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[Original] Os Aventureiros de Aurora - Capítulo 4, escrita por Andréia Kennen

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Autora: Andréia Kennen
Fandom: História Original
Classificação: inicialmente 14 anos
Gêneros:  romance, aventura, fantasia, drama, yaoi.
Resumo: Cristal sonhava em ser um Alfa e viver grandes aventuras ao lado de um Domador de Dragão. Para realizar seu sonho, tornou-se o melhor aluno da academia Sonar. Porém, nada fora como ele realmente esperava que seria, a começar por seu Domador...


Os Aventureiros de Aurora

Capítulo 04

Revisado por Vane

A gosma amarelada que os Almískins soltavam pelas glândulas salivares era corrosiva. Eles as cuspiam em tal velocidade, que conseguiriam atingir um alvo mesmo a dez metros de distância. Por isso, era difícil aproximar-se deles. Se não fossem as inúmeras árvores do lugar, que serviam como escudos, Ryoha e Cristal teriam naquele momento ferimentos do mesmo tamanho dos buracos que aquela gosma deixava na vegetação.

Cristal havia perdido Ryoha de vista momentaneamente e começava a se preocupar. Mesmo usando uma máscara que cobria seu nariz e boca, o odor de podridão daquele lugar o estava enjoando. Isso era algo com que o Fairy não se preocupava, pois ele aplicara em si uma magia capaz de bloquear temporariamente o sentido do olfato, mas não poderia fazer o mesmo por um humano, que possuía um organismo diferente do seu. Sua magia era aplicável apenas em seres e artefatos mágicos.

Ryoha e ele haviam combinado na noite anterior que atacariam o ninho dos Almískins pela manhã, pois sabiam que aquela espécie de Dragão tinha hábitos noturnos e dormia dentro do pântano durante o dia.

Quando eles chegaram ao ninho, notaram que o grupo dormia amontoado no centro do pântano; os corpos boiavam na superfície. Para capturarem um casal de Almískins decidiram usar como arma a rede de fibra Fena, confeccionada no próprio vilarejo de Cristal. Essa era a única arma capaz de reduzir o tamanho de um ser mágico, pois ela respondia ao encantamento Baccara, o mesmo que o Fairy usava para diminuir sua própria altura.

Mas a rede era pouco resistente e o máximo que conseguiriam seria manter os Dragões presos até serem retirados da Floresta. Já que os olhos e a pele daqueles seres eram sensíveis à luz do dia, haveria dupla maior vantagem contra eles na claridade do que no pântano escuro de Almika.

Mas o plano de Ryoha e Cristal havia ido por água baixo assim que eles se aproximaram da água pantanosa e um chiado irrompeu de cima de uma das árvores, fazendo com que todos os até então adormecidos se agitassem. Em questão de segundos, os Dragões se ergueram, lançando rajadas de sua gosma corrosiva para todos os lados. A rede foi a primeira ser atingida e totalmente danificada. A única coisa que Cristal e Ryoha fizeram foi fugir. Como esperado dos Almískins, eles eram mesmo dotados de inteligência, pois nenhuma outra espécie de Dragão pensaria em deixar um deles vigiando o ninho enquanto os outros dormiam.

Os invasores precisavam repensar a forma de capturá-los ou desistir de vez.

Mas Cristal tinha absoluta certeza de que, para Ryoha, desistir estava fora de cogitação, mesmo eles estando em grande desvantagem.

— Onde você está, Cristal? — ele ouviu o grito do Domador ecoar dentro da floresta.

O Fairy sentiu seu sensor de perigo se acionar automaticamente e saiu de trás da árvore onde tinha se escondido. Não era ele, mas sim Ryoha quem estava em perigo. Mas se assombrou ao perceber que não conseguia ver a massa vital daqueles Dragões. A água do pântano deveria ter algum tipo de propriedade que bloqueava seu sensor. Também não conseguiu enxergar a massa vermelha pertencente ao seu mestre.

“Pelo grito, tive a impressão de que ele não estava tão longe. Será que ele caiu no pântano?”

Pensou em gritar de volta, mas tinha certeza de que aqueles Dragões o ouviriam. Seria encontrado. Usou o encantamento de Baccara e levantou voo. Seria mais fácil despistá-los se ele estivesse em modo reduzido.

— Onde você está, Cristal? — ouviu o grito novamente.

