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[Naruto] Dads Baby Boy - Capítulo 5, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6

Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Comédia, Lemon, Romance, Universo Alternativo, Yaoi
Status: Completa
Classificação: 18 anos
Resumo: Sasuke Uchiha, por ser filho de um investigador de casos especiais da polícia, nunca parou em nenhum colégio por muito tempo, contudo, era a primeira vez que ele estava em uma instituição só para meninos. E é nesse novo ambiente que ele irá se deparar com algo totalmente inesperado: uma paixão avassaladora pelo popular e mimado filho do diretor. Será que Sasuke conseguirá fazer com que Naruto, que se aproveita da sua beleza e status para se divertir conquistando e pisando nos sentimentos alheios, se apaixone por ele? Ou melhor: fazer com que ele mude? [Fanfic terminada. Seis capítulos. Yaoi. Lemon. +18. OOC. Comédia romântica. Presente pra minha filhota Ghaby-hina-chan]


Dad’s Baby Boy
Capítulo 5 – Bem me quer... Mal me quer...   
Revisado por Blanxe

Depois que o senhor Minato me deu as costas, saí daquela confortável e espaçosa cama de casal e recoloquei as minhas roupas rapidamente. Estava um pouco aturdido. Era uma situação deveras estranha. Eu não sabia se dizia algo ao diretor; se me desculpava com ele. O homem parecia extremamente abatido. Engoli em seco e no meu - já normal – tom gaguejante, tentei formular algo.

– Se- senhor, e- e- eu...

– Você não tem culpa, Sasuke. – para não perder o costume, ele também me interrompeu. - Eu conheço o filho que tenho e reconheço que não o eduquei da forma devida. – ele se explicou, mantendo-se de costas para mim. - Não é a primeira vez que Naruto tenta me afrontar. Ele faz isso o tempo todo. Mesmo que eu o castigue, ele continua fazendo.

Eu percebi que a cabeça do homem pendeu para o peito, ele colocou as mãos no bolso do roupão e continuou falando, já que meu silêncio pareceu ter deixado o ambiente mais tenso.

– Não importa o que ele lhe disser, Sasuke. Eu quero que fique hospedado aqui até que as coisas entre você e o seu pai se resolvam. Eu sei que depois do que ouviu, não vai querer ficar com ele; mas releve, temporariamente.

– Hm... – eu assenti.

Porém... não podia dizer que o diretor estava cem por cento certo em sua dedução. Pode até parecer loucura, mas eu ainda queria aquele maldito loiro. Era como se o fato dele gostar do pai não fosse mesmo um fator interventor. Afinal, era como seu estivesse apaixonado pelo o Itachi. Um amor incestuoso não poderia perdurar, podia? Como um casal pode viver a vida toda sabendo que são entes do mesmo sangue? 

Tá, alguém aí pode até responder: “Se o sentimento for recíproco, sim, pode até acontecer um relacionamento duradouro”. Mas, o caso daqueles dois, eu tenho minhas dúvidas... O senhor Minato parecia muito determinado em não aceitar o amor do filho se não fosse da forma convencional: o fraterno. E tenho que confessar: esse pensamento me deixou um fio de esperança, ao qual eu queria me manter agarrado.

– Senhor, posso lhe fazer uma pergunta indiscreta?

– Faça.

Eu inspirei e soltei o ar pela boca. Era algo complicado de se perguntar. Talvez, fosse até idiotice minha querer saber aquilo, afinal, a resposta parecia evidente. Entretanto, eu precisava ter aquela confirmação se quisesse mesmo seguir adiante. Então, mandei bala:

– O senhor... O senhor ama seu filho, só como filho, não é?

Pois é...

O silêncio que se sucedeu foi atormentador. Meus olhos se arregalaram de surpresa. Eu percebi que a face do homem estava ficando vermelha, pois suas orelhas e o pescoço já haviam mudado de cor. Eu estava errado. Muito errado! Não precisava que ele vocalizasse uma resposta para entender que sim, o adulto naquele quarto, correspondia os sentimentos do filho.

