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[Original] A Montanha do Adeus, escrita por Linanime

Capítulo Único
Autor: Linanime
Fandom: História Original
Gênero:  Drama (Tragédia), Shoujo (Romântico)
Classificação: 10 anos
Status: completa
Resumo: Uma história de um amor que não pode ser para sempre! Uma promessa foi feita ao pôr do sol, mas nunca fora cumprida.

Notas da Autora

Espero que gostem! Feita para o concurso de originais da Ana Virginia




Essa é a uma história triste que as mães contam para suas filhas a gerações, sempre avisando para que se um dia seus companheiros resolverem sair da vila, que eles nunca cheguem perto da montanha do adeus ao por do sol, porque todos os casais que lá separam-se, não tornam a ficar juntos. As meninas não acreditam nesse boato, mas juntam-se para ouvir a história daquele lugar, que gerou a lenda a tão triste do adeus eterno.

Aquela montanha possuía as mais belas flores de toda a vila, esta vila localizava-se num vale com diversos tipos de vegetação. Os rapazes que tinham interesses em relacionar-se com as moças locais subiam aos montes em buscava das flores mais bonitas, e nessa montanha em particular, acreditava-se que os jovens que pegassem suas flores seriam felizes para sempre.

O jovem sonhador, mesmo com suas roupas rústicas e poucas posses, observava ao longe a jovem que não sai de seus pensamentos. Seu nome era Melody, diziam seus pais que era porque sabiam que a voz dela seria maravilhosa e isso era em parte verdade, nenhuma garota em toda a vila possuía uma voz tão graciosa quanto à de Melody. Mas não era isso que chamava a atenção do rapaz, também não era seus cabelos longos e ondulados que desciam feito cascata por suas costas, ou a pele de marfim, rosada nos lábios e que parecia ser tão delicada que ele tinha medo até de tocar. O que realmente o cativou foi a bondade da jovem em ajudar as demais pessoas e aqueles olhar carinhoso que ela dedicava a todos. Melody ficara conhecida por ajudar pessoas feridas, crianças sem condições e todo o vilarejo com as próprias mãos se necessário, sem se preocupar com sua própria saúde.

Ele observou-a ajudar outra jovem da vila a cavar uma cova para a mãe que acabara de falecer. Ninguém quis se aproximar pensando que a garota poderia ter contraído a mesma doença que a mãe, e dessa forma, contaminarem-se. Ninguém quis ajudar uma jovem magra, sem recursos, a dar um final feliz para a única pessoa que fora importante em sua vida. Mesmo em face a chuva que caia, os olhos acusadores dos demais, Melody saiu de sua casa, com seus pais a protestarem, caminhando vagarosamente devido ao peso do vestido molhado e aproximou-se da moça com uma pá nas mãos, começando a cavar sem dizer nada. As mãos tão delicadas foram tomadas por feridas e seu precioso sangue escorria, mas Melody não recuou enquanto a jovem a sua frente não terminou de dar a mãe a sepultura digna que desejava.

—Melody... Suspira o rapaz apenas observando.

Já fazia um tempo que ela reparara no olhar que este lhe devotava, mas não poderia dizer nada, afinal, não era certo uma mulher falar com um homem sobre sentimentos ou declarar-se, era ele quem deveria dar o primeiro passo. Mesmo assim, era inevitável seu coração acelerar toda vez que pegava-o olhando-a ternamente. O rapaz não apresentava músculos muito desenvolvidos, decivo a fome que reinava entre as pessoas com menos condições, era alto e magro, suas feições feridas pelas condições de vida não mostravam traços de beleza, mas para Melody ele era único e muito especial. Era para ele que ela ultimamente entoava as canções sobre amor verdadeiro e contos que terminavam felizes para sempre. Era para ele que ela queria cantar pelo resto de sua vida.

—Haron... Suspira Melody percebendo que sua face começava a esquentar, ela devia estar ficando vermelha.

