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[Original] As Origens de Sebastian - Capítulo 2, escrita por Andreia Kennen

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Autora: Andréia Kennen
Fandom: História Original
Classificação: 18 anos
Gêneros:  Aventura, Drama, Fantasia, Lemon, Mistério, Romance, Suspense, Tragédia, Yaoi
Resumo: Na Inglaterra da idade média, uma família cavalgava junta quando o cavalo do filho se desgovernou e, após avançar assustado em meio a densa floresta, derrubou o menino e desapareceu. O jovem, ferido e sem poder se denfender acabou sendo encurralado por lobos ferozes. No entanto, um belo e estranho animal o salva. E a partir deste momento, humano e criatura partilharão de um amor aparentemente inconcebível.


As Origens de Sebastian

Capítulo II - Lua Cheia

O tempo passou rápido para o jovem Crispian e seu novo amigo Earthen.

Entre os afazeres, os estudos e as aulas de defesa pessoal, o jovem nobre se encontrava com o lobo-amigo para se divertirem juntos.

Durante a noite o animal dormia no chão do quarto do agora rapaz e desde que ele o adotara só havia um momento em que os dois se separavam: as noites de lua cheia. Quando aconteceu pela primeira vez Crispian teve uma crise compulsiva de choro, além de febre por três dias, tudo isso por imaginar que o seu amigo havia sido sequestrado.

No entanto, uma semana depois Earthen reaparecera, são e salvo, para alívio de Crispian. Entretanto, o período de ausência passou a se tornar uma constante. Todos os meses no mesmo ciclo lunar o lobo desaparecia.

O nobre-pai tinha sua teoria: que esse era o período de acasalamento do animal e, por isso, Earthen se ausentava para procurar fêmeas com quem pudesse se saciar.

No começo, quando ainda era menor e não entendia do que exatamente se tratava o acasalamento, Crispian não aceitou bem aquela notícia e chegou a sentir raiva; raiva por achar que Earthen estava traindo sua amizade. Tinha receios de que o lobo se divertisse mais com uma companheira da espécie do que com um amigo humano e decidisse assim nunca mais retornar.

Foi pensando nisso que ao chegar a adolescência Crispian passou a estudar melhor o comportamento do amigo e pesquisar melhor o que era aquele tal ritual de acasalamento. Havia um motivo: elaborar um plano capaz de impedir de vez que o amigo continuasse se ausentando naquele período.

Mas oito anos se passaram em um piscar de olhos e nada foi mudado. Pelo menos não até aquela noite. Era a primeira noite do ciclo da lua cheia daquele mês e o nobre adolescente havia finalmente tomado uma decisão: aquela seria a noite que impediria Earthen de partir.

Na grande mesa de carvalho Crispian e sua mãe jantavam sozinhos. O pai estava ausente devido a missão por ordem do reino e não tinha previsão de retorno.

Enquanto jantavam, Francine não deixou de observar que o filho mal tocara na comida e comentou o fato com ele.

— Sem fome novamente, príncipe?

— Desculpe-me, mãe? — ele pediu, afastando o prato. — Estou sem apetite algum.

A mulher repousou o talher ao lado do prato, limpou a boca com o guardanapo de tecido em seu colo, e suspirou entediada.

— Há quantos anos Earthen está conosco?

— Oito.

— Desde quando ele se ausenta nas noites de lua cheia?

— Desde o segundo mês da sua chegada.

— Então, são praticamente oito anos que esse ritual se repete todos os meses... Quando irá se acostumar com isso, Crispian?

Crispian tinha a resposta na ponta da língua: “nunca”. Mas não podia ser tão grosseiro com a mãe, então só retrucou como sempre fazia.

— Mas o meu amor por ele deveria ser o suficiente, mamãe.

— Tá, meu filho. Estou cansada dessa reprise. Já que não quer comer, suba para o seu quarto.

O rapaz concordou com um assentir leve de cabeça, precisava repetir seu discurso inconformado para a mãe não suspeitar do seu plano. E após dar o beijo de boa noite em Francine, deixou a mesa e subiu para o seu quarto pensativo, repassando mentalmente tudo o que planejara.

