Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Comédia, Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: Completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Sasuke Uchiha, por ser filho de um investigador de casos especiais da polícia, nunca parou em nenhum colégio por muito tempo, contudo, era a primeira vez que ele estava em uma instituição só para meninos. E é nesse novo ambiente que ele irá se deparar com algo totalmente inesperado: uma paixão avassaladora pelo popular e mimado filho do diretor. Será que Sasuke conseguirá fazer com que Naruto, que se aproveita da sua beleza e status para se divertir conquistando e pisando nos sentimentos alheios, se apaixone por ele? Ou melhor: fazer com que ele mude? [Fanfic terminada. Seis capítulos. Yaoi. Lemon. +18. OOC. Comédia romântica. Presente pra minha filhota Ghaby-hina-chan]
Dad’s Baby Boy
Capítulo Final – É o fim...
Revisado por Blanxe
– O que está fazendo aí em cima, andando de um lado para o outro feito uma barata tonta, Sasuke?! Você vai se atrasar para aula e eu vou me atrasar para o trabalho!
– Eu não sei onde está a minha gravata do uniforme, otou-san!
Ok. Tem certas coisas na vida da gente que não mudam.
– Se não descer aqui agora, Uchiha Sasuke, você vai para o colégio de metrô!
É claro que essa é uma ameaça altamente furada, afinal, o velho Uchiha não iria perder a oportunidade de me levar ao colégio e de quebra, dar uma passadinha na sala do diretor charmoso. Ha, ha! Senti vontade de gargalhar, contudo, a cara fechada do meu pai e o girar nos calcanhares dele, fizeram a minha animação se esvair.
– Onde está indo, oyaji? – eu quis saber, acompanhando, com os olhos estatelados, ele retirar as pantufas e calçar os sapatos que estavam na soleira da porta.
– Não me chame de “velho”, SASUKE! Me respeite! Eu sou seu pai! – ele berrou.
Ops! Essa tinha saído sem querer.
– Estou indo na frente. Quero ver meu namorado antes de ir para o serviço. Então, se vira para chegar na hora! – ele manteve o tom de voz alterado. Em seguida, bateu o calço do sapato com força no chão - provavelmente, com o intuito de fazê-lo se encaixar melhor no pé - e, ao terminar, se levantou e apontou o dedo indicador na minha direção, me fazendo estremecer com mais uma ameaça: - E escute bem, meu filho. Caso chegue atrasado, não pense que vou pedir para o Minato livrá-lo de uma boa detenção só por minha causa!
E saiu, batendo a porta.
Não diziam por aí que é a falta de sexo que causa do mau-humor humano? Por que maldição esse velho continua rabugento mesmo depois de estar dando uns pegas no Minato-san? Será que eles ainda não...
– Que gritaria é essa logo cedo, Sasu-chan? – vi meu irmão sair do quarto dele com o semblante sonolento e as mãos esfregando os olhos.
Suspirei desolado. Que inveja do meu irmão… Além de não estudar, ser maior de idade e poder fazer o que lhe dar na teia, ainda trabalhava em um bom emprego só de meio período, onde ganha muito bem!
– Não me chame desse jeito, nii-san. Eu não sou mais criança! – gritei, já que era pra ser mal-educado, sejamos!
E... Querem saber? Dane-se a porra da gravata!
Entrei no quarto feito um furacão, apanhei a mochila e saí de casa feito um vendaval. Precisava alcançar o velho. Se eu pegasse um metrô, a uma altura daquelas, com certeza só chegaria à Vórtice School meia-noite!
Sim, eu sei. Eu sou exagerado...
Cheguei arfando ao estacionamento, já que havia descido os quatro lances de escadas correndo. Vivíamos em um loft de dois andares. Era só a nossa família naquele prédio, já que o apartamento do térreo não estava sendo ocupado por ninguém. Alcancei o velho e o notei parado, ajeitando a gravata, enquanto se olhava no reflexo do vidro da porta. Foi então que notei algo. Aproximei-me dele, sorrateiro, apertando meus olhos na direção daquele minúsculo símbolo vermelho em formato de caracol na ponta da gravata preta, então apontei...
– O-to-u-san... – sibilei entre os dentes cerrados. - Essa gravata é minha!
– Sua?! – ele espantou-se em um sobressalto. – Mas não é uma daquelas coleções que a mamãe me deu de presente de aniversário?
Então, no fim, eu descobri quem era o ladrão de gravatas.
Depois do velho devolver a MINHA gravata que ele havia furtado e me fazer esperar ele ir buscar uma dele, saímos às pressas.
Bem, apesar do mau-humor matutino do meu velho, era muito diferente pegar carona com o otou-san de agora. Ele ligava o rádio, até murmurava as canções, já que ele não sabia a letra de nenhuma; isso quando ele não ficava respondendo ao locutor. Mas, a parte mais estranha ainda não era essa, e sim, quando ele me fazia perguntas constrangedoras tais como: qual lugar ele deveria levar o senhor Minato para passear no fim de semana. Como eu vou saber o que dois quarentões gostam de fazer? Jogar xadrez? Eu quase sugeri um motel, mas era melhor ficar calado.
Ao chegarmos à escola, ele praticamente me empurrou para fora do carro, tão urgente era sua pressa; e, enquanto eu seguia para o bloco da escola, meu pai acelerou o passo – ainda cantarolando – se dirigindo ao prédio da administração para dar umas beijocas no meu novo padrasto, antes de ir para o trabalho. Quanto a mim, bem... Diminuí o ritmo para ir pensando na vida.
Os meses haviam passado rápido depois do Natal; já estávamos quase em abril, às vésperas da formatura do colegial. As coisas entre Naruto e eu não progrediram no quesito “relacionamento amoroso”. Eu respeitei a distância física que ele impôs entre a gente, mas era impossível não nos cruzarmos, afinal, estudávamos na mesma sala. Mas, ele me cumprimentava de longe, sempre com uma aceno de mão ou assentir de cabeça. Eu respondia da mesma forma e nos limitávamos a isso. Eu até queria voltar a me aproximar, mas aí, eu acabaria sendo incoerente nas minhas próprias ideologias, por isso, achei melhor continuar dando um tempo.
Contudo, apesar de não estarmos namorando, o nosso relacionamento evoluiu de outra forma. Passamos a manter um contato maior através da internet. Tecnologia para o bem de todos! O engraçado disso foi perceber, aos poucos, que eu estava conhecendo o verdadeiro Naruto. Não só aquele garoto de corpo estonteante e de sexo fervente, mas sim, a cabeça, a mente, sua forma de pensar. Descobri que ele tinha dificuldades em matérias que exigiam muito leitura como literatura, história, idiomas, língua japonesa. Acho que isso é normal de uma pessoa ativa, que não gosta de ficar parado, afinal, ler exige paciência, coisa que ele tinha pouca. Mas Naruto era muito bom nos esportes e nas matérias exatas.
Mas, o mais importante que descobri foi que, além daquela carcaça de esnobe “filhinho de papai”, havia um garoto sensível. Mesmo não gostando muito de ler, Naruto adorava compor músicas, tinha até uma boa afinação no violão e um timbre de voz gostoso quando cantava. Foram várias as noites em que ele ficou até tarde dando amostra do seu talento para mim na câmera do Messenger. Algumas das letras eram suas composições, outras, das bandas que ele curtia. Que variava muito, desde o j-pop, o j-rock, até um pouco de blues e rap-americano. Eu realmente o elogiava, dizia que era afinado e que ele deveria pensar em seguir a carreira de músico, ou montar uma banda. Então, percebi que ele também era modesto e ficava envergonhado. Além disso, era uma graça vê-lo tímido. Seu rosto todo ganhava uma tonalidade avermelhada, ele ria sem graça e coçava a bochecha com o dedo indicador.