Haron decide escalar a montanha e pegar a flor mais bonita de lá, iria dá-la a mulher de sua vida na frente de toda a vila, para que os pais dela e o mundo inteiro soubesse o que ele sentia. Ele deixa seus familiares em casa, apreensivos com a decisão do rapaz, e começa sua escalada para a montanha que prometia felicidade eterna para o casal que começasse com suas flores. Ela era cercada por vegetação rasteira, flores muito belas e um precipício, onde ficavam as flores mais desejadas e bem formadas do local. A vista, não existia nenhuma semelhante em todo o local e seria uma daquelas que Haron iria se arriscar a pegar. Ele começa a descer o barrando e escorrega um pouco,conseguindo, por pouco, continuar firme nas reentrâncias do local. Algumas pedras caem despenhadeiro abaixo, ele olha nessa direção e engole em seco, valeria mesmo a pena arriscar a sua vida por uma daquelas flores? Suas mãos fracas escorregam mais um pouco, suas pernas tremiam não apenas por medo, mas pela falta de alimento que vinha sobrando. Seus músculos estavam menos resistentes e a terra sob seus pés parece começar a ceder, assim como sua coragem.

—MELODY! Grita angustiado Haron enquanto o chão começa a desfazer-se sob seus pés.


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Melody andava angustia de um lado a outro em seu quarto. Ouvira que Haron resolvera subir a montanha do amor eterno, talvez buscando uma flor para alguém. Ela ficava apreensiva pensando se seria ela a mulher que ocupava o pensamento do rapaz. Talvez o olhar dele era apenas de admiração e não de amor! Torce o tecido de seu vestido de forma nervosa, fazia uma semana que Haron havia ido para aquela montanha. Fazia cinco dias que ela tivera um mau pressentimento e sentira um frio percorrer a espinha, fazia seis dias que as aves não cantavam como antes, o som que sempre vinha daquele monte. Fazia sete dias que Melody não saia de seu quarto e todos os demais percebiam a falta de suas canções e caminhadas diárias pela rua principal da vila. Uma pessoa grita vigorosamente e Melody percebe que o som estava sendo abafado, provavelmente porque alguém não queria que a voz dessa pessoa fosse ouvida.

Melody corre para a janela e consegue ver a irmã mais nova de Haron perto de sua casa gritando por ela. A jovem afirma que Haron voltara, mas estava ferido, porque quisera pegar uma flor para Melody.

—Por favor, senhorita, ele deseja entregar-lhe essa flor. Pode ser o último desejo de meu irmão, por isso, por favor, venha até a minha casa! Fala a garota com lágrimas nos olhos.

Melody corre escada abaixo, sendo segurada pelo braço por seu pai. Ele não queria que sua filha se envolvesse com pessoas tão pobres, queria que ela se casasse com um homem rico, isso ela conseguiria, porque era muito bela. Melody debate-se, tentando soltar-se, com os olhos marejados e com lágrimas a escorrer pela face. Um olhar suplicante foi suficiente para fazer seu pai soltar-lhe o braço e deixá-la seguir o caminha até o casebre da família de Haron. O rapaz encontrava-se com as pernas quebradas, fora encontrado por outros jovens que buscavam flores naquele local, arrastando-se para voltar a vila. Os braços estavam machucados e a face marcada por ferimentos. Melhody aproxima-se com as lágrimas a mancharem sua face delicada, ela não queria que ele tivesse se arriscado tanto por ela.

Haron abre os olhos com dificuldade e estende a mão, tremendo, para a jovem que se aproximava. Melody pega a flor, isso era símbolo de aceite dos sentimentos do rapaz. Ele toca a face dela, quando esta se coloca de joelhos próximo a cama do rapaz, consegue forçar um meio sorriso na face machucada e manchada de sangue.

—Amo-te, Melody! Fala Haron com sua voz fraca.

—Amor-te, Haron. Então, por favor, sobreviva para receber o meu amor! Fala Melody entre lágrimas.

O rapaz adormece e passar os meses seguintes lutando pela vida para que pudesse ficar a mulher que amava. Todos na vila ficam torcendo para que ele conseguisse recuperar-se, tinham certeza que aqueles dois seriam felizes para sempre, como dizia a lenda. O pensamento da vila torna-se se real, fazia alguns dias que Melody e Haron caminhavam pela estrada principal da vila de mãos dadas. Os pais de Melody não podiam separar aqueles dois, o amor que os unia era tão forte que fizera Haron continuar vivendo, mesmo quando os médicos diziam que ele não conseguiria.

