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[Saint Seiya] Prisão das Asas - Parte 32, escrita por Nemui

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Autora: Nemui
Fandom: Saint Seiya
Gênero: drama, aventura
Classificação: 16 anos
Status: Completa
Resumo: A vida de Hyoga se transforma quando entra em contato com um mundo completamente diferente do seu.


Hyoga entrou no estábulo das renas e caminhou por entre os alojamentos dos animais, cada qual com o nome do homofalco que era dono. Havia um para ele, o último do extenso corredor, que abrigava uma rena que ele caçara logo após a saída da cabana. Da manada, era um dos mais ferozes. Numa tarde, quando Hyoga realizava uma das rondas, foi subitamente atacado por uma rena de pelagem cinza, diferente das outras. Mesmo os homofalcos elogiaram o resultado de sua experiência, quando trouxe aquele animal para o estábulo da cidade.

Ele não queria sacrificá-lo. Achava-o um animal magnífico demais para morrer num ritual de nascimento. Entretanto, não sabia se tal dádiva não tinha vindo dos deuses com a intenção de dá-lo ao sacrifício. Havia a lenda de Minos e o Minotauro. Não queria repetir o erro do magnata e, portanto, decidiu que aquele devia ser o último dia da rena cinza.

Depois de alguns dias da caça, a rena passara a comportar-se amigavelmente com Hyoga e a obedecê-lo. Sensibilizado, o rapaz achou melhor que Myles conduzisse o sacrifício, pois talvez ele não tivesse coragem para decepar-lhe a cabeça. Tirou-o do estábulo e conduziu-o pelas ruas calmamente até a casa, onde Lyris arrumava as mesas da festa com a ajuda de Charis.

“Hyoga, bem na hora. Amarre o sacrifício perto da janela até o momento do ritual. Os convidados chegarão logo.”

Sabia que não era necessário, mas, com dó do animal, deixou-lhe água e um pouco de comida. A rena fitou-o docilmente, e Hyoga acariciou-lhe o pêlo.

“Eu sinto muito. Se eu pudesse, não sacrificaria nada, e deixaria que você voltasse ao sossego da natureza. Que os deuses tenham pena de você.”

Os convidados começaram a aparecer, e Hyoga logo passou para tarefas mais importantes. Cumprimentou cada homofalco e conversou com todos, como bom anfitrião. Encontrou Zarek sozinho à mesa, bebendo vinho. Apesar de não ter se mostrado muito animado para vir, o discípulo tinha vindo, talvez nutrido do sentimento de obrigação. Aproximou-se, sorrindo.

“Obrigado por ter vindo, Zarek.”

“Mestre. É uma ótima comemoração.”

“Não parece muito animado.”

“Não ligue para mim, só não estou me sentindo muito bem hoje. É que… bem, seria o aniversário de Nicholas hoje.”

“Você quer dizer que é o aniversário dele.”

“Sim… É isso. Depois da batalha… Depois de todos aqueles homofalcos lutando contra os da nossa espécie, eu fiquei pensando… E se ele estiver sendo educado para lutar contra os homofalcos, para ser um traidor? E se um dia eu tiver de matá-lo?”

Dando-se conta das pessoas sorridentes à sua volta, retraiu-se e sorriu.

“Desculpe, esta é uma ocasião feliz. Você ganhou um lindo filho, mestre. É certeza de que será um grande homem.”

Hyoga sorriu compreensivo e sentou-se ao seu lado. Pegou um copo e serviu-se de vinho.

“Você tem treinado duro todos os dias, Zarek, com o seu irmão em mente. Você só quer salvá-lo, não é?”

“Sim… Eu o quero de volta, mestre.”

“Pois eu vou dizer uma coisa: por mais preparado que esteja, por mais que treine, você nunca se sentirá seguro para tê-lo de volta. Um dia a chance de recuperá-lo chegará, mas você ainda se sentirá com medo. Além disso, a luta pode não ser o único caminho para isso.”

“Acha que estou perdendo tempo com o treinamento?”

“Não. Só acho que você está se remoendo demais quanto ao que vai acontecer. Quando a hora chegar, você pode criar sua chance para resgatá-lo, Zarek, é só reunir um pouco de coragem. Você pode ser tão forte quanto eu… e vai se sentir inseguro da mesma forma, já que é do seu irmão que estamos falando.”

Zarek pensou em silêncio por algum momento e em seguida levantou o olhar.

“Você tem razão.”

“Seu irmão ainda é muito novo para voltar-se contra os homofalcos, Zarek. Quando o recuperar, tudo voltará ao normal.”

Hyoga levantou-se e continuou a circular entre os convidados. Para ele, era estranho como as pessoas mudavam tão facilmente de atitude com relação a ele, uma hora acreditando que era um herói, outrora um traidor. Entretanto, já se conformara de que aquele era o seu povo.

Antes do banquete, Myles interrompeu a festa como condutor do ritual do sacrifício a pedido do cavaleiro. Ergueu a adaga que cortaria o coração do animal e chamou a atenção de todos.

“Pessoal, posso interromper um momento? Gostaria de executar o ritual de nascimento para o pequeno Iakodos, filho de Hyoga e de Lyris e o meu futuro discípulo. Para as deusas Ártemis e Athena! Oferecemos este humilde sacrifício para que abençoem nosso novo sangue, nosso novo guerreiro. Seu nome é Iakodos, filho de Hyoga. Gloriosas deusas!”

Lyris colocou Iakodos em uma bacia embaixo da rena, para que fosse banhado com o sangue do animal ao ser cortado. A rena pareceu um pouco nervosa com o barulho dos homofalcos, mas permaneceu parada. Do lado, Hyoga a segurava para que não tentasse fugir da morte.

“Que este sangue converta-se no sangue de seus inimigos. Que sua carne converta-se no alimento futuro de seus filhos. Que seu coração inspire-lhe a coragem. Gloriosas deusas, cedam-nos sua bênção!”

Com uma das mãos, Myles apalpou o peito da rena para localizar o coração. Quando o encontrou, fitou Hyoga.

“Hyoga, segure um pouco mais para frente. Este bicho vai dar um coice de matar quando eu enfiar a adaga.”

“Está bem.”

Hyoga segurou a rena mais firme e notou que ela tremia levemente. ‘Gozado’, pensou, ‘é como se ela soubesse o que está para acontecer. Mas se de fato soubesse, tentaria fugir…’

“Aqui vai!”

A adaga afundou no peito da rena, que, apesar do esforço de Hyoga em segurá-la, empinou-se sobre as patas traseiras e berrou de dor. O sangue banhou Iakodos, que começou a chorar. No mesmo instante, Hyoga sentiu um cosmos emanar do animal.

“Não pode ser!”

O cosmos que a rena emanou era tão forte que conseguiu repelir Hyoga e Myles juntos. Imediatamente, as patas transformaram-se em braços, o focinho, em rosto. Das costas, asas nasceram. Era um menino, com não mais de seis anos. Na mão do homofalco, havia uma adaga negra, diferente de qualquer outra que Hyoga tivesse visto. O garoto ergueu a arma no ar e teve a chance de matar Iakodos. Entretanto, hesitou.

Por demorar demais, logo foi atacado por Charis, que avançou com fúria e uma espada na mão. A lâmina rasgou-lhe o pescoço habilmente, espalhando sangue por todo o chão. Em seguida, tomou Iakodos nos braços e afastou-se à segurança.

O susto foi tanto que muitos homofalcos fugiram de medo. Lyris correu até o bebê e abraçou-o tremendo de nervosismo. Hyoga e Myles fitaram incrédulos o corpo do garoto.

“O que foi isso…”

“Ele era só um garoto… Mas sacrificou-se para matar Iakodos… Que espécies de guerreiros são esses?”

Aproximando-se, Myles não acreditou no que viu.

“Não pode ser, Hyoga. Este garoto não é nenhum desconhecido… Ele é Elbo, o garoto que o apunhalou no acidente…”

Vendo que o amigo tinha razão, Hyoga afastou-se, aterrorizado. O que significava aquilo?

——————————————————————-

Charis treinava num pilar de gelo que Hyoga construíra para ela, antes de começarem o treinamento com Zarek. Utilizando o Diamond Dust, tentava diminuir a temperatura a ponto de quebrá-la, e as primeiras rachaduras começavam a revelar-se. Apesar de o treinamento de Evan ter sido menos proveitoso do que teria sido com Hyoga, Charis alcançara algum progresso no desenvolvimento de suas técnicas.

