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[Sailor Moon] Quando o Inesperado Acontece - Capítulo 2, escrita por Ilana Sam

Título: Quando o Inesperado Acontece
Capítulos: 1 2 3
Autor: Ilana Sam
Fandom: não informado
Gênero: Drama, Romance
Status: completa
Classificação: não informada
Resumo: Serena não consegue entender os motivos de Darien ter terminado o namoro com ela. Embora inconformada, tenta seguir em frente, com o apoio de suas amigas. Pensa que se conseguir romper os próprios receios irá se superar, mas logo irá descobrir o que realmente precisa para amadurecer.



Capítulo 02 – Quando Não é Possível Mais Negar


Depois que acordei, fui me arrumar depressa para o café da manhã. Quase não consegui levantar da cama, era como se não tivesse dormido ontem. E que sonho estranho... Olhei ao redor da sala, quartos e fui para a cozinha. Comi mais ligeiro ainda, sorte que não teria escola naquele dia. Meus pais tinham saído e Sammy continuava dormindo no quarto dele.

Chamei Rini, que não apareceu. Não estava em casa, devia ter ido para o parque ali perto. Seria melhor que a conversa fosse lá mesmo. Peguei a bolsa sobre a cadeira e saí em disparada. Corri até o parque, realmente não estava errada.

Rini estava sentada na cadeira de balanço favorita dela. De longe, avisei Mina pelo comunicador, que disse que avisaria as outras para chegarem logo. Pensei em ficar ali, e se chegasse perto dela e brigássemos? Ela sairia dali e complicaria ainda mais as coisas. Mas precisava me aproximar dela, de verdade, havia falado isso na reunião anterior. Não custava tentar.

Caminhei sem acreditar no que estava fazendo. Mal conversávamos ultimamente. Ela estava sempre com a “bola-lua” como chamava e aquela corrente com pingente em formato de chave. Mesmo sabendo da minha identidade e das outras meninas, não iria usar isso para conseguir tirar informações da Rini. Não seria certo.

Percebeu minha presença e se encolheu mais na cadeira. Sentei ao lado dela sem saber o que dizer.

- Você acordou cedo. - notou Rini.

- É verdade. - confirmei ao lembrar dos últimos acontecimentos.

- Eu tive aquele sonho de novo. - disse assustada.

- Não vou te perguntar o que ocorreu, porque já sei o que vai dizer. - tentei entender o lado dela.

- Meus pais tentaram me proteger, mas... - falou com os olhos tristes e cheios de lágrimas.

- Eu e as meninas estamos aqui para ajudar. - disse me abaixando perto dela, pondo uma das mãos em seu ombro.

- Aqueles monstros eram terríveis. - soluçou chorando.

- Rini... - notei as meninas vindo em minha direção, chegaram rápido.

- O que pensa que está fazendo Serena? - Rey perguntou nervosa.

- Obrigada pelo bom-dia. - e lhe dei língua.

- Ah, é? - Rey disse me dando língua também.

- Ela fez alguma coisa com você Rini? - Lua perguntou chegando com Artemis.

- Até você Lua? - exclamei.

- Será possível que você não faz nada direito! - Rey continuou.

- Estávamos só conversando. - falei.

- Queremos conversar com você também. - Amy disse tentando dar início a conversa, de fato.

Amy disse que em poucos dias, as quatro irmãs receberiam alta. Apesar do susto, elas falaram que no caso de qualquer informação que ajudasse, entraria em contato com alguma de nós guerreiras. Contou sobre as batalhas do Reino Lunar Negro pelo cristal de prata e começou os questionamentos. Fiquei calada.

Rini simplesmente ficou muda com as perguntas das meninas, que surgiram uma após a outra. Notei que ficou de cabeça baixa sobre seu brinquedo.

- Qualquer informação pode nos ajudar. - Lita falou.

- Sabe que pode confiar na gente. - Mina completou.

Rini ergueu a cabeça, chorando muito.

- Não aguento mais, só quero ir para casa. - e abriu o berreiro.

Tentei me aproximar, mas reparei que Rini se afastava mais. Queria ficar sozinha? Era cedo ainda, nem tinha pessoas andando por ali. Aquele parque da praça nem era muito movimentado pela manhã. Parecia que a Rini queria falar algo, o que seria?

- Não quer conversar? - acabei perguntando.

Como resposta, continuou chorando alto. Olhei para as meninas que estavam sem saber o que fazer. Um brilho começou a irradiar da testa da testa dela. Era forte, quase não conseguiamos vê-la aonde estava.

- Aquele sinal é... - Artemis reparou.

- Um sinal de lua. - Lua disse surpresa.

- O que? - eu e as meninas exclamamos.

- Rini tem uma marca do sinal de lua igual a você e a Princesa Serenity, Serena. - avisou Lua.

- O que isso significa? - perguntei.

- Será o seu fim. - ouvimos uma voz.

- Quem está aí? - Rey perguntou.

- Apareça já! - Lita exclamou.

- Agora que o coelho emitiu energia, vai ser fácil cumprir as ordens do mestre. - ouvimos uma voz diferente.

- Quem são vocês? - Amy perguntou.

Dois vultos surgiram ao longe e foram se aproximando. Rini parou de emitir aquela luz e caiu sobre os joelhos. Chegamos perto dela, ainda estava assustada, mas tinha parado de chorar. Fiquei abraçada a ela. Amy e Mina deram cobertura e Rye e Lita ficaram em posição de defesa. Ambos os vultos se aproximaram mais e logo vimos que eram um homem e uma mulher.

- Rubens. - disse o sujeito.

- E Esmeralda. - a mulher falou com um sorriso histérico.

- Entreguem a menina e deixaremos vocês irem. - disse Rubens.

Percebi que não daria tempo de levarmos Rini para um local seguro e nos transformarmos. Talvez fosse preciso revelar nossas identidades ainda que houvesse riscos, mas não poderíamos facilitar para eles. Poderiam fazer mal a Rini.

- Jamais! - falei.

- Não passam de seres humanos desprezíveis. - disse Rubens.

- Como é? - Lita falou com os punhos cerrados.

- Não temos tempo para perder com vocês. A menina, entreguem agora. - disse Esmeralda.

- Parece que não temos escolha. - Mina disse fazendo um sinal com a cabeça.

- Finalmente entenderam. - aquela voz histérica falou.

- Pelo contrário, vocês que não entenderam. - Amy avisou.

- Vão se arrepender! - disse a histérica.

- Morram! - disse Rubens.