Foi nos nossos bate-papos noturnos, que conheci a mãe dele, a Kushina. Uma mulher incrível, muito alegre e parecida com ele. Aí que descobri de onde vinha seu gosto pela música. A mãe cantava em bares e restaurante finos na noite. Os dois se pareciam muito fisicamente também. E eu que cheguei achar que ele fosse uma cópia do pai, mas me enganei totalmente. Depois de conhecer a bela ruiva-mãe, percebi que o Naruto não era nada parecido com o estressado diretor. O loiro e a mãe faziam uma bela dupla. A senhora Uzumaki cantava e tocava piano e os dois juntos faziam um dueto incrivelmente melodioso. Dei a ideia dos dois tocarem na festa de formatura, mas a resposta dele foi uma alta gargalhada, que deveria ter ofendido a senhora Kushina, no entanto, ela era tão gente boa que riu junto.
Acabou que ele desconversou, não afirmando se iria ou não tocar na festa.
Ah, já ia me esquecendo de mencionar: não foi só eu que me aproximei da mãe dele, mas ele também acabou conhecendo meu nii-san. Eu ainda não sei como deixei isso acontecer! Mas, certa noite, cheguei tarde em casa porque havia passado no mercado para fazer compras, quando cheguei, vi meu irmão usando o computador do meu quarto. De acordo com ele, estava procurando um relatório que ele havia terminado de digitar no meu PC no dia que ele perdeu o cabo do notebook dele. Um conselho: não tenham a péssima mania de deixar o Messenger para logar automaticamente com a inicialização do Windows.
Um serviço de preguiçoso, que me custou muito constrangimento, afinal, eu peguei o Itachi no flagra, mostrando para o Naruto, pela câmera do meu computador, a minha coleção de cuecas com estampa de bandeira de países. O loiro não se aguentava na cadeira de tanto rir. Ué? Vai dizer que vocês nunca colecionaram itens estranhos? Não tem aquele ditado: “Cada doido com sua...” Ih! Agora que eu lembrei: uma das minhas promessas da virada de ano incluía não ficar recitando ditados ridículos. Então, concluindo, os dois se deram mais bem do que eu poderia esperar.
Com o decorrer dos dias, acabei percebendo que estava nascendo algo diferente entre eu e o Naruto, algo que eu não havia cogitado antes: estávamos nos tornando amigos.
Ele chegou a me confessar, em uma das nossas noites de conversa, que havia se arrependido por tudo que havia feito com o pai e que queria muito se desculpar com ele, mas lhe faltava coragem.
“Acho que me tornei um gay maricas...”, ele confessou na ocasião, enquanto afinava as cordas do violão.
Era óbvio que não. Ele não se dava conta, mas estava se tornando cada vez mais maduro. Então, respondi sincero:
“Não, Naruto. Você está se tornando um homem de verdade. Forte e determinado. Pois assumir os erros e encará-los de frente, não é para nenhum covarde...”
Era gratificante receber aquele sorriso tão grande de volta.
“Você tem um sorriso lindo. Eu já disse isso?”
“Só duzentas vezes. Agora para de me cantar, por que quem vai cantar agora sou eu. Quer ouvir?”
“Que pergunta idiota...”
“Está bem. Vou cantar uma música que gosto muito. Não sei por que, mas ela me veio na mente hoje, se chama ‘Call me, call me’ (1). Começa assim...”, ele deu os primeiros acordes do violão, então, recostei na cadeira enquanto meus ouvidos se enchiam daquela melodia deliciosa.
A letra daquela música ficou na minha cabeça por um bom tempo. Por mais que ele dissesse não gostar de “idiomas”, havia cantado magnificamente bem em inglês naquela noite. Depois que desligamos e eu me deitei, me veio algo em mente, peguei meu celular na cabeceira da cama e disquei o número do dele.
“Esqueceu de me desejar boa noite?”, ele me perguntou ao atender.
“Não é isso. Só estou te ligando... Não é isso que a música dizia?”
Recebi aquele riso gostoso em resposta. Então, ele falou:
“Para de me mimar e vai dormir, Teme!”
Fiquei olhando para o display se apagar com o nome dele, enquanto um sorriso leve adornava meu rosto. Eu não conseguia parar de mimá-lo. Naruto havia ganhado um sentido diferente na minha vida, e eu o queria mais do que nunca ao meu lado.
...
– E aí, Uchiha? – sobressaltei ao ver aquela figura de cabelos prateados, sentando-se na cadeira vaga na minha frente, à mesa do refeitório, interrompendo meus maravilhosos pensamentos. – Fiquei sabendo que você foi o grande milagreiro responsável por ter consertado o Loiro. Qual foi a receita?
Será que devo respondê-lo mal agora, ou espero o trem passar? Ele chega, senta na minha frente, vai falando como se me conhecesse há décadas sem sequer se apresentar. Depois me perguntam por que eu sou grosso!
– Quem é você? – eu quis saber antes de dar a resposta malcriada que havia se entalado na minha garganta.
– Suigetsu, do terceiro C. Prazer! – ele estendeu a mão para me cumprimentar, falando todo sorridente e de um jeito simpático. Mas não gostei dos dentes dele, eram estranhos, todos eram iguais aos caninos. Fiquei observando a mão dele em riste, analisando-o de sobrancelhas crispadas. Tá, vai, o que eu tenho a perder? Juntei a minha mão a dele em um aperto forte. Porém, ao recolher a dele, ele a passou pela minha bandeja apanhando a garrafa de água mineral. – Divide? – perguntou, já a entornando-a na boca.
– Ei, Idiota! Você poderia esperar a minha resposta antes de colocar a boca no que não te pertence, não é? Eu iria beber essa água! – enfatizei bem o “iria”, dando uma espalmada na mesa.
– Calma, aê! Relaxa, Uchiha! – ele pediu, ainda com o sorriso palhaço no rosto, limpando, com as costas das mãos, o filete do líquido que escorreu pelo canto da sua boca. Então, me devolveu a garrafinha até a metade. – Sobrou bastante, bebe aí!
Senti aquela bendita veia na minha fronte latejar. Que garoto mais abusado!
– E aí? Não vai responder minha pergunta?
– Não é do seu interesse.
– Uh! Bem que falaram que você é grosso. Ha, ha! Mas é bonito.
– O que você quer? – perguntei logo para ver se ele desembuchava e me deixava em paz. – Se quer saber se estou namorando o Naruto pra ficar dando em cima dele, fique sabendo...
– Stop! – ele me interrompeu, mostrando a palma da mão, em seguida se debruçou sobre a mesa, me encarando de um jeito estranho. - Não é do loiro que eu estou a fim não - Opa, o que é que eu não estou entendendo aqui? Logo, veio a minha resposta: – Eu vim perguntar se você está livre para ir à festa da formatura comigo?
Ok. Eu explodo agora, ou deixo pra mais tarde?
Tudo bem, eu já tinha recebido alguns convites pra sair antes, mas, assim na cara dura? Era o primeiro. Além do que, aquele garoto tinha um olhar bem pervertido. Será que ele é igual ao meu irmão e estava pensando que sou eu o u... Não concluí meu pensamento. Não consegui. Será que eu estava sentindo coisas? Ou tinha MESMO uma BENDITA MÃO alisando a minha coxa embaixo da mesa?! Levantei em um sobressalto fazendo a bandeja de comida voar e puxei aquele idiota pela gola da camisa, sacolejando-o.
– Quem você pensa que eu sou, paspalho?! Acha que pode chegar passando a mão assim, é?!
– Calma, Uchiha! Eu só estava dando uma conferida no material.
– Kisamaaaaaaaaaaaaaaa!
Alguns dias depois, à noite, no meu quarto, conversando com o Naruto:
– Então, eu estou tentando despistar aquele cara, mas tá complicado! Você acredita que ele entrou na comissão de organização da festa de formatura, só para ficar no meu pé? – eu continuava reclamando desde que me conectei com ele ao chegar em casa. Aquele tal de Suigetsu estava me tirando do sério.
– Por que você não vai com ele, então? - meu semblante mudou de contrariado para surpreso. Aquela pergunta me pegou desprevenido. Está certo que eu ainda não tinha feito o convite formalmente ao loiro, no entanto, eu tinha certeza absoluta que iríamos juntos. Seria o nosso reencontro físico, não seria?
– Eu estava pensando em ir com outra pessoa. – respondi, tentando jogar uma indireta, olhando para a imagem dele no vídeo da cam.
