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[Takarazuka] O Despertar de um Sonho - Capítulo 2, escrita por Anita

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Autora: Anita
Fandom: Takarazuka Kagekidan (RPF)
Casal: Asumi Rio / Ryuu Masaki
Gêneros: Yuri, comédia romântica.
Classificação: 12 anos
Resumo: Asumi Rio decidiu que aquela viagem com Ryuu Masaki não seria apenas sua despedida da trupe em que sempre esteve como também dos sentimentos que nutria pela Top Star.



Olho Azul Apresenta:

O Despertar de um Sonho


Capítulo 2

Quarta-Feira, pela manhã

  Olhei para o reflexo na janela, de tão incrédula que ainda me encontrava. Masaki estava mesmo ao meu lado! Bem ali! Droga, daquela forma eu estava a ponto de dar risadinhas de adolescente, e nem do colegial, mas do ginásio. Ela estava mesmo sentada no ônibus, ao meu lado. Espiei pelo canto da vista para estudar sua posição. Confesso que, mesmo após subirmos juntas – até porque ela fizera questão de que eu fosse na frente –, achei que Masaki passaria reto e se sentaria longe de mim. Mas, não!

  Fui até os bancos mais ao fundo e olhei para trás, tentando imaginar o que fazer. Em resposta, ela fez um gesto para que eu me sentasse primeiro.

- Não, não. Pode ficar na janela! – disse eu, pois nunca realmente me importara com posições.
- Eu sou daqui de Kansai, então a vista não é novidade pra mim. Ademais, é sua viagem, né? – Masaki me sorriu e voltou a gesticular para que eu me sentasse.

  Após me lembrar disso, olhei de novo para nossos reflexos na janela. Masaki usava suas roupas estampadas de sempre, enquanto eu apenas pusera as primeiras que encontrara no armário, o que não me fazia parecer nem uma mulher, tampouco uma otokoyaku, mas deixava-me levemente masculina. Seu corpo parecia escorar o meu – bem, devia ser apenas porque ela era mais alta ou suas pernas mais compridas – e eu me permiti imaginar que isso fosse proposital. Eu devia ter passado tempo demais sendo sua Oscar, pois agora tudo o que queria era me aninhar em seus braços e não pensar em mais nada. Imaginava como seria segurar Masaki – a de verdade, não a Oscar dela – e não mais soltar.

- O que foi? – ouvi-a perguntar e, quando me virei, ela inclinava a cabeça como se tentasse olhar para a janela.

  Eu havia rido com meus pensamentos e a deixara curiosa, percebi tarde demais. Balancei a cabeça e as mãos. Então, pedi desculpas por assustá-la.

- Temos ainda mais de uma hora, né? – Masaki se ajeitou na poltrona do ônibus e pareceu buscar algo em sua bolsa.

  Assenti, vendo-a puxar um papel e desdobrá-lo.

- É um site sobre Arima que Magee me mostrou. Mas eu não consegui entender muito bem as distâncias desde o hotel... e acho que já fui a alguns lugares. – E estendeu-me a folha. – Tem algum que queira conhecer?
- Ah, não se preocupe comigo. É só um lugar, eu faço isso amanhã depois que deixarmos o hotel.
- Oh, você é do tipo que prefere viajar sozinha?
- Não! Digo, quero dizer, é que... – Ótimo, esgotei os sinônimos e não havia dito nada... Tentei me acalmar e pensar friamente. Masaki queria sair comigo? Claro, como amiga; não era como se tivesse qualquer esperança de algo além disso, nem devia ter. Ou ela só queria ser gentil comigo, por gratidão pelo convite?

  Percebi que eu já havia usado todo o tempo que poderia e que nossa conversa dera lugar a um silêncio incômodo, enquanto ela continuava a me olhar. Seus lábios tremiam um pouco, prontos para falar a primeira frase que cruzasse a mente dela; devia estar impaciente por preencher aquele vazio de qualquer jeito.