Cavalos apressados chegam pela estrada, alguns desconhecidos anunciam uma guerra acontecendo e todos os homens deveriam partir para se juntarem ao exército. Melody olha para Haron assustada, fazia tão pouco tempo que estavam juntos e ele já iria partir? Ela solta a mão do rapaz e corre apressada para o monte do amor eterno. A lenda não dizia que eles deveriam ser felizes? Então o que era aquilo?

Haron segue a sua manada encontrando-a parada perto do penhasco, ajoelhada e com as mãos na face, ela devia estar chorando. Ele caminha mansamente, tocando o ombro feminino. Ela olha-o com os olhos marejados e repletos de tristeza.

—Melody? Fala Haron docemente.

—Haron, não vá! Fala Melody suplicante.

—Não posso! Mas, assim como esse sol se pões e volta a parecer no outro dia, eu voltarei para você! Fala Haron apontando para o horizonte que começava a apresentar uma tonalidade alaranjada devido ao pôr-do-sol.

O sol começa a esconder-se, enquanto o jovem casal troca seu primeiro e último beijo, sua última demonstração de amor, a única esperança que Melody possuía após a despedida. Já havia escurecido quando o casal retorna a aldeia e Haron parte com os homens estranhos para a guerra. Melody, ainda com lágrimas nos olhos, força um sorriso para seu amado. Ela iria esperar por ele, porque o amor deles era mais forte que qualquer coisa, qualquer inimigo e essa guerra.


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Já haviam passado vários anos e a notícia que a guerra estava acabando chega a vila. Melody subia ao monte todos os dias e cantavam uma melodia triste. Ela combinara com Haron que aquele seria o ponto de encontro, porque eles iriam ser felizes para sempre. Os pássaros não cantavam mais alegremente, apenas acompanhavam a doce voz da jovem repleta de angustia e tristeza.

—Onde foi parar o meu amor, que a guerra para si levou....

—Onde foi parar o meu amor....

Essas eram as palavras que ela sempre repedia, o questionamento de onde fora parar o seu amor. Todos não davam esperanças a melody e pediam para que ela esquecesse Haron e casasse-se com outro jovem. Mas ela recusava-se, sempre afirmando que seu amor voltaria, ele prometera e a lenda sempre prometera felicidade a todos os casais. Haron quase morreu por aquela flor, ela estaria no monte esperando ele retornar, porque assim como o sol punha-se em tristeza deixando que a escuridão da noite chegasse, voltava no outro dia mostrando que valia a pena tê-lo esperado, deixando-nos a esperança de que ele sempre voltará!

A guerra acaba, as estações continuam passando juntamente com a esperança dos moradores verem Haron retornando, a única que ainda tinha esperanças era Melody, que continuava subindo no monte e afirmando que não casaria-se com mais ninguém além de Haron. Secam as ervas e caem as flores, a juventude de Melody vai passando, a vida continua renovando-se. Ela não deixava de subir ao monte e entoar a sua melodia triste com os pássaros sempre acompanhando-a. Mas naquele dia, em particular, tudo estava em silêncio e os morados correm temendo o pior. No chão, próximo ao penhasco estava o corpo frio de Melody, com lágrimas nos olhos e algumas flores nas mãos, ela nunca desistira de ver Haron voltar. Os pássaros ficaram quietos porque a sua maestra não estava mais ali para guiá-los, porém, enquanto o povo cavava a sepultura da mulher naquele monte, próximo ao penhasco, os pássaros entoavam aquela melodia que a mulher cantava todos os dias, quando o sol se punha naquele monte.


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Alguém anuncia a chegada de uma pessoa estranha na vila, chamando a atenção da irmã mais nova de Haron, agora uma mulher na terceira idade com alguns filhos já criados colhendo algumas verduras na horta. Ela levanta-se e observa o recém-chegado que vinha numa carruagem luxuosa. O sol começava a se por e os pássaros entoavam a canção triste que estavam acostumados, fazia mais de cinco anos que Melody morrera, mesmo assim, eles continuavam cantando a mesma melodia.