– Eu também. – ele respondeu rapidamente.
– É? – dei de desentendido, mas já puxando um sorrisinho de lado. Era óbvio que era eu. Tinha que ser. O nosso relacionamento havia mudado bastante durante aqueles quatro meses. – Pode me dizer quem vai ser esse sortudo?
– É uma pessoa que estou conhecendo pela internet. Alguém que estou gostando de verdade.
Bingo! Haha!
– Bem, e o que você está esperando? Quer ser convidado por essa pessoa primeiro?
– Na verdade, não. – ele me respondeu, e pensei comigo “Então, esse é o momento certo”. - Sou eu quem estou criando coragem para convidá-lo. O que você acha, nii? Devo fazê-lo?
Foi tudo perfeito na fala dele, menos aquele maldito sufixo que me perturbava. Ele diminuíra o “nii-san” para não ficar muito descarado o novo jeito dele me tratar, mas pelo fato de pertencermos “indiretamente” a uma mesma família, ele decidiu começar a me chamar de “Sasuke-nii” ou só de “nii”, era a mesma forma de tratamento que ele usava com o Itachi. O meu irmão adorou a ideia, afinal, foi ele quem começou chamando o Naruto de “otouto”. Mas eu não conseguia nomeá-lo assim... Não ainda. Opa, estava perdendo o foco da conversa, eu precisava respondê-lo. Se ele preferia me convidar, daria a deixa.
– Você ainda tem dúvidas? Faça o convite! Agora mesmo!
Então, o percebi vacilar, olhar de um lado a outro. Eu já disse o quanto ele é fofo constrangido?
– Naruto...
– Mas, primeiro promete que vai aceitar o convite desse tal Suigetsu? Vou me sentir mal se você não tiver com quem ir.
– Ah, claro que eu aceito e...
Hã? Espera! Que diabos ele estava falando?!
– Desculpe... – contraí a face, balançando a cabeça em negação, tentando recapitular o que ele havia acabado de dizer. – Pode repetir? Eu acho que não entendi muito bem, Naruto.
– Eu não queria falar agora, nii, porque eu achei que podia estar enganado. Mas, depois de todas as nossas conversas, dos seus conselhos de irmão, eu... percebi que estou gostando de verdade de uma pessoa que conheci pela internet. Ele é bem mais velho, tem vinte e seis anos, mas acho que eu gosto de caras mais velhos, não é? Vide a atração que eu sentia pelo meu pai. Bem... Ele já foi casado, digo, juntado com outro homem, mas o companheiro dele morreu em um acidente há algum tempo atrás. Então, ele é o tipo de pessoa que não quer mais amar, para não perder quem ama, entende? Foi difícil me aproximar, aconteceu aos poucos, mas eu sinto como se ele precisasse de mim, assim como eu preciso dele. Às vezes, eu sinto que quero ficar com ele para sempre e meu peito se enche de algo quente e bom... Não é só sexo que nem foi com você e com os outros. É muito mais do que isso. Eu quero muito ver o Nagato bem de novo, feliz, sorrindo, recuperado do trauma... Agora eu sei que estou apaixonado de verdade, Sasuke-nii. Ele ainda está com receio, mas eu sinto que ele também gosta de mim... Então... Está de cabeça baixa, perdeu algo no chão?
– Não, é que... Acho que a campainha está tocando, você espera um pouco? Eu vou lá ver... – avisei, tentando não olhar para o pequeno objeto que focalizaria a minha face destruída.
– Claro.
Eu saí do quarto, quase aos tropeços, abafei minha boca com a mão, encostei-me à parede e, enquanto deslizava as costas por ela, tentei conter meus gritos de dor. Chorei, chorei, urrei desesperadamente. Aonde eu havia errado? “Não é só sexo como foi com você e os outros...”?
– Naruto... Por quê? Não... – meu pai acabou ouvindo meu lamento, saiu do quarto de pijama e se aproximou de mim, agachando-se. Escondi meu rosto entre os braços cruzados nos joelhos. Não queria ser visto assim.
– Meu filho?
– Eu errei, pai. – lamentei, com a voz abafada. - Ao invés de trazê-lo para perto de mim, eu o afastei. Eu o desejava para mim, mas o entreguei de bandeja nas mãos de outro. Onde eu errei na minha filosofia?
– Sasuke... Eu não sou bom com conselhos amorosos, nem sei ser romântico, acho que a Mikoto ajudaria mais nesse momento. Mas, o “amor” não tem nada haver com filosofias, fórmulas... Ele acontece. Você não viu o meu caso? Onde eu me imaginaria apaixonado por um homem?
Ergui os olhos, marejados, para o meu velho. Eu também nunca pensei que iria gostar de um garoto como gostava do Naruto.
– Filho, sua forma de pensar não é errada. Mas acho que você deixou se enganar, criando na sua mente uma expectativa em relação a esse garoto que nunca existiu.
– Mas eu não deixei me enganar à toa, pai. A carta que ele me escreveu de presente no Natal, dizia que ele queria estar perto de mim suficiente para se perder em meus braços.
– Sasuke... – ele apertou meu ombro. – Só atração física, desejar estar nos braços de outra pessoa, não é amor. Você sabe bem disso. O desejo do corpo é fútil, quando ele se sacia, a atração acaba. Só isso não poderia significar que ele o amava. Acho que conforme vocês foram se reaproximando à distância, durante esses quatro meses, fez o Naruto enxergar que você é mais que um mero corpo, alguém mais especial... um irmão.
– Eu não quero ser o irmão dele!
– Não é sua filosofia que diz que “o amor não é egoísta”... Se ele não o ama como você desaria, filho, deixe-o amá-lo como irmão. Acho que você só não percebeu ainda... Mas me responda: quantas vezes nesses quatro meses pensou em fazer sexo com ele?
Bem, aquela pergunta era fácil de responder, foi... umas... é, falar a verdade, haviam sido tão poucas que já não me lembrava mais.
– Não sei... – fui sincero.
– Quantas vezes quis beijá-lo?
– Também não lembro.
– A verdade esta aí, meu filho. Você também já aceitou o Naruto como seu irmão. Dê ao seu coração novas escolhas.
Os “novas escolhas” dito pelo meu pai me fez lembrar do Suigetsu e quase senti vontade de rir. Suspirei, recebendo a mão do meu pai para ajudar a me levantar.
– Você fez seu papel, Sasuke. Transformou aquele garoto mimado em um rapaz que pensa antes de tomar decisões precipitadas. Não critique a escolha dele. Baseando-se em tudo que você o aconselhou, ele vê em você um espelho, o irmão mais velho dele.
Limpei o rosto e recebi do meu pai um aperto mais forte no ombro. Depois, voltei para o quarto, para encarar aquela nova realidade.
– Achei que tivesse me esquecido aqui! – ele reclamou.
– Não. Meu pai me encontrou no corredor e me listou algumas coisas que tenho que fazer para ele amanhã.
– Ah... Certo. Sasuke, você está chateado? Eu pensei muito antes de te dizer isso, estava procurando a melhor maneira porque não queria te magoar. Mas, durante esses meses, nosso relacionamento mudou tanto e ficou tão perfeito do jeito que está, que não queria estragar tudo aceitando ficar com você como namorado.
– Você fez bem, mas... – eu suspirei. – Eu vou querer a ficha completa desse cara. Não quero que... – a voz quis engasgar, mas eu engoli o choro, sorri e terminei de dizer aquilo que estava no meu coração. – Não quero que ele faça meu irmão caçula sofrer.
Ele riu abertamente, em seguida, disparou a falar; falou como nunca havia falado antes. No começo, eu só fiquei ouvindo, sentindo aquela dor remoendo dentro do meu peito. A inveja de estar no lugar daquela pessoa. Entretanto, para quê alimentar sentimentos ruins? Acho que se eu os sustentasse, iria acabar criando uma ferida interna. Pensando assim, resolvi dar ouvidos ao que ele me contava tão empolgado e conforme fui percebendo sua animação, aquela dor foi se amenizando, e fui contagiado por sua alegria. Poucas horas depois, já estávamos conversando como o habitual.
