|

[Original] Desculpe-me, Eu Te Amo - Capítulo 1, escrita por Linanime

Capítulos: 1 2 3 4 (completa)
Autora: Linanime
Fandom: História Original
Gênero: Drama, Romance, Angústia, Humor.
Classificação: 12 anos
Status: Completa
Resumo: Elise é uma jovem um pouco diferente dos demais de sua idade: ela aprecia ler livros, poemas e ouvir músicas em um toca-discos, enquanto os demais ficam enfurnados em redes sociais utilizando aparelhos tecnológicos. Neon é um rapaz superficial que vive apenas de aparências, e é considerado o garoto mais desejado da escola. Sendo diferentes, seria quase impossível que eles interagissem. Porém, uma professora resolve fazer um projeto diferente na escola. Elise teme o pior, já que possui um segredo que tenta esconder com todas as suas forças.

Disclaimer: Os personagens originais pertencem à autora.
Notas: História escrita para o Coculto, um amigo oculto de fanfics promovido pela comunidade Saint Seiya Super Fics Journal.

Olá, Andréia Kennen, espero realmente que goste da maneira como desenvolvi o tema que você fez. Fiquei fascinada por esse tema logo que li e foi a minha escolha prioritária. Sou muito fã de originais! Foi um prazer escrever para ti. Tive que criar alguns personagens para conseguir terminar o enredo. Peço desculpas porque Humor não é meu forte, então não sei se o que eu consegui estará de acordo com suas expectativas.

Cada capítulo tem um título baseado em um sentimento que tentei explorar ao longo dele. Nesse primeiro capítulo o sentimento que será explorado é a dor, em especial a dor presente na mocinha da história: Elise.

Agradeço a todos que lerem e comentarem! Isso me deixa muito feliz.


Capítulo 1 - Dor: um sentimento que machuca mais que lâminas afiadas


Era uma vez, assim começam os contos de fadas, uma família comum, com pais apaixonados e uma filha. Os pais dessa menina pertenciam à classe média como várias outras famílias e se amaram muito, mas eles tinham algo de diferente, a esposa possuiu anteriormente um status inferior ao do marido e o casamento deles quase não aconteceu. Era uma noite fria e chovia muito, a jovem Julia caminhava para conseguir chegar a sua casa, estava escuro e ela completamente enxarcada. Sua mãe pedira para que fosse a uma mercearia comprar alguns ingredientes para que ela fizesse uma canja naquele dia frio, não estava chovendo e Julia achou que pudesse voltar antes que as pesadas nuvens descarregassem sobre a cidade. Fora um engano caro, a chuva torrencial começou a cair alguns metros da mercearia, ela continuou caminhando, mas agora estava arrependida de não ter parado em algum lugar. Seus pés começavam a vacilar, o peso de suas roupas e a água empossada no asfalto dificultava a caminhada, o frio faziam com que seus dentes batessem descontroladamente e seus musculos tremesse, ela não podia parar agora mesmo com o risco de sofrer algum tipo de acidente. Olha para os lados e percebe a rua deserta, sabia que havia alguns rumores de pessoas que foram atacadas nessas proximidades, por esse motivo tentava caminhar ainda mais rápido.

—Mocinha espere um momento! Fala uma voz estranha.

Julia começa a correr, pelo menos tentava já que o peso a impedia e ela deslocava-se vagarosamente. O homem que a abordara antes estava tão próximo dela que a jovem mal teve tempo de piscar quando as mãos brutas seguraram-na pela boca e puxaram-na para um corredor que havia entre dois prédios próximos a eles. Não podia gritar, não podia ao menos lutar contra as mãos que eram mais fortes que ela. Tudo que trazia em suas mãos caíram e o pânico começara a aparecer na face da jovem, lágrimas em seus olhos e o pensamento ruim de que não pudesse mais existir nesse mundo. Fecha os olhos enquanto as lágrimas escorriam de sua face, não a molhando mais do que a chuva já molhara. Seus punhos são apertados, porém logo sente tudo afrouxar e algo pesado cair sobre suas pernas.

