Capítulo Anterior - Capítulo Seguinte
Autora: Andréia Kennen
Fandom: História Original
Classificação: inicialmente 14 anos
Gêneros: romance, aventura, fantasia, drama, yaoi.
Resumo: Cristal sonhava em ser um Alfa e viver grandes aventuras ao lado de um Domador de Dragão. Para realizar seu sonho, tornou-se o melhor aluno da academia Sonar. Porém, nada fora como ele realmente esperava que seria, a começar por seu Domador...
Os Aventureiros de Aurora
Capítulo 07
Uma coisa Cristal tinha certeza: ninguém em Erix estava interessado em compreender sua necessidade afoita de reencontrar Ryoha. Ele simplesmente fora transferido para outro Domador enquanto ainda estava em coma, se recuperando, e os responsáveis pela transferência sequer idearam em lhe pedir a opinião antes de concretizarem o fato.
Simplesmente não acreditou quando acionou seu IA — Identificador de Alfa — e notou que já estava registrado como o novo Alfa de Derill antes mesmo de sair da sua casa e iniciar aquela viagem.
O que mais lhe irritou foi que não houve nem como contra-argumentar com Jafah, porque após apresentá-lo ao seu novo Domador, o governador de Erix fingiu receber uma ligação e disse que precisava sair para atender uma emergência, em seguida ele entrou em um elevatubor localizado atrás de sua mesa, camuflado por uma parede móvel, e desapareceu sem deixar vestígios, deixando-o a mercê daquele tiozão gigante com uma assustadora expressão de pervertido no rosto.
Mas o que mais lhe incomodou foi a simpatia automática que a mãe sentiu pelo seu novo Domador, antes mesmo que o apresentasse como tal.
— Agora percebo de onde esse belo Fairy herdou tanta beleza — Derill já foi bajulando dona Elda ao encontra-lo, ainda apanhou a mão esquerda dela e depositou um beijo sobre o dorso, fazendo-a corar enquanto Cristal contorcia o rosto em uma careta de nojo.
— Oh, quanta gentileza, meu rapaz.
— Mãe, por favor. Esse tiozão ta longe de ser um “rapaz” — Cristal a corrigiu depois de revirar os olhos e subir em uma das cadeiras do salão e sentar-se no encosto, apoiando os cotovelos nos joelhos e o queixo nas mãos fechadas em punhos. — Eu nem sei porque ele ainda não se aposentou.
O homem voltou a atenção da fairy mãe para o fairy filho.
— Escute, minha pequena fada...
— Eu sou um garoto — Cristal o interrompeu, claramente mal-humorado —, poderia parar de usar o gênero no feminino, por favor. Obrigado.
O Domador se retesou e depois de um segundo contestou.
— Não interessa o gênero, interessa quem você é. Sei que está chateado. Certamente eu também ficaria se tivesse que trocar alguém famoso por um ninguém e...
— Eu não estou reclamando disso! — Cristal rebateu irritado antes que Derill prosseguisse. — Não é pela fama que estou chateado. Ryoha e eu éramos mais que Domador e Alfa, éramos... amigos. Eu sei que ele está em busca de algo perigoso e estou preocupado com ele. Eu não posso perder tempo aqui enquanto ele está correndo risco.
— Cristal, está sendo indelicado com o Sr. Derill... — a mãe o repreendeu, mas não obteve uma expressão melhor do filho, que continuava encarando seu novo domador com ar de chateação.
— Risco que ele escolheu correr, meu rapaz — foi a vez do domador responder de maneira séria. — Aliás, são as nossas escolhas que constroem quem somos. Arriscadas ou não. Certas ou erradas. As escolha nos torna quem somos e nos ajudam a trilhar o caminho onde desejamos chegar. Você também pode fazer as suas escolhas, pode continuar sendo um Alfa e conseguir chegar até seu amigo de forma eficaz e correta. Ou, deixar de ser um Alfa e ir atrás dele sozinho e da forma clandestina, contra as leis de Aurora, e correndo riscos desnecessários.
— O quê está querendo dizer?
— Que o meu desejo é me tornar instrutor da Academia de Domadores em Elva. Entretanto, ainda preciso alcançar uma determinada pontuação como Domador para prestar a prova que ocorrerá daqui três meses. Se eu alcançar a pontuação, você poderá ir comigo para Elva.
— E por que eu iria para Academia de Domadores?!