Confesso que não foi fácil vê-lo no baile, todo cheio de sorrisos com aquele cara boa-pinta e de cabelos vermelhos caindo em um lado dos olhos, enquanto eu estava com aquela peça rara do meu acompanhante, que tentava de todas as maneiras me arrastar para o meio do salão. Enfim, percebi que o Naruto estava mesmo feliz e, se ele estava feliz, de alguma maneira, eu também estava. Esse era meu jeito de pensar.
No fim, acabei deixando-me arrastar pelo Suigetsu para a pista de dança. Ele era um cara legal, acho que não seria difícil aprender a gostar dele, o problema é que ele tinha uma maldita de uma mão boba!
– Tira-sua-mão-da-minha-bunda!
– Ah, Sasu-chan! Você é muito cri-cri. Mas sabia que isso aumenta seu charme?
– Pro inferno, Sui.
– Ah?! Você me chamou de Sui? Que lindo! Diz de novo.
– Nunca.
– Estamos namorando?
– Nem morto.
– Então, que tal um beijinho pelo menos?
– Está louco! Estamos no meio de um monte de gente! – virei o rosto para o lado, tentando me afastar daquele ataque. Dei graças a Deus quando o som da banda no palco parou e o músico pediu atenção.
– Bem, pessoal, tem um colega nosso que canta muito bem e decidiu dar uma palhinha do seu talento. Com vocês: Naruto!
Eu me desvencilhei do Suigetsu quando vi o Naruto subir no palco montado no meio do salão de festas da mansão do diretor. Sim, o homem havia cedido o espaço para festa. Aliás, não era mais “a mansão do diretor” era também a minha casa e a do Naruto. O loiro havia se reconciliado com o pai e voltado a morar com ele uns dias depois do meu velho e o senhor Minato oficializarem o enlace deles em um tipo de contrato de união estável, ou seja, um casamento. Agora estávamos todos vivendo debaixo do mesmo teto.
– Bem, quero primeiro me desculpar com todos. Acho que não fui um bom colega de sala durante esse tempo de escola. – ele riu sem graça, coçando a bochecha, o que me fez sorrir. – Mas, enfim, todos estão livres de mim agora. – ele anunciou e algumas risadas se espalharam pelo salão. – Bem, na realidade, eu queria oferecer essa música em especial para aqueles que, apesar de tudo, tiveram muita paciência comigo: meu pai Minato, a mamãe Kushina, que não pôde comparecer porque tinha apresentação musical, o vovô Jiraya que voltou a viajar, para o meu padrasto, o Fugaku-san. – ele acenou para o meu pai e o dele, que bebiam, escondidos em um canto longe do grupo de alunos. Então, ele prosseguiu: - Para o meu novo irmão mais velho o Itachi-nii-san, que está trabalhando; o meu namorado, Nagato, ali! – o loiro acenou para o rapaz que ficou um pouco envergonhado ao ser apontado.
Então, foi nesse instante, quando vi os olhos dele recaírem sobre mim, que percebi que valia à pena continuar seguindo minhas ideologias. Eu estava satisfeito em tê-lo ao meu lado, mesmo que fosse só como irmão. Invadido por algo bom, um calor que aqueceu meu interior, eu abri um grande sorriso. Eu sabia o que ele iria dizer, mas foi bom ouvir.
– Mas, o agradecimento mais especial é para aquele que se tornou meu confidente e conselheiro das madrugadas, meu irmão Sasuke. Obrigado!
Sem querer, eu ganhei um beijo na bochecha do Suigetsu que havia me abraçado por trás e se aproveitou do meu momento de distração. A música começou a rolar, ele escolheu um dos J-rock que ele curtia, a música ‘Hi no hikari sae todokanai kono basho de” (2) do Miyavi.
– Você é mesmo uma boa pessoa, né, Sasu-chan? – O Sui resmungou no meu ouvido.
– Cala a boca.
– Por que não faz eu calar?
– Está me desafiando?
– Estou te intimando.
Era assim? Eu não tenho sangue de barata nas veias para aguentar os desaforos daquele abusado. Portanto, decidi que iria ensiná-lo uma coisinha. Segurei o pulso dele e saí puxando-o para fora do salão. Levei-o para o jardim e o encostei à uma das pilastras que adornavam o lugar. Não fiz cerimônia e fui logo avançando sobre aqueles lábios e o beijando. Para minha surpresa, eu senti ele refrear o beijo e condensá-lo como se estivesse saboreando minha boca. Um gelo ganhou meu estômago quando as mãos dele se firmaram nas minhas costas, fazendo nossos corpos se encontrarem em um baque. Ele já havia tomado o controle da situação, seu beijo era bom, úmido, gelado... Talvez, o papai tinha razão: eu só precisava abrir o meu coração para novas escolhas.
Ok. Estava bom demais para ser verdade. Minha vontade se esvaiu ao sentir a mão dele alisando a minha bunda! Que inferno!
– Sua mão... na minha bunda!
– Ah, Sasu-chan... – ele alisou ainda mais minhas nádegas, enchendo as mãos com a minha carne e apertando com vontade. Era impressão minha, ou ele estava fazendo isso só para me irritar? - Você me deixou louco com esse beijo. Hein, me diz: onde fica seu quarto nesse imenso casarão, hã?!
Eu mereço...
– Idiota! – espalmei a mão no peito dele e o empurrei. - Eu ainda não aceitei ser seu namorado, então, vamos nos conhecer melhor primeiro! – saí correndo.
– Mas a gente já se conhece! Espere, Sasuke!
Bem, assim, chega ao fim a minha história. Não teve exatamente “um final de contos de fadas”. Mas... Sinceramente? Isso aqui não é o conto da Cinderela, é vida real. E nem sempre na vida real tudo termina perfeito como se estivesse sido elaborado igual a um roteiro de novela. Além disso, não posso dizer que o meu final foi infeliz. Eu ganhei uma grande família, um belo e fofo irmão mais novo, estou morando em um baita casarão que mais parece um castelo, meu pai está amando e feliz. O que mais eu podia querer? Ah, ok, terminar a história com alguém mais interessante? Bem, eu posso não ter ficado com o belo príncipe loiro de olhos azuis, mas, pelo menos, estou com alguém divertido. É mais ou menos como o desfecho daquele filme da Júlia Roberts, como era mesmo o nome?
– Sasukeee, vamos! Não seja tão tímido! Serei gentil! Mostre onde fica seu quarto.
Ah, deixa pra lá. Tenho que fugir, digo, voltar pra festa! Vejo vocês por aí! Ja ne!
Fim.
Observações:
1- Call me Call me (Ligue-me, Ligue-me) – Steve Conte / Yoko Kanno – é tema do anime Cowboys Bebop, que tem todo um arranjo musical voltado para o Blues. A música é linda, e eu sou apaixonada pela história do anime. Eu encontrei um vídeo acústico na voz de um fã, que transmite bem o que imaginei para a cena, quem quiser curtir também, o link é esse: http://www.youtube.com/watch?v=WagQwxRDadE&feature=related . No link a seguir a versão original: http://www.youtube.com/watch?v=nPbBhvv6GI8 ;
2- Hi No Hikari Sae Todokanai Kono Basho de– (Nesse Lugar Onde Nem a Luz do Sol Alcança) – Miyavi.
Capítulo Final – É o fim...
Revisado por Blanxe
– O que está fazendo aí em cima, andando de um lado para o outro feito uma barata tonta, Sasuke?! Você vai se atrasar para aula e eu vou me atrasar para o trabalho!
– Eu não sei onde está a minha gravata do uniforme, otou-san!
Ok. Tem certas coisas na vida da gente que não mudam.
– Se não descer aqui agora, Uchiha Sasuke, você vai para o colégio de metrô!
É claro que essa é uma ameaça altamente furada, afinal, o velho Uchiha não iria perder a oportunidade de me levar ao colégio e de quebra, dar uma passadinha na sala do diretor charmoso. Ha, ha! Senti vontade de gargalhar, contudo, a cara fechada do meu pai e o girar nos calcanhares dele, fizeram a minha animação se esvair.