—Você está bem senhorita? Pergunta um jovem com um pedaço de madeira na mão.

—Obrigada! Diz Julia entre lágrimas.

O rapaz sorri, um sorriso calmo e reconfortante....

O sinal toca e ela deve fechar seu precioso livro e deslocar-se para sua sala de aula. Suspira profundamente enquanto caminha, queria muito saber o final daquela história. Ela caminha calmamente, seus cabelos voavam com a brisa que passava, longos cabelos negros, meio ondulados nas pontas presos em um rabo de cavalo, com algumas mexas caindo sobre a face. Isso a incomadova, tentava tirar-los do rosto para não atrapalhar sua visão. Sua pele era clara, parecia ser suave se voce parasse para reparar nela, coisa que poucas pessoas faziam. Seus olhos eram castanhos, uma cor que em alguns momentos ficavam mais avermelhados e em outros com uma tonalidade mais próxima ao ambar. Seu corpo era magro, delicado. Não mostrava detalhes, usava roupas que lhe cobriam todas as curvas, o que a fazia mais diferente das adolescentes que frequentavam sua escola. Geralmente elas vestiam-se com saias ou shorts curtos, a maioria acima da metade da coxa, blusas decotas e em alguns casos, como da Ambre, parecia que se ela espirrasse tudo sairia pela blusa. Ambre era a patricinha mor da escola, uma jovem de corpo cheio de delineamentos, busto muito desenvolvido, cabelos tingidos de loiro na altura da cintura, lisos artificilamente, lábios volumosos e chamativos, assim como todos os demais detalhes. Suas roupas expunham mais do que era necessário e todos os meninos ficavam literalmente babando por ela.

—Se ele não pegar uma toalha, vai escorrer pela boca. Diz a jovem que carregava o livro baixinho só para si.

Ambre estava com suas amigas, mesmo próximas trocavam mensagens por seus celulares de última geração, todos eram decorados com pedras brilhantes e pingente de coração. Usava nesse dia uma saia rosa curta e rodada e uma camiseta de mesma tonalidade com os seios quase saltando pelo decote. Ambre olha para a jovem que trazia consigo seus livros e seu material escolar, começa a gargalhar, possivelmente dela, mas a garota começa a afastar-se com um pouco de pavor na face, aquilo a deixava sempre naquele estado. Caminha rapidamente esbarrando em alguma coisa dura e fria, possivelmente não era uma pessoa.

—Olha por onde anda garota!

Aquela voz era de um dos mauricinhos da escola e se não se enganava era o melhor amigo do garoto mais popular e desejado da escola. Ela olha para cima e constata ser mesmo o Andrei, o segundo garoto, mas cobiçado da escola. Porém o pavor que aparece na face da garota assusta-o, ele trazia um video game portatil moderno e estava possivelmente jogando enquanto caminhava, a garota fica paralisada de medo. Sai correndo rapidamente deixando para trás um belo rapaz perplexo.

—O que você fez com ela, Andrei? Pergunta alguém.

—Professor eu não fiz nada. A garota simplesmente saiu correndo! Diz em defesa.

Não foi o bastante, o jovem foi levado à direção para melhores explicações. Outro professor procurava a garota para que ela dissesse se o mauricinho falava a verdade. A jovem correu até chegar a uma pilastra próxima a sua sala de aula, parou por um tempo e respirou fundo. Uma linda pele clara, cintura bem definida, coxas a mostra e uma sai rosa param a sua frente. Lindos olhos verdes a encaram profundamente, um decote imenso mostrando mais detalhes que deveria e cabelos loiros esvolaçantes em um liso escovado denunciavam quem seria a mesma.

—O que você fez ao Andrei? Fala Raivosa e acusando, com o eco das demais garotas que estavam com ela.