Ao entrar no aposento se deparou com Earthen perto da janela, como era de costume. Ali era onde se despediam e depois ele pulava a janela e partia. Sentiu seu estômago comprimir ao pensar que naquela noite as coisas seriam diferentes. Não fazia ideia de qual seria a reação do animal ao ser impedido de sair, pois nunca tentara prendê-lo naquele período exatamente por temer sua natureza animal.

Mas Crispian estava cansado de sofrer na ausência do amigo e achou que era hora de correr aquele risco. Mantendo seus pensamentos centrados, encostou a porta atrás de si e a trancou usando duas vigas grossas que passavam por ferrolhos. Em seguida passou pelo lobo e repetiu o gesto com a janela, que naqueles oito anos sempre ficara aberta para a partida e o retorno do lobo.

Ascendeu mais uma vela para iluminar o ambiente agora desprovido totalmente da luz do fim de tarde e a deixou sobre a cômoda. Então, respirou profundamente, sentindo o anseio lhe corroer por dentro ao fitar os olhos azuis do animal que até então estava sentado no carpete de pele de urso no chão, somente analisando seus movimentos.

Crispian sobressaltou ao observar a primeira reação de Earthen. O lobo se levantou e seguiu para a janela, ergueu-se nas patas traseiras, apoiou as dianteiras no beiral da janela, farejou a viga grossa que a trancava e empurrou a janela com uma das patas. Ao perceber que esta não se movera voltou a se acomodar no chão, encarando o seu dono como se pedisse a ele por respostas.

— Perdoe-me, meu amigo. — foi o retorno que o adolescente lhe dera. — Mas desta vez você não vai. — disse convicto, retirando o camisão que usava para dormir por cima da cabeça e expondo seu corpo nu e magro diante do animal.

Earthen não seu moveu. Continuou apenas observando a ação do seu dono.

— Sei que vai achar estranho. Eu sou um humano e não um lobo. Mas eu o amo demais para continuar suportando sua partida todos os meses. — fez uma pausa e inspirou profundamente, buscando coragem para terminar de dizer o que pretendia. Então, num tom gaguejante, prosseguiu: — E- e- e- eu o- ouvi dos guardas q- que quando eles não têm moedas para pagar as meretrizes na vila e- eles se satisfazem com animais. — o garoto concluiu, engolindo em seco.

O lobo permaneceu inerte, só o observando.

— Então, eu estudei durante algum tempo o ato do acasalamento dos lobos. Sei que um animal pode satisfazer seus instintos com um ser humano da mesma forma que o ser humano pode se satisfazer com um animal. — Crispian pausou mais uma vez, suspirou brevemente, procurando acalentar o nervosismo que o fazia esfregar as mãos uma nas outras e então prosseguiu. — Por isso, eu lhe peço Earthen. Não se ausente mais durante as noites de lua cheia. Eu não suporto a ideia de saber que está lá fora e que outro alguém, ou algo, poderá levá-lo de mim. É angustiante ficar esperando seu retorno e ainda assim ter a incerteza como companheira. Se o que você procura é mesmo satisfazer seus instintos, quero que use meu corpo a partir de agora.

Crispian terminou de falar e subiu na cama, se deitou de bruços e afundou o rosto abrasado nos travesseiros de plumas.

— Eu sei que você me entende — continuou falando com a voz abafada. — Eu o amo. Então, estou lhe pedindo, pedindo não, implorando. Por favor, não vá e se acasale comigo.

Após terminar de narrar o seu plano, Crispian ficou em silêncio, aguardando. Mas diferente do que imaginara o lobo não se moveu de onde estava.

Os anseios de Crispian aumentaram, fazendo com que seu corpo nu e ainda virgem ficasse ainda mais sensível. Estava com medo, mesmo assim, havia se preparado muito para aquele momento.

As lágrimas começaram a brotar dos olhos do adolescente e a molharem o tecido fino da fronha. O corpo nu passou a tremer devido aos espasmos causados pelos soluços. Crispian não conseguia sequer pensar na ideia de falhar e ter que permitir que Earthen partisse.

Nunca tivera certeza de que sua pretensão daria certo, sabia apenas que era preciso tentar. Mas agora a angustia e a dor de saber que ele não era suficiente para saciar os desejos do seu lobo era martirizante.

— Por favor, Earthen... — implorou mais uma vez. — Eu sei que me entende. Eu não vou deixá-lo partir. Por favor, faça o que deseja comigo...