– Onde está indo, oyaji? – eu quis saber, acompanhando, com os olhos estatelados, ele retirar as pantufas e calçar os sapatos que estavam na soleira da porta.
– Não me chame de “velho”, SASUKE! Me respeite! Eu sou seu pai! – ele berrou.
Ops! Essa tinha saído sem querer.
– Estou indo na frente. Quero ver meu namorado antes de ir para o serviço. Então, se vira para chegar na hora! – ele manteve o tom de voz alterado. Em seguida, bateu o calço do sapato com força no chão - provavelmente, com o intuito de fazê-lo se encaixar melhor no pé - e, ao terminar, se levantou e apontou o dedo indicador na minha direção, me fazendo estremecer com mais uma ameaça: - E escute bem, meu filho. Caso chegue atrasado, não pense que vou pedir para o Minato livrá-lo de uma boa detenção só por minha causa!
E saiu, batendo a porta.
Não diziam por aí que é a falta de sexo que causa do mau-humor humano? Por que maldição esse velho continua rabugento mesmo depois de estar dando uns pegas no Minato-san? Será que eles ainda não...
– Que gritaria é essa logo cedo, Sasu-chan? – vi meu irmão sair do quarto dele com o semblante sonolento e as mãos esfregando os olhos.
Suspirei desolado. Que inveja do meu irmão… Além de não estudar, ser maior de idade e poder fazer o que lhe dar na teia, ainda trabalhava em um bom emprego só de meio período, onde ganha muito bem!
– Não me chame desse jeito, nii-san. Eu não sou mais criança! – gritei, já que era pra ser mal-educado, sejamos!
E... Querem saber? Dane-se a porra da gravata!
Entrei no quarto feito um furacão, apanhei a mochila e saí de casa feito um vendaval. Precisava alcançar o velho. Se eu pegasse um metrô, a uma altura daquelas, com certeza só chegaria à Vórtice School meia-noite!
Sim, eu sei. Eu sou exagerado...
Cheguei arfando ao estacionamento, já que havia descido os quatro lances de escadas correndo. Vivíamos em um loft de dois andares. Era só a nossa família naquele prédio, já que o apartamento do térreo não estava sendo ocupado por ninguém. Alcancei o velho e o notei parado, ajeitando a gravata, enquanto se olhava no reflexo do vidro da porta. Foi então que notei algo. Aproximei-me dele, sorrateiro, apertando meus olhos na direção daquele minúsculo símbolo vermelho em formato de caracol na ponta da gravata preta, então apontei...
– O-to-u-san... – sibilei entre os dentes cerrados. - Essa gravata é minha!
– Sua?! – ele espantou-se em um sobressalto. – Mas não é uma daquelas coleções que a mamãe me deu de presente de aniversário?
Então, no fim, eu descobri quem era o ladrão de gravatas.
Depois do velho devolver a MINHA gravata que ele havia furtado e me fazer esperar ele ir buscar uma dele, saímos às pressas.
Bem, apesar do mau-humor matutino do meu velho, era muito diferente pegar carona com o otou-san de agora. Ele ligava o rádio, até murmurava as canções, já que ele não sabia a letra de nenhuma; isso quando ele não ficava respondendo ao locutor. Mas, a parte mais estranha ainda não era essa, e sim, quando ele me fazia perguntas constrangedoras tais como: qual lugar ele deveria levar o senhor Minato para passear no fim de semana. Como eu vou saber o que dois quarentões gostam de fazer? Jogar xadrez? Eu quase sugeri um motel, mas era melhor ficar calado.
Ao chegarmos à escola, ele praticamente me empurrou para fora do carro, tão urgente era sua pressa; e, enquanto eu seguia para o bloco da escola, meu pai acelerou o passo – ainda cantarolando – se dirigindo ao prédio da administração para dar umas beijocas no meu novo padrasto, antes de ir para o trabalho. Quanto a mim, bem... Diminuí o ritmo para ir pensando na vida.
Os meses haviam passado rápido depois do Natal; já estávamos quase em abril, às vésperas da formatura do colegial. As coisas entre Naruto e eu não progrediram no quesito “relacionamento amoroso”. Eu respeitei a distância física que ele impôs entre a gente, mas era impossível não nos cruzarmos, afinal, estudávamos na mesma sala. Mas, ele me cumprimentava de longe, sempre com uma aceno de mão ou assentir de cabeça. Eu respondia da mesma forma e nos limitávamos a isso. Eu até queria voltar a me aproximar, mas aí, eu acabaria sendo incoerente nas minhas próprias ideologias, por isso, achei melhor continuar dando um tempo.
Contudo, apesar de não estarmos namorando, o nosso relacionamento evoluiu de outra forma. Passamos a manter um contato maior através da internet. Tecnologia para o bem de todos! O engraçado disso foi perceber, aos poucos, que eu estava conhecendo o verdadeiro Naruto. Não só aquele garoto de corpo estonteante e de sexo fervente, mas sim, a cabeça, a mente, sua forma de pensar. Descobri que ele tinha dificuldades em matérias que exigiam muito leitura como literatura, história, idiomas, língua japonesa. Acho que isso é normal de uma pessoa ativa, que não gosta de ficar parado, afinal, ler exige paciência, coisa que ele tinha pouca. Mas Naruto era muito bom nos esportes e nas matérias exatas.
Mas, o mais importante que descobri foi que, além daquela carcaça de esnobe “filhinho de papai”, havia um garoto sensível. Mesmo não gostando muito de ler, Naruto adorava compor músicas, tinha até uma boa afinação no violão e um timbre de voz gostoso quando cantava. Foram várias as noites em que ele ficou até tarde dando amostra do seu talento para mim na câmera do Messenger. Algumas das letras eram suas composições, outras, das bandas que ele curtia. Que variava muito, desde o j-pop, o j-rock, até um pouco de blues e rap-americano. Eu realmente o elogiava, dizia que era afinado e que ele deveria pensar em seguir a carreira de músico, ou montar uma banda. Então, percebi que ele também era modesto e ficava envergonhado. Além disso, era uma graça vê-lo tímido. Seu rosto todo ganhava uma tonalidade avermelhada, ele ria sem graça e coçava a bochecha com o dedo indicador.
Foi nos nossos bate-papos noturnos, que conheci a mãe dele, a Kushina. Uma mulher incrível, muito alegre e parecida com ele. Aí que descobri de onde vinha seu gosto pela música. A mãe cantava em bares e restaurante finos na noite. Os dois se pareciam muito fisicamente também. E eu que cheguei achar que ele fosse uma cópia do pai, mas me enganei totalmente. Depois de conhecer a bela ruiva-mãe, percebi que o Naruto não era nada parecido com o estressado diretor. O loiro e a mãe faziam uma bela dupla. A senhora Uzumaki cantava e tocava piano e os dois juntos faziam um dueto incrivelmente melodioso. Dei a ideia dos dois tocarem na festa de formatura, mas a resposta dele foi uma alta gargalhada, que deveria ter ofendido a senhora Kushina, no entanto, ela era tão gente boa que riu junto.
Acabou que ele desconversou, não afirmando se iria ou não tocar na festa.
Ah, já ia me esquecendo de mencionar: não foi só eu que me aproximei da mãe dele, mas ele também acabou conhecendo meu nii-san. Eu ainda não sei como deixei isso acontecer! Mas, certa noite, cheguei tarde em casa porque havia passado no mercado para fazer compras, quando cheguei, vi meu irmão usando o computador do meu quarto. De acordo com ele, estava procurando um relatório que ele havia terminado de digitar no meu PC no dia que ele perdeu o cabo do notebook dele. Um conselho: não tenham a péssima mania de deixar o Messenger para logar automaticamente com a inicialização do Windows.
Um serviço de preguiçoso, que me custou muito constrangimento, afinal, eu peguei o Itachi no flagra, mostrando para o Naruto, pela câmera do meu computador, a minha coleção de cuecas com estampa de bandeira de países. O loiro não se aguentava na cadeira de tanto rir. Ué? Vai dizer que vocês nunca colecionaram itens estranhos? Não tem aquele ditado: “Cada doido com sua...” Ih! Agora que eu lembrei: uma das minhas promessas da virada de ano incluía não ficar recitando ditados ridículos. Então, concluindo, os dois se deram mais bem do que eu poderia esperar.