Ambos concentraram uma energia de cor preta. Em seguida, lançaram o golpe em nossa direção. Pedimos para Lua e Artemis levarem Rini para um esconderijo seguro. E tratamos de nos apressar, olhando uma para as outras. Olhei aqueles dois indo atrás dos três. Aquele era um caso extremo para agirmos daquele jeito.

- Esperem! - dissemos a eles.

Nem dissemos sequer uma palavra a mais que não fossem as costumeiras da transformação. Ainda bem que nos convertíamos em sailors rapidamente, a situação era muito urgente para perder Rubens e Esmeralda de vista. Depois de desviarmos do golpe lançado por eles, corri em direção aos três. Era responsável em proteger Rini. Responsável, disse responsável? Eu não estava mesmo em mim.

- Então são guerreiras. - Rubens disse satisfeito com a descoberta.

- Mostraremos a elas o que acontece com quem se atreve a interferir em nossos planos Rubens. Há! Há! - suas risadas eram insuportáveis.

- Vamos atacar com toda a energia que temos! - disse Júpiter.

- Essa não. - Mercúrio falou ao ver aqueles dois se aproximando de Rini, Lua e Artemis.

Alcancei os três e lancei minha tiara em direção a Rubens e Esmeralda, sei que não os derrotaria facilmente com o golpe, mas serviria para ganhar tempo.

- Fiquem longe dela. - disse me colocando entre os três.

Rubens e Esmeralda concentraram novamente energia maligna.

- Saiam daqui. - falei mandando os três embora.

Rini, Lua e Artemis saíram correndo. Mercúrio, Marte, Júpiter e Vênus atacaram com toda a força usando seus respectivos golpes, enquanto proferia as palavras de ataque do báculo lunar. Poder maligno de um lado e o poder das guerreiras, de outro. Nunca havíamos usado tanta energia em batalha. Eles eram muito fortes.

Aquela luz escura diminuía um pouco o foco dos nossos golpes, Rubens e Esmeralda sorriam. O poder do meu báculo não estava adiantando.

- Meninas, não podemos recuar agora! - Vênus gritou.

- Precisamos aguentar firme. - disse Marte.

- Não são páreas para nós. - ambos avisaram.

- Podemos conseguir, basta acreditar em nosso poder concedido pelos planetas em que somos guardiães. - Mercúrio relembrou.

- Ela tem razão, a gente não pode desistir. - Júpiter falou.

Fiquei pensativa com as palavras das meninas. Olhei o meu báculo lunar e fechei os olhos. Não iríamos entregar os pontos logo agora. Não era sempre a Lua que dizia que as guerreiras lendárias tinham mais poder do que imaginávamos?

- Vamos proteger a todos! - falei, já que, até então, não tinha me manifestado.

Embora o poder maligno fosse forte e já estava até alcançando aonde estávamos, liberamos mais energia de nossos golpes. Parecia não surtir efeito no início, Rubens e Esmeralda já se consideravam vitoriosos, mas depois perceberam que a energia lançada por eles estava se dissipando e, dando lugar aos ataques lançados por nós guerreiras.

Ambos ficaram tragados pela onda de luz que atravessava. Ficaram cobertos pelo golpe. Aos poucos, aquela energia disparada foi diminuindo e vimos os dois caídos no chão.

- Conseguimos? - Mina perguntou, não confirmou.

- Não tão fácil. - Esmeralda falou com dificuldade.

- Como conseguiram nos atingir? Malditas! - disse Rubens se levantando.

- Não é possível... - Marte exclamou visivelmente preocupada.

- Agora vocês cinco vão pagar! - Rubens disse com raiva.

Ergueu as mãos preparando um golpe de ataque, mas foi detido por uma voz oriunda de uma ventania.

- Não precisamos mais de vocês. - disse uma voz estranha.

- Não passam de dois inúteis. - outra voz avisou.

Rubens e Esmeralda tentaram, em vão, conversar alguma coisa, mas só vimos eles serem atacados por um forte ataque que os destruíram.

- Da próxima vez serão vocês. - um deles se revelou como Príncipe Safiro.

- Conseguiremos unir o cristal de prata do presente e do futuro e transformá-lo em um artefato infinito em poder. Eu, Príncipe Diamond, não serei derrotado como aqueles fracos.

Ficamos abaladas com tamanha revelação. Existem então, dois cristais de prata! E se estava com um, onde o outro foi parar? E quem o portava?

- Então foram vocês que mandaram atacar as quatro irmãs. - disse Mercúrio que percebeu a organização do plano maligno.

- Bem observado. - disse Safiro.

- Não deixarei que continuem atrapalhando nossos planos. - disse Diamond, que se preparava para atacar.

Engoli em seco. Mal terminamos uma luta e outra estava prestes a começar. Estávamos com nosso poder de luta enfraquecido pelo cansaço, mas não podíamos desanimar fácil. Eu e as meninas nos olhamos, parecíamos dividir o mesmo pensamento em comum. Precisávamos lutar e, acabar com o que parecia invencível.

Diamond estava com energia concentrada até que o poder que tinha emanado some completamente.

- O que foi? Estamos prontas. - avisou Marte.

Ele não disse nada e desapareceu.

Safiro que tinha preparado seu ataque, se dispersou logo após perceber o sumiço do outro sob ameaças a nós sailors.

- Não acredito! - disse Júpiter.

- Será alguma armadilha? - perguntou Vênus.

- Foram mesmo embora. - disse Marte, confirmando a hipótese com a ajuda do seu talismã.

- Não estou gostando disso. - disse Mercúrio.

- Não iriam embora assim. - disse Júpiter.

- Vocês viram como derrotaram Rubens e Esmeralda tão facilmente? - Vênus perguntou no ápice de suas perguntas.

- Agora sabemos que os inimigos não são eles, mas Diamond e Safiro. - conclui Mercúrio.

- Mas ainda há um mentor por trás, como disse as quatro irmãs. - disse Júpiter.

- E agora, a batalha de hoje foi difícil. - falei.

- E a tendência é ficar pior se não nos prepararmos. - disse Marte.

- Precisamos treinar se quisermos ficar mais fortes para enfrentar os inimigos. - disse Júpiter.

- Rini deve estar assustada. - pensei alto.

- O que me intriga é que ela tem o mesmo sinal de lua da Princesa Serena e da Princesa Serenity. - disse Lua se aproximando novamente com Artemis, olhando para Rini, que parecia longe, como se o comentário da minha gata não dissesse respeito a ela.