—Ambre não sei do que está falando. Diz a morena tentando entrar na sala.

—Não sabe?! Ele está na diretoria por sua culpa. Saiu correndo feito uma nerd, que é, e o coitado levou a culpa de ter feito algo contigo. Fala Ginger a segunda patricinha, braço direito de Ambre.

—Apenas não queria chegar atrasada na aula e lembrei que precisava pegar algo no armário. Se não me der licença, irei ficar sem o que necessito pegar. Fala a jovem tentando sair de perto de Ambre.

A morena não conseguiu dar muitos passos porque as patricinhas do grupo da Ambre a cercaram e não a deixariam em paz tão cedo. Um professor chega e vendo aquele amontoado de garotas desconfiou de duas coisas: ou seria o fato de Neon ter chegado no local, o garoto mais bonito e desejado da escola ou era a garota que ele procurava. Como Neon acabara de aparecer ao seu lado olhando para a confusão, ele teve certeza do que seria.

—Senhorita Elise preciso falar contigo. Fala o professor com autoridade.

As patricinhas abrem um caminho para ela sair, Elise olhava para o chão, estivera em pânico a poucos minutos. Olha para a sua ex futura agressora e pelo olhar de apaixonada que estava inferiu que o garoto mais popular da escola estava por perto. Olha calmamente para cima deparando-se com um belo par de olhos azuis curiosos olhando diretamente para a confusão em que estivera metida. A tonalidade era de um azul intenso, meio cinzento às vezes, mas com uma força capaz de fazer as garotas perderem o chão ao serem atingida pelo olhar do rapaz, o que geralmente acontecia, principalmente se o olhar vinha acompanhado do meio sorriso perfeitamente esculpido na face do rapaz. O rosto era semelhante a uma obra prima de um artista famoso, todos os detalhes estavam no local de forma que tornava tudo perfeito, a face não perdia a masculinidade em seus traços firmes. A pele clara combinava perfeitamente com os olhos claros, mas constratava com a cor de seus cabelos, lindos fios negros dançavam com a brisa que passou, indo até um pouco abaixo das orelhas. Não eram completamente lisos porque as pontas pareciam um pouco onduladas ou seria o vento? Ele era alto, seu corpo tinha musculos trabalhados e bem delineados, o peito era visivel pela camisa com botões abertos, camisa essa de tonalidade branca, estilo social com as magas dobradas mostrando os braços fortes que a maiorida da escola deseja ter ao redor de sua cintura. A calça era de tecido negro e sapatos terminavam a figura que todas as garotas estavam idolatrando no momento.

—Honey! Gritou Ambre correndo até ele e pendurando-se no pescoço do rapaz.

—Bom dia para você também Ambre! Falou seco.

—Neon, vamos sair hoje depois da aula? Falou ela sedutoramente.

—Dispenso! Onde está o Andrei? Perguntou Neon olhando ao redor.

—Na diretoria! Falou o professor parando em frente a Elise.

A morena seguiu o professor até a diretoria. Lá estava o mauricinho contando a sua versão, o rapaz olha para a porta quando Elise chega. Os belos olhos verdes dele pareciam implorara para que ela o liberasse daquele local, o cabelo penteado de forma rebelde estavam molhados com suor, isso deixava os fios dourados ainda mais brilhantes. A pele dele era clara, era tão alto quando Neon e diziam que os músculos eram tão definidos quanto, mas isso Elise não sabia ser verdade. O loiro usava uma camiseta azul escuro e uma calça de tecido preta com tênis, nesse dia ele não estava tão mauricinho, se bem que aquela calça deveria ser de alguma marca famosa assim como o restante da vestimenta.

—Senhorita Elise, esse rapaz fez algo contigo hoje? Pergunta o diretor friamente.

—Não senhor! Fala Elise firmemente.

—Então porque correu apavorada quando se encontrou com ele? Pergunta assustadoramente dessa vez.