Com o decorrer dos dias, acabei percebendo que estava nascendo algo diferente entre eu e o Naruto, algo que eu não havia cogitado antes: estávamos nos tornando amigos.
Ele chegou a me confessar, em uma das nossas noites de conversa, que havia se arrependido por tudo que havia feito com o pai e que queria muito se desculpar com ele, mas lhe faltava coragem.
“Acho que me tornei um gay maricas...”, ele confessou na ocasião, enquanto afinava as cordas do violão.
Era óbvio que não. Ele não se dava conta, mas estava se tornando cada vez mais maduro. Então, respondi sincero:
“Não, Naruto. Você está se tornando um homem de verdade. Forte e determinado. Pois assumir os erros e encará-los de frente, não é para nenhum covarde...”
Era gratificante receber aquele sorriso tão grande de volta.
“Você tem um sorriso lindo. Eu já disse isso?”
“Só duzentas vezes. Agora para de me cantar, por que quem vai cantar agora sou eu. Quer ouvir?”
“Que pergunta idiota...”
“Está bem. Vou cantar uma música que gosto muito. Não sei por que, mas ela me veio na mente hoje, se chama ‘Call me, call me’ (1). Começa assim...”, ele deu os primeiros acordes do violão, então, recostei na cadeira enquanto meus ouvidos se enchiam daquela melodia deliciosa.
“I close my eyes and I keep seeing things
(Eu fecho os olhos e fico vendo coisas)
Rainbow waterfalls
(Cascatas de arco-íris)
Sunny liquid dreams
(Sonhos líquidos ensolarados)
Confusion creeps inside me raining doubt
(Confusão se arrasta dentro de mim chovendo dúvidas)
Gotta get to you
(Queria trazer para você)
But I don't know how
(Mas eu não sei como)
Call me call me
(Me ligue, Me ligue)
Let me know it's alright
(Deixe-me saber que está tudo bem)
Call me call me
(Me ligue, Me ligue)
Don't you think it's 'bout time
(Você não acha que está na hora)
Please won't you call and ease my mind?
(Por favor, você não vai ligar para aliviar a minha mente?)
Reasons for me to find you
(Razões para encontrá-lo)
Peace of mind
(Paz para a mente)
What can I do?
(O que eu posso fazer?)
To get me to you…”
(Para chegar até você…)
A letra daquela música ficou na minha cabeça por um bom tempo. Por mais que ele dissesse não gostar de “idiomas”, havia cantado magnificamente bem em inglês naquela noite. Depois que desligamos e eu me deitei, me veio algo em mente, peguei meu celular na cabeceira da cama e disquei o número do dele.
“Esqueceu de me desejar boa noite?”, ele me perguntou ao atender.
“Não é isso. Só estou te ligando... Não é isso que a música dizia?”
Recebi aquele riso gostoso em resposta. Então, ele falou:
“Para de me mimar e vai dormir, Teme!”
Fiquei olhando para o display se apagar com o nome dele, enquanto um sorriso leve adornava meu rosto. Eu não conseguia parar de mimá-lo. Naruto havia ganhado um sentido diferente na minha vida, e eu o queria mais do que nunca ao meu lado.
...
– E aí, Uchiha? – sobressaltei ao ver aquela figura de cabelos prateados, sentando-se na cadeira vaga na minha frente, à mesa do refeitório, interrompendo meus maravilhosos pensamentos. – Fiquei sabendo que você foi o grande milagreiro responsável por ter consertado o Loiro. Qual foi a receita?
Será que devo respondê-lo mal agora, ou espero o trem passar? Ele chega, senta na minha frente, vai falando como se me conhecesse há décadas sem sequer se apresentar. Depois me perguntam por que eu sou grosso!
– Quem é você? – eu quis saber antes de dar a resposta malcriada que havia se entalado na minha garganta.
– Suigetsu, do terceiro C. Prazer! – ele estendeu a mão para me cumprimentar, falando todo sorridente e de um jeito simpático. Mas não gostei dos dentes dele, eram estranhos, todos eram iguais aos caninos. Fiquei observando a mão dele em riste, analisando-o de sobrancelhas crispadas. Tá, vai, o que eu tenho a perder? Juntei a minha mão a dele em um aperto forte. Porém, ao recolher a dele, ele a passou pela minha bandeja apanhando a garrafa de água mineral. – Divide? – perguntou, já a entornando-a na boca.
– Ei, Idiota! Você poderia esperar a minha resposta antes de colocar a boca no que não te pertence, não é? Eu iria beber essa água! – enfatizei bem o “iria”, dando uma espalmada na mesa.
– Calma, aê! Relaxa, Uchiha! – ele pediu, ainda com o sorriso palhaço no rosto, limpando, com as costas das mãos, o filete do líquido que escorreu pelo canto da sua boca. Então, me devolveu a garrafinha até a metade. – Sobrou bastante, bebe aí!
Senti aquela bendita veia na minha fronte latejar. Que garoto mais abusado!
– E aí? Não vai responder minha pergunta?
– Não é do seu interesse.
– Uh! Bem que falaram que você é grosso. Ha, ha! Mas é bonito.
– O que você quer? – perguntei logo para ver se ele desembuchava e me deixava em paz. – Se quer saber se estou namorando o Naruto pra ficar dando em cima dele, fique sabendo...
– Stop! – ele me interrompeu, mostrando a palma da mão, em seguida se debruçou sobre a mesa, me encarando de um jeito estranho. - Não é do loiro que eu estou a fim não - Opa, o que é que eu não estou entendendo aqui? Logo, veio a minha resposta: – Eu vim perguntar se você está livre para ir à festa da formatura comigo?
Ok. Eu explodo agora, ou deixo pra mais tarde?
Tudo bem, eu já tinha recebido alguns convites pra sair antes, mas, assim na cara dura? Era o primeiro. Além do que, aquele garoto tinha um olhar bem pervertido. Será que ele é igual ao meu irmão e estava pensando que sou eu o u... Não concluí meu pensamento. Não consegui. Será que eu estava sentindo coisas? Ou tinha MESMO uma BENDITA MÃO alisando a minha coxa embaixo da mesa?! Levantei em um sobressalto fazendo a bandeja de comida voar e puxei aquele idiota pela gola da camisa, sacolejando-o.
– Quem você pensa que eu sou, paspalho?! Acha que pode chegar passando a mão assim, é?!
– Calma, Uchiha! Eu só estava dando uma conferida no material.
– Kisamaaaaaaaaaaaaaaa!
...
Alguns dias depois, à noite, no meu quarto, conversando com o Naruto:
– Então, eu estou tentando despistar aquele cara, mas tá complicado! Você acredita que ele entrou na comissão de organização da festa de formatura, só para ficar no meu pé? – eu continuava reclamando desde que me conectei com ele ao chegar em casa. Aquele tal de Suigetsu estava me tirando do sério.
– Por que você não vai com ele, então? - meu semblante mudou de contrariado para surpreso. Aquela pergunta me pegou desprevenido. Está certo que eu ainda não tinha feito o convite formalmente ao loiro, no entanto, eu tinha certeza absoluta que iríamos juntos. Seria o nosso reencontro físico, não seria?
– Eu estava pensando em ir com outra pessoa. – respondi, tentando jogar uma indireta, olhando para a imagem dele no vídeo da cam.
– Eu também. – ele respondeu rapidamente.
– É? – dei de desentendido, mas já puxando um sorrisinho de lado. Era óbvio que era eu. Tinha que ser. O nosso relacionamento havia mudado bastante durante aqueles quatro meses. – Pode me dizer quem vai ser esse sortudo?
– É uma pessoa que estou conhecendo pela internet. Alguém que estou gostando de verdade.
Bingo! Haha!
– Bem, e o que você está esperando? Quer ser convidado por essa pessoa primeiro?