- É mesmo muito intrigante, sei que ainda estamos em busca de respostas, mas o que será que isso significa? - Artemis comentou.

- Se é mesmo um sinal de lua, concerteza pertence ao Reino Lunar. A Rainha Serenity deve saber quem é.

Aquilo me soou surpreendente demais para mim e as meninas. Mas Rini ficou muda, não disse uma só palavra.

- Rini, você não quer... - falei.

- Não vamos tentar indagar a ela Serena. Já foi demais por hoje. Pensaremos em uma forma para nos comunicarmos com a rainha o mais rápido possível. Parece que Rini não tem muitas recordações de vida passada. Foi o mesmo que aconteceu comigo. Eu só despertei com sua ajuda, lembra? - Lua avisou.

- Enquanto isso, vamos nos reunir mais tarde para decidir as estratégias de batalha e poder de luta. - disse Marte ainda se referindo ao último pós-batalha.

- Claro. - confirmou Vênus.

Todas nos destransformamos ao mesmo tempo. Mais tarde, iriamos nos encontrar novamente no templo para discutir o que precisava. Depois de nos separar, caminhei com uma ideia na cabeça. Eu queria muito contribuir com algo realmente importante para me sentir uma autêntica princesa. Ou seria uma princesa autêntica?

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Deixei de comparecer aos compromissos habituais do dia, desmarcando alguns, remarcando outros. Chamei o Andrew para entregar uma papelada da faculdade, como me ajudava em determinadas situações. Ele estranhou minha atitude, sabe que prefiro resolver as burocracias profissionais, mas incrivelmente não me indagou nada, causando estranheza, por minha vez. Logo ele que é um pouco, para não dizer o maior indiscreto que já conheci. Pediu que ficasse descansando no apartamento mesmo, dentre outras recomendações. Realmente, era um amigo, mais que isso, um irmão.

Quando fiquei sozinho, lembrei da sensação estranha que tive pela manhã. Parecia um chamado, sinal de que havia algo errado. Mas o que senti desapareceu em poucos segundos e fiquei cismado.

Aquelas visões foram tão reais que estava surpreso até agora. Tudo o que vi parecia uma premonição do que estaria por acontecer. Não que acredite em previsões, mas... as imagens revelavam o pior que poderia ser.

Ela ainda me ama, pensei lembrando da coelho. E quando achei que poderia manter um contato, ao menos, amistoso com ela, veio aquelas visões de forma tão sombria, como jamais tinha visto.

Realmente, o que o ser humano controla mesmo? Eu, não poderia responder para mim e, nem acreditava que a vida pudesse me dizer facilmente, não sem passar por situações e, tirar minhas próprias conclusões.

Não havia escolha. Nem sequer posso me aproximar dela, ainda que de maneira descompromissada. Isso piorava não só a nitidez das visões, como me iludia e a Serena. Precisava terminar o que tinha começado, por mais doloroso que isso seja para mim.

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Caminhava à noite apressada para chegar logo. Não iria para casa, pelo menos ainda não. Uma angústia forte sobressaltava meu peito e queria entender e me fazer entender. Quer dizer, tinha muitas preocupações com os últimos acontecimentos. Não sabia como as coisas ficariam daqui para a frente.

Havia chegado ao seu apartamento. Tinha dito a Lua que iria para a casa da Molly para ela não me amolar com seus comentários. Já estava cheia de ouvir argumentos por hoje. Logo mais eu, Amy, Rey, Lita e Mina iriamos nos reunir novamente, a quarta reunião em menos de dois dias. E o que iria fazer agora, só dizia respeito a mim e ele.

Quantas coisas havíamos passado aqui juntos... Ele tomava a iniciativa de me beijar e eu, ficava em transe, imaginando como seria bom se aquele momento nunca acabasse. Uma troca de carinho tão intensa...

Estava um pouco frio, ainda bem que antes de sair de casa, coloquei uma jaqueta jeans escura de manga comprida sob minha roupa, um vestido longo estampado. Olhei de lado e entrei pelo portão até chegar ao elevador. Estava ficando tarde, mas não podia ir para a reunião, não sem conversar primeiro. Seria nossa última conversa?

Cheguei ao andar e avistei a porta. Estendi minha mão com intenção de tocar a campainha, mas... fiquei parada ali como se minha vontade tivesse desaparecido. Não, pensei comigo, não tinha sentido ir embora agora que estava tão perto.

Por que estava hesitando? Seria medo do que poderia e, provavelmente, iria ouvir? Respirei fundo, precisava tomar coragem, há muito que estava esperando por este momento. Foi indiscreto da minha parte tentar conversar com ele na rua, poderia pensar que estava sendo inconveniente, mas desde ontem que estou com essa ideia na cabeça. Não poderia me desfazer dela agora.

Toquei levemente a campainha próxima a porta. Esperei um pouco, mas ele não apareceu. Olhei para o relógio em meu pulso, será que tinha saído e ainda não havia voltado? Não liguei avisando, pois já sabia o que iria ouvir.

Ia tocar o aparelho novamente, quando Darien apareceu. Estava lindamente iluminado por uma luz fraca da sala. Estava muito arrumado, usando uma roupa compatível àquela hora da noite.

- O que quer aqui? - perguntou como se não lembrasse de ontem.

- Você vai sair? - não me contive em perguntar.

Darien ficou sério com a cabeça virada para o lado, depois olhou rapidamente para mim e respondeu:

- Me diga logo o que quer.

- Preciso falar com você. Não vou demorar.

Ele deixou a porta entreaberta e ficou junto a parede, perto do sofá. Mais ou menos no mesmo lugar onde se deixou ficar quando terminamos. Entrei no apartamento, fechando a porta.

- Queria saber se já se sente melhor. - falei.
- Veio aqui só para isso. - pareceu esnobar meu comentário.

- Fiquei preocupada com você.

- Não foi nada. - disse secamente.

- Bom, eu... - disse me sentindo totalmente desconcertada ali perto dele - eu resolvi vir até aqui, sabe...

Tentei continuar, mas algo me chamou a atenção. Melhor, alguém, uma mulher, que havia saído do corredor, vindo do quarto do Darien. Era muito bonita, parecia uma dessas modelos de propaganda. Caminhou em direção a ele de uma forma... Não era só a presença dela que me incomodava, mas o modo como ele a tratava.

Senti o chão faltar sobre meus pés, não só pelo que tinha e ainda pretendia dizer, mas... Darien me esqueceu assim tão rápido? Perfeito como só ele, tinha uma mulher a altura ali diante dele e, infelizmente... Ele me falou tantas vezes que não queria mais nada comigo, mas ainda tinha esperança.