Sinceramente? Eu não acreditava na merda onde eu havia me enfiado! A irritação me consumiu e, antes que eu fizesse uma besteira, decidi voltar pra casa do senhor Jiraya. Desta vez, fui eu quem deu as costas ao homem e segui rumo à saída. Meu coração havia se descompassado, tamanho o nervosismo. Era constrangedor. Dolorido. Sei lá! O que eu estava fazendo ali, afinal? Me humilhando atrás de alguém que não me queria? 

– Sasuke?

Eu me detive com a mão na maçaneta ao ouvir o chamado. Estava com o rosto todo contraído devido ao espanto daquela revelação; resolvi me manter onde estava e respondi:

– Senhor?

– Não... Não desista do meu filho. – ele me pediu em um tom tremulante.

Ah! Ok! Eu REALMENTE não entendia essa família!

– Desculpe-me, senhor. – resolvi me voltar para encará-lo. - Mas pelo que eu entendi aqui, o Naruto o ama, e o senhor corresponde esse sentimento. Então, por que não assumem essa droga de vez?

– Está errado, Sasuke! É ao contrário do que está pensando.

– Como assim o contrário?

– Eu não consigo explicar direito... Mas confesso que sou o culpado pelo que o meu filho se tornou. Só que sozinho, eu não consigo consertar esse erro. Eu preciso da sua ajuda. Você é inteligente, converse com o Naruto e saberá entender a verdade.

Inteligente? Por que todos acham que eu sou inteligente? Se eu realmente o fosse, não estaria metido nesse rolo!

– Tá, vou pensar... – dei uma resposta automática, louco pra sair dali.

Deixei o quarto com a cabeça doendo, fui andando devagar, fitando as portas fechadas do longo corredor. Qual era a verdade que o pai dele estava se referindo, afinal? Quantos segredos mais os donos daqueles pares de olhos tão límpidos ainda podiam esconder? Instintivamente, me detive em frente a uma porta com uma placa escrita em inglês “Keep Out”, ou seja, “Mantenha Distância”. As pessoas deveriam seguir os alertas, no entanto...

Bati na porta.

Não houve resposta; entrei. Vi Naruto sentado no beiral da janela aberta, só com uma bermuda branca. O vento frio da noite fazia seus fios loiros farfalharem da mesma forma que a cortina de véu azulado. Será que ele não sentia frio? Dei uma olhada no ambiente e fiquei impressionado. Por mais que fosse o quarto de um adolescente, a decoração era de um quarto infantil. Havia, nas paredes, prateleiras com inúmeros brinquedos, além de pôsteres de personagens de animes. O carpete era um colorido jogo de quebra-cabeças, onde havia outros brinquedos espalhados, como carrinhos de corrida e réplicas de dinossauros. Em um dos cantos do quarto, me impressionei com a pequena maquete de uma cidade, onde um trenzinho elétrico corria passando por dentro das montanhas. Até mesmo o sofá onde ele estava com os pés apoiados, tinha o formato de um divertido veículo com grandes olhos e um sorriso maior ainda.

– Belo quarto.

– Saia! – a voz dele foi incisiva, da mesma forma que seu olhar recaiu impetuoso sobre mim. Era como se eu fosse o culpado pelo plano de enciumar o pai, não ter dado certo. - Eu não o queria na minha vida e ainda não o quero! Não venha sentir-se traído, ofendido, e não sei mais o quê! Não somos namorados, Ok?! Põe na sua cabeça: eu só estava a fim de sexo! Agora que já tive o suficiente, você não me serve mais: fora!

– Eu sei. – fui categórico.

Mas, cara, ouvir da boca dele que fui usado, foi extremamente doloroso. Me senti um papel higiênico! Queria avançar nele, socar aquela bela face e fazê-lo beijar o chão e, assim, fazer com que ele sentisse cada centímetro daquela dor cortante em meu peito. Contudo, se agisse daquele jeito, eu seria para ele só mais um Neji, Gaara, Sai e Cia. Não era isso que eu pretendia. Estava decidido a ser diferente dos outros. Se ele queria ficar com o pai, OK. Não posso obrigá-lo a gostar de mim. Porém, queria tê-lo por perto de alguma forma. Ser um amigo, poder ajudá-lo... Algo bem retardado se é que me entendem...