— Por que só há uma maneira de se entrar no território dos temíveis Altrozes, minha pequena fada: voando. E a única forma de um Domador voar sem ajuda de uma Fada é...
— Domando um Alcon.
— Exato. E o único lugar que possui um curso extensivo para Domadores e Caçadores aprenderem a montar um Alcon é em Elva. O curso tem duração mínima de quatro meses e chega até um ano, dependendo do aluno. Ou seja, o Grande Ryoha já está em Elva há quase um mês, conhecendo-o como um grande prodígio que é, podemos imaginar que ele concluirá o curso no tempo mínimo necessário, quatro meses. Se eu conseguir a pontuação para fazer a prova para me tornar instrutor da academia você verá seu amigo antes dele concluir o curso. Agora é só fazer a escolha que achar mais viável, minha pequena luz azul cintilante.
A mãe de Ryoha observava os dois em silêncio. Ela estava preocupada com o destino do filho e apesar de ter acabado de conhecer aquele Domador, ele lhe inspirava confiança. Seu coração de mãe dizia que Ryoha estar acompanhando com Derill era a melhor escolha, e por isso ficou um pouco tensa ao notar que o filho ainda não havia dado uma resposta e parecia experimentar um conflito interno. Mas o silêncio do fairy adolescente durou muito pouco, logo Cristal abriu seu belo sorriso e reanimado, deu sua resposta, para alívio da mãe.
— O que estamos esperando para começarmos agora mesmo, Tiozão?!
...
Dragaria, Arix.
A classe era formada por doze alunos. Dos doze somente dois eram Caçadores, os demais eram Domadores de nível elevado. A maioria deles eram homens, — havia apenas uma mulher na turma — e todos pareciam ter idade entre trinta e cinquenta anos.
A pós-graduação em Levidação oferecida em Dragaria — a Academia de Domadores —, é um curso extensivo como vários outros existentes para os Domadores graduados e que desejam se especializar em outras áreas. A área de estudo está localizada no topo da montanha Arix, a 500 metros de distância da academia. O curso era dividido em três módulos, sendo o primeiro somente teoria. Nesse módulo os futuros leviadores aprendem sobre os tipos de dragões alados existentes, quais são e não são montáveis e como eles nascem, se alimentam, crescem, são encontrados e se reproduzem. O segundo módulo era dividido em duas etapas: a teoria sobre a doma dos Alcons e a prática. O terceiro e último módulo é voltado totalmente para as aulas de voo.
Assim que seu registro de Caçador saiu em Sandrix, Ryoha voltou para academia e há um mês frequentava as aulas do primeiro módulo.
Não que achasse o professor daquele módulo ruim, ele conhecia Paraxis de outras épocas, da sua educação básica. O problema é que sempre fora autodidata e há algum tempo já vinha lendo sobre o dragões alados. Além disso, no período noturno, enquanto muito dos seus colegas de sala se esbaldavam nos pubs da vila, ele antecipava a leitura das apostilas do curso. O resultado era aquele: já sabia de cor tudo o que o professor explicava. Sendo quase impossível não se sentir entediado durante as aulas e evitar que escapasse alguns bocejos. A sala escura, devido a utilização do retroprojetor holográfico que o professor usava para explicar as várias espécimes de dragões alados existentes, era um convite irrecusável a um cochilo. Chegava até ter sonhos estranhos, onde ele e Cristal voavam em um céu azul claro montados juntos em um mesmo Alcon.
— O Krakus é um dos espécimes de dragões mais sociáveis existentes em nosso mundo. Vegetarianos e ainda suportam tranquilamente o peso de um humano. Entretanto, ele está classificado na lista dos “não montáveis”, alguém sabe me dizer o porquê dessa classificação? — perguntou o professor acionando um dispositivo no apontador, — que lembrava uma varinha —, e acionando automaticamente a iluminação da sala.
Várias mãos se estenderam no ar, mas a atenção do professor foi direcionada para o aluno mais jovem da sua classe, que cochilava com a cabeça deitada na carteira e escondida entre os braços. Caminhou tranquilamente entre os alunos e parou ao lado do rapaz, batendo com o apontador na base da mesa.
Ryoha mexeu a cabeça que estava escondida entre os braços e devagar virou seu rosto até seus olhos ficaram visíveis.
— Paraxis?
— Minha aula está entediando o Grande Ryoha? Você já foi mais dedicada aos estudos quando era criança.