Entendi porque estava tão bem vestido. Não que fosse da minha conta, mas finalmente percebia o quanto estava sendo ridícula. Um misto de raiva e pena de mim mesma. Sobretudo tristeza. Tive que conter as lágrimas, ainda sob o baque que sentia.

- Estou indo querido. - disse ajeitando a alça do vestido.

- Foi um prazer. - Darien disse levando gentilmente a mulher até a porta.

Fiquei como uma invisível ali. Pensei o quanto ele deveria me odiar, só que um ódio cheio de desprezo, pior indiferença. Era como se eu nem existisse ali. Seu amor por mim havia desaparecido por completo? Ouvi a mulher perguntar quem eu era e ele responder, ninguém importante, para não se preocupar. Aquilo estava me matando.

- Se já disse o que tinha a dizer, deve ir embora. - Darien disse ao fechar a porta.

- Espera, só quero te entregar isto. Não faz mais sentido ficar com ele. - e puxei o objeto do bolso da minha roupa.

Estendi a mão com o objeto em punho na direção do Darien. Por um momento, percebi um olhar surpreso dele, mas pegou o objeto ainda fechado.

- Está fazendo um favor. - falou sem expressar emoção alguma aparentemente.

- Precisava devolvê-lo para você. Acho que já me decepcionei o bastante. - falei, quase que sem pensar, pra variar.

- Se for sobre o que estou pensando, sou livre para escolher quem quiser Serena. - falou mais ríspido ainda.

- Sinto muito se não sou a mulher perfeita para você! - disse quase gritando.

- Espero que tenha entendido de uma vez por todas que não quero mais nada com você. Não me importa como se sinta, não tenho culpa por ser tão fraca. - Darien queria me atingir e conseguiu, em cheio.

- Não precisa se preocupar Darien. - disse indo em direção a saída. - Eu prometo que não irei mais te procurar. Não vai mais me ver. - abri a porta, indo embora.

Desci depressa as escadas, nem peguei o elevador. As lágrimas que tinha segurado desceram com toda a força em meio aos soluços. Essa dor mal cabia em meu peito, me consumia por completo. Como pude ser inocente diante dos meus sentimentos. Chorei mais ainda. Darien não me amava mais e ainda por cima, tinha arranjado pretendente a sei lá o que. Foi a conversa mais pesada, a mais horrível que já tive com ele.

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Não esperava que viesse até meu apartamento àquela hora. Andrew já sabia que iria encontrar a mulher que esteve aqui ainda há pouco. Tínhamos saído os três, depois de muita insistência dele. Não queria nada com mulher alguma, mas a insistência dele foi tanta... justo eu que sou tão decidido. Meu amigo inventou uma desculpa ao chegarmos em meu apartamento e foi embora. Foi como nos velhos tempos, antes de ficar com a Serena, só que dessa vez foi de maneira forçada. Não tinha cabeça para me envolver com ninguém mesmo. Tomamos uma bebida, conversamos e nada mais.

Fiquei sozinho, observando a janela do meu apartamento. Serena deveria estar com muita raiva de mim agora. Para não dizer ódio. Mas ela não era rancorosa, embora ao menos eu tentasse fazer ideia do quanto estava sofrendo com situação tão triste. Como me sentia mal diante daquela situação.

Apertei o objeto que havia me devolvido tão forte em minha mão, que tive a impressão de tê-lo quebrado. Era como se aquilo representasse o desfecho de uma vez por todas. Não apenas pelo que tinha decidido fazer, mas pela maneira como tudo aconteceu. A minha maneira.

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Corri bastante ao chegar a rua, sem rumo ou direção. Por um momento, fiquei parada em plena rua, como uma estátua. Nem sabia se deveria negar positivamente ou afirmar negativamente o que acabava de pensar. Minha cabeça era só confusão. Mas acho que encarar a realidade, ainda que me custasse tantas lágrimas, as mais amargas que já chorei até hoje, era menos ruim.

Faltava entregar os outros pertences que ficaram na caixa que ficou em casa. Tinha me esquecido. Também, não tive cabeça em uma hora daquelas. Podia pedir ao porteiro do prédio, no dia seguinte, que entregasse tudo pro Darien, não iria vê-lo. Precisava manter a dignidade por mim mesma, por mais difícil que fosse. E mais lágrimas rolaram por meu rosto em meio a mistura de pensamentos e sentimentos ocorridos até então.

Sozinha ali, percebi um ruído estranho. Era meu comunicador. Amy na escuta.

- Serena, precisa vir depressa aqui na avenida principal. - disse com a voz preocupada.

- O que houve? - perguntei, enxugando as lágrimas.

- Serena, você está chorando? - perguntou ao ver meu estado.

- Me conta o que aconteceu. - insisti, para mudar de assunto.

- É a Rini... desapareceu sem deixar pistas.

- O que?! Ela tava em casa quando saí! Sério! - exclamei quase sem acreditar no que ouvi.

- Sim, mas Lua acabou de procurá-la por toda a casa e nada. Procuramos por toda a parte e nenhuma pista. Estamos todas aqui na avenida. Venha logo. - disse desligando.

Saí direto para a avenida que Amy me indicou. Não é à toa que ela e todas nós estávamos preocupadas. E se... o inimigo a achasse? Não gostava nem de pensar. Já estava me sentindo tão culpada pelo sumiço dela.

Peguei a esquina próxima, e corri para chegar mais depressa. Estava ventando bastante como se fosse chover. Olhei pro céu e vi que o tempo estava nublado. Sem dúvida, Rey iria sugerir algum plano para encontrá-la. Mas, e se não houvesse plano algum? O que faríamos?

Escutei um estrondo e achei que fosse meu estômago, apesar de não estar com fome. Ouvi um barulho maior e percebi que vinha próximo da avenida.

- Por aqui Serena! - Lua se aproximou.

- Onde estão as meninas?

- As outras guerreiras estão lutando agora. Há uma quantidade enorme de droids adiante. - Lua explicou.

- E a Rini? - perguntei.

- Temos uma pista. Eu e Artemis desconfiamos de um ponto que emana grande quantidade de energia próximo do buraco negro.

- Não estou entendendo. - falei confusa.

- Todas as meninas detectaram um buraco negro na cidade após o desaparecimento da Rini e vieram investigar, já quase no horário da reunião. Com ajuda do computador, Amy detectou mais que informações sobre o buraco negro, achou também interferências no amplitude do tempo e do espaço. A energia oriunda do ponto de interferência é compatível com a energia da Rini, o que indica a presença dela no local. Ainda não sabemos como, mas parece que Rini pode se deslocar no tempo.

- Vou procurá-la junto com você. - disse.


- Não, precisa ficar aqui e ajudar as meninas. Deixe isso comigo e com Artemis. - falou decidida, olhando para Artemis que a esperava do outro lado da rua.

- Mas...

- Não há mais tempo Serena. Precisa se transformar agora!

Quase num impulso, me transformei em Sailor Moon. Lua seguiu Artemis, que havia chamado por ela e seguem caminho rumo ao tal ponto. Espero que tomem cuidado. Em seguida, fui me aproximando da rua aonde as meninas, até receber uma rajada de vento forte.

- Quem está aí? - gritei assustada, tentando me manter em pé.

Olhei logo em frente, a sombra foi se movendo e a ventania se dispersando até uma área mais iluminada da avenida. Percebi que o vulto era do Príncipe Diamond.

- Então você é Sailor Moon. Pude sentir seu poder quando a vi se transfomar. - falou não em tom de surpresa, mas de ironia.

Estremeci de susto. Se ele viu me transformar, isso significa que... Essa não. Será que tinha visto algo mais?

- O que você quer? - gritei pegando meu báculo lunar.

- Princesa da Lua... porque a pressa? Creio que meu irmão já deve ter acabado de uma vez por todas com todas as outras guerreiras. Elas são persistentes, acabaram com os droids, mas não são fortes o bastante para o poder de Black Moon. - sorriu maliciosamente.

- Cadê minhas amigas? - falei indo na direção de onde estavam, mas Diamond me deteve.

- Deseja mesmo se reunir a elas? Não acha que é uma decisão nada sábia? - disse ficando na minha frente.

- Deixe minhas amigas em paz! O que você quer afinal? - disse com lágrimas nos olhos. Não podia ser.

- Ninguém poderá ajudá-la princesa. O melhor que pode fazer é se unir a mim. Podemos govenar o império lunar juntos.

- Nunca! Não vou perdoar o que quer que tenha feito com as minhas amigas e as pessoas deste planeta. - estava falando sério.

- Não seja tola. Quando o buraco negro atingir sua amplitude máxima, vamos reunir ambos os mundos, a terra o reino lunar negro. Se aceitar minha oferta, não sofrerá as consequências.

Lembrei o que Lua havia me dito. Isso quer dizer que Black Moon quer conquistar o planeta para aumentar suas forças e ficar mais forte.

- Não vou permitir que consiga o que quer. - falei.

- Parece a princesa que conheci. Em outros tempos, me disse algo semelhante. Mas aviso que agora é diferente. As outras guerreiras já eram e você... - fez uma pausa.

- O que quer dizer? - perguntei.

- Largue seu reino e se una a mim. - falou decisivo.

- Não. - neguei.

- Deixe aquele príncipe, guardião deste planeta. Ele também não é páreo para Black Moon e logo será destruído.

Pensei como Diamond podia ser tão cruel. Falava como se não estivesse se dirigindo a mim como guerreira, mas como princesa. Primeiro minhas amigas, e desta vez seria o Darien... Não, mas eu não iria permitir. Só podia ser mentira dele. Sei que as meninas estavam bem, algo me diz que elas estavam a salvo. Precisava acreditar nisso. Quem sabe o que seria da Lua, Artemis, Rini... e das demais pessoas deste planeta. Realmente precisava lutar por mim e por todos.

- Qual é sua decisão Princesa da Lua? - Diamond parecia satisfeito.

- Eu... - falei de cabeça abaixada e os cabelos caídos sob meus olhos.

- O que me diz? - disse Diamond.

- Nunca aceitarei nada de você! Nem de ninguém de Black Moon! - disse erguendo o olhar, sacando meu báculo lunar.

Diamond estava disposto a tudo, mas não poderia aceitar o que queria, era contra meus princípios não apenas como princesa, mas também como pessoa.

- Se não for minha, não será de mais ninguém. - falou decisivo.

Ele estendeu a mão direita e invocou o poder do cristal negro. Começou a sorrir maliciosamente. Fiquei com o báculo lunar em mãos para lançar meu golpe.

- Acabarei com o que resta deste planeta e o príncipe guardião da terra morrerá. - disse rindo maliciosamente.

Voltei a repetir para mim mesma que iria proteger todos na terra, inclusive o Darien. Não podia esquecê-lo, apesar de tudo, não podia negar o quanto o amava. E ainda o amo.

- Faça o que quiser comigo, mas deixe ele em paz! - perguntei nervosa.

- Que decisão mais lamentável. Se é isso que quer...

Lançou uma bola de energia de cor preta. Fiquei com minha arma em punho e os braços estendidos. Meu ataque resistia ao poder de Diamond, mas parecia não ser o suficiente.

- Não percebeu que a batalha já está ganha? - falou.
- Como assim? - perguntei com dificuldade para segurar minha arma frente ao golpe.

Diamond elevou a energia maligna lançada contra mim. Percebi que não era um aumento espontâneo de poder. Vi, de longe, um estranho encapuzado com um espécie de bola de cristal em mãos. Ele estendeu uma das mãos e Diamond ficou coberto pela energia enviada pelo estranho. Sorriu mais uma vez, enquanto o poder se dissipava e o estranho desaparecia.

- Agora não poderá me superar tão facilmente. Wilserman sempre terá o controle de tudo e ajudará o Fantasma da Morte a governar acabar com a terra. - disse com um brilho vermelho nos olhos.

Ele sorriu e lançou o golpe inicial. Não consegui aguentar dessa vez e recebi o golpe em cheio, deixando meu báculo parar longe. Caí sobre o asfalto. Apesar do golpe violento, notei que estava apenas com escoriações pelo corpo. Meu uniforme ficou levemente arranhado. Realmente, ele era muito forte. Como poderia vencê-lo sozinha?

- Será o seu fim. - disse Diamond se aproximando com a mão estendida, pronto para lançar mais um golpe.

- Não... - murmurei.

De onde estava, não tinha como pegar minha arma. Acho que nem me ajudaria agora. Lembrei do nome que ele pronunciou: Wilserman. Talvez ele seja o inimigo que eu e as meninas estavamos investigando. E quem seria o Fantasma da Morte? Mas agora era tarde, não tinha a menor ideia do que fazer. Me via solitária em pleno campo de batalha.