O choro de Crispian e a inércia do animal prosseguiram por mais um tempo. E quando o jovem estava se cansando do seu próprio lamento, sobressaltou com o repentino salto do lobo para cima da sua cama. Virou o rosto o suficiente para ver as patas grandes e pesadas de Earthen afundando-se no seu colchão. O jovem nobre suspendera o choro assim como a respiração e se deliciou ao sentir as lambidas — tão comuns do amigo — em sua face. Earthen limpava suas lágrimas.

Crispian fungou, sentindo o corpo tremular ao respirar profundamente. Então, o lobo se demonstrou ainda mais condolente com a dor do seu mestre ao descer as lambidas para a boca dele. Crispian correspondeu as lambidas do animal, colocando a língua para fora e repetindo o gesto do animal, fazendo suas línguas se encontrarem.

Logo o lobo desceu as lambidas para os ombros, a nuca e as costas de Crispian, que se contorcia a cada novo toque da língua do animal, principalmente quando ela passou a percorrer a curva das suas costas, fazendo-o agir instintivamente e empinar e contrair o traseiro.

O jovem nobre começou a sentir algo diferente, novo, algo bom, eram arrepios que se somavam com a sensação do seu órgão sexual enrijecendo conforme se resfolegava no tecido afável da cama. Seu membro até então intocado começou a latejar e tentando entender os desejos do próprio corpo, Crispian passou a friccionar seu ventre contra o colchão, enquanto as batidas do seu coração aumentavam, fazendo-o ofegar.

Ele fechou os olhos para se aprofundar naquelas sensações novas. Earthen parecia saber exatamente o que estava fazendo. Era como se o animal já fosse experiente na arte de fazer amor dos humanos. A cada toque de sua língua úmida, seu mestre soltava um novo gemido, especialmente quando o animal direcionou a língua no orifício entre suas pernas, introduzindo-a devagar e lubrificando o local.

Crispian intensificava o contrair do seu traseiro, quando sentiu o focinho do amigo cutucá-lo na lateral do corpo. O jovem nobre entendera aquilo como um pedido para se virar e foi o que fez. Pôs-se de barriga para cima e só então percebeu o quanto estava tomado pelo desejo, pois viu seu membro despontar ereto e dolorido. Teve a intenção de tocar aquela região tão sensível e apertá-la, mas foi impedido, pois o lobo voltara a lamber a sua boca... Permitiu.

Enquanto Earthen voltava a descer as lambidas pelo o pescoço de seu mestre, o jovem se remexia de um lado para o outro, tomado pela excitação. Ele nunca sentira aquele turbilhão de sensações antes. As lambidas seguiram o caminho até os seus mamilos ouriçados e assim que eles foram tocados, Crispian teve que elevar a mão fechada em punho a boca e mordê-la. Seus mamilos eram sensíveis e ao senti-los serem lambidos e mordiscados seu corpo inteiro se abrasou.

Aquela sensação aflorou seus nervos, fazendo-o arquear-se e contrair as nádegas, seja lá o que estivesse acontecendo, já não conseguia mais se controlar. Sua consciência estava sendo absorvida e dava lugar somente as sensações. A cada novo toque ele se remexia e se contorcia. Até mesmo a sensação do pêlo de Earthen rastelando sobre sua pele nua, até mesmo o toque gelado do focinho dele lhe causavam um frenesi crescente.

Arqueou o corpo, retirando as costas do colchão, quando a língua do animal passou rapidamente por sua barriga, virilha e encontrou seu membro.

— Ahhh! Não... — ele disse, não segurando mais os gemidos que deixavam sua boca involuntariamente.

O lençol desforrou a cama e caiu pela sua lateral. O medo alucinante que sentiu quando os caninos afiados do lobo arranhavam seu órgão fizeram aumentar sua adrenalina, deixando-o em completo estado de torpor. Segurou os pêlos da face de Earthen entre seus dedos e quase foi capaz de senti-lo ofegando também.

Mas ainda restava a Crispian uma gota de consciência. E esta o fizera lembrar de que encarcerara o amigo ali com o intuito de fazê-lo satisfizer em si e não do contrário.