—Porque eu tinha que pegar algo no meu armário e colocar um livro sendo que não desejava chegar atrasada para a aula. Fiquei temerosa por isso e logo corri senhor! Diz com conficção na voz e a face começando a ficar corada.

—Então ambos estão dispensados! Falou o diretor.

Elise suspirou enquanto caminhava sendo acompanhada por Andrei, esse logo se distanciou dela para encontrar-se com Neon e atrapalhar a paz nas salas de aulas enquanto passavam e as meninas ficavam alvorossadas. Os três chegam à sala de aula e sentam-se, enquanto a rotina prossegue, as meninas olhando para os garotos mais belos da escola e Elise sentando no na última carteira perto da parede a esquerda, onde não ficava em evidência. Os professores começam as aulas e passam vários trabalhos, um deles sobre um filme épico, a resenha deveria ser entrega na próxima semana.

—Vamos fazer o trabalho juntos Neon? Fala Ambre manhosa e cheia de amor para dar.

Neon sorri, seu famoso e misterioso meio sorriso, todas as garotas começam a olhar para os dois, estavam certas que dessa vez Ambre conseguiria sair com o rapaz, até mesmo a professora estava espionando, todas com os celulares prontos para gravar a ocasião tão esperada, Neon dizer sim a Ambre. O rapaz aproxima-se um pouco mais do rosto da loira, Andrei fica sério, Neon toca uma mexa de cabelo de Ambre e leva até o nariz aspirando o perfume que dele exalava. Ambre fica corada, nesse momento todas as garotas suspiram fazendo com que Elise comece a observar a cena também.

—Não saio com garotas que tem o cabelo com um cheiro tão ruim quando o seu! Falou ele friamente.

Ambre fica perplexa, Andrei começa a gargalhar e Elise não consegue segurar o riso, aquela patricinha merecia ouvir algo como aquelas palavras. A loira fica furiosa e sai como um furacão da frente do rapaz, parando na porta e gritando para ele e toda a cidade ouvir.

—Meu cabelo não cheira mal! Fala furiosa.

—Você já sentiu o cheiro do seu cabelo? Pergunta Neon calmamente.

—Não! Falou Ambre confusa.

—Então peça a seu cabelereiro para não exagerar na química na próxima vez e colocar mais essencias, para não ficar com cheiro de cachorro mal lavado. Falou Neon levantando-se e indo até a porta.

—Quem sabe assim voce não consegue o que tanto deseja! Se for para ser artificial, que seja bem feito ou não vai agradar a quem você deseja. Falou o rapaz sussurrando deixando a loira com a face vermelha.

Neon e Andrei saem da sala enquanto todas as outras observam Ambre com a face de uma garota extremamente apaixonada. Elise suspira, precisava ir a biblioteca e pegar o livro sobre o filme, afinal livros eram bem mais descritivos e possuíam mais detalhes que os filmes. Ela não desejava perder tempo na frente do computador vendo nada, se bem que ela não desejava mesmo fazer isso. Só o pensamento fazia com que ela ficasse completamente arrepiada e um frio passar pela sua espinha. Caminha calmamente até a professora e pergunta se poderia usar o livro como base, a mulher a olha calmamente enquanto a garota estava um pouco distante da mesa, dizendo que tudo estava bem, Elise poderia ler o livro sobre o filme.

A jovem sai saltitante de felicidade, indo calmamente até a biblioteca, porém duas cenas chamam sua atenção. Um grupo de garotas que não faziam parte das populares estavam conversando com Neon, ofereciam o trabalho inteiro e perfeito para tirar a nota máxima se ele lhes dessem um beijo na face. Andrei sorri quando elas surgem com essa oferta, Neon permanece sério o que o deixava ainda mais belo.

—Faremos um acordo, vocês se valorizam mais e eu irei valorizá-las. Mas se desejam tanto isso, posso aceitar a oferta desde que eu possa fazer o que desejar e voces não poderão falar nada ou me tocar em lugar algum! Falou Neon sério.

