[Sailor Moon] Despertar § 2 – A Lei da Sobrevivência, escrita por Anita

Capítulos: 1 2 3 4 5
Autor: Anita
Fandom: Sailor Moon Classic
Gênero: romance, aventura, drama, em capítulos
Status: completa
Resumo: Serena acorda para descobrir que está no meio de uma floresta, envolvida em um jogo de sobrevivência com um grupo de teatro de que ela sequer lembra a existência. Logo descobre que até suas amigas podem estar entre as vítimas. Ela precisa se juntar a Darien e escapar de lá o mais rápido possível. Fic publicada em celebração aos dez anos do Olho Azul.

Notas Iniciais:

Esta história se passa no meio da fase classic, em algum momento antes de se descobrir a identidade de Tuxedo Mask e foi inspirada em Battle Royale. Publicada em homenagem aos 10 anos do site Olho Azul, HTTP://olhoazul.50webs.com

Olho Azul 10 anos Apresenta:
Despertar

Capítulo 2 – A Lei da Sobrevivência

  Já anoitecia quando enfim recuperei a consciência. Estava deitada sozinha enquanto Yukie reunia material para uma nova fogueira. Darien, Jun'ichi e Lita conversavam mais longe sobre algo bem sério, provavelmente, o motivo daquilo tudo. Eu tinha que saber o que fizeram à minha amiga... Nada poderia tê-la enganado tão facilmente, Ami era mais esperta que aquilo.

  Aproximei-me e sentei-me entre Lita e Darien, apoiando a cabeça no ombro da primeira. Não pedi que repetissem, apenas deixei que o rapaz continuasse sua narrativa.

- ...depois que nos encontramos, decidimos continuar juntos e procurar por mais pessoas. Afinal, num lugar como este, o número de pessoas nunca será demasiado. Eu estava procurando algum animal para comermos, enquanto ela pegava frutas e deve ter encontrado alguém, pois me lembro de ouvir sua voz. Percebendo que conversava, fui até lá... Estava numa parte alta e para eu escalar demorou tempo bastante de essa pessoa bater em sua nuca com alguma coisa e derrubá-la no rio.

-Então ela morreu antes de chegar à água?-Jun'ichi perguntou, recebendo um não do outro.

-Eu gritei por seu nome e me lembro de vê-la se sacudindo. Tudo o que pude fazer foi jogar-lhe o primeiro pedaço de madeira que me pareceu útil. Antes de ir atrás dela, resolvi procurar o culpado, mas não consegui alcançá-lo; corria tanto. Com a perseguição, eu me perdi do rio e, bem, o resto da história a Yukie já contou.

-Alguém tá por aí matando os outros sem razão? Ou ele pretendia comer a Ami? – Jun'ichi parecia assustado com as possibilidades, olhando preocupado para nosso pequeno acampamento.

-Eu fiquei pensando nisso até agora... Não estamos com fome para nos tornarmos canibais, né? E não foi nenhum animal perigoso. Essa pessoa simplesmente a matou. Se o tal homem está certo, só pessoas que conhecemos se encontram aqui. Quantos somos no grupo de teatro?

-Dezenove, -Lita respondeu, tentando conferir seus cálculos, - Com certeza, dezenove. Mas sete já morreram, mais Ami. Vocês encontraram mais alguém?

-Nenhum que vocês já não tenham visto. Isso significa que estamos em onze agora e que temos seis suspeitos...

-Quem são? - perguntei, ainda sentindo minha garganta doer por antecipação. Não porque um deles era um assassino, mas porque todos os outros poderiam ser minhas amigas sendo as próximas vítimas.

-Rei, Noboguchi, Daisuke, Kouji, Molly e Andrew. -Jun'ichi mostrou nos dedos, de forma a não faltar ninguém. - Era um homem ou uma mulher?

-Acho que um homem. Contudo, não posso dar certeza, não o vi direito.

-Que covarde... - falei, segurando no braço de Darien, como que tentando buscar a força que ele parecia ter. Afinal, foi o que vira o perigo mais de perto e sobrevivera.

-Ah... É... Sim, muito, - o mesmo respondeu.

-Ei, cara, não precisa ficar tão sem jeito se uma menina te toca. Isso não é nada comparado ao peso dessa aqui e mais três metros de queda. Faça a física! - o outro apontou para minha amiga.

-Jun'ichi! - Lita gritou, dando-lhe um doloroso soco no ombro.

-É sério! Olha, com a aceleração de 9,8 metros por-

-Já chega! Não sabe quando parar, todos já riram da sua gracinha.