“Eu preciso mudar de posição”, Crispian pensou e puxou os pelos da face do animal fazendo-o se desvencilhar do seu membro. Em seguida, escorregou seu corpo para fora da cama e mesmo muito trêmulo, se pôs de quatro no chão, empinando o quadril na direção do lobo. Deitou sua face no carpete para manter o corpo apoiado naquela posição e com suas mãos livres apartou ambas as nádegas e ofereceu o caminho para o lobo entrar.

— Vem, Earthen. É a sua vez.

O animal, que até aquele momento parecia ter o controle total de suas ações, foi dominado por seus impulsos selvagens e não recusou a posição, muito menos seus instintos. Montou nas costas do seu jovem amo e abocanhando de leve a nuca dele, o fez expor mais o traseiro. De dentro dos seus emaranhados de pelos surgiu seu membro animal — vermelho e latente — que conforme foi crescendo foi se introduzindo diretamente na entrada anal de Crispian, rompendo o anel de couro.

Crispian tentou abafar o grito de dor mordendo o carpete de pelo de urso no chão, mas a dor fora tanta que as lágrimas desceram dos seus olhos. Não era somente o falo do animal que o rompia e que lhe causava aquela dor lancinante, mas o peso todo do lobo sobre ele era algo quase insuportável. Mas estava disposto a suportar, pois aquela decisão havia partido dele. Apertou os lábios com força e tentou evitar os gemidos altos, enquanto ia se acostumando ao início das estocadas.

O lobo estava começando a se movimentar mais rápido. Diferente do que Crispian esperava a sensação de dor ao invés de aumentar conforme Earthen se aprofundava ela foi se esvaecendo. O falo do animal já não forçava mais para entrar depois de repetidas investidas, e sim, deslizava para dentro e para fora facilmente. Após sentir o sexo atingindo várias vezes o limite do seu interior, o desconforto foi sobreposto por uma sensação ímpar, extasiante.

Earthen arremeteu com mais velocidade e Crispian se sentiu ainda mais enlevado. Passou a mover o quadril ao encontro das estocadas e a contrair seus músculos internos. Seu corpo gritava por algo que estava prestes a explodir e com o aumento da velocidade das investidas de Earthen aquilo começou a acontecer: as suas paredes internas começaram a pulsar e logo um espasmo inebriante passou a percorrer todo seu corpo no mesmo instante que sentiu o líquido quente de Earthen preenchendo-o por dentro.

O jovem lorde trincou os dentes, apertou os pêlos do carpete em suas mãos e arqueou mais as costas. Os arrepios percorreram toda a sua espinha dorsal e então urrou abafadamente. Era puro êxtase. Seu corpo todo passou a pulsar e até mesmo seu membro passou a expelir sêmen para o chão.

Os dois corações tamborilavam no mesmo ritmo. Crispian sentiu o sêmen de Earthen descendo por suas pernas e depois de alguns segundos ainda naquela posição, o lobo finalmente o aliviou ao sair de cima dele e se deitar exaurido no carpete ao seu lado.

Perdendo totalmente a força nas pernas, Crispian fez o mesmo, deitou-se no chão e fitou seu lobo exausto, enquanto tentava regularizar sua própria respiração.

Sorriu satisfeito. Vitorioso. Feliz. Não só por ter conseguido manter seu amado lobo ali, mas também, por descobrir aquele mar de novas sensações que seus corpos podiam proporcionar um ao outro. “Nunca mais o deixarei procurar por outros meios de saciar, Earthen. Sempre terá a mim.”

— Quer dormir junto comigo na cama? — perguntou, observando o lobo entortar a cabeça para observá-lo.

Contudo, naquele instante, o jovem milorde presenciou algo que jamais imaginara que aconteceria.

Já era noite completa do lado de fora e a luz da brilhante lua cheia do lado de fora invadiu o quarto através de algumas fissuras na parede e de frestas da janela, e estas, alcançaram os pelos de Earthen.

Foi nesse instante que os olhos do jovem presenciaram uma estranha transformação: a pelugem espessa do seu lobo começou a se encolher. Os dedos das patas se alongaram e o corpo passou a tomar formas mais longas, lisas e eretas. O focinho encolheu até afundar-se na face e transformar-se em um nariz humano, branco e empinado. E embaixo do pequeno nariz surgiram lábios, rosados, carnudos e bem desenhados. O pelo do rosto desapareceu por completo e os olhos ganharam cílios longos e sobrancelhas grossas. Então as pálpebras fechadas se descerraram, afrontando com sua cor azul o mais belo céu de primavera.