— Onde você está, Cristal? — o chamado se repetiu.

O Fairy franziu o cenho. Os dois chamados pareciam ter vindo de direções opostas.

Pousou em um galho de árvore, ao lado de um corvo, e desativou o modo de segurança da sua visão. A ave ao seu lado piscou algumas vezes, inclinando a cabeça para observá-lo.

— Pare de me olhar assim, eu não sou comida! — ele resmungou para ave, aumentando um pouco de tamanho para ficar ao menos da altura do corvo e não ser confundido com um inseto que ele pudesse bicar. — Não se incomode comigo. Não vou ocupar o seu galho por muito tempo. Só preciso ter uma visão mais ampla desse lugar e aqui é um bom ponto. Aliás, meu amigo corvo, você poderia me falar um pouco mais sobre os hábitos desses seus vizinhos asquerosos, né não?

O corvo abriu as asas e grasnou.

— Tá, tá. Não precisa ficar irritadinha. Eu me enganei, oras. “Senhorita Corvo”? Soou melhor?

...

O Almískin deslizou o dedo pelo rosto de Ryoha, deixando uma mancha de lama negra em sua pele branca. Ele inclinava o rosto de um lado para o outro e continuava analisando-o com curiosidade, como se aquele fosse um brinquedo novo. Chegara até mesmo a lambê-lo.

Alguns dos companheiros do monstro estavam dentro do pântano e os outros faziam rondas em torno dele. Eles eram muito maiores que um humano comum; a maioria media mais de dois metros. Suas cabeças tinham o dobro do tamanho de uma cabeça humana também; eram cobertas por chifres que cresciam em formas e tamanhos irregulares e lembravam galhos quebrados de árvores, os quais desciam pela espinha dorsal. Eram magros, quase esqueléticos.

Algo que Ryoha notou era que o Almískin que o estava aprisionando era uma fêmea, pois ela possuía elevações diferentes no peito: três pares de seios. Apesar de a maioria dos Dragões ser ovípara, algumas espécies eram mamíferas e ainda existiam alguns casos raros que eles eram ambos. A verdade era que Ryoha não se lembrava daquela peculiaridade dos Almískin; imaginara que eles fossem hermafroditos. Também observou que sua nova admiradora não tinha intenção de devorá-lo, pois quando ele fora encurralado, fora ela quem se intrometera na frente dos demais e os impedira de feri-lo. Talvez ela tivesse simpatizado com ele o suficiente para transformá-lo em seu bichinho de estimação.

Mas os dragões haviam confiscado suas armas e estavam em alerta, pois sabiam que ele tinha um companheiro. Na verdade, aqueles seres eram espertos o bastante para elaborarem um plano para encurralar Cristal da mesma forma que fizera com ele. Ao sercapturado, Ryoha gritara pela ajuda do Alfa e aqueles monstros gravaram sua voz. Agora a repetiam em locais aleatórios. Ele nunca ouvira falar daquela capacidade bizarra deles de reproduzirem vozes humanas. Não era à toa que os Almískins eram considerados uma das espécies mais difíceis de capturar.

A carcereira voltou a lamber o rosto do Domador, o que lhe causou arrepios de repugnância.

— Pare de fazer isso!

— Pare de fazer isso! — ela o imitou, e logo vários outros fizeram o mesmo.

O domador franziu as sobrancelhas e bufou. Aquilo soava como uma brincadeira infantil e não combinava em nada com aqueles monstros de aparência grotesca. Foi quando notou algo: um corvo estava sobrevoando aquela região havia algum tempo. Depois Ryoha viu-o pousar no alto de uma árvore que margeava o lago, cujas raízes se alastravam através do pântano. Podia ser só impressão sua, mas teve quase certeza de ver um foco de luz lilás brilhar nas costas da ave.

“Será que é você, Cristal?”

Não tinha como fazer nada. A única forma de sair dali era esperar que os Dragões voltassem a dormir; assim Cristal e ele poderiam escapar. O triste seria deixar aquele lugar sem levar nenhum daqueles espécimes, mas não poderia lutar contra todos. E certamente não conseguiria levar apenas um sem chamar a atenção dos outros.