- Logo o buraco negro completará seu ciclo. - disse.

Enquanto Diamond preparava seu golpe, me levantei com dificuldade de onde estava. Fiquei adiante para usar minha tiara, já estava com ela em mãos, mas notei que ele tinha desaparecido do meu campo de visão. Olhei para os lados e nada. Percebi algo em minha direção, partia do caminho oposto e me virei para ver o que era.

Aparentemente, não havia nada, mas quando me dei conta já era tarde. Antes que pudesse fazer alguma coisa, senti algo atingir meu corpo. Um cristal negro atravessou meu peito e vi minha roupa manchar-se de sangue. Tentei retirá-lo, mas... fui perdendo as forças, deixando a tiara cair no chão.

Diamond foi traiçoeiro e lançou o golpe fora do meu poder de alcance. Não deu tempo de evitar.

Observei o cristal negro que me atingiu desaparecer aos poucos e se transformar em energia maligna. Gritei de dor, enquanto levava o choque de energia. Percebi que o ferimento era delicado, não sei se iria aguentar...

- Não quer fazer um último pedido princesa. - Diamond disse colocando as mãos em meu broche.



Fiquei sentindo aquela dor aguda em meu peito, o sangue se esvaia a cada segundo. Não era só dor física, mas também... Darien, sempre me salvava... por que não veio desta vez? E uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- Não vai precisar mais disto. - disse tentando puxar o broche do meu uniforme, mas não consegui reagir, nem sequer podia proteger a mim mesma, como iria proteger outras pessoas?

Começei a me destransformar, olhei com dificuldade as inúmeras fitas rosas cobrirem o meu corpo, mas Diamond não tinha retirado o cristal de mim ainda.

Eis que uma luz forte irradiou do meu broche, fazendo Diamond retirar suas mãos de mim e se afastar. Caí de joelhos no asfalto, enquanto a energia do cristal de prata continuava aumentando. Sentia o sangue escapando pela boca, mas precisava ajudar o cristal para ele poder me ajudar também. O brilho se propagou e um raio de luz acertou Diamond que foi jogado para longe. O golpe foi se dispersando, até parar completamente.

Suspirei fundo, meu corpo bambeou para trás, caindo no chão. Mais lágrimas sairam dos meus olhos. Não conseguia enxergar mais nada. Iria morrer? Será assim que acontece? Vi minhas amigas... Lua... Artemis... Rini... Darien... Tantas lembranças... Tantos momentos que passamos juntos.

Tentei me mexer, mas não consegui. Fiquei angustiada com aquilo. Todos iriam ficar a própria sorte por minha causa. Era o preço a pagar por ter sido tão tola. Devia ter chegado antes para ajudar as guerreiras, devia ter percebido que Rini não estava nada bem e ter cuidado dela. E agora me atrevia a usar o cristal de prata e o planeta continuava em perigo. O que seria do Darien? Me preocupava com ele, apesar de tudo.

Fechei os olhos, estendida no chão. Darien... nem pude contar meu sonho, estava em perigo... sinto muito...

_ _ _ _ _


Olhei ao meu redor e, pensava ter sido impressão minha, mas aquela sensação não me enganava. Levei as mãos a cabeça, as dores que sentia pareciam uma punição pelo que aconteceu, não entendia o porque daquilo e quis ignorar, mas não me sentia melhor e me dei conta que precisava, literalmente aceitar.

Com a rosa em punho, me tornei o guerreiro da terra e pulei a sacada do meu apartamento. Um vento forte balançou minha capa com mais força. Senti a dor de cabeça mais fraca, mas a referida sensação continuava comigo.

Ao atingir o solo, começei a correr em direção a avenida. Era estranho, pois havia grande quantidade de energia à medida que me aproximava. Sem dúvida, alguém já teria ido conferir o que era, inclusive eu mesmo. Estranho perceber isso somente agora.

Senti-me lúcido com a ausência de dor ocorrida há poucos instantes e, começei a ficar preocupado. Tinha uma sensação que não conseguia explicar, nem sabia a que se referia.


Cheguei próximo do âmbito principal e parei atônito. Vi meu traje de Tuxedo Mask se converter em roupa de Príncipe Endymion sem qualquer motivo aparente. Me aproximei mais do lado oposto do lugar e entendi tudo.

Mal pude acreditar. Um vulto estendido no asfalto. Olhei melhor, chegando mais perto e percebi... que era... a Serena.

- Não... não podia ser... - e lembrei daquela maldita visão da noite anterior.

Enquanto ia até ela, lembrei da briga ainda a pouco, de quando tinha ido falar comigo, de como eu a tinha tratado. Me recusava a acreditar... mas era verdade.

Serena estava coberta por fitas rosas. Me agachei, pegando seu corpo que estava de lado sob o chão, segurando a cabeça com as mãos, deitando seu corpo em meus braços. Chamei seu nome, sacudindo-lhe devagar, perguntei se estava me ouvindo, mas nada. Notei o quanto estava pálida.

Estava muito machucada. Olhei o ferimento em seu peito e me perguntei sobre o maldito que se atreveu a fazer mal a ela. Sem dúvida, era a mesma pessoa daquelas visões. Coloquei seu rosto próximo do meu e, pus uma das mãos em sua face, acariciando seu rosto. Percebi que havia um pouco de sangue que saía da boca e passei uma das mãos para retirá-lo.

Não imaginava o quanto devia ter sofrido. E não pude chegar a tempo para evitar o pior, ensimesmado em suposições. Meu receio havia se transformado em culpa. A culpa era minha.

- Não consegui te proteger. Tomei uma péssima decisão, a mais terrível, não deveria ter me afastado de você. - falei próximo do seu ouvido.

Apoiei sua cabeça em meu peito. Sentia sua respiração cansada. Comecei a acariciar seus cabelos, tinha que levá-la dali, precisava fazer algo para mantê-la viva. Sentia aquele sopro de vida se acabando em minhas mãos.

Entretanto, pouco a pouco, percebi que Serena abria os olhos lentamente. Tinha a vista sem brilho e fez uma expressão de dor, tentando se mover sem condições. Depois desviou o olhar e virou um pouco a cabeça até notar que estava ali.

_ _ _ _ _


Quando abri os olhos, forcei a vista devagar, não via nada ao redor além do escuro e sentia muita náusea. Um frio percorreu meu corpo, mas sentia que não estava sozinha, que alguém me amparava. Que colo seguro...