– Na verdade, não. – ele me respondeu, e pensei comigo “Então, esse é o momento certo”. - Sou eu quem estou criando coragem para convidá-lo. O que você acha, nii? Devo fazê-lo?
Foi tudo perfeito na fala dele, menos aquele maldito sufixo que me perturbava. Ele diminuíra o “nii-san” para não ficar muito descarado o novo jeito dele me tratar, mas pelo fato de pertencermos “indiretamente” a uma mesma família, ele decidiu começar a me chamar de “Sasuke-nii” ou só de “nii”, era a mesma forma de tratamento que ele usava com o Itachi. O meu irmão adorou a ideia, afinal, foi ele quem começou chamando o Naruto de “otouto”. Mas eu não conseguia nomeá-lo assim... Não ainda. Opa, estava perdendo o foco da conversa, eu precisava respondê-lo. Se ele preferia me convidar, daria a deixa.
– Você ainda tem dúvidas? Faça o convite! Agora mesmo!
Então, o percebi vacilar, olhar de um lado a outro. Eu já disse o quanto ele é fofo constrangido?
– Naruto...
– Mas, primeiro promete que vai aceitar o convite desse tal Suigetsu? Vou me sentir mal se você não tiver com quem ir.
– Ah, claro que eu aceito e...
Hã? Espera! Que diabos ele estava falando?!
– Desculpe... – contraí a face, balançando a cabeça em negação, tentando recapitular o que ele havia acabado de dizer. – Pode repetir? Eu acho que não entendi muito bem, Naruto.
– Eu não queria falar agora, nii, porque eu achei que podia estar enganado. Mas, depois de todas as nossas conversas, dos seus conselhos de irmão, eu... percebi que estou gostando de verdade de uma pessoa que conheci pela internet. Ele é bem mais velho, tem vinte e seis anos, mas acho que eu gosto de caras mais velhos, não é? Vide a atração que eu sentia pelo meu pai. Bem... Ele já foi casado, digo, juntado com outro homem, mas o companheiro dele morreu em um acidente há algum tempo atrás. Então, ele é o tipo de pessoa que não quer mais amar, para não perder quem ama, entende? Foi difícil me aproximar, aconteceu aos poucos, mas eu sinto como se ele precisasse de mim, assim como eu preciso dele. Às vezes, eu sinto que quero ficar com ele para sempre e meu peito se enche de algo quente e bom... Não é só sexo que nem foi com você e com os outros. É muito mais do que isso. Eu quero muito ver o Nagato bem de novo, feliz, sorrindo, recuperado do trauma... Agora eu sei que estou apaixonado de verdade, Sasuke-nii. Ele ainda está com receio, mas eu sinto que ele também gosta de mim... Então... Está de cabeça baixa, perdeu algo no chão?
– Não, é que... Acho que a campainha está tocando, você espera um pouco? Eu vou lá ver... – avisei, tentando não olhar para o pequeno objeto que focalizaria a minha face destruída.
– Claro.
Eu saí do quarto, quase aos tropeços, abafei minha boca com a mão, encostei-me à parede e, enquanto deslizava as costas por ela, tentei conter meus gritos de dor. Chorei, chorei, urrei desesperadamente. Aonde eu havia errado? “Não é só sexo como foi com você e os outros...”?
– Naruto... Por quê? Não... – meu pai acabou ouvindo meu lamento, saiu do quarto de pijama e se aproximou de mim, agachando-se. Escondi meu rosto entre os braços cruzados nos joelhos. Não queria ser visto assim.
– Meu filho?
– Eu errei, pai. – lamentei, com a voz abafada. - Ao invés de trazê-lo para perto de mim, eu o afastei. Eu o desejava para mim, mas o entreguei de bandeja nas mãos de outro. Onde eu errei na minha filosofia?
– Sasuke... Eu não sou bom com conselhos amorosos, nem sei ser romântico, acho que a Mikoto ajudaria mais nesse momento. Mas, o “amor” não tem nada haver com filosofias, fórmulas... Ele acontece. Você não viu o meu caso? Onde eu me imaginaria apaixonado por um homem?
Ergui os olhos, marejados, para o meu velho. Eu também nunca pensei que iria gostar de um garoto como gostava do Naruto.
– Filho, sua forma de pensar não é errada. Mas acho que você deixou se enganar, criando na sua mente uma expectativa em relação a esse garoto que nunca existiu.
– Mas eu não deixei me enganar à toa, pai. A carta que ele me escreveu de presente no Natal, dizia que ele queria estar perto de mim suficiente para se perder em meus braços.
– Sasuke... – ele apertou meu ombro. – Só atração física, desejar estar nos braços de outra pessoa, não é amor. Você sabe bem disso. O desejo do corpo é fútil, quando ele se sacia, a atração acaba. Só isso não poderia significar que ele o amava. Acho que conforme vocês foram se reaproximando à distância, durante esses quatro meses, fez o Naruto enxergar que você é mais que um mero corpo, alguém mais especial... um irmão.
– Eu não quero ser o irmão dele!
– Não é sua filosofia que diz que “o amor não é egoísta”... Se ele não o ama como você desaria, filho, deixe-o amá-lo como irmão. Acho que você só não percebeu ainda... Mas me responda: quantas vezes nesses quatro meses pensou em fazer sexo com ele?
Bem, aquela pergunta era fácil de responder, foi... umas... é, falar a verdade, haviam sido tão poucas que já não me lembrava mais.
– Não sei... – fui sincero.
– Quantas vezes quis beijá-lo?
– Também não lembro.
– A verdade esta aí, meu filho. Você também já aceitou o Naruto como seu irmão. Dê ao seu coração novas escolhas.
Os “novas escolhas” dito pelo meu pai me fez lembrar do Suigetsu e quase senti vontade de rir. Suspirei, recebendo a mão do meu pai para ajudar a me levantar.
– Você fez seu papel, Sasuke. Transformou aquele garoto mimado em um rapaz que pensa antes de tomar decisões precipitadas. Não critique a escolha dele. Baseando-se em tudo que você o aconselhou, ele vê em você um espelho, o irmão mais velho dele.
Limpei o rosto e recebi do meu pai um aperto mais forte no ombro. Depois, voltei para o quarto, para encarar aquela nova realidade.
– Achei que tivesse me esquecido aqui! – ele reclamou.
– Não. Meu pai me encontrou no corredor e me listou algumas coisas que tenho que fazer para ele amanhã.
– Ah... Certo. Sasuke, você está chateado? Eu pensei muito antes de te dizer isso, estava procurando a melhor maneira porque não queria te magoar. Mas, durante esses meses, nosso relacionamento mudou tanto e ficou tão perfeito do jeito que está, que não queria estragar tudo aceitando ficar com você como namorado.
– Você fez bem, mas... – eu suspirei. – Eu vou querer a ficha completa desse cara. Não quero que... – a voz quis engasgar, mas eu engoli o choro, sorri e terminei de dizer aquilo que estava no meu coração. – Não quero que ele faça meu irmão caçula sofrer.
Ele riu abertamente, em seguida, disparou a falar; falou como nunca havia falado antes. No começo, eu só fiquei ouvindo, sentindo aquela dor remoendo dentro do meu peito. A inveja de estar no lugar daquela pessoa. Entretanto, para quê alimentar sentimentos ruins? Acho que se eu os sustentasse, iria acabar criando uma ferida interna. Pensando assim, resolvi dar ouvidos ao que ele me contava tão empolgado e conforme fui percebendo sua animação, aquela dor foi se amenizando, e fui contagiado por sua alegria. Poucas horas depois, já estávamos conversando como o habitual.
Confesso que não foi fácil vê-lo no baile, todo cheio de sorrisos com aquele cara boa-pinta e de cabelos vermelhos caindo em um lado dos olhos, enquanto eu estava com aquela peça rara do meu acompanhante, que tentava de todas as maneiras me arrastar para o meio do salão. Enfim, percebi que o Naruto estava mesmo feliz e, se ele estava feliz, de alguma maneira, eu também estava. Esse era meu jeito de pensar.
No fim, acabei deixando-me arrastar pelo Suigetsu para a pista de dança. Ele era um cara legal, acho que não seria difícil aprender a gostar dele, o problema é que ele tinha uma maldita de uma mão boba!