“Como está o seu braço, Charis? Dormente?”

“Ainda não, mestre. Eu conheço os meus limites.”

“Tome cuidado. Eu não quero que acabe com o braço igual ao meu.”

O ferimento do braço de Hyoga melhorara bastante, e ele até tirara os pontos. Entretanto, como o corte lesara o músculo de forma permanente, os movimentos do braço direito ficaram levemente limitados. Para as tarefas normais, não o incomodava, mas, numa batalha, podia ser decisivo. Desde que tirara o curativo, Hyoga vinha treinando todos os dias a fim de recuperar-se totalmente, mas duvidava seriamente disso.

“Eu entendo, mestre. Então farei uma pequena pausa.”

Charis pegou uma garrafa d’água e bebeu metade de uma só vez. Depois se sentou no chão para descansar.

“Mestre, Zarek está demorando, não? Devo ir buscá-lo?”

Olhou para a sombra de uma cabana; era o modo como sempre verificava as horas. Assentiu.

“Por favor. Já era para ele ter chegado.”

“Eu já volto!”

Depois de vê-la partir, Hyoga movimentou lentamente o braço direito. Ainda sentia um pouco do corte, mas esperava que estivesse totalmente recuperado em alguns meses. Entretanto, a limitação da articulação do antebraço não mostrara muitas melhoras. Esperava que, com um pouco de exercício, pudesse melhorar.

Começou a golpear no ar e sentiu o músculo repuxar a cada soco com o braço direito. Era como se houvesse um elástico que ligava sua mão ao ombro. Por um momento, Hyoga perguntou-se se algum dia aquilo desapareceria. E se tivesse de lutar até a morte com aquela incômoda limitação?

Perdido nesses pensamentos, só parou de treinar quando Charis pousou bem ao seu lado, com uma expressão de preocupação.

“Mestre!”

“Você encontrou, Charis?”

“Não, mestre! Eu procurei por todos os cantos da cidade, e não o encontrei. Então eu pensei em procurá-lo pelo cosmos. Mestre, veja você mesmo!”

“Por que tanto desespero, Charis?”

Acionando o cosmos, Hyoga mapeou todos os cosmos da região e procurou pelo de Zarek. Para a sua surpresa, no entanto, não o encontrou. Estendeu ainda mais os limites de seu poder e finalmente conseguiu localizá-lo, longe dos limites da terra dos homofalcos.

“Mas o que aquele garoto está fazendo ali?”

“Eu não sei, mestre, mas ele não parece ter a intenção de voltar.”

“Vamos avisar Myles. Agora.”

Myles estava treinando os soldados quando Hyoga aproximou-se com Charis do campo. O líder mostrou-se um pouco irritado, mas sabia que não podia deixar de dar ouvidos a Hyoga e à futura líder dos homofalcos.

“Charis, Hyoga. Não estavam treinando?”

“Myles, é o Zarek. Ele saiu da terra dos homofalcos sem avisar.”

“O quê?”

“Precisamos de ajuda para trazê-lo de volta.”

Imediatamente, Myles ergueu-se no ar e aumentou o tom de voz aos soldados.

“Atenção, precisamos agir! Eu quero vinte homens comigo! O resto deve dividir-se em três grupos! Dois para proteção da cidade, outro será minha retaguarda! Agora, vamos!”

Imediatamente, os homofalcos armaram-se com suas espadas e colocaram-se em filas para acompanhar Myles. Charis apresentou-se ao líder, com determinação nos olhos.

“Myles, posso ir também? Eu preciso ir!”

“Não posso impedir minha sucessora. Hyoga, você também deseja ir, não?”

“É dever de um mestre proteger o discípulo, Myles. Por favor.”

“Muito bem.”

Myles olhou para a estante que continha equipamentos de treino dos homofalcos e tirou de lá a corda mais resistente que havia. Amarrou-a em torno da cintura e ofereceu a outra ponta a Hyoga.

“Eu dou uma carona até lá.”