Ao erguer a cabeça enquanto esfregava um dos olhos com os punhos fechados, Ryoha observou que a maioria dos alunos estavam voltados na sua direção e encaravam com ar de reprovação, mas totalmente despreocupado com atenção que recebia, explicou ao professor.
— O Krakus tem seu dorso recoberto por uma camada de escamas que se assemelham a finíssimos e afiados espinhos, o problema é que, os espinhos são altamente venenosos. Um simples arranhão na pele humana é o suficiente para espalhar um veneno que conduzirá o ferido a morte em questão de minutos. Feitiços e roupas de proteção estão sendo estudados e projetados em Sandrix desde a descoberta da espécime, mas até o momento nenhum resultado se mostrou satisfatório o suficiente ao ponto de valer o risco de se voar no lombo de um Krakus.
O professor fitou Ryoha longamente.
— Com essa bela explicação, encerramos a aula de hoje — ele anunciou de repente, caminhando de volta para a frente da sala e acionando um botão em seu apontador que desligou o retroprojetor holográfico que agora era somente uma imagem desfocada. — Respondam as últimas páginas do caderno de questionário, são 15 perguntas referente as últimas três espécimes que estudamos. Se não me engano, na sequência, há mais 65 perguntas sobre todo o módulo em geral, estas últimas são praticamente um simulado para o teste final do módulo que será na quarta-feira. Na segunda e na terça iremos apenas corrigir as repostas do questionário como uma forma de revisão para a prova. Tenham um bom fim de semana. Estão dispensados.
O grupo se levantou propagando uma pequena algazarra ao arrastarem as cadeiras e murmurarem reclamações, dentre elas, perguntas indignadas de: como eles teriam um bom final de semana com tanta tarefa pra fazer?”. Alguns fizeram questão de frisarem em alto e bom som que a culpa do mal humor do professor e do exagero na tarefa era devido a arrogância do “Grande Ryoha”. E foram se dispersando aos poucos. Um grupo formado por quatro alunos foram os últimos a deixar a sala e, mesmo com anúncio do teste na quarta e com um imenso questionário para responder, não se preocuparam em marcar de se encontrarem na taverna da cidade mais a noite.
O professor estava terminando de recolher seu material quando parou ao notar que Ryoha continuava bem acomodado em sua carteira.
— Se está cansado deveria ir para o dormitório dormir, não? — ele observou, juntando o restante do seu material em uma pequena pilha a qual mal conseguiu envolver com seus braços franzinos.
Ryoha empurrou a carteira, arrastando-a no chão como os outros fizeram anteriormente e propagando um eco na sala agora quase vazia, se levantou calmamente e caminhou até o professor, ficando de frente com ele.
— É. Você realmente cresceu e se tornou um homem impressionante — admirou o homem um tanto encabulado.
O ruivo não respondeu a observação, apenas apanhou metade dos materiais que o professor se esforçava para segurar e anunciou simplesmente:
— Eu o ajudo com isso.
Sem ter tempo de contestar, já que seu aluno havia pego a maior parte do peso da sua pequena pilha, ele assentiu ainda mais sem jeito e os dois saíram da sala juntos.
Àquela altura os corredores já estavam vazios e o silêncio predominou por boa parte da caminhada. O instrutor não sabia o motivo, mas sentia-se um pouco incomodado com a presença do seu aluno. Conhecera Ryoha em seu segundo ano de aula em Dragaria, a princípio sentiu pena do pequeno garoto com feições de menina ao notá-lo sempre reservado e afastado dos outros colegas, mas seu desempenho logo o surpreendeu. Não demorou notar que a seriedade sempre estampada naquele bonito rosto infantil não era por ele ter tido uma infância traumática e ser pouco sociável, mas sim por estar focado em um único objetivo.
Acabou se apegando a ele de uma forma que não imaginava. Defendendo-o inúmeras vezes de agressões verbais, às vezes até físicas, dos outros garotos que meramente não o aceitavam, fosse por ele ser tão reservado, fosse por ciúmes. Ciúmes por Ryoha ser famoso, irmão do grande Dallian, ser um pequeno prodígio e ganhar o coração de boa parte das meninas da academia, mesmo ele nunca tendo se esforçado para tal e nem demonstrado interesse em nenhum tipo de relacionamento, pelo menos não durante todo tempo de sua graduação.