Chegou o meio da tarde e, como Ryoha imaginara, os monstros começaram a retornar para o pântano e adormecer. Estavam sendo vencidos pela sonolência. Até mesmo a carcereira piscava os olhos, tentando evitar o sono, mas acabou não conseguindo evitá-lo.

Restava apenas o que estava de guarda. Este não demonstrara sinais de que adormeceria logo. Ele se mantinha bem acordado e atento. Certamente seu ciclo de sono era inverso e ele dormia durante a noite.

A tarde estava se findando quando Cristal saiu das costas do corvo. Tinha passado um bom tempo avaliando o comportamento do guarda e notou que ele saía para fazer uma ronda rápida em voltado ninho de hora em hora.

Assim que o vigia foi para a ronda depois de os últimos Almískins terem adormecido, o Fairy agiu rápido. Retornou ao seu tamanho normal e voou até onde estavam as armas do Domador. Apanhou-as e deixou-as sobre a raiz da árvore, retendo somente uma adaga a fim de cerrar os cipós que imobilizavam Ryoha.

— Rápido! — o Domador cochichou para o seu Fairy assim que este se aproximou dele. — Está anoitecendo.

— Eu sei, eu sei. Parece que você está bem enrolado aqui.

— Nada de piadas infames a uma hora dessas.

Mas na cabeça do Fairy adolescente, aquela frase tinha um efeito contrário e ele continuou zombando do seu Domador, para a irritação deste.

— Ainda bem que você fez o tipo dessa Almískin, né, Ryoha?

— Eu disse para ficar quieto e me tirar logo daqui.

— Tem certezade que quer sair? Você até se acostumou ao odor desse lugar, até se livrou da máscara. Além disso, sua companheira vai ficar muito triste ao não encontrá-lo aqui quando despertar.

Pela expressão assustadora que Ryoha fez, Cristal decidiu suspender a brincadeira e agir. Ao terminar de cortar as cordas, puxou o Domador pelas mãos e o tirou do pântano. O uniforme vermelho ficara preto devido à água pantanosa.

Aquela foi a primeira missão mal-sucedida que eles tiveram. Assim que voltaram ao acampamento, Cristal notou o quanto Ryoha estava chateado com aquele fracasso quando perguntou se eles retornariam na manhã seguinte para uma nova investida e o Domador foi ferino na resposta.

— Claro que voltaríamos se fosse para apanhá-los do meu modo. Mas existe alguém aqui que sente pena de ver os pobres Dragõezinhos sendo feridos — Ryoha pegou sua outra bagagem, que havia deixado dentro da barraca, e adentrou a mata. — Vou procurar um rio onde eu possa me lavar.

Os ombros do Alfa pesaram e ele abaixou a cabeça. A agradável noite anterior agora parecia ter sido um sonho.

De repente, ouviu Ryoha o chamando.

— Ei?

Ergueu os olhos e viu o Domador parado em meio aos arbustos, empurrando as folhas das plantas com uma das mãos e criando uma abertura.

— Vem comigo — ele ordenou, com uma voz menos dura.

Enquanto o Fairy o seguia, Ryoha se desculpou.

— Desculpe-me — pediu, o tom meio seco. — Não quero estragar as coisas entre a gente de novo. Eu só não estou acostumado a perder.

— Não é uma questão de perder — rebateu o Fairy. — Também não é que eu não goste de ver os pobres Dragões sendo feridos, como você ironizou. Eles só não fizeram nada para merecerem ser tratados assim. Ao contrário, eles até deixaram o invasor da casa deles viver.

O Domador apenas suspirou em resposta. Achou melhor ficar em silêncio, ou a situação ficaria confusa novamente.

Deteve-se diante do lago e admirou a lua dupla no céu enquanto se despia das roupas sujas da lama negra do pântano de Almika.

“Então é isso que significa ter um parceiro?”, ele se questionou, agachando-se no lago para lavar as vestes sujas.

Ryoha começava a entender o resultado do medidor de compatibilidade do Decter de seleção. O aparelho não avaliava apenas habilidades semelhantes, mas também perfis que se completassem. Cristal tinha tudo aquilo que lhe faltava. Porém, não sabia se isso fazia de Argol Dentrix um gênio ou apenas mais um tolo sentimental, como seu irmão Dallian fora. Agora também compreendiao porquê de muitos Domadores ignorarem o resultado da compatibilidade do Decter.