  Eu fiquei observando, um pouco lenta para entender, apesar de haver rido. Olhei para Darien e notei que, de fato, ele parecia um pouco sem jeito, forçando um riso, mas com a face um pouco rubra. Enfim, houve um tique em mim e eu pulei para trás, tirando o meu braço do dele. Que idiota que eu fora, embaraçando-o daquela forma.

  Dei dois tapas na minha cabeça falando entre os dentes: "Serena, sua idiota" após cada um deles. Todos pararam para me olhar sem compreender muito bem, apenas rindo.

-O que é isso, cabecinha de vento? Abstinência das minhas palavras?-Darien falou, desta vez com um sorriso verdadeiro no rosto. Para variar, eu havia sido a boba da corte, né?

-Agora que temos os dois garotos mais populares do grupo, será que nenhum tá a fim de acender a fogueira para fazermos nossa comida? Nem almoçamos! - Yukie se aproximou, apontando para o que ela havia tentado fazer.

-Yukie, quando é que você vai aprender que orar não faz fogo? – Jun'ichi falou, indo até o local com seu isqueiro e pegando as caças que fizera naquele dia. Lita foi atrás para ajudar com seus dons culinários.

-Não está com fome? – Darien me perguntou, enquanto tentava encurtar a distância que eu mesma criara ao pular como se fosse de um incêndio.

-Nem um pouco... Eu sei que eu não pareço eu mesma e blablabla! Sei de tudo o que vai vir dessa sua boca; mas eu realmente não pretendo comer aquelas coisas esta noite. - Apontei para os dois pobres animais abatidos que Lita preparava com a ajuda de Yukie.

-Eu compreendo. - Ele sentou-se olhando o fogo de longe, com a cabeça apoiada nos joelhos. Parecia sentir-se tão culpado...

-O que há? -perguntei me aproximando e, novamente, me sentando a seu lado, - Vamos, qualquer um teria ido atrás daquele cara ao invés de pular atrás dela. É nisso que está pensando?

-Não... Eu...

-Fale logo o que é!

-Estava me sentindo errado por ser egoísta a ponto de pensar que ainda bem que-

-Não foi você? E alguém ia querer se meter com Darien Chiba!?

-Será que vamos acordar deste pesadelo?

-É o que penso desde que me levantei.

-Lita disse que você também não se lembra de nada...

-Lembro, sim. Da Lita, da Ami, de você.

-Sim. É o mesmo que eu então, bem que ela sugeriu. Não é estranho? Estar rodeado de desconhecidos que são seus amigos?

-Você também não-

-Nem um pouco. Nem mesmo sobre esse grupo de teatro. Digo, por que eu me juntaria a um?

-Sério...? - Eu me sentia emocionada por não estar só naquela loucura, logo o abracei com lágrimas nos olhos. Cheguei a me arrepender um pouco por como o incomodara um pouco antes ao tocar-lhe o braço, mas eu realmente precisava daquela companhia tendo uma experiência mais próxima da minha que os demais.

-Também fico feliz, eu me sinto menos maluco.

-Mesmo sendo alguém como a cabecinha de vento aqui?

-Não é assim. É mais como... - Ele virou os olhos de novo para a fogueira e parecia se forçar a dizer aquilo: - É mais como principalmente sendo você, Serena.

-Hã?

-Melhor deixar para outra hora.

-Mesmo que não exista?

-Não diga besteiras. - E me abraçou de volta. Ficamos daquela forma até percebermos que os outros já estavam se retirando.

  Eu não tinha sono, mas Darien parecia bem cansado, talvez pelo estresse emocional. A morte de Ami ainda não tinha ficado como algo certo na minha cabeça, mas eu compreendia. Comemos algumas frutas e bebemos um pouco de água; no fim, decidimos dormir.

-E sobrevivemos a mais um dia! - falei, enquanto nos despedíamos.

-Não se preocupe, pois não vou te deixar ir antes de mim.

  Eu me senti um pouco vermelha, pois nunca imaginara ouvir tanta delicadeza daquele rapaz comigo. Era Darien Chiba falando! O mesmo que me fazia sair chorando ou xingando pela rua após cada topada que dávamos. Porém, aquelas palavras acariciavam o meu coração me dando uma sensação de paz, a mesma que-

-Darien! Espera...

-Sim?

-Foi você que me trouxe até aqui?

-Da beira do rio? Fui eu... Você parecia tão fraca, murmurando coisas; não podia deixar um desconhecido como o Jun'ichi fazê-lo depois do que ocorreu com Ami.

-Ah. Obrigada!

-Por quê?

-Bem, aquilo realmente me ajudou a melhorar.

-Aquilo o quê? Não entendo...