—Sim aceitamos! Falaram as meninas felizes.

—Como garotas apaixonadas são bobas! Suspira Elise.

—Então estamos acordados, vou comprar instrumentos de tortura! Falou o rapaz.

Ele estivera brincando até aquele momento, quando estava a alguns passos disse a verdade e que não desejava o trabalho feito por elas, o preço era alto demais para ele. Não iria ser forçado a beijar ninguém. Saiu andando deixando tristeza e desilusão para trás.

Na outra extremidade, os meninos nerds faziam uma oferta Ambre com o preço de ela levantar um pouquinho a saia. A garota aceita, afinal saias mais curtas que a que usava ela possuía aos montes. Elise caminha para a biblioteca, pega o livro e fica com a face muito feliz.

—A senhorita sempre fica feliz quando pega um livro! Fala o senhor que trabalhava no local.

—Eu gosto muito! Cada livro é a porta de entrada em mundos diferentes sem precisar pagar mais por isso! Diz a jovem com um belo sorriso na face que fez o homem surpreender-se.

—Elise, se mostrasse esse sorriso aos outos, mais pessoas estariam perto de você! Fala o senhor calmamente.

—Tio eu não quero que pessoas se aproximamem de mim por aparência ou qualquer característica física, quero pessoas que gostem da minha real essencia, aquilo que vai além das aparências! Falou Elise sinceramente.

Ela volta para casa calmamente, caminhando pela rua enquanto pensa no novo livro que poderia ler. Elise sempre tentava andar não prestando tanta atenção na rua para que ela não começasse a temer algo ao seu redor e dessa forma não iria conseguir continuar caminhando. Suspira, alguém ouvindo musica no celular esbarra nela deixando-a rígida de medo, fica paralisado por algum tempo antes que pudesse continuar até sua casa.

—Mãe, estou em casa! Fala subindo para seu quarto o mais rápido que podia.

—Bem vinda de volta querida. Quando o jantar estiver pronto eu a chamarei, não precisa ter preocupações hoje! Falou a mãe aparecendo na porta que dava a cozinha.

Elise sorri para sua mãe e sobe em disparada. Sua casa consistia em dois andares, no primeiro encontrava-se a sala de estar, a sala de jantar, a cozinha, a área, o quartinho da empregada e um banheiro e um quarto que funcionava como biblioteca. No segundo ficavam os quartos, eram quatro, o dela e de seus pais, os outros eram de hospedes. Como a família era pequena seus pais optaram por uma casa menor, mas com conforto. A jovem abre a porta e entra suspirando, o dia fora cheio. Caminha até o criado mudo onde ficava seu toca discos, escolhe um com músicas calmas e coloca para tocar. A melodia servia para deixá-la melhor, todo dia era uma luta diferente. Deixa suas coisas sobre a cama e vai tomar um banho relaxante, seu quarto possuía banheiro próprio. Retira as roupas devagar enquanto pensa no dia que tivera, deixa a água morna do chuveiro cair sobre seu corpo tenso proporcionando uma sensação de relaxamente. Troca-se e observa a pequena comoda que possui em seu quarto, repleta de objetos feitos por ela, as pequenas bonecas de lã seriam presentes que mandaria para as meninas que viviam no orfanato, ainda precisava terminar os carrinhos de madeira para os garotos e os ursinhos para os menores.

—Prometi uma caixinha de joias para a senhora Ana, tenho que terminar até o final do mês! Pensa Elise.

Pega uma caixa que ficava na porta do extremo direito de seu guarda roupas e pega algumas cartas para ler, alguns poemas reconfortantes e seu diário que ficava no fundo de tudo para não ser encontrado por qualquer um.

Querido diário

Hoje o dia foi muito estranho, um pouco mais que o normal. Não tem como a semana ficar pior, isso é confortante. A Ambre continua como sempre, implica com todos e tenta sair com o Neon. Alguns dizem que eles se encontram escondidos, mas se ele não fizesse o papel de todo poderoso na escola não teria tantas fãs.