– Se sabe, então o que está fazendo aqui ainda? Mexa-se! Saia logo!

– Escuta, Naruto. – tentei falar tranquilamente. - Eu sou hóspede do seu pai e por enquanto, não vou a lugar nenhum até meu velho decidir que eu possa voltar.  E também, eu... quero te ajudar.

– Quê?! – ele perguntou juntando as sobrancelhas, em um misto de incompreensão e deboche.

– Quero te ajudar... – repeti devagar, voltando a engolir em seco. - É isso que quer, não é? Ficar com seu velho? Você o ama, estou certo? Eu acho muito esquisito... Mas, tudo é possível nesse mundo. Afinal, há alguns dias eu nunca tinha ficado com um garoto antes e bem... Olha onde estou agora... – suspirei, era muito difícil falar aquilo. - Então, poxa... Eu entendo o que você tá sentindo. Puts! Se pra mim, gostar de alguém do mesmo sexo está sendo algo complicado, então, imagina gostar de alguém que tem seu sangue, que lhe deu a vida. Só que o coração faz umas escolhas idiotas e... – eu dei um sorriso bobo, queria parecer convincente.

Mas, cara! Que droga eu estava falando? Eu estou loucamente apaixonado por ele, como podia dizer que iria ajudá-lo a ficar com outra pessoa? Meu peito doía tanto, tanto, que achei que fosse enfartar, no entanto, eu precisava me manter firme.

– O que acha? Quer minha ajuda pra conquistar seu velho?

– Vai me ajudar? – percebi um tom ainda mais desdenhoso na voz dele. - Você é idiota ou o quê?

Acho que sou o “o quê”.

Inspirei e respirei.

Ele gosta de provocar, de desestabilizar a mente alheia, não posso fazer o jogo dele.

– Eu vou te ajudar, sim. E sim, eu sou um idiota. Mas, eu te... – eu me detive por um minuto, confessar algo do tipo ia doer pra caramba, muito mais do que já estava doendo. Mas tá engasgado! Querem saber? Que se dane! Eu preciso dizer, então: – Eu te amo. – confessei, olhando-o nos olhos. Mas o semblante dele não mudou e o silêncio prevaleceu. Desta forma, eu prossegui, ainda mais envergonhado: - Po- Por isso, eu quero te ver bem, certo? Acho que entre vê-lo triste e fazendo coisas erradas só pra poder aliviar a frustração que é amar o próprio pai, eu prefiro ser um idiota e ajudá-lo a ser feliz. Vai me fazer sentir bem. Pelo menos, melhor do que estou agora.  

 Ele riu, mordeu o lábio inferior, meneou a cabeça negativamente, então, voltou a olhar o véu noturno.

– Você é mesmo o cara mais estranho com quem eu já fiquei.

– Ah... Idem.

– Não ouviu o que ele disse? O senhor Minato já deu a resposta há muito tempo.

– Mas, de alguma forma, a resposta dele não foi suficiente, hã?

– Não foi, porque ele está mentindo. – o loiro alegou e ficou pensativo por um tempo, desceu da janela e sentou-se no sofá, ficando de frente para mim; continuou: – Mas eu vou conseguir sozinho. – ele afirmou com um ar confiante. - Não consigo ver como você pode me ajudar. Além do quê, acho que está só inventando alguma desculpa pra continuar perto de mim.

Mesmo que ele tivesse certo, não precisava jogar na minha cara daquele jeito, como se eu estivesse querendo me aproveitar da situação.

– Você tem ideia do quanto as coisas que você faz e as palavras que saem da sua boca venenosa, ferem as pessoas?

– Se eu, realmente, estivesse conseguindo feri-lo, você já teria me batido na cara. Ou, teria ido embora.

– Como os outros fizeram? É isso que você quer? Testar os meus limites? Fazer com que eu te bata? Eu não sou igual aos seus ex, Naruto. Desista de tentar me provocar!

– É sim. – ele afirmou, subindo o pé direito no assento e abraçando-se ao joelho, enquanto examinava as unhas dos pés. - No fundo, todos são iguais. Alguns só são mais teimosos. Mas no fim, todos têm a mesma idealização: satisfazer seus próprios desejos. Esse é o egoísmo agregado a natureza humana desde que somos colocados na Terra. Queremos que as coisas girem ao nosso redor e, como nem sempre é possível, nos adaptamos as regras. Agora, você está aí, se esforçando pra ser diferente com intuito de me contrariar, alterar a regra e me provar que eu estou errado.

Eu não soube o que responder. Engoli em seco e permaneci com os olhos estáticos sobre ele.

– Sabe, Sasuke. Eu vivia fazendo coisas estúpidas pra chamar atenção do papai, mas ele nunca ligava. Era só serviço, serviço, estudos, e quando a mamãe estava por perto, ele só tinha olhos pra ela. Eu era um nada. Vivia sozinho, abandonado pelos cantos dessa casa imensa. Então, em um belo dia, decidi que iria chamar atenção dele de qualquer jeito. Eu tinha sete anos e fingi que estava me afogando na piscina. O papai mergulhou desesperado, me retirou da água e fez respiração boca a boca, enquanto pedia pra Deus que não levasse seu único filho, repetindo o quanto me amava. Quando eu ouvi aquilo, fiquei feliz, abri os olhos e perguntei: “Me ama mais do que a mamãe?”. Talvez, movido pelo desespero do momento, ele respondeu: “Muito mais, você nem imagina o quanto...” e me beijou. Foi um beijo de verdade, na boca, com língua e tudo. Mas... A mamãe estava atrás de nós, um dos empregados havia alertado sobre mim; foi a primeira vez que ela decidiu ir embora. E eu, decidi que queria ficar no lugar dela. Mas o papai se acovardou. “Não, não podemos. É errado. Sou seu pai. Você é meu filho. É contra as leis. Vou trazer a mamãe de volta.” Não é hilário? Um homem adulto, tão cheio de si, com medo de assumir seus sentimentos impuros pelo filho.

 - É errado. – eu murmurei.

– É? O quê exatamente é errado?

– Eu queria ajudá-lo porque achei que você realmente amasse seu pai de verdade. Mas, não. Está errado! Você não o ama. Está brincando com os sentimentos dele. Está fazendo isso para se divertir, por puro capricho, por birra!

– Como você pode garantir que não o amo?

– Você não sabe o que é amor, Naruto. Quem ama de verdade não é egoísta desse jeito que você falou. A pessoa não pensa em satisfazer apenas seus desejos. Eu lembro que o papai adorava acampar e assistir corrida de cavalo. Contudo, quando a mamãe morreu, ele largou tudo que gostava de lado para ter mais tempo pra cuidar da gente. Passou a se mudar de um lado para o outro, com medo de que acontecesse comigo e com o meu irmão o que houve com a mamãe. Isso é amor. Meu irmão passou muitas noites em claros cuidando de mim quando eu tinha febre, até desmarcava encontros. Isso é amor. A Sakura, uma namorada que tive, disse que iria me esperar enquanto eu não lhe mandasse uma mensagem avisando que havia encontrado outro alguém e estava feliz. Isso é amor. O amor verdadeiro é aquele que sentimos vontade de cuidar, de estar perto suficiente para ver a pessoa amada bem e feliz. Você não ama ninguém. Nem mesmo a você próprio. Pelo que eu sinto, e baseado em tudo que sei sobre esse sentimento, eu decidi te ajudar, de coração. Mas você está zombando de mim, dos meus sentimentos, dos sentimentos do seu pai e dos outros que tentaram ficar com você... Você não ama seu pai de verdade. Só quer que ele faça parte de uma lista de conquistas, nesse joguinho bizarro que você inventou na sua cabeça. Só que eu não estou jogando com você. Por isso, estou desistindo.

Crispei os punhos, olhei para dentro do quarto mais uma vez e, com a mente mais centrada, decidi.