- Se não se incomodar de eu te acompanhar, será ótimo seguir o seu roteiro. – Ela certamente havia desistido de esperar e agora estava sendo simplesmente encantadora.

  Suspirei, dando-me por vencida. Ainda sem saber ao certo se aquilo era apenas gentileza ou o quê, parei de argumentar e agradeci:

- Obrigada. Vai ser uma honra, Masaki-san.
- Mas você só pretende visitar um lugar?
- Se quiser, podemos ir a outros!
- Não, não tenho nada em mente. – Ela voltou a olhar para a folha que trouxera. – E qual era o lugar mesmo?

  Apontei para o nome de um dos templos listados.

- Nenbutsu? É um bem ali no centro, né? Que tem o festival das flores e tudo. Pena que estamos fora da época dele.
- Na verdade, eu já o conheço de vista, mas quando o visitei não sabia muito de sua história. Queria mesmo era ver com calma o jardim que tem por ali, mas é um motivo bobo.
- Jardim? Boa ideia, mas nem me lembro de nada assim ali. – Ela franziu a testa por um momento, mas abriu um sorriso. – Vamos amanhã, então! Hoje estou com vontade de comer alguma coisa na rua e ir direto para o onsen. Estava tão quentinho noutro dia e as sakura até já vêm florindo, mas está frio hoje! Esta primavera tá demorando pra chegar de vez, né?

  Assenti, apesar de ter opinião contrária.

  De fato, aquele havia sido um inverno atipicamente frio. Mesmo em Kansai, nevara mais que o normal. Contudo, coisas demais vinham ocorrendo desde o final do ano anterior. Minha transferência fora anunciada no início do inverno para acontecer ao final dele. Agora que tudo se consumava – eu já era oficialmente parte da Hanagumi –, parecia-me bastante evidente que a primavera se encontrava bem sobre minha cabeça.

  Mas não podia culpar Masaki; a trupe nem sequer havia recebido as novas integrantes ainda, e ela não havia se livrado de mim também. Talvez ela notasse melhor a nova estação no dia seguinte, quando nos separássemos em definitivo.

  Decidi não comentar meus pensamentos e apenas voltei a observar a paisagem. Pelo menos, eu iria poder relaxar um pouco na água aquecida do onsen. Eu vinha pensando demais para variar, e nem havia dormido na noite anterior devido à ansiedade por encontrar Masaki e aquela dúvida – que agora parecia boba – sobre ela realmente me acompanhar ou não. Enfim, sorri ao notar que minha amada, a pessoa com quem eu queria sonhar todas as noites, estava bem ao meu lado. Foi difícil resistir ao impulso de pegar em sua mão; acabei dizendo a mim mesma que teria oportunidades menos descaradas ao longo de nossa viagem.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Localizado no distrito de Arima, no setor norte de Kobe, o Arima Outline Hotel se situava em uma subida a leste do centro; bastariam poucos minutos de caminhada do ponto do ônibus até lá. Contudo, preferimos comprar logo as lembranças da viagem, enquanto buscávamos um lugar para o almoço. Assim, ao descermos no ponto final, visitamos as lojinhas à direita do prédio da Hankyu Bus e subimos pela pequena rua, enquanto escolhíamos os presentes.

- Olha essas corujinhas – Masaki apontou para uma vitrine na esquina cheia de miniaturas de corujas, manekineko, entre outros. – Talvez a Magee goste desta escura.
- Ela gosta de corujas?

  Após ficar um pouco pensativa, Masaki ergueu os ombros e tive que conter o riso. Para isso, entrei mais um pouco na mesma loja e passei a observar as guloseimas que vendiam ali para selecionar as caixas de doces e senbei que levaria.

  Eu também precisava levar algo para a Hanagumi, notei com certo desespero. A trupe estava toda concentrada nos preparativos para a apresentação em Tóquio àquela hora e tão cedo eu não veria ninguém de lá, mas era a coisa certa a se fazer. O que Masaki achava? Olhei para o exterior da loja, onde a havia deixado, mas não a encontrei. Após pagar o que já havia separado, corri para a rua.