Hyoga não queria ser levado de forma tão incômoda. Entretanto, era seu dever ir atrás do pupilo e trazê-lo de volta a salvo. Conformou-se e amarrou a corda em torno de sua cintura. Assim que terminou, foi puxado para cima pelo homofalco, assim como as várias asas à sua volta bateram e partiram na direção indicada por Charis.

Por causa do peso extra, Myles precisava bater as asas mais rápido do que os outros. Entretanto, mesmo naquela situação, o líder não mostrava cansaço. Hyoga não sabia muito das técnicas de luta do amigo, mas já tinha percebido que Myles era um guerreiro excepcional entre os homofalcos. As responsabilidades que portava na época em que Ájax ainda estava vivo podiam não ser apenas por causa de sua boa liderança, mas também pelas habilidades bélicas.

“Charis, estamos perto, não?”

“Sim, eu sinto o cosmos dele, logo após as montanhas.”

Olhando para baixo, Hyoga deparou-se com o campo onde lutara contra Eudor para proteger Iakodos. Do alto, era como se aquele lugar fosse totalmente novo, embora apenas a perspectiva o fosse. ‘Então é assim que os homofalcos vêem o mundo. É como nadar no céu’.

A breve distração de Hyoga logo teve fim, quando todos sentiram cosmos explodindo numa luta. Myles parou, assim como todos os demais homofalcos.

“Não pode ser. Aquele não é o cosmos do Zarek?”

“Sim, é”, respondeu Hyoga, pálido. “Myles, não pare, por favor.”

“Muito bem”, gritou Evan, “preparem-se para a luta!”

Todos os homofalcos do grupo desembainharam suas espadas e seguraram os escudos que traziam pendurados no cinto. Myles e Charis tiraram as espadas, e Hyoga só torcia para chegar ao chão e poder lutar com eles.

“Vamos!”

No instante seguinte, todos os homofalcos mergulharam um vôo quase vertical, trazendo um frio na barriga ao cavaleiro, que não estava acostumado a acrobacias assim. Era como se estivesse em queda livre, mas manteve-se firme até o chão, quando os homofalcos bateram as asas para frear a queda e aterrissaram suavemente.

Myles desamarrou a corda, e avançou por uma montanha, na direção do cosmos, até que se depararam com uma porta de ferro escondida nas rochas. O líder não se intimidou diante da base inimiga. Encarava-a sério e tranqüilo.

“Hyoga, derrube essa porta. Homens, fiquem a postos.”

Hyoga obedeceu-lhe e queimou o cosmos. Uma rajada de ar congelado foi suficiente para rachar aquela porta e dividi-la em dois. Fendida, ela tombou.

Myles assumiu posição de batalha e segurou Luna com ambas as mãos. Todos os homofalcos fizeram o mesmo. Entretanto, surpreenderam-se com a calma com que o líder inimigo, Átias, apareceu. Carregava nos braços Zarek.

“Não me ataquem, por favor. Todos os outros fugiram, mas fiquei aqui para fazer um favor a vocês.”

“Do que está falando, traidor?”

“Zarek apareceu para salvar o irmão menor, Nicholas. Nós travamos uma batalha que foi muito difícil para ele. Em respeito ao seu sacrifício e esforço, devolvo-o. Venha, Nicholas.”

O menino de cinco anos de idade surgiu de dentro da base, enrolado numa manta. Átias colocou Zarek no chão, e Hyoga enfim percebeu o que se sucedera ao discípulo. Avançou.

“Diga, Átias, foi você que o matou? Foi você que matou o meu discípulo?!”

“E se for eu, o que fará?”

“Você pagará com a vida por isso.”

“Você fala como se ele não devesse morrer. Vocês são uns tolos, sabiam? Bem, não adianta eu ficar por aqui.”

“Espere!”, interrompeu Charis, com a espada em punho. “Eu quero a vingança de Zarek!”

“Escute, filha de Ájax. Eu poderia ter fugido com os outros, mas fiquei apenas para devolver-lhes o corpo de Zarek e Nicholas. Não acha que seria uma desonra matar alguém que faça isso?”

“Ora, seu miserável…”

Myles estendeu o braço à frente da garota. Impunha-se a favor de Átias, mas tremia de raiva do homofalco traidor.