O professor não sabia explicar, mas sentia que algo havia mudado no seu aluno. Sabia que ele voltaria para academia para estudar levidação, pois Ryoha traçara seu objetivo minuciosamente. E até aquele momento percebia que ele estava executando seu plano da mesma forma detalhada. Então já sabia há algum tempo que eles voltariam a ser professor e aluno. Mas não pensou que se surpreenderia ao revê-lo e perceber que havia algo de diferente em seu olhar.
Desde quando se encontraram e, com a justificativa de que Paraxis parecia ser jovem demais para ser um professor, Ryoha não se habituara a chamá-lo de “professor”. Mesmo corrigindo-o infinitas vezes, o aluno acabou se acomodando em chamá-lo pelo primeiro nome.
Até ele deixar a Dragaria aquilo não incomodara o professor. Porém, agora que Ryoha estava de volta e, sentia esse algo de diferente nele, aquilo o estava incomodando. Toda às vezes que Ryoha o chamava pelo nome sentia seu estômago contrair.
— Paraxis?
A pontada veio tão forte que o professor até sobressaltou.
— Não faça isso, Ryoha!
— Fazer o quê?
— Me interromper quando estou pensando com meus botões, ora! — ele exclamou exaltado, arrumando os óculos de aros finos no rosto ao empurrá-lo com o dedo indicador.
— Sinto muito.
— Mas agora que já interrompeu, diga.
— Você ficou mesmo chateado por eu ter dormido na sua aula?
A pergunta pegou o professor desprevenido. Ele não sabia como respondê-la prontamente. Havia ficado chateado e muito. Mas o que estava lhe incomodando era exatamente ter ficado chateado com a situação. Conhecia Ryoha muito bem ao ponto de saber que aquilo não era motivo para preocupá-lo.
— Você voltou realmente mudado, Ryo... — acabou escapando da pergunta ao confessar aquilo que vinha lhe incomodando desde o retorno do seu aluno.
Ao ouvir aquilo Ryoha parou a caminhada. Paraxis também se deteve, alguns passos à frente, então voltou-se para o ruivo e o encarou da mesma forma que ele fazia.
— Do que está falando, Paraxis?
O professor riu e coçou a nuca, um gesto que fez Ryoha arregalar os olhos ao ver a imagem de Cristal sobrepor a dele.
Paraxis deteve a risada sem graça, mas manteve o ar sorridente, ao finalmente entender o que estava acontecendo.
— Há alguém.
— O quê?
— Agora eu percebi. É isso que está mudado em você, Ryoha. Aconteceu algo muito especial nessa sua jornada. Há alguém habitando em seu coração, e esse alguém está sendo refletido até no seu...
— Cale a boca.
O professor se calou, voltando a ficar sério. Em seguida viu o rapaz caminhar a passos duros em sua direção, devolver o restante do seu material sobre os poucos que ele carregava e lhe virar as costas, se afastando rapidamente.
...
Ao chegar no guarda-volumes para guardar o único material que havia levado para aula: a apostila, Ryoha tentou exacerbar a raiva que sentia ao socar e chutar a porta do seu armário.
— Droga! Droga!
Encostou a testa no alumínio frio e pelas pequenas fendas na porta percebeu algo amarelo dentro do seu armário, franziu o cenho e desencostou-se da armação, retirando a chave do bolso direito da calça. Rapidamente abriu a porta do armário e após depositar a apostila no fundo apanhou aquele envelope amarelo, observando a letra cursiva, bonita e deitada que havia sido escrito com uma caneta tinteiro vermelha “Para Ryoha”.
Virou o envelope e notou que não havia remetente. Por um instante irritou-se ao imaginar que mesmo na pós-graduação teria que lidar com as confissões ridículas de garotas apaixonadas, mas ao lembrar que só havia uma mulher em seu grupo e que ela parecia mais homem que ele próprio, descartou a ideia.
Por um instante se pegou naquele conflito interior, enquanto observava o envelope, mas ao ouvir um barulho estranho se aproximando guardou a carta dentro da sua roupa e fechou a porta do armário, olhando para o lado e notando aqueles dois caras que eram da sua sala e andavam sempre juntos. Os dois pareciam paredes de músculos ambulantes. Músculos cheio de cicatrizes que eram exibidos com orgulho por suas capas com mangas rasgadas. Eles se chamavam de “irmãos”, mas já tinha ouvido os comentários dos outros colegas que eles não tinham laços de sangue nenhum.