Você vai se surpreender com o que eu descobri hoje, diário querido. Sempre achei que a única qualidade de Neon era ser bonito e atrair as garotas bobas da escola. Mas hoje ele se mostrou diferente, pela primeira vez eu vi que existe algo mais além da casca, ele despresou algumas garotas porque elas estavam se oferecendo, disse para elas se valorizarem.

Teve muitas coisas ilárias hoje na escola, porém foi muito ruim. Esbarrei com o Andrei, fui cercada por garotas. Foi arrepiande andar enquanto todos estavam falando em seu celulares, iPod e sei lá mais qual o nome daquelas coisas que eles usam. São tantos diferentes. Senti cada arrepio, fico feliz de não ter problema de coração ou teria infartado.

Contudo não tem como minha semana ser pior. Não tem mesmo. Até amanhã querido diário.

Elise termina de escrever essas palavras, cola um adesivo que mais marcou seu dia e escreve alguns versos. Sua mãe a chama e ela vai jantar. Sobe rapidamente para seu quarto e se entrega a leitura do livro, enquanto seus pais foram ver televisão.

Elise realmente achava que o dia não poderia ser pior, que não haveria mais nada tão crítico como esse primeiro dia de aula dessa semana. Entretante, seus pais sabiam de algo mais que não tiveram coragem de contar a jovem já que ela chegara tão abatida. Era melhor esperar a professora dizer no outro dia, a morena já tivera notícias ruins e sustos em um só dia, deixe as outras notícias para o próximo.

A jovem acorda cedo, abre sua jabela e observa o sol. Tudo indicava que esse dia seria maravilhoso. Desce saltitante de felicidade e com um sorriso que parecia cobrir toda a extensão de sua face. Toma um maravilhoso café com os pais e fica na calçada esperando que seu pai saisse com o carro para a levar a escola. Bastou colocar os pés na entrada para respirar fundo, tudo estava começando a piorar. Será que os jovens de sua época não sabiam fazer mais nada além de carregar aparelhos modernos e ficar enfurnados em redes sociais? Será que eles poderiam manter uma conversa ao vivo por miseros minutos? Eles passavam horas dedicando-se a “rede” e segundos dedicando-se a vida real.

—Tenha um ótimo dia, querida! Fala seu pai sorrindo.

—Bom trabalho pai! Fala Elise acenando.

—Hoje eu vou tentar começar com o pé direito! Pensa Elise.

Por infeliz sorte ela tropeça em algo que estava no caminho, era um tablet de alguém. Como uma pessoa conseguia perder aquele objeto? Desequilibrada ela esbarra em algo firme, o impacto machucou um pouco, será que ela uma das pilastras da entrada da escola? A escola seguia um estilo barroco na face externa e por dentro era meio barroco e meio vitoriano, completamente detalhado em amarelo ouro. As pilastras eram brancas dando a impressão de um prédio histório saído de um livro de história, mas isso não é o mais importante. Diversos lustres estavam nos corredores e pinturas de artistas renomados, além de tapetes de várias cores compunham aquele estabelecimento, tudo era impecável, porém isso tambem não é importante no momento. O que realmente interessa é saber se Elise estava bem já que parecia ter perdido a consciência no esbarrão. Ela tenta sentir o que tocou enquanto busca um equilíbrio para colocar-se de pé. Não sente a friesa de uma pilastra de marmore ou alvenaria, o que ela sente é calor, calor humano e um torax com musculo perfeitamente esculpidos em toda a extensão. Abre os olhos e depara-se com lindos olhos azuis, aqueles olhos que deixavam as outras garotas nas nuvens, mas que não funcionavam contra ela. Ele sorri, em que a garota pensava enquanto buscava apoio no seu peito?

—Desculpe-me, tropecei em algo e acabei perdendo o equilíbrio. Falou Elise meio envergonhada por ter percebido onde tocara.