– Tira-sua-mão-da-minha-bunda!
– Ah, Sasu-chan! Você é muito cri-cri. Mas sabia que isso aumenta seu charme?
– Pro inferno, Sui.
– Ah?! Você me chamou de Sui? Que lindo! Diz de novo.
– Nunca.
– Estamos namorando?
– Nem morto.
– Então, que tal um beijinho pelo menos?
– Está louco! Estamos no meio de um monte de gente! – virei o rosto para o lado, tentando me afastar daquele ataque. Dei graças a Deus quando o som da banda no palco parou e o músico pediu atenção.
– Bem, pessoal, tem um colega nosso que canta muito bem e decidiu dar uma palhinha do seu talento. Com vocês: Naruto!
Eu me desvencilhei do Suigetsu quando vi o Naruto subir no palco montado no meio do salão de festas da mansão do diretor. Sim, o homem havia cedido o espaço para festa. Aliás, não era mais “a mansão do diretor” era também a minha casa e a do Naruto. O loiro havia se reconciliado com o pai e voltado a morar com ele uns dias depois do meu velho e o senhor Minato oficializarem o enlace deles em um tipo de contrato de união estável, ou seja, um casamento. Agora estávamos todos vivendo debaixo do mesmo teto.
– Bem, quero primeiro me desculpar com todos. Acho que não fui um bom colega de sala durante esse tempo de escola. – ele riu sem graça, coçando a bochecha, o que me fez sorrir. – Mas, enfim, todos estão livres de mim agora. – ele anunciou e algumas risadas se espalharam pelo salão. – Bem, na realidade, eu queria oferecer essa música em especial para aqueles que, apesar de tudo, tiveram muita paciência comigo: meu pai Minato, a mamãe Kushina, que não pôde comparecer porque tinha apresentação musical, o vovô Jiraya que voltou a viajar, para o meu padrasto, o Fugaku-san. – ele acenou para o meu pai e o dele, que bebiam, escondidos em um canto longe do grupo de alunos. Então, ele prosseguiu: - Para o meu novo irmão mais velho o Itachi-nii-san, que está trabalhando; o meu namorado, Nagato, ali! – o loiro acenou para o rapaz que ficou um pouco envergonhado ao ser apontado.
Então, foi nesse instante, quando vi os olhos dele recaírem sobre mim, que percebi que valia à pena continuar seguindo minhas ideologias. Eu estava satisfeito em tê-lo ao meu lado, mesmo que fosse só como irmão. Invadido por algo bom, um calor que aqueceu meu interior, eu abri um grande sorriso. Eu sabia o que ele iria dizer, mas foi bom ouvir.
– Mas, o agradecimento mais especial é para aquele que se tornou meu confidente e conselheiro das madrugadas, meu irmão Sasuke. Obrigado!
Sem querer, eu ganhei um beijo na bochecha do Suigetsu que havia me abraçado por trás e se aproveitou do meu momento de distração. A música começou a rolar, ele escolheu um dos J-rock que ele curtia, a música ‘Hi no hikari sae todokanai kono basho de” (2) do Miyavi.
– Você é mesmo uma boa pessoa, né, Sasu-chan? – O Sui resmungou no meu ouvido.
– Cala a boca.
– Por que não faz eu calar?
– Está me desafiando?
– Estou te intimando.
Era assim? Eu não tenho sangue de barata nas veias para aguentar os desaforos daquele abusado. Portanto, decidi que iria ensiná-lo uma coisinha. Segurei o pulso dele e saí puxando-o para fora do salão. Levei-o para o jardim e o encostei à uma das pilastras que adornavam o lugar. Não fiz cerimônia e fui logo avançando sobre aqueles lábios e o beijando. Para minha surpresa, eu senti ele refrear o beijo e condensá-lo como se estivesse saboreando minha boca. Um gelo ganhou meu estômago quando as mãos dele se firmaram nas minhas costas, fazendo nossos corpos se encontrarem em um baque. Ele já havia tomado o controle da situação, seu beijo era bom, úmido, gelado... Talvez, o papai tinha razão: eu só precisava abrir o meu coração para novas escolhas.
Ok. Estava bom demais para ser verdade. Minha vontade se esvaiu ao sentir a mão dele alisando a minha bunda! Que inferno!
– Sua mão... na minha bunda!
– Ah, Sasu-chan... – ele alisou ainda mais minhas nádegas, enchendo as mãos com a minha carne e apertando com vontade. Era impressão minha, ou ele estava fazendo isso só para me irritar? - Você me deixou louco com esse beijo. Hein, me diz: onde fica seu quarto nesse imenso casarão, hã?!
Eu mereço...
– Idiota! – espalmei a mão no peito dele e o empurrei. - Eu ainda não aceitei ser seu namorado, então, vamos nos conhecer melhor primeiro! – saí correndo.
– Mas a gente já se conhece! Espere, Sasuke!
Bem, assim, chega ao fim a minha história. Não teve exatamente “um final de contos de fadas”. Mas... Sinceramente? Isso aqui não é o conto da Cinderela, é vida real. E nem sempre na vida real tudo termina perfeito como se estivesse sido elaborado igual a um roteiro de novela. Além disso, não posso dizer que o meu final foi infeliz. Eu ganhei uma grande família, um belo e fofo irmão mais novo, estou morando em um baita casarão que mais parece um castelo, meu pai está amando e feliz. O que mais eu podia querer? Ah, ok, terminar a história com alguém mais interessante? Bem, eu posso não ter ficado com o belo príncipe loiro de olhos azuis, mas, pelo menos, estou com alguém divertido. É mais ou menos como o desfecho daquele filme da Júlia Roberts, como era mesmo o nome?
– Sasukeee, vamos! Não seja tão tímido! Serei gentil! Mostre onde fica seu quarto.
Ah, deixa pra lá. Tenho que fugir, digo, voltar pra festa! Vejo vocês por aí! Ja ne!
Fim.
Observações:
1- Call me Call me (Ligue-me, Ligue-me) – Steve Conte / Yoko Kanno – é tema do anime Cowboys Bebop, que tem todo um arranjo musical voltado para o Blues. A música é linda, e eu sou apaixonada pela história do anime. Eu encontrei um vídeo acústico na voz de um fã, que transmite bem o que imaginei para a cena, quem quiser curtir também, o link é esse: http://www.youtube.com/watch?v=WagQwxRDadE&feature=related . No link a seguir a versão original: http://www.youtube.com/watch?v=nPbBhvv6GI8 ;
2- Hi No Hikari Sae Todokanai Kono Basho de– (Nesse Lugar Onde Nem a Luz do Sol Alcança) – Miyavi.
Notas finais do capítulo
Notas finais:Sei que vou levar pedradas e podem mandá-la à vontade. xD Mas, desde o começo de Dad’s Baby Boy, eu não queria que o final fosse SasuNaru, por isso, desculpem aos fãs mais fervorosos do casal. Mas SasuSui/ SuiSasu está virando uma preferência minha já. O Suigetsu é tudo de divertido! xD
Agora, sobre escolher o Nagato como par do Naru, acho que foi devido ao anime no momento atual e, também, queria que fosse alguém mais velho.
Sério, pessoas, me esforcei para dar um final feliz, afinal, a fic era para ser de humor, não podia deixá-la terminar em drama.
Gostaria de agradecer a Blanxe-senpai por me ajudar nas ideias para esse capítulo e também pela betagem.
Aproveito para avisá-los que essa fic terá um bônus: uma side-fic, para mostrar um pouco mais do relacionamento dos papais desses meninos. *__*
Para mim, estou fechando essa história, que foi um presente de aniversário para minha filhota Gabhy-chan, com chave-de-ouro. Se alguém mais gostou de verdade do trabalho, vou esperar reviews e claro, recomendações sempre serão bem vindas.
Antes de ir, queria lembrá-los e convidá-los a me acompanhar em Redenção e na Crise dos Setes (que passará a ser atualizada no lugar de Dads Baby Boy).
Muito obrigada a todos!
See you next!! o/
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