– Quando você deixar de ser criança e quiser ajuda para um ideal de verdade, me procura...

Ele continuou mexendo nos dedos dos pés. Era como se eu estivesse falando com os pôsteres na parede. Mas, querem saber? Dane-se! Não estava mais me importando. Virei de costas, abri a porta e saí daquele cômodo o mais rápido que pude.

Respirei aliviado quando fechei a porta atrás de mim, porém, o ardor nos meus olhos e nas narinas queriam me fazer por pra fora a dor em meu peito. Contudo... A imagem do meu pai saindo do quarto do senhor Minato, fez tudo se esvair rapidamente. Senti um arrepio quando meus olhos se encontraram com o do meu velho. Mas não era de medo, e sim, de alegria, satisfação; saber que aquilo em que eu acreditava, tinha mesmo valor. O meu otou-san nem precisava dizer, eu sabia, mesmo assim, foi bom ouvi-lo afirmar:

– Eu vim buscá-lo, meu filho.

Pois é, eu chorei. Acabei não aguentando segurar. E como eu chorei! Nunca pensei que fosse tão emotivo! Garotos não choram? Quem ditou essa porra?! Corri ao encontro do velho e o abracei. Ele meio durão, ficou sem reação, mas depois, não resistiu e me aninhou nos seus braços. Dando tapinhas nas minhas costas.

– Calma, filho. Não chore assim, você tá me constrangendo.

Ouvir aquilo foi pior, aí que me desatinei a chorar. Até soluçava. Mas quando me desvencilhei, limpando a face, senti um verdadeiro alívio no peito. Até sorri, sentindo arder os tapinhas que o senhor Uchiha dava no meu rosto. Então, olhei para um pai depois para o outro, parecia que ambos haviam tido uma longa conversa também.

– Obrigado, Minato. – o meu velho disse, estendendo a mão para cumprimentar o homem loiro. – Por me ajudar a entender melhor a opção do meu filho e... por ter se proposto a acolher o Sasuke, até meu momento de sandice passar.

– Sem problemas, Fugaku. Até que foi rápido. – o diretor respondeu, sorrindo e apertando a mão do meu pai. – Foi um prazer ajudá-lo, de verdade.

Será que só fui eu quem notou? Frases com duplos sentidos, olhares intensos e tratamento de forma íntima? Afinal, “Fugaku” e “Minato” para quem quase se pegou na porrada na escola, é meio contraditório, não? E por que diabos estavam conversando no quarto do diretor ao invés da sala de visitas?

Franzi as sobrancelhas para os dois que continuaram se olhando agora com os rostos levemente corados. Passei a mão no meu rosto limpando as lágrimas. É, eu acho que o senhor “Minato” explicou muito bem, até bem demais para o senhor “Fugaku” sobre a minha opção.

Humpf!

Não que eu seja um filho ciumento... Eu só estava com um pouco de inveja do velho. É como diz aquele dito popular... Certo, eu sei que sou cafona por sempre está citando esses ditados idiotas, mas é que cabe tão bem a situação, vejam: “Há mal que vem para o bem”. Casou perfeitamente, não foi? Eu me ferrei grandão nessa história, todavia... Acho que aqueles dois ali estavam precisando de um novo sentido para a vida. Mas confesso: vai ser estranho ter um pai gay.

Os dois desceram as escadas na minha frente. Só faltaram seguir de mãos dadas! Ok, pai! Eu estou bem, certo? Não precisa se preocupar, eu nem estou chorando mais! Ainda bem que não me deram o desprazer de vê-los trocando mais do que olhares de interesse. Mas, antes de segui-los, dei mais uma olhada para a porta fechada e a placa “Mantenha Distância” ainda mais evidente. Senti um aperto no peito. Acho que mesmo que quisesse, não conseguiria respeitar aquela norma que ele impôs para si...

– Nos vemos depois, Naruto.

...

Havia chegado o Natal.