-Nem importa, mas obrigada. E boa noite!- Parti para o lado das meninas antes que a fogueira o deixasse perceber meu rosto em chamas.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Alguém estava me sacudindo muito forte, e o chão me arranhava o braço tanto que desisti e acordei para voltar ao meu pesadelo vivo. Encarei um Darien muito pálido, parecia não querer falar nada alto e me sussurrava tão rápido que nem entendia as palavras.

-O que houve? - perguntei esfregando os olhos.

-Shhhhh! - Ele tampou minha boca e com a outra mão me puxou.

  Levantei-me tão rápido que minha vista escureceu e eu mal entendi para onde Darien me levava, só pude concluir que a situação era muito séria. Minha saia ameaçava prender em tudo até que, de fato, ficou num graveto, quase se rasgando toda. Eu ainda me esforcei para que aquilo não nos atrasasse, contudo Darien o percebeu e parou um pouco, livrando-me habilidosamente.

-O que está havendo? - aproveitei para indagar, sendo novamente puxada pela mata.

-O cara que matou a Ami... Veio atrás de nós.

-E os outros?- Minhas lágrimas já surgiam, pensando mesmo naqueles que eu mal conhecia.

-Jun'ichi estava tentando distraí-lo, enquanto Lita levava Yukie, e eu te pegava. Não sei de mais.

-Nem se ele-?

-Não, ele está bem, tenho certeza! Chamou o cara de Noboguchi, você conhece?

-Acho que não... - Senti um tranco e fui puxada para trás, enquanto a mão de Darien no meu pulso parecia perder a vida. Mais à frente, alguém gritava com muita raiva.

-VAMOS! Não quer me encarar, não? - era uma voz masculina desesperada.

  Barulho de socos e mais luta se sucederam até que o dono da voz deu um choro não tão alto, mas de dor bem profunda. Darien pareceu acordar com aquilo, fez-me sinal que ficasse bem ali e correu na direção da briga. Foi a primeira vez em que desejei ter meu broche ali, mas não estava. Por algum motivo, eu não o tinha. Teriam tirado-o de mim? Sem ele, não havia Sailor Moon ou qualquer esperança concreta de salvação.

"Certo, como se eu pudesse voar pra minha casa carregando todo mundo," pensei. Não resisti mais ficar apenas sonhando com coisas mirabolantes e esperando. Tinha que saber quem era a vítima e o que Darien estava fazendo.

  Aproximei-me bem devagar e pude ver o assassino bem na hora em que ele enfiou uma estaca de madeira já ensanguentada no peito da pessoa que Darien parecia proteger. Aquele era Noboguchi? Parecia... Um rosto redondo e lábios bem grossos revelava alguém que nunca seria personagem principal de um mangá. No entanto, ele próprio parecia escrever sua história. Já matara Ami e agora...

  Dei um pulo para trás ao identificar a pessoa deitada atrás de seu defensor, tremendo bastante e parecendo pouco lúcido.

-ANDREW! - gritei, logo segurando bem forte minha boca em tentativa inútil de abafar o som que já havia saído. Todavia, era tarde demais. Noboguchi se virou e me olhou bem nos olhos, com um sorriso para Darien.

-Serena, corre! - o mesmo gritou, sem poder se mexer muito mais além daquilo. Foi quando percebi que seus ombros estavam manchados de sangue e que este era provavelmente dele.

  Eu havia me esquecido que só era uma menina com a metade do peso do meu atacante. Abaixei-me para desviar de outra estaca que ele tentara usar e vi algumas pedras no chão. Distraí-o com folhas e joguei-as em sua cabeça, obrigando que soltasse a estaca para se defender.

  Fui correr para Darien e Andrew, porém minha saia se prendeu em outra planta. Noboguchi, de testa suada, sagrando e um pouco abatido da luta contra os outros dois, veio até mim com sua aparência assustadora. Eu gritei. Muito alto mesmo. Lágrimas corriam livres por toda a parte e eu continuei gritando, vendo que logo seria acertada como um vampiro.

  A imagem de Andrew agonizando se misturava com o corpo inerte de Ami, enterrado de forma longe da merecida, entregue a todos os vermes da terra. Gritei mais ainda, sem parecer que perderia o fôlego. Se fosse para morrer, seria após deixá-lo surdo.

  Algo gelado puxou meu braço e senti um vento frio nas pernas até que minha saia voltou ao lugar que deveria estar. Abri meus olhos, ainda embaçados pelo nervoso, e parei de gritar sem qualquer força restando. Eu estava pronta para o que fosse. Alguém, então, me abraçou bem forte. Senti-me derretendo de tão exausta emocionalmente. Aos poucos, aquilo pareceu me recarregar. Encarei a pessoa para constatar que era Darien, que passava a mão pelo meu cabelo; talvez para verificar se todos os fios ali estavam...