— Vamos descansar essa noite aqui e amanhã partimos — Ryoha mudou o rumo da conversa. Mas parou de esfregar a roupa suja ao sentir algo quente nas suas costas e uma espécie de formigamento na pele. — O que está fazendo?

— Tem um corte bem grande nas suas costas, está sangrando. Deve ter sido feito no momento em que você foi capturado.

— Ah, é verdade. Eu acho que foram as garras daquela monstra que me prendeu. Agora que percebi: o uniforme também está rasgado nas costas. Esse não tem mais salvação, vou ter que descartá-lo — ele disse, largando de lado a roupa cheia de lama. — Não estava a fim de ficar limpando essa lama mesmo.

— Hm.

— Vai demorar?

— Não. Só mais um pouco.

— Certo — Ryoha resmungou, sentando-se numa pedra à margem do lago e acomodando-se melhor.

A calma daquele ambiente e o silêncio eram perturbadores. Ryoha não estava acostumado a relaxar. Saía de uma missão e emendava outra; só relaxava quando estava dormindo.

Ele admirou as duas luas refletidas na água. A noite estava clara e os únicos sons que se ouvia eram os produzidos pelos insetos e pequenos anfíbios que viviam ali, reproduzindo diariamente aquela orquestra natural.

— Coloque seus cabelos para a frente para eu ter certeza de que o ferimento fechou — pediu o Fairy, interrompendo a divagação de Ryoha.

O Domador o fez. Ergueu o braço esquerdo por cima da cabeça e apanhou os fios, iniciando pelo canto da orelha direta, e foi juntando-os até trazê-los todos para a frente, expondo as costas e a nuca nuas para o subordinado atrás de si. Não entendeu muito bem, mas sentiu algo diferente ao fazer aquilo, um arrepio.

— E aí? — perguntou, inclinando o pescoço para o lado para ver seu Alfa. Franziu o cenho ao vê-lo paralisado, com o rosto vermelho. Indignou-se, não com o ar aparvalhado que ele fazia, mas por ele ainda estar vestido. — Porque ainda está de roupa? Não vai se lavar também?

— Quê?! — Cristal exclamou, por ter sido pego de surpresa. — Vo-você não me disse nada de banho, só pediu para eu segui-lo.

— Hã? Agora eu preciso ordenar que se limpe também? Entre logo nessa água!

— M-mas deve estar fria!

O Domador revirou os olhos e se levantou. O Alfa tentou fugir, mas Ryoha o agarrou pela gola da camisa. Puxou-o até a beira do lago enquanto ele se debatia e o empurrou para dentro da água com roupa e tudo.

Assim que entrou em contato com o líquido, o Fairy reclamou:

— E- e- e- está mesmo fria!

— Ah, cale-se! Não vou andar por aí com um Fairy fedendo — disse o Domador, entrando também no lago e notando que a temperatura da água estava agradável.

“Ah, é? Você me paga!”

Para se vingar, o Fairy tentou pregar uma peça no outro rapaz, fingindo que não sabia nadar.

— So- socorro! Não sei nadar!

Ryoha viu o seu Alfa se debater na água e desaparecer. Mas nem um pouco preocupado, ele andou tranquilamente pelo lago, chegou até onde Cristal estava e puxou-o para a superfície por um das orelhas pontudas.

— Quem você está querendo enganar, idiota? — ele perguntou de pé dentro do lago, a água cobrindo somente de sua cintura para baixo. — Esse lago é raso.

— Ai, ai, ai. Solta, Ryoha. Vai arrancar meu brinco.

Ryoha parou de puxar a orelha e observou o adereço, um caminho de estrelas e de lua.

— Meio feminino, não?

Depois de ficar vermelho e fazer um bico, Cristal respondeu:

— Olha quem fala! Um humano com rosto de boneca.

Desta vez foi o rosto do Domador que corou levemente. Ele soltou a orelha do Fairy e procurou não demonstrar que aquela observação o havia afetado, mesmo que a verdade fosse diferente. Não lhe agradava nem um pouco ter feições tão delicadas, pois gostava de intimidar e um rosto como o seu servia apenas para passar a falsa impressão de que ele era um garoto dócil e inofensivo.