Nunca pensei ver o papai tão mudado. O amor fazia bem as pessoas. Ele estava mais sorridente, leve, até aprendera a rir das piadas do Jiraya-san. Por mais estranhas que fossem. Ele também pediu para trocar de função na polícia. Passou para o departamento de monitoramento das ruas, ficava o dia inteiro analisando as imagens dentro de um Circuito Interno de TV. Ou seja, estávamos fixando residência em Tóquio, depois de anos andando de um lado para o outro.

Ele também solicitou a alteração do cargo do meu irmão, que passou a assistente administrativo interno da delegacia do distrito. Papai também o obrigou a fazer algumas especializações, já que iríamos ficar fixos em um único lugar. Assim, ele tinha menos tempo para pegar no meu pé e ficar me imaginando vestido de noiva...

Quanto ao Naruto... Bem, depois que ele soube que o pai dele estava namorando com o meu, ele saiu de casa, informando que iria morar com a mãe.

Suspirei fundo. A ceia estava animada dentro da mansão do diretor. Dava pra ouvir o clima calórico da conversa e das risadas. Papai convidara o departamento de polícia inteiro. E o senhor Minato, a maioria dos colegas professores. Todos com suas famílias. O ambiente estava gostoso, mas eu estava meio deslocado, por isso, decidi respirar o ar gelado do lado de fora. Sentei na mureta que rodeava a fonte de entrada do casarão. Estiquei os pés, apoiei o peso do corpo nas mãos, e me voltei para o céu. Estava limpo, estrelado e a lua nova deixava tudo mais claro e bonito. O frio não me incomodava.

Não conseguia parar de pensar nele...

O amor é transformador. Eu queria tanto que o Naruto se apaixonasse de verdade por alguém para poder sentir o verdadeiro poder desse sentimento. Acho que isso foi um desejo. Mas eu precisava de uma moeda. Vasculhei os bolsos e encontrei um botão que caiu do meu blazer quando estava no carro. “Se não tem tu, vai tu mesmo!” Joguei-o para trás, ouvindo o “ploft” ao cair dentro da fonte. Arqueei o pescoço para trás e admirei aquelas duas estátuas tão majestosas: deusa do amor e deus dos oceanos. Formavam um casal diferente; não entendia de mitologia, mas acho que eles também não chegaram a ficar juntos.

Voltei a fitar o longo terreno daquela residência e me admirei. Como àquele lugar era grande! Certo. Eu estava tentando pensar em qualquer coisa para não me lembrar dele.

– Eu fui um bom menino e o papai Noel não me trouxe nada! Humpf! Velho charlatão.

– Não deveria chamar o senhor Noel de “Velho charlatão”. – ouvi a advertência, que parecera de alguém que havia saído de dentro da casa. – Talvez, seu presente esteja por vir.

– Alph! É você?

– É “Alphonse”, jovem mestre. – o mordomo me corrigiu, empinando mais o seu longo nariz.

– Não sou seu mestre.

– Se seu pai tem um vínculo com o meu patrão, é certo que é meu jovem mestre.

– Ah! Ok. Eu desisto. O que quis dizer com “o meu presente ainda está por vir”?

– É que não é meia-noite. O “Velho Charlatão”, digo... Noel, costuma passar à meia-noite para deixar os presentes junto a lareira. Isso, se você foi realmente um bom menino.

– Claro que eu fui, Alph! – rebati sorridente. - Quer dizer, eu acho que fui... E também, não tem uma lareira nessa casa.

– Tem no pequeno chalé.

– Chalé?!

Ele apontou para o lado, na direção das árvores do jardim.

– Se seguir naquela estrada que corta o jardim, encontrará um chalé. Lá tem uma lareira. O lugar foi construído para o mestre Naruto brincar. Quando ele estava muito triste, era lá que ele se refugiava. Agora, deixe-me voltar aos meus afazeres. Com sua licença, jovem mestre.

– Toda... – eu sussurrei, enquanto o via desaparecer, tentando processar o que ele estava querendo me dizer. Ao compreender, em um impulso, pulei da mureta, e meio que escorregando na neve que desmanchava no chão, corri. Corri rápido e afoito. Sentia o frio da noite queimando meu rosto. A euforia tomando conta de cada parte do meu corpo. Segui pelo caminho indicado e vi não muito longe o mine-chalé, construído no próprio terreno. Havia uma luz clara dentro do local. Aumentei o ritmo da corrida.