Levantei a vista com dificuldade, e fui percebendo algo mais do que escuridão. Aos poucos, o que enxergava se definia e fiquei surpresa com o que vi. Era simplesmente o Darien como Endymion.

Logo fui tomada por um misto de alegria e surpresa. Ele estava aqui, no fundo, sabia que ele viria cedo ou tarde.

- Darien...

- Não fale... - apesar da tontura, podia ver seu rosto preocupado.

- Cuida da Rini... Não posso mais fazer isso... - disse em meio a dificuldade e as lágrimas.

- Por favor, fique comigo, eu vou te ajudar. - ele pediu.

- Não se preocupe... talvez... seja melhor assim... eu prometi... iria ficar longe... - falava com esforço, apesar do cansaço.

- Não... deixei de ficar perto quando você mais precisava. - ele disse muito triste.

- Nunca vou... esquecer você...

- Me perdoe... cometi um erro terrível. - Darien não se conformava.

Estendi uma das mãos trêmulas com esforço. Darien segurou-a e aproximou minha mão junto do seu rosto.

- Eu... te amo.

Mal senti que terminava de proferir as últimas palavras que conseguia expressar e fechei os olhos novamente, perdendo o ânimo, em meio as lágrimas. Iria deixar o Darien para sempre. Esperava que o melhor que podia fazer era desejar que ele defendesse a terra em meu lugar com êxito e encontrasse uma pessoa melhor que eu.

Ouvia a voz dele tão distante... ele queria que ficasse e teria sorrido se tivesse forças... sem dúvida, ele me amava. Contanto que ele fique bem, não me importava morrer, não me importava cumprir a profecia de que algo ruim aconteceria comigo. Ouvi meu próprio nome muitas vezes, ele me chamava e, fiquei sem sentidos.

_ _ _ _ _


Abracei seu corpo com toda força que podia. Chamei seu nome várias vezes, enquanto a via fechar as pálpebras devagar e inclinar a cabeça para trás. Tinha perdido a consciência. E a vida.

Gritei com toda minha força seu nome enquanto negava de uma vez por todas o que acabara de acontecer.

Me senti impotente quanto a minha função de protetor. Tudo o que fiz foi maltratá-la, contribui para tirar sua vida da pior forma, matando-a aos poucos...

De repente, entendi que a ligação que tenho com Serena me torna Tuxedo Mask para protegê-la ao detectá-la como Sailor Moon. Ter me afastado dela enfraqueceu essa conexão, quando deveria aumentar.

Fiquei abraçado a ela, chorando as lágrimas mais fortes, as mais amargas, desde que meus pais morreram.

- Agora falta apenas o príncipe. - ouvi uma voz longínqua atrás de mim.

Deixei Serena sob o chão, enxugando as lágrimas com um dos braços, me levantando na direção daquele malfeitor. A minha tristeza acabava de se transformar em raiva.

- Então foi você. - disse possesso de raiva.

- Não se preocupe, vai ser o próximo. - disse o sujeito.

- Você que pensa, seu covarde! - falei prestes a atacar.

- Sou muito mais forte seu insolente!

- Matou quem eu mais amava... isso não vai ficar assim. - disse, sacando minha espada.

- Veremos. - falou preparando seu ataque.

Lançou um golpe de energia contra mim. Fiz menção de me desviar, mas ele já estava com outro raio de energia por disparar. Joguei algumas rosas em sua direção e parti para o ataque com a espada. Contudo, segurou minha arma com a palma das mãos e jogou o mesmo ataque. Consegui me desviar novamente.

- Não achei que fosse tão forte. - afirmou sarcasticamente.

- Ainda não viu nada. - disse, notando que havia um arranhão no meu ombro.

Arranquei a espada dele e voltei ao ataque com as rosas. Ele conseguiu se desviar e, continuei insistindo. Contudo, ele concentrou uma bola de energia para aniquilar o efeito do golpe que tinha lançado. Minhas rosas sumiram no interior da energia maligna que veio até onde eu estava.

Mantive a espada em punho, como príncipe iria lutar até o fim, até vencê-lo. Sempre ajudava Serena nos momentos mais críticos e falhei em minha função, o que custou sua vida. Meu dever era enfrentá-lo e acabar com ele de uma vez por todas.

- Depois que acabar com o príncipe, não haverá mais nada que possa deter Black Moon. - disse sorrindo e voltou com golpes de energia maligna.

Notei que o golpe era mais forte, parece que estava usando realmente seu poder de verdade.

- Está com medo? - perguntei.

- Não diga bobagens. - falou aumentado mais seu poder.

Embora me desviasse, o golpe atingiu meu braço com força. Caí no chão, mas logo me levantei com ajuda da minha espada.

- Seu planeta e o reino lunar negro serão um só brevemente. Não pode fazer nada para evitar, a não ser que sirva a mim. Toda a luta das guerreiras e da princesa foram em vão. Chega a ser patético, idiota!

Lembrei das guerreiras que estavam desaparecidas. Em seguida, me veio a imagem de Serena desfalecida em meus braços. Apertei uma das mãos, enquanto a outra segurava a espada. Via Diamond lançar uma energia maligna mais forte. Os feixes de raios se materializam em cristais. Tomei uma decisão, sentindo uma energia que emanava de mim.

- É o seu fim. - ele disse após o golpe com um sorriso triunfante.

Abaixei a espada, ainda sob impacto do que acabara de acontecer. Tinha estendido a espada contra ele, que se preocupou tanto em me acertar com seus golpes, que não percebeu meu ataque.

Diamond se afastou ferido no abdômen sem parecer acreditar.

- Não... como é que... - disse colocando a mão no ferimento.

Fiquei em silêncio, enquanto observava seu corpo desaparecer aos poucos e ser tragado pelo buraco negro.

Senti um vento leve passar e voltei até onde estava o corpo da Serena. Peguei-a novamente em meus braços.

- Serena... - falei com um triste pesar.

Levantei a vista e vi que não estava sozinho ali com ela. A sombra se materializou e reparei que era um homem idêntico a mim.

- O que significa isto? - perguntei atônito.

- Sou você do futuro, Príncipe Endymion. - respondeu.

- Essa voz... - e lembrei daqueles pesadelos horríveis. - Como pode ser eu mesmo e tomar uma atitude dessas? - falei perplexo.

- O que você e Serena sentem um pelo outro, merece continuar por muito, muito tempo. Os pesadelos que lhe enviei eram para fortalecer este amor. E de fato isso ocorreu, a custo de muitas provações.