-Ah, está vivo...? - perguntei sem nem pensar.

-Isso eu que digo. Que bom que está bem! - falou, me apertando ainda mais e pondo o queixo no meu ombro, como se também tentasse se recarregar daquela forma. - Ele fugiu; o maldito fugiu! Eu avancei para cima dele e mesmo assim ele conseguiu escapar com suas armas estranhas.

-Andrew! - Forcei-me para me afastar daquele abraço e corri bambeando para o outro rapaz, que ainda não parecia recobrar os sentidos. Apenas delirava palavras incompreensíveis. - O que faremos? Ele não para de sangrar... -Tentei limpar o sangue de um ferimento na cintura e tampá-lo com uma parte de minha saia. - E agora?

  Darien ajoelhou-se ao meu lado e pegou a mão do amigo. Parecia tão perdido como eu, os olhos mal estavam ali. A expressão era a mesma do dia anterior... Não, não podia! Tinha que haver algo.

-Eu sinto muito, Darien... Não pude te ajudar a protegê-la. - Andrew parecia estar um pouco mais acordado e olhava com lágrimas para o outro.

-Vai... - Darien me olhou e sorriu um pouco; eu já sabia o que ele ia dizer: -Vai dar tudo certo.

-Não. Você vá em frente e proteja a Serena, ouviu? Tire-a sã e salva daqui ou volto pra puxar teu pé à noite.

-É claro que ela vai ficar bem! O problema aqui é você...

-Serena, cuida do meu amigo, ouviu? Não o faça tão triste como eu o tô fazendo agora... Foi maravilhoso ver vocês dois bem. – Os olhos já estavam fechados de tão exausto que ele parecia estar. Continuou murmurando mais sobre sua namorada e todo mundo. Darien continuou segurando sua mão até o fim. Até ele não fazer mais som qualquer e seu corpo não tremer mais.

  Eu não consegui... Afastei-me e fui chorar atrás de uma árvore, não que eu conseguisse soltar lágrimas, mas era bom reclamar um pouco em voz alta. O ruim era fazê-lo após perder o segundo amigo, alguém tão especial para mim. Eu já havia gostado dele mais que isso e, de certa forma, sua morte também ferira esses sentimentos já idos fazia tanto.

-Serena... - A mão gentil de Darien pousou sobre meu ombro, e ele me sorriu. Não era forçado, mas, obviamente, não era alegre. Apenas querendo dizer que era hora de seguirmos.

  Assenti e me levantei; caminhamos para longe dali em busca dos outros. O tempo todo mantive meu braço enroscado no de Darien, um buscando força no outro para ainda acreditar que aquele pesadelo acabaria no próximo segundo.

Continuará...

Anita

Notas da Autora:

Este capítulo foi cruel, né? Não é o tipo de fic que eu costume fazer, aliás, era ainda menos na época em que escrevi esta parte, mas como Battle Royale ainda tava bem fresco na minha mente, isto não foi um problema tão grande imagino eu.

No próximo capítulo ainda tem uma cena da parte antiga da história, mas logo depois já começam as partes novas, agora sim escritas especialmente em razão do decênio do Olho Azul. Apesar de minha escrita não ter melhorado tanto quanto eu gostaria em cinco anos, creio que dará para sentir uma diferença na ambientação da história. Ou será apenas impressão minha? Mas bem, já conferi aqui e, na verdade, só um pequeno trecho do próximo capítulo será escrita nova. De toda forma, ela começa no próximo. Ansiosos? Nem fiquem, em matéria de enredo não alterei muito já que eu comecei esta história com o final definido e muito pouco mudou, detalhes ao longo do que vim escrevendo. Creio que pouco mudará também.

Espero que isso não os impeça de comentar, é sempre bom saber as opiniões de vocês e acreditem: nada está sedimentado o bastante que um input não me faça mudar.

Agradecimentos a todos os comentários, mas um especial para a Nemui que veio me acompanhando nesta fic faz algum tempo. Obrigada mesmo!!! E continuem comentando, vocês podem fazer isso pelo campo abaixo nesta entrada ou mandar por e-mail para Anita_fiction@yahoo.com É sem burocracia, basta que chegue a mim que serei uma autora felicíssima, rs.

E aguardem que o próximo lançamento será o final de De Repente, Descobri Você. Quem ainda não leio, vá em frente sem medo, rs. E até a próxima!