“Charis, pare. Ele tem razão. Atacá-lo quando ele traz o corpo de um homofalco para velarmos é uma desonra. Precisamos deixá-lo ir.”

Átias partiu voando, e Hyoga aproximou-se do pequeno homofalco.

“Olá, Nicholas. Meu nome é Hyoga, eu sou o professor de seu irmão.”

O garoto fitou-o amedrontado, e Hyoga ofereceu-lhe a mão.

“Eu vou levá-lo para casa. Quer vir comigo? Todos aqui irão.”

Nicholas hesitou um pouco, mas aceitou e deixou que Hyoga o carregasse nos braços. Outros homofalcos pegaram o corpo de Zarek para levá-lo de volta à cidade. Mantendo a calma, o cavaleiro sorriu ao menino.

“Você é um bom menino. Vamos, segure-se firme em mim enquanto voamos.”

E entristecidos com a morte do jovem soldado, o grupo tomou o caminho de casa. Zarek era carregado por quatro homofalcos, enquanto Nicholas apoiava-se nos braços de Hyoga, agarrado ao seu pescoço. A imagem das montanhas abaixo já não era mais encantadora após tão triste destino. Hyoga sabia que tinha sido o causador da morte de Zarek. Sabia que aquele garoto era sua responsabilidade. Myles, no entanto, pensava diferente. Ao aterrissarem, aproximou-se de Nicholas.

“Ei, Nicholas… sabe quem eu sou?”

O menino negou com a cabeça, o homofalco sorriu.

“Eu sou Myles. A partir de hoje, eu serei o seu pai.”

Aquilo contrariava tudo o que Hyoga já vinha planejando desde que tomara a criança nos braços.

“Myles…”

“Foi Evan quem carregou o pequeno Nicholas quando ainda era um bebê. Ele é um filho sem pai ou responsável, e eu sou um pai sem filho. Eu prometo que o amarei como se fosse do meu sangue. Zarek morreu por ele. Eu respeito o rapaz e sua atitude, portanto, assumo a responsabilidade pela criança.”

Hyoga pensou em falar que também queria a guarda de Nicholas por peso na consciência, mas Myles mostrou-se mais determinado: tomou-lhe Nicholas do colo e fitou os soldados.

“Construam a pira funerária. Quero que esteja pronta até a noite, vamos!” E voltando-se brevemente para Hyoga, disse, antes de partir:

“Eu sinto pelo seu discípulo, amigo.”

Com os homofalcos voltados à construção da pira, restaram Charis e Hyoga no campo onde aterrissaram. A garota fitou-o tristemente.

“Mestre, podemos encerrar por hoje? Não me sinto bem para treinar.”

Hyoga simplesmente assentiu com a cabeça, e Charis também partiu, deixando-o sozinho. E assim, não tinha mais nada fazer ali. Tomou o rumo de casa a passos lentos, com a imagem do corpo de Zarek à sua frente, tudo por sua culpa. Também não se sentia bem para continuar o treinamento.

Entrou em casa e notou que não havia ninguém ali. Entrou na estufa e encontrou Lyris preparando a terra para plantar a muda de uma flor. Iakodos estava dormindo numa cesta ao seu lado, confortável envolto mantas. O cavaleiro parou e ficou a observá-la em silêncio. Não precisava de palavras, apenas de companhia. Lyris só percebeu a sua presença quando se levantou e ergueu o olhar.

“Hyoga? Não estava treinando os meninos? O que houve?”

“Eu… Eu não me sinto bem.”

“O que tem? Está doente?”

Lyris limpou as mãos sujas de terra no avental e aproximou-se do marido para tocar-lhe a testa. Percebeu que não havia febre, mas ele suava.

“Não tem febre. O que está sentindo?”

Como resposta, ele apenas abraçou-a firme, tentando preencher o vazio que restara da morte do discípulo. A homofalca, mesmo sem saber do ocorrido, compreendera que o problema não era físico. Sorriu e devolveu-lhe o abraço.

“Entendi. Está tudo bem, Hyoga. Podemos ficar assim para sempre, se quiser.”

Hyoga abraçou mais forte, grato por aquele apoio.

“Obrigado… Lyris.”

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