- Mas... eu a perdi. - falei inconformado.

- Não se preocupe. Precisa trazê-la de volta. - falou.

- Como? Por que não apareceu antes para evitar uma tragédia?

- Seu dever como príncipe é tomar decisões por si mesmo sem interferências de outras pessoas, ainda que eu seja você futuramente. Conseguiu amadurecer à duras penas e agora pode desenvolver ainda mais seus poderes como príncipe. - disse.
Então, meu eu do futuro pediu que colocasse uma das mãos na cabeça da Serena. Ele emanou uma energia, idêntica a minha, obviamente. Senti uma energia amarela emanando de mim também. Uma aura era emitida por meus dedos e percorria o corpo dela instantaneamente.

- Pode sentir o estado das pessoas pelo toque, o que permite usar seu poder de cura com quem quer que seja.

Notei que o ferimento da Serena foi sumindo aos poucos. Esboçei um sorriso com os olhos ainda lacrimejados.

Eu e meu eu do futuro paramos de emanar energia. Aos poucos, as fitas rosas se reconstituíram novamente no uniforme de Sailor Moon. Serena voltou a abrir os olhos. Mal podia acreditar que havia tido uma segunda chance. Uma oportunidade que não iria desperdiçar.

_ _ _ _ _


Olhei ao redor meio incrédula. Estava viva? Percebi que Darien continuava ao meu lado. Coloquei uma das mãos em meu peito e percebi que meu ferimento tinha sarado. Meu uniforme de sailor scout também estava de volta.

- Você acordou. - Darien disse satisfeito, voltando a forma de Tuxedo Mask.

- Darien... - disse olhando complacente, notando um sujeito perto da gente.

Ficamos olhando um para o outro, como nos velhos tempos. Era como se nada de ruim tivesse acontecido e, de certa forma, ainda está acontecendo.

- Obrigado por sua ajuda Endymion do futuro. - ele agradeceu.

- O que? - exclamei surpresa.

- Aqueles pesadelos foram enviados por ele Serena, meu eu do futuro... para fortalecer nosso amor. - Darien explicou.

- Você fortaleceu sua energia e agora ficou mais forte. - o príncipe do futuro falou.

- Eu... também tinha estes pesadelos. - admiti.

- Isso não importa, não mais. O importante é que você está bem. - Darien disse.

- Mas não é tudo. - falou o Darien do futuro.

- Não entendo. - falei.

-  Wilseman e o Fantasma da Morte ainda ameaçam a paz no presente e no futuro.

- O que podemos fazer?

- Precisa usar o cristal de prata. No momento certo. - ele falou e viu outra pessoa se materializar do futuro.

- O cristal? - mal acreditei no que ouvi.

- Está é você do futuro princesa. - o príncipe do futuro confirmou.

- O que você querem dizer? - Darien pergunta se referindo ao cristal de prata.

- O Reino Lunar foi invadido por Black Moon para ter posse do cristal de prata. Conseguimos detê-lo temporariamente, mas não foi o suficiente. Por favor, derrote Wilseman e o Fantasma da Morte. Eles são os mandantes no Reino Lunar Negro com a ajuda do cristal.

- Por que estão atrás da Rini? - perguntei.

- Ela se parece muito com você fisicamente Serena... - fez uma pausa. - Ela é sua filha com o Darien.

- O que? - eu e ele exclamamos perplexos ao mesmo tempo. Era muita coisa junta de uma vez só.

- Com a ajuda de Sailor Plutão, ela foi enviada até aqui, ao presente, para avisar todos vocês. - falou o Rei Endymion.

- Agora entendo. - falei.

- Não sabemos onde está o outro cristal de prata. Encontrem-o e terão uma ajuda de grande valia em batalha. Vamos selar o buraco negro, mas temporariamente. - disse Princesa Serenity.

Princesa Serenity e Príncipe Endymion simplesmente somem no ar. Aos poucos, o buraco negro foi desaparecendo e sumiu, abrindo um clarão que se revelou no amanhecer. Tudo tinha para ser um lindo dia, mas eu e Darien ficamos perplexos.

- Não, não vão embora! - gritei.

Precisava procurar Rini, as guerreiras, Lua e Artemis. Fiz menção de me levantar, Darien ficou me apoiando ali, até que eu ficasse de pé. Pedi para ele para irmos atrás de todos, mas para minha surpresa e para a surpresa dele...

Logo adiante na mesma rua Lua e Artemis caminhavam até onde estavamos. Sailor Mercúrio, Marte, Júpiter e Vênus aparecem. Rini estava no colo de Marte. Estavam cansados, mas pareciam bem. Sorri de felicidade por estarmos todos reunidos, tinha tanto por contar das batalhas e dos últimos acontecimentos, mas todos estavam sérios, inclusive o Darien.

- O que está acontecendo? - perguntei.

Precisei fazer a pergunta para romper o silêncio que pairava, ao notar todos com aquele comportamento. Sem dúvida, não era só eu ou o Darien que tinhamos por falar. Muitas situações ocorreram com eles também. Segurei a mão dele, para mim era um refúgio e senti que ele retribuía de volta. Sabia que precisava daquela força e, que poderia contar com ela, diante das preocupações que ainda viriam pela frente.

Ilana Sam
02/11/2012
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Depois de meses, segundo capítulo terminado, nem acredito! Começei a escrever esta fic em 2009 (pasmem!). No começo, era apenas um esboço. Até que neste ano de 2012 tive vontade de terminar os dois primeiros capítulos. Havia muitas coisas em aberto e, com a história crescendo, resolvi separar em três partes. Tinha decidido que iria manter um amadurecimento progressivo dos personagens, conforme o desenrolar dos fatos.

O Darien ficou indiferente com a Serena até a situação chegar ao limite. Sailor Moon teve que demonstrar sua força num momento que achava que não tinha nenhuma. Diamond deu muito trabalho apesar da Serena ser uma princesa, aprendendo a lidar com sua vida como guerreira. A luta entre Diamond e Endymion exigiu muito controle do Darien apesar do desespero de perder temporariamente quem mais ama. O sofrimento provocou uma situação insuportável, mas cheio de lições.

O que ocorreu na viagem das guerreiras e como ficará a situação do nosso casal preferido será explicado no próximo capítulo. Daqui para frente, Serena e Darien terão que por as coisas no lugar, em meio aos mistérios de vida passada.

Sugestões e críticas serão sempre bem-vindas! E-mail: ilanapr@hotmail.com.

Até o último capítulo!
 

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