  E se o tempo todo ela não houvesse pensado em comprar presentes comigo? Ou almoçar comigo? Apenas comprar presentes para depois almoçar; e eu subentendera algo que nunca fora dito explicitamente. Nosso check-in no hotel só poderia ocorrer depois das duas e meia da tarde. Antes disso, não havia qualquer obrigação de ficarmos juntas. Abafando a voz de Miya, que ecoava em minha mente e me dizia que eu estava pensando demais de novo, corri pela rua à procura dos cabelos loiros. Sua altura e forma de andar já seriam o bastante para chamar atenção e, mesmo assim, eu não a via em lugar algum.

  Uma farmácia, um estacionamento, um pequeno café.

- Oh, não... – balbuciei ao me deparar com uma bifurcação.

  Se bem me lembrava do mapa, o hotel devia ficar à minha esquerda, mas e se Masaki apenas estivesse andando a esmo? E se meu senso de direção não fosse bom? Continuei a olhar para o enorme prédio amarelo à minha frente. Aquele era um dos onsens mais famosos dali. Se ao menos fosse um templo, eu poderia rezar aos deuses por um localizador, mas um mero onsen realmente não me ajudaria. Inspirando fundo, decidi seguir meu coração e comecei a andar para a esquerda. Além de continuar no caminho do hotel, uma loja de brinquedos ali me fez crer que haveria mais comércio por aquele lado do que à minha direita. Ela tinha que estar próxima ainda; não havia tempo a perder.

- Mirio?

  Dei um pulo ao ouvir aquela voz vindo atrás de mim. Masaki me olhava com uma discreta careta e ameaçou rir de minha reação.

- O que faz parada no meio da rua?
- E-eu... – Não podia dizer que a estava procurando daquela forma desesperada, pois não queria que ela se sentisse presa a mim. Então, apenas balancei a cabeça.

  Masaki abriu um sorriso.

- Tava te procurando pra te mostrar as espadas duma loja do lado daquela. Venha ver! – E segurou meu pulso para me puxar de volta até chegarmos a outra loja de lembranças.

  Seu toque... tão seguro e tão suave ao mesmo tempo. Ah, como eu a amava. Queria abraçá-la, pedir que não me assustasse mais daquela forma. Prometer que não iria mais passar reto por ela.

  Pensando bem: parabéns, força do coração. Você fingiu não ver e me levou direitinho para bem longe de quem você deveria encontrar. Sim, é o poder do amor...

- E então, o que acha desta espada para a kumichou? Ela gosta de espadas?

  Olhei para a réplica de espada e para Masaki, sem saber se ela estava brincando comigo.

- Eu não sei... – respondi sinceramente. Em parte. Algo me dizia que  colecionar espadas não era um dos passatempos de Koshino.

  Pouco depois, ela deixou a loja com uma sacola grande e sugeriu que seguíssemos pela esquerda do onsen. Ao menos, meu coração não estava tão errado assim, apenas adiantado. Sorri com meus pensamentos e continuei a seguir seus cabelos dourados com o sol de início de primavera. Ela os havia deixado crescer bastante enquanto interpretava Oscar, mas, como eram bem finos, ainda pareciam curtos e me permitiam ver sua nuca. Imaginei como seria acariciá-la bem ali enquanto lhe beijasse o pescoço.

- Oh, restaurantes. – Masaki parou no lugar onde a rua começava a se estreitar ainda mais e olhou de volta para mim. – Está meio cedo ainda, mas parecem já estar abertos.  Que acha?

  Aquiesci, sem esconder a alegria de simplesmente estarmos juntas naquela viagem.

- Okonomiyaki! – Ela correu animada até a fachada de um restaurante e observou a tabela de preços abaixo de um balão vermelho onde se podia ler o nome daquela comida. – Parece bom. Você tem alguma preferência de lugar?

  Como se eu pudesse contrariar aqueles olhos brilhantes...

Continuará...

Anita

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