.

Sim, senhor.

— Espere um pouco! Quem é Derill?!

Mas antes que Cristal começasse seu protesto a porta de entrada se escancarou e fechou em altos baques e um pisar estrondoso adentrou a sala, se detendo ao lado de Cristal.

O Fairy notou que o tal Derill media em torno de dois metros de altura, aparentava ter em torno de quarenta anos, tinha músculos avantajados amostra, uma cicatriz que ia da metade da bochecha até o queixo quadrado, seus olhos eram castanhos e pequenos e ele tinha uma barba rala e o ar de matador profissional. Derill observou Cristal, fazendo sombra sobre ele com se fosse um poste.

— Então é essa coisinha pequena e de olhos azuis brilhantes que será minha pequena fada? — o homem perguntou abrindo um sorriso e apanhando a mão de Cristal e depositando sobre seu dorso o beijo de cumprimento que selava o início do relacionamento entre eles. — Vou cuidar muito bem de você a partir de agora, minha belezinha.

O rosto de Cristal se afogueou.

— Quêeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee????

Continua...

Notas:

Estou de férias! *_______________*

E por isso vou tentar fazer muitas atualizações nesse período. E a próxima atualização agora será de “Pintando O Sete” e depois “Sem Querer, Juntos”, depois “As origens de Sebatian” e “Os aventureiros de Aurora” again.

Então, minna! O que acharam desse novo capítulo? Cristal estava todo animado para encontrar com o governante de Erix e já estava certo que reencontraria Ryoha quando... bomba! O Conselho arrumou outro Domador para ele?

Será que Cristal irá aceitar ser o Alfa desse tiozão bombadão?

Façam suas apostas! Comentem! Aguardo vocês no próximo! o/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Também

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...