Olhou para o Fairy, que havia ficado de costas para ele e começava a se despir. Gostava do perfil físico do seu Alfa: corpo magro, de músculos discretos. Os cabelos eram curtos em comprimento, mas cheios, espetados para cima de forma irregular e azuis claros, da mesma cor que os olhos, que se destacavam devido à pele morena. Os lábios de Cristal eram carnudos, rosados e ressaltavam ainda mais o seu sorriso bonito de dentes perfeitamente brancos e caninos salientes que lhe davam um charme de garoto travesso.

Ryoha tinha ciência de que a beleza era algo natural da raça das Fadas. Mesmo assim, nunca tinha visto um Fairy tão bonito e de aparência tão exótica como a de Cristal.

Os olhos do Domador se fixaram automaticamente na parte traseira do Alfa assim que seu bumbum redondo e empinado ficou exposto quando ele retirou a bermuda. Ryoha sorriu de lado e não conteve a vontade de fazer um comentário sórdido, já que Cristal também fizera questão de constrangê-lo falando do seu rosto.

— Uau. Belo traseiro.

Os olhos de Cristalse arregalaram e ele teve que mergulhar para esconder seu constrangimento.

— Aaah!

Com o rosto ardendo de vergonha, Cristal viu Ryoha rir de sua reação. Nem estava tão embaraçado assim. Não pelo que seu mestre havia falado, mas talvez por eles estarem ali, naquela situação, os dois juntos, sem roupas, naquele lago, com aquelas luas... Era irônico como aquele ambiente parecia conspirar a favor de algo que não parecia ser correto sentir. Era um perfeito cenário de romance.

Desde a noite anterior, Cristal vinha se perguntando se sentir aquilo por um humano do mesmo sexo que o seu era algo normal. Também tinha curiosidade em saber se Ryoha sentia pelo menos algo parecido, apesar de já ter quase certeza da resposta.

Era por causa disso que Cristal não queria ter entrado na água com ele. Ficou apenas com a metade do rosto para fora d’água, fazendo bolhas com a boca, enquanto via o Domador se banhar como se nada tivesse acontecido, como se nada fosse acontecer... Enquanto isso, Ryoha mergulhava, voltava à superfície e continuava alisando sua pele clara, esforçando-se para remover toda a sujeira do pântano de Almika.

“Tão perfeito e tão desprovido de sentimentos...”, Cristal pensou, suspirando e aumentando as bolhas em volta do seu rosto.

— Ainda está com frio?

— Blim... — o Alfa resmungou em meio à água, fazendo um som estranho.

— Já que não quer se lavar direito, poderia pelo menos me ajudar. Lave as minhas costas.

— Blão...

— Eu não entendo como existe alguém que não goste de banho!

Cristal apenas virou o rosto para o outro lado, não dando ouvidos para o que ele havia dito. Isto irritou Ryoha, que mergulhou na água e desapareceu. Nadou até seu Fairy e emergiu bem diante dele, cuspindo água em seu rosto.

— Ei! Pare! — Cristal reclamou, ficando de pé.

— Agora que sei seu ponto fraco, toda vez que me chatear vou jogar um balde de água fria na sua cabeça — comentou Ryoha, acompanhando-o e ficando de pé diante dele.

— Engraçadinho. Não é bem a água fria que me incomoda.

— Então o que é?

— São as coisas...

— Que coisas?

— As coisas estranhas que ando sentindo...

— Que coisas estranhas são essas?

Cristal ficou mudo. Encarou o Domador e se aproximou até ficar a um palmo de distância do rosto dele.

Ryoha não moveu nem um músculo sequer. Manteve-se imponente, rígido, como se recuar, por mais estranha que a situação lhe parecesse, não fosse algo de sua natureza. Mas seus olhos seguiam cada movimento do seu Alfa atentamente.

Um pequeno inclinar de cabeça e um umedecer de lábios com a língua fizeram Ryoha compreender o que estava prestes acontecer. Seu coração disparou. Sentia a respiração quente de Cristal tocar seus lábios, numa prévia do que estava por vir. Arfou e sentiu seus hálitos aquecidos se chocarem. No instante seguinte, os lábios macios do Fairy tocaram os seus.

Continua...





Notas finais do capítulo


Bem, o próximo capítulo seria o último. Mas a minha ideia é dar continuidade para essa original, de torná-la mais longa. Mas ainda não sei. Vou esperar os comentários de vocês leitores!

Deixem sua opinião! o/

Até o próximo! o/

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