Da carruagem desce um homem robusto, com músculos firmes e uma barba começando a ficar grisalha sobre a face. Na cabeça uma coroa de ouro e roupas luxuosas cobriam-no. Algumas mulheres estavam próximas a ele, belas e jovens e algumas crianças corriam após ele. Todos observam espantados aquela figura que se destava muito entre os demais habitantes que se amontoavam em volta dele.

—Haron? Fala sua irmã com lágrimas nos olhos.

—Ana, eu voltei! Fala Haron correndo para abraçar a irmã.

Várias lágrimas são derramadas enquanto os irmãos matam as saudades. Haron afasta-se da irmã com um sorriso na face, mas sua atenção volta-se para a melodia que os pássaros cantavam.

—O que é isso? Esse som é tão triste. Quando sai daqui, os pássaros eram mais alegres. Fala Haron sorrindo.

—O que aconteceu contigo irmão? Pergunta Ana sem querer tocar no assunto da melodia.

—Durante a guerra fui capturado. O rei inimigo precisava de um herdeiro e me adotou. Passei esses anos todos naquela terra, quando ele morreu deu-me seu poder e glória. Tive muitas coisas, vivi feliz, mas queria muito regressar e poder ver a minha familia novamente. Fala Haron com a face ligeiramente estranha.

Ana balança a cabeça incrédula, seu irmão estivera tão bem e nunca voltara nesses anos todos. Ela sabia que ele contara a verdade, mas só parcialmente. Indagando de forma brusca sobre toda a verdade. Haron esquecera deles enquanto vivia no luxo, cercado por belas mulheres, teve uma familia feliz e somente agora voltara para ver os pobres que deixara para trás. Ana dá-lhe um tapa na face, ele leva a mão ao local dolorido. Ana começa a caminhar de forma triste para o monte.

—O que está fazendo, Ana? Pergunta Haron indignado.

—Você não merecia ela. MELODY ESPEROU VOCÊ TODOS ESSES ANOS! TODOS OS DIAS ELA SUBIA NAQUELE MONTE E CANTAVA ESSA MELODIA TRISTE, ESPERANDO POR TI. ELA MORREU ESPERANDO POR TI, TENDO CERTEZA QUE VOCÊ VOLTARIA E VOCÊ ESQUECE DELA? Grita Ana com amargura.

Haron fica estagnado e perplexo, nunca imaginara que Melody esperaria por ele e ao saber de toda a história corre para o monte e cai de joelhos sobre a sepultura de Melody depositando ali todas as lágrimas de arrependimento e tristeza, que nesses anos ele nunca derramara. Os pássaros continuam cantando enquanto o sol se punha.

—Melody, desculpe-me. Eu nunca voltei porque temia vê-la com outro, não esperava que você ainda estivesse aqui cumprindo a promessa que fizemos. Eu amei-te, Melody, mas nunca fui digno de seu amor! Falou Haron profundamente angustiado.

Naquela vila os dias passavam tranquilos, todos os dias, ao pôr-do-sol, uma homem subia ao monte, sabendo que por mais que ele fosse poderoso, jamais poderia recuperar o tempo perdido e a vida da mulher que o amou até o fim. O sol se punha enquanto o corpo sem vida cai sob a sepultura segurando uma flor, a mesma que a muitos anos ele pegara para ela, a mesma que queria entregar-lhe em seus últimos momentos de vida e que jamais seria capaz de fazer, porque assim como ele, ela estava viva.


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—Onde foi parar meu amor...

Os pássaros continuavam a cantar enquanto as jovens saiam do local onde haviam se reunido. Por mais que não acreditassem na lenda, ninguém podia dizer que os pássaros continuavam entoando a melodia triste, durante todos os anos, sempre ao pôr-do-sol. Nenhuma moça aproximava-se do local após ouvir a lenda, apenas uma senhora idosa que levava flores para as sepulturas de um casal cujo amor fora grande, mas não trouxera a felicidade eterna que o monte prometera.
            

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