Mas Ryoha achava que se fossem irmãos talvez não fossem tão parecidos: eram morenos, tinham olhos castanhos, pequenos e estreitos, grandes narizes, rostos quadrados, e gostavam de fazer brincadeiras as quais até os demais da sala criticavam por acharem sem graça e irritante.
— Vejam só se não é o “Grande Ryoha”, irmão? — falou um deles, fazendo-o encostar as costas no armário ao se aproximar de Ryoha e se deter na frente dele.
— Não jogue esse bafo fedorento na minha cara, babaca. Saia da minha frente.
— Oh! Ele tem mesmo uma língua afiada. Veja, irmão. Ele tá fazendo cara de bravinho. Devo me preocupar?
O outro parecia menos débil que o primeiro, ele se aproximou com um sorriso de canto e encostou a lateral do braço no armário, ao lado de Ryoha. Sem descruzar o braço, apanhou uma mexa do cabelo ruivo de Ryoha, que estava desprendida da amarra junto a nuca, e sorriu ao elevar os fios até as narinas e gostar do perfume agradável que exalara.
— Hm. Bom. Ao menos a beleza e a bravura fazem jus a fama que ele tem, irmão — o homem observou, sorrindo maliciosamente e passando a alisar o braço descoberto de Ryoha devido a camisa preta cavada que ele vestia. — A pele dele também é lisinha, branquinha, macia. Nem parece um guerreiro. Ele faz realmente o nosso tipo — o homem comentou, passando a língua húmida nos lábios. — Escuta, belezinha. Eu e meu irmão ouvimos muitos rumores sobre você, mas um deles nos chamou mais atenção que “seus grandes feitos” e sua “busca por vingança”.
Ryoha não disse nada, apenas moveu o olhar para o canto dos olhos, para observar o cara ao lado.
— Que você gosta daquilo que caras viris como eu e meu irmãozinho aqui podemos proporcionar... — ele comentou sussurrando e lambendo os lábios mais uma vez. — Então viemos fazer um convite único: nossa cama, essa noite. Não irá se arrepender. Joguinhos, bebidas, aperitivos e a promessa de que iremos levá-lo a zona do múltiplo êxtase, algo que jamais sentiu antes. Tudo, evidentemente, na máxima discrição.
Ryoha voltou a mover os olhos, desta vez fitando o homem a sua frente que agora respirava de uma maneira gutural, fazendo com que uma baba começasse a se formar no canto da sua boca, fazendo-o parecer ainda mais com um ogro.
— Então, minha belezinha, qual é sua resposta?
— É responde logo... Já tô ficando de pau duro... — comentou o ogro, soando ainda mais débil.
Ryoha engoliu em seco, era evidente que eles já sabiam da sua resposta e estavam preparados para ela, mas eles não pareciam estar carregando nada de diferente e por isso não conseguiu deduzir qual seria “o meio” que eles haviam preparado para persuadi-lo. A não ser que fossem estúpidos suficientes para usarem de força bruta, mas aí, seria idiotice demais. A escola era monitorada por câmeras, se brigassem ali seriam captados por uma delas e as imagens serviriam com prova para expulsá-los.
— Por que ele tá demorando tanto a responder, irmão?
— Se ele está pensativo é porque nossa proposta mexeu com ele, irmão.
Apostando na única hipótese que parecia mesmo viável, Ryoha resolver da sua resposta.
— Tenho certeza que as oitenta questões que tenho como tarefa me proporcionaram mais “êxtase múltiplo” que os dois idiotas. Agora, se me derem licença, tenho muito o que fazer.
Assim que Ryoha desencostou do armário ameaçando sair dali, ele sentiu uma picada em seu braço que o fez parar e encarar o homem ao seu lado com os olhos arregalados. Ele estava com um “unhal” de metal e o furou com aquilo. Em questões de segundo começou a sentir uma forte vertigem que o fez encostar novamente no armário.
— O que é isso que aplicou em mim? — perguntou, já ofegante.