Crispian havia presenciado um milagre: o seu lobo, Earthen, se tornara humano.

Quando a transformação cessou, o jovem lorde o contemplou deitado no chão do se quarto e ainda respirando com dificuldade, o mais belo homem que já vira em sua vida.

Seus olhos se arregalaram. Seu coração acelerou ainda mais. Sentou-se para observá-lo melhor, mas o deslumbramento não o permitiu proferir qualquer palavra que fosse. Suas mãos tremiam. Earthen tinha a forma de um homem adulto, talvez entorno dos 26 anos, cabelos negros, com mechas avermelhadas, tais como eram os pelos da forma lobo. A franja caía em formato de “v” na testa e os fios que iniciavam rentes a nuca faziam ondas nas pontas, idênticas a calda do que fora o lobo.

Apenas aqueles olhos gentis eram familiares a Crispian.

A única coisa que Earthen vestia eram as jóias que o próprio lobo usava antes. Os brincos, o colar no pescoço, as argolas douradas nos punhos e nos tornozelos... Crispian deteve de repente sua contemplação quando notou o homem diante de si piscar, apoiar as mãos no chão e se sentar, ficando diante do seu jovem dono.

Era a segunda vez que se conheciam.

Mas, igual a primeira vez, Crispian estava hipnotizado.

Com receio, o mesmo do primeiro encontro, Crispian ergueu um das mãos e tocou aquela tez tão clara com as pontas dos dedos, para se certificar de que não estava sonhando ou delirando.

Mas, não. Não estava.

Seu tato provou toda a maciez daquele rosto que era lindo. Não havia neste nenhuma marca de imperfeição, muito menos de sinais da idade. Era como a pele de um recém-nascido.

O homem-lobo, por sua vez, se deixou ser analisado, mas quando a mão do seu jovem amante chegou a seus lábios ele segurou o toque apanhando com cuidado o punho dele — para não feri-lo com suas unhas longas e que pareciam afiadas — então, levou os dedos de Crispian a sua boca e lambeu as pontas destes.

O adolescente puxou ar com força para dentro dos pulmões através do nariz. Não conseguia desprender seus olhos daquele ser. Apesar da aparência humana havia nele peculiaridades que o distinguiria como sendo de uma etnia única. Além da pele limpa e desprovida dos pelos, os cabelos eram exatamente como os pelos: fios espessos. Os olhos, apesar de azuis claríssimos, eram grandes e as pupilas tinham um formato de em um risco vertical. Ainda tinha aquelas unhas. Eram certamente garras, pois eram compridas e curvadas.

Um frio assolou o estômago do jovem. O olhar de Earthen estava fixo nos seus e parecia mais intenso do que antes fora. Era como se o estivesse analisando também. Mais do que isso, desejando-o, ansiando em devorá-lo novamente. Respirou, respirou e respirou. Precisava se manter calmo. Ainda era seu Earthen apesar da nova forma. E mesmo aquele diante de si sendo um homem exótico para sua espécie, era com certeza lindo e perfeito.

Crispian moveu seus dedos sobre a carne macia que eram os lábios dele. E entreabriu os seus próprios, desejando ardentemente que aquela boca tocasse a sua. E com um arfar quase sufocante, soltou um gemido ao ver os lábios do lobo se entreabrirem em um sorriso que mostraram pela primeira vez a fileira de dentes brancos-ofuscantes, quase lineares... Exceto pelos caninos avantajados que mal se mantinham dentro da margem da boca.

Crispian estava extasiado. Sentiu o hálito quente de Earthen roçar-lhe a pele conforme ele se aproximava e então o toque sutil da boca dele sobre a sua se fez, reiniciando todo o turbilhão de sensações pela qual passara há pouco. Seu ventre ardeu e aquele beijo foi o estopim para que a excitação o tomasse novamente.

Agarrou-se ao homem em um abraço sufocante e correspondeu ao beijo. As peles se encontraram pela primeira. Crispian emaranhou seus dedos nos cabelos de Earthen sentindo a maciez daqueles fios. A luxúria o enlevava novamente. Tornava-o obsceno, exigente. Queria tê-lo dentro de si naquele instante e foi o que pediu:

— Me tome novamente... Por favor, Earthen... — implorou entre o beijo.

E claro, fora atendido imediatamente. O lobo o deitou no carpete e, após afastar as pernas dele uma da outra, segurou seu membro que já estava rijo e latente e o posicionou na pequena entrada. Após sorrir admirado da face tomada pelo desejo de seu amo, Earthen debruçou-se sobre ele fazendo seu órgão ultrapassar a resistência inicial do orifício anal e se deteve ali.

Crispian fez uma careta de dor, mas notou que sua careta foi o que impediu Earthen continuar, então meneou a cabeça dando-lhe direito de seguir.

— Faça. — ordenou em um sussurro.

Earthen o fez. Arremeteu-se em uma única estocada para dentre dele.

O que se seguiu na sequência fora um alvoroço de beijos e de toques eloquentes. Quanto mais o homem-lobo se arremetia para dentro do jovem, mais este se abria para ser penetrado. Não demorou e mais uma vez estavam gemendo e gozando. Não gozaram uma única vez durante aquela noite, foram duas, três, quatro vezes. Posicionaram-se de formas diferentes, buscando sempre sensações mais intensas. Amaram-se como se o dia de amanhã não fosse mais existir.

Quase no findar da noite, quando já não dispunham de nenhuma gota mais de energia, os dois deitaram-se abraçados na cama. Os corpos abrasados agradando-se até da mínima corrente de ar que invadia o quarto através das rachaduras nas paredes e das pequenas frestas da grande janela de madeira.

Foi quando o jovem lorde ouviu pela primeira vez uma voz de timbre grosso, mais suave e sensual, lhe falar ao pé do ouvido:

— Eu também te amo, Crispian.

Crispian fechou os olhos e sentiu novos arrepios. Estava tão cansado que não imaginava que algo pudesse causar-lhe arrepios de novo. Desejando que aquela voz continuasse ressoando em seus ouvidos pela eternidade, ele ergueu seu rosto do peito do Earthen-humano e fitou aqueles orbes azuis brilhantes.

— É mesmo um milagre, não é? Você também fala?

— Apenas quando estou nessa forma.

— Mas me compreende quando está na forma de lobo?

— Perfeitamente. Sempre o compreendi. — ele concordou. — Mas infelizmente não falo quando estou na outra forma. Por isso, estou respondendo agora o que você disse antes de pedir para eu ficar. Você disse que me amava e por isso não me deixaria partir. Então eu lhe respondo: Eu também te amo, Crispian. O amei desde que o vi. E quero que saiba, a minha ausência não era devido eu estar atrás de fêmeas da minha espécie para acasalar conforme imaginava. Eu desaparecia, porque não desejava que me visse assim.

Crispian sorriu envergonhado ao ouvir aquela confissão e se abraçou ainda mais ao corpo do homem-lobo.

— Estou mesmo aliviado de ouvir essa confissão. Mas estou ainda mais curioso sobre a verdade em torno de você, Earthen. O quê você é? É um feitiço? Você era humano que foi transformado em lobo ou um lobo que foi transformado em humano?

Earthen inspirou profundamente. Aquela era a parte que desejaria simplesmente deixar de lado, mas não podia esconder a verdade de Crispian, que o amava tão verdadeiramente.

— Podemos conversar quando o sol se puser novamente? — pediu ele. — Se eu começar agora não terei como terminar porque a noite está quase indo e durante o dia voltarei a ser... eu mesmo.

— Sim. Está bem. — o rapaz consentiu, se aconchegando novamente ao peito do outro. — Mas me prometa que não irá partir.

— Confie em mim, Crispian. Não irei mais, se esse é seu desejo.

— Sim. É o meu desejo. Sempre foi. Quero que seja somente meu.

Earthen sorriu e aconchegou mais seu jovem dono em seus braços.

— Sim, meu amo.

Continua...

Nota: A tradução de Earthen (inglês) significa "Barro", mas eu quis usar o termo "Terrestre" que cabe também. Só para constar. ;)







Notas finais do capítulo


Capítulo dois postado. ;)

Bem mais intenso que o anterior.

Mas, esta história ainda renderá muitos momentos estranhos.

Continuem acompanhando e irão conferi.

See you next o/

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