—Alguém perdeu um Tablet! Diz Neon apontando para o objeto que a jovem tropeçara.

Elise espanta-se. Precisava sair correndo do local antes que as fãs do rapaz a perseguissem. Ele apenas sorri enquanto a garota sai em disparada para a sala de aula.

—Neo o que aconteceu aqui? Pergunta Andrei surpreso.

—Estou tentando entender também. Diz Neon suspirando.

—Vai entender as nerds! Fala Andrei caminhando junto a Neon.

—Somente se eu me colocasse no lugar delas! Fala o jovem sorrindo.

—Impossivel! Diz Andrei caindo na gargalhada.

O sinal toca denunciando que todos deveriam estar na sala se não quisessem ser repreendidos. A professora entra eufórica na sala conectando seu netbook ao projetor e ligando-o com o controle para projetar na parede a suas costas. Elise suspira, essa felicidade poderia ser que ela finalmente arrumou um namorado?

—Por favor, que seja isso! Torce Elise.

—Professora Maron, finalmente conseguiu um namorado? Pergunta Ivy outra amiga de Ambre.

—Não toque em assuntos delicados e me deixa ser feliz por um dia? Que culpa tenho eu que os homens não conseguem ver a beleza fenomenal, intelecto superior e corpo de deusa que eu tenho?! Fala Maron raivosa.

A professora era uma mulher ruiva de lindos olhos verdes esmeralda, porém era esbelta e não possui muito seio e nadegas então os rapazes não se interessavam muitos. As sardas eram escondidas por maquiagem para ficar mais bonita. Travaja uma sai preta com uma camiseta branca e sapatos de salto agulha pretos.

—Então qual o motivo da sua felicidade? Perguntam as meninas juntas exceto Elise.

—O motivo é a aceitação dos pais de vocês para um projeto da escola. Alunos a partir de amanhã vocês vão viver a vida de um colega e escrever o que aprenderam dessa experiência. Serão formadas duplas e essa troca durará um mês inteiro. Falou a professora sorrindo.

Todos ficaram perplexos, como assim viver a vida alheia? Seria melhor escolher alguém conhecido para formar dupla porque assim ficaria mais fácil escrever.

—Nesse período você irá morar na casa de seu companheiro, irá ter que desempenhar as atividades que essa pessoa faz, terá que ser a pessoa. Por isso pedimos permissão aos pais. Falou a professora saltitando de felicidade.

—Professora como será essa escolha da dupla? Pergunta Elise mais apavorada que o normal.

—Eu irei fazer o sorteiro aqui e agora. Meu computador já está com o programa instalado, tenho o nome de todos já cadastrados e ele irá colocar os nomes das duplas em ordem de seleção. Então vamos começar. Falou a professora abrindo a janela do programa.

—O QUÊÊÊÊÊ? Gritam todos assustados.

—Não tem como tudo ficar pior, não tem como ficar pior! Pensa Elise tentando ser positiva.

As duplas vão sendo selecionadas e surgindo na tela. Todos ficam focados para ver seu nome aparecer, a última dupla a ser selecionada faz com que todos fiquem mais perplexos do que já estavam, os olhos dos formadores da dupla pareciam saltar das orbitas, era impossivel aquilo acontecer, a probabilidade era muito pequena.

—Você não tinha acabado de falar que só entenderia a nerd se vivesse a vida dela Neo?! Aconteceu. Diz Andrei sussurrando.

—Eu achava que não poderia ficar pior. Pensa Elise quase chorando.

—IMPOSSIVELLLLLL! Gritam todos.

Elise levanta-se ao mesmo tempo que Neon, ambos pediram a professora para fazer uma troca, Elise implorou para não entrar nesse trabalho com lágrimas nos olhos, os dois falavam em perfeita sincronia enquanto as fãs do belo rapaz choravam desesperadas por não terem feito dupla com ele. Ambos se encaram, Elise sente um frio assustador percorrer sua espinha.

—Não tem como trocar, foi um sorteio justo. Elise você terá que participar também, se não quiser — diz olhando séria para a jovem, um olhar de dar medo — sai da escola. Diz friamente a professora.

Elise senta na cadeira, queria achar um buraco para se esconder, queria fugir da escola, queria que esse dia nunca tivesse existido. Como poderia tudo piorar tanto em apenas dois dias? Suas lágrimas começam a cair molhando suas mãos e seu caderno, ela não queria que aquilo continuasse, ela precisava encerrar logo antes que ...

Ela é parada na porta por mãos fortes e um olhar petrificante. Ele não gostava da idéia tando quando ela, mas não estava chorando e com a determinação de sair da escola para fugir do problema.

—Vai fugir nerd? Perguntou Neon friamente.

—O que eu faço ou deixo de fazer da minha vida não é da sua conta. Eu tenho nome e não é nerd, é Elise, E-L-I-S-E! Fala a morena em meio a alguns soluços.

—A partir de amanhã vai fazer parte da minha conta também. Precisa preparar uma lista de suas atividades. Mas ELISE, vai fugir nerd? Pergunta frisando o nome da jovem.

—Já falei que não é de sua conta. Grita Elise.

—Então vai realmente desistir só por causa de uma bobeira dessas. Estou impressionado, a nerd não funciona sobre pressão e ao invés de lutar vai colocar o rabinho entre as pernas e fugir. Deixe-me lhe dar as minhas palmas. Fala Neon friamente e com um sorriso misterioso na face.

—Você não sabe de nada mauricinho! Grita Elise.

—Se você fugir agora eu vou levantar a sua saia antes que deixe aquele portão para deixar sua marca na escola. E não é que eu não esteja feliz de ficar sem dupla, estou amando. Mas meu hobe favorito é colocar os nerds mais embaixo que o manto da Terra e eu ainda não fiz nada contigo. Fala ele sorrindo sinistramente.

—Você não teria coragem! Falou Elise assustada.

—É um desafio? Pergunta ele firme.

—E se for? Pergunta ela.

Neon estala o dedo e alguns garotos que o idolatravam aparecem. Estava na hora de brincar com os nerds. Elise já tinha ouvido de alguns que haviam sido rebaixados por garotos da escola e que o possivel líder dos macacos era Neon, o descolado e desejado. Ela estava cercada, os garotos tinham tinta de tecido, tinta guache, spray entre outros materiais, ela não iria sair dali sem estar completamente humilhada por aquele grupo.

—Você é horrível! Fala ela enquanto encolhe-se.

—Obrigada! Fala ele irônico.

—Vai se aproveitar de uma garota indefesa! Fala Elise tentando se encolher mais em proteção.

—Sim! Fala ele com mais ironia na voz.

—Neo, já demos um susto nela, ela não vai revelar nada sobre a sua vida então podemos parar agora. Diz Andrei rindo da expressão de Elise.

—Também acho. Como se eu fosse sujar minhas mãos com a nerd. Vamos Andrei, nos vemos amanhã Elise. Falou Neon indo-se.

Elise chega à casa aos prantos. Ela achava que o dia não poderia ser pior, mas foi superior a todos os dias que já tivera. Abraça seu ursinho de pelúcia enquanto tentava acalmar-se. Hoje seu diário seria seu confidente, ela iria colocar todos os sentimentos que teimavam em quebrantar seu coração e fazer com que as lágrimas percorressem sua face.

Querido diário

Será que eu já não tive sofrimentos o bastante desde meu nascimento? Porque essas coisas estão acontecendo comigo?

—Parece que as coisas vão começar a esquentar na escola. Tenho pena da Elise, mas não posso fazer nada.

As palavras ecoam pela biblioteca da escola enquanto a tinta que percorria as páginas no diário de Elise era borrada pelas lágrimas que não paravam de descer pela face da garota.

Continua...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Também

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...