— Sabe, belezinha. Você se acha muito esperto. Garoto acima da média. Prodígio. Não sei mais o quê. Mas sabemos muito bem que tem coisas que não se aprendem nos livros. Há anos eu e meu camarada aqui estamos no mercado informal, para não usar aquela palavra mais feia “submundo”. O nosso mundo está cheio de domadores bem intencionados, mas está ainda mais cheio dos maus. Trabalhamos pra gente grande, gente que você nem imagina, donos de laboratórios famosos que usam como fachada “pesquisas com dragões para o bem da humanidade”, mas por trás estão elaborando substâncias que são vendidas a preço de ouro para causar o “mal a humanidade”. O Krakus que você mencionou tão bem hoje é uma das iguarias que nós domadores informais caçamos para esses grandes projetos. Aposto que isso não está nos livros idiotas que você leu. Mas não se preocupe, não foi veneno de Krakus que apliquei em você. Seria um desperdício acabar com a vida de alguém tão lindo e famoso. Só queremos te dar uma lição pra acabar com esse narizinho empinado. Além disso, precisamos concluir nosso curso e a sua morte não nos permitiríamos. O que apliquei em você é um presentinho que recebi em troca dos bons serviços que prestamos, algo que vai deixar seus nervos paralisados sem deixá-lo insensível as carícias que iremos lhe proporcionar. Além disso é um afrodisíaco magnifico que agirá por no mínimo oito horas. Sendo assim, iremos ter nossa ‘noitada’ com êxtases múltiplos, queira você ou não.
Ryoha sentiu suas pernas cambalearem e ele tombou na direção do “ogro” que ainda respirava e babava na sua frente como um animal faminto visualizando seu prato principal. O homem o apanhou no colo e o que antes estava de lado passou a vasculhar os bolsos de Ryoha.
— Ele é leve, como uma garota, irmão.
— E é bem mais bonito que muitas garotas também.
— O que tá procurando?
— A chave do quarto dele. Ah, está aqui.
Ryoha tentou abrir a boca, mas não conseguia emitir som algum. Mas viu quando ao puxar a chave do bolso da sua calça, aquele cara deixou o envelope amarelo escorregar direto para o chão.
— Vamos pro quarto dele, Enon. Levantaremos menos suspeitas se fizermos tudo lá.
— Certo. Então vamos logo, irmão. Estou faminto.
— Eu também, eu também, mas aprenda, meu irmão: um bom prato se saboreia comedidamente.
— Come-di- o quê?
— Deixe pra lá, apenas ande. Depressa.
Continua...
Notas:
Sei que demorei muito na atualização dos “Aventureiros de Aurora” e peço desculpas por isso T^T! Mas esse será mais um dos meus trabalhos que serão atualizados lentamente, mas o qual não deixarei de atualizar.
Comecei a desenvolver o Mapa de Aurora, agora que a história começa a se expandir para outros territórios se faz necessário o mapa T^T. Mas para que não fiquem muito perdidos já vou dar uma palhinha sobre ele.
Aurora é dividida em 07 Condados (territórios, continentes) dentre eles, conhecemos quatro:
1- Valdoura - Principal condado de Aurora, onde vivem os governantes. A Cidade principal do condado é Sandrix. É também em Sandrix que ocorrem os testes para Caçador, e onde se encontra o Conselho Geral sobre os Dragões, Centros de Pesquisas Avançadas e o Tribunal.
2- Elva – Segundo condado mais importante de Aurora. A principal cidade é Erix, responsável por avaliar Domadores e Alfas, expedir à eles licenças e direcioná-los à missões. Em Elva também se encontra Dragaria, a Academia de Domadores, que está localizada na cidade Arix. Citada nesse capítulo.
3- Relva – O condado de Relva é onde se encontra o Vale de Sonora, — a vila das fadas e a Academia Sonar, academia para formação de Alfas. Em Relva também temos as Minas de Fedra, onde vivem uma grande quantidade de elfos emigrantes. O Campo de Childre e as Montanhas Relvas.
4- Saníedes – Ainda foi pouco mencionada, mas é um condado obscuro, onde se encontra o Pântano de Almika, a morada dos estranhos Almískins.
Por enquanto é isso!
Nesse capítulo Ryoha decide se aliar ao “tiozão” Derill para tentar reencontrar Ryoha mais depressa. Enquanto isso, Ryoha está de volta a academia para ter aulas de levidação, montar e voar em dragões, e assim conseguir chegar ao território dos Altrozes, mas sua beleza e orgulho atraem dois caras muito estranhos que estão com clara más intenções, será que ele vai conseguir sair dessa situação?
Deixem seus comentários! Não esqueçam que eles são muito, muito importantes para esse escritora aqui continuar inspirada!
Até o próximo! o/
Nenhum comentário:
Postar um comentário