Enfim, cheguei à porta, respirando pesado, quase sem fôlego, bati no patamar de madeira, já girando a maçaneta e pedindo licença para entrar. Ao adentrar o ambiente, o percebi vazio, mas a chaminé no canto da sala estava acesa, o fogo crepitando dentro dela. O lugar também estava enfeitado com motivos natalinos. Havia meias penduradas na parte de cima da chaminé, havia uma árvore de Natal com piscas coloridos e com alguns embrulhos de presente no canto.

Mas aquele quem eu queria, não estava ali. Vi algo grudado na lareira. Parecia um recado. Me aproximei e retirei. “Merry Christmas” estava escrito em inglês no envelope. Abri e li.

– “Sasuke... Tenho que confessar: Eu nunca havia chorado tanto, como chorei no último dia que conversamos. No instante em que você saiu pela porta do meu quarto, senti algo estranho e quando dei por mim, percebi que as lágrimas banhavam meu rosto... Acho que foi a força das suas palavras verdadeiras. Fiquei esperando que você voltasse, me ligasse, ou aparecesse lá em casa, como muitos fizeram. Mas você não veio. Mesmo quando seu pai ia visitar o meu trazendo flores, eu esperava que você surgisse detrás dele de repente... Mas não. Então, a dor em meu peito voltava. Estava pagando pelo mal que fiz... Mas eu ainda não entendo o seu jeito de amar. Pois eu não consigo desejá-lo e querê-lo longe de mim, mesmo sabendo que você pode estar bem. Eu o desejo em mim. Queria tê-lo perto suficiente para me perder em seus braços durante muito tempo. Então... Isso significa que eu ainda sou egoísta. Isso não é amor, certo? Por isso, não estou pronto para lhe procurar. Já que ainda sou a criança embirrenta que você não suporta... Por isso, vou deixar meu “Feliz Natal” nessa folha de caderno. Tem um presente pra você embaixo da árvore, outro para o papai e outro para o seu. Se puder, entregue-os... Eu queria finalizar essa carta com aquela frase que você me disse com tanta convicção. Mas como não irá lhe soar verdadeira, vou encerrar só com um: Até mais, Sasuke. Assim que eu crescer, eu vou te procurar. Feliz Natal. Assinado: Naruto.”.    

Eu abracei a carta, amassando-a junto ao meu peito e caí de joelhos diante da lareira. É, ele não tinha mesmo ideia do quanto mexia comigo. Não, eu também era um idiota! Afinal, era o contrário. Eu também queria estar do lado dele naquele instante e não tão longe. Queria muito abraçá-lo e fazer amor nesse ambiente tão aconchegante.

– Eu vou te esperar, Naruto... O quanto for preciso, eu vou te esperar.

Continua...


Notas finais do capítulo

Yo, minna-san! o/

Se dependesse de vocês, meus queridos leitores, o Naru-chan estaria sem couro a uma hora dessas. Ahauahuahauahau Afinal, foi unânime as mãos levantadas pra surra dele. Ahauhauahauah

Mas então, eu também queria que o Naruto levasse umas boas palmadas, mas vamos ser sinceros, né? Às vezes surra não corrige, piora. E palavras doem mais do que umas boas chicotadas. E eu acho que o Sasu conseguiu, no pouco que disse, atingir o Naru-chan em cheio.

Não concordam?

Enfim, “Os filhinhos do Papai” está chegando ao fim. Como prometi: o próximo é o último. Mas já quero deixar o meu agradecimento nas 159 reviews em quatro capítulos. ._. Gente, são quase 40 reviews por capítulo. Vocês realmente são demais. Amo, cada comentário recebido. Dá um trabalhão pra responder, mas respondo com satisfação.

Obrigada!!

Então, espero vocês no último?!

Beijoooos ;*

See you next! o/

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