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[Naruto] Obsessão Fatal - Capítulo 9, escrita por Andréia Kennen

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Autora: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Ecchi, Hentai, Lemon, Mistério, Orange, Romance, Suspense, Universo Alternativo, Yaoi, Yuri
Classificação: 18 anos
Resumo: Quatro jovens de classe alta, amigos de infância, decidem desfrutar ao máximo dos prazeres da vida, utilizando-se de suas belezas, riquezas e juventude; e para isso, não medirão pudores ou consequências. Contudo, até mesmo no pervertido jogo da sedução, corre-se o risco daquele elemento surpresa aparecer: o amor. Será que eles saberão lidar com esse sentimento com a mesma maestria que dominam a arte do sexo? Confiram! [Fic +18. Yaoi. Yuri. Hentai. Lemon. Orange. UA. Terminada. Prólogo + 11 capítulos + Epílogo. (mesmo estando terminada seu comentário é importante!. Personagens principais: Naruto/Sasuke/Sakura/Ino.

Obsessão Fatal
Capítulo IX

Kakashi dirigia como um louco de volta para Konoha. No seu gravador, a voz de Gaara se repetia pela terceira vez. Precisava ter certeza de tudo que este havia lhe dito, e assim que chegasse à sua cidade, iria direto para casa de Tsunade.

A foto do loiro que o ruivo lhe entregara também estava ali, do lado do gravador. Já havia feito a comparação com um cartaz antigo de “Desaparecido” que carregava consigo. Tinha absoluta certeza. Era o filho perdido da Tsunade. Após anos de procura o próprio garoto se desenterrara. Todavia, a procura incessante da mulher sempre foi em Konoha, provavelmente, nem ela imaginava que o garoto não estava mais na cidade, apesar de que, esta hipótese já havia sido levantada algumas vezes.

E claro que, fora da sua jurisdição cada Departamento de Polícia age de uma forma. Afinal, o garoto está divulgado no sistema de “Desaparecidos” do país inteiro e, mesmo ele tendo passagens leves pela polícia local, em dez anos, nunca foi identificado.

O homem suspirou.

Mas sua preocupação não era mais esta. Deveria estar feliz por, finalmente dar a notícia da qual a médica tanta ansiava durante esses anos, contudo, estava preocupado. Não, este não era o termo correto. Não era bem preocupação, era pavor. 

“Eu não consigo imaginar como ela reagirá ao saber o tipo de pessoa que o filho se tornou. Mas é o esperado de alguém que conviveu nas ruas, sozinho, durante tanto tempo.” O homem inspirou mais uma vez, parando para prestar atenção na voz que vinha do gravador.

– Ele é um garoto que lhe cativa com um belo sorriso. Mas aos poucos, vai mostrando do que é feito. Ele não se importa com a dor. Na verdade, a dor lhe proporciona prazer. Nas primeiras vezes que transamos, ele exigia sempre mais força, nunca era suficiente. Então passou a exigir que comprasse apetrechos que o fizessem sentir dor. E da mesma forma foi com o Neji.

– Agora me seja sincero, Gaara-sama. – O investigador ouviu sua própria voz no gravador. - Ele seria capaz de matar o Hyuuga Neji?

– Não acredito que Kitsu teria essa capacidade, agente. Contudo, eu tenho uma certeza, oficial. Ele pode não ter a coragem de fazer por si. Mas, ele é bem capaz de induzir – direto ou indiretamente - qualquer pessoa a fazê-lo por ele.

– MERDA! – O homem esbravejou, espancando o volante. – Como eu não percebi, antes?!

– Ele usa um colar brilhante, de pedras azuis. – A voz de Gaara continuou a repetir a explicação. - Mas esconde o rosto com capuz sujo alaranjado. Parece um simples pedinte de rua. Mas é desta forma que ele se aproxima por quem se interessa.

– O garoto que salvou Sasuke do acidente... ele é o tal Kitsu! – repetiu o homem, aquilo que já havia deduzido em sua mente. - O mesmo que, em uns minutos antes do carro quase o pegar, estava importunando-o na calçada. – continuou, e acionou os limpadores de pára-brisa do veículo. Agora sabia que estava próximo de Konoha, afinal, os chuviscos daquele clima incessante começava atingir seu vidro. Nunca havia chovido por um período tão longo na cidade. Aquilo já o estava irritando. Voltou a pensar no jovem loiro e concluiu: - Ele é Naruto, agora está confirmado. O filho perdido da Tsunade. Sabia que tudo tinha uma conexão. Minha intuição nunca falha. Mas... Sasuke estar envolvido com ele? Seria mesmo possível?!

– Mas se a pessoa se deixar levar por aquele sorriso por baixo do capuz, se enfeitiça. - O prefeito ruivo falou, como se estivesse respondendo aquele seu novo questionamento. Kakashi aguçou os ouvidos para prestar atenção naquela parte mais uma vez. – A pessoa é tomada por uma estranha curiosidade e sentimos ânsia de procurá-lo. Mais e mais. E quando menos esperamos, estamos totalmente seduzidos por seu jeito simplório, alegre e obsceno de ser...

Kakashi se lembrou de um dia depois do acidente ver Sasuke bem. O dia depois da noite em que ele dormiu com as luzes apagadas. Estava tão feliz com o fato, que não se apegou aos “porquês”.

– (...) Isso quer dizer, que surgiu alguém na sua vida? Um amor? – quis arrancar dele o possível motivo.

– Talvez, eu ainda não sei bem.­ – respondeu o protegido naquela ocasião.

– É alguém que eu conheça?

– Posso manter segredo por enquanto. ­– Ele lhe pediu, tão inocente. - É um pouco constrangedor ainda. ­

– É claro que pode...

“Mas, e a Sakura? Sasuke havia mentindo sobre ela, então? Por que ele fingiria estar saindo com ela se não estava?”

– Um álibi? - A mente do homem se clareou. E ele sentiu um arrepio percorrê-lo. Poderia ser. Afinal, chegou a ir buscá-lo na casa dela no dia da morte de Neji.

Kakashi Inspirou profundamente, suas artérias nasais começaram a arder. Iria chorar? Não era possível... Ele nem se lembrava de quando foi à última vez que havia chorado. No enterro da mãe há quinze anos? Não, nem chorara naquela ocasião, a mulher morreu de doença. A morte foi um alívio para ela.

– Merda! – O policial esmurrou o volante mais uma vez. E voltou a pegar o celular. Ainda estava fora de área. Olhou o rádio no seu carro. Não. Seria arriscado falar o que sabia pro seu chefe, e vê-lo tomar as decisões precipitadas. Precisava falar com Sasuke primeiro. Ter certeza que ele não deixara ser envolvido pelo garoto, e não... - Não... Não! Não! Não! Ele não matou Hyuuga Neji, Kakashi! – se recriminou ao levantar aquela hipótese. - Tire isso da sua cabeça! Sasuke é um menino frágil! Sensível! Confie em Sasuke! Ele é quase seu filho...

 – Filho?

As lágrimas venceram o rosto exausto do investigador da Polícia de Konoha. Era um homem forte, tinha que ser, a profissão exigia. Nunca se preocupara em se apegar a mulheres, ter filhos, construir uma família. Pois essas uniões enfraquecem o ser humano, e os torna frágeis. E para se manter o melhor na sua profissão era preciso nunca criar laços com ninguém. Mas... como imaginaria que a maldita da sua profissão iria traí-lo e colocar em seu caminho o vínculo que tanto evitara? Como iria imaginar que amaria Sasuke da forma que ama?  

– Sasuke não faria isso. – ele voltou a se repetir, passando uma das mãos nos olhos que agora se derramavam em lágrimas. – Meu filho não faria isso.


...

Em Konoha, Tsunade lia tranquilamente o jornal, sentada em uma das poltronas da sua grande sala. O dia estava prestes a alvorecer, entretanto, aquelas benditas nuvens de chuva, prolongavam a escuridão da madrugada. A garoa fina e fria que caía, fizeram os vidros das janelas se embaçarem. Sentia como se estivessem no inverno.

Então, ouviu um murmúrio que chamou sua atenção. O garoto, - o tal agente especial – acordava, segurando a cabeça. Provavelmente com uma ressaca daquelas.

– Onde está, Sasuke? – foi sua primeira pergunta, antes mesmo, de lhe dirigir um bom dia.

– Dormindo ainda. – ela respondeu tranquila, voltando a folhear o jornal.

– Têm certeza? – continuou ele a inquirindo em um tom de preocupação.

– Certeza absoluta. – confirmou. - Acabei de passar pelo quarto.

– Eu preciso vê-lo! – ele desceu do sofá em um salto e saiu andando rápido pela casa.

Ela estranhou aquela reação.

– Ei, chooto matte (2)! Porque tanta pressa? – O garoto não a ouviu, então, ela fechou o jornal e o deixou na mesa da sala e seguiu o rapaz. – Espere! Você não quer um analgésico para curar essa ressaca?

– Ressaca?! – Ele estancou na escada, retornando até ela com indignação. Então, se virou e mostrou à ela sua nuca. - Eu levei uma pancada na cabeça, olhe!

A mulher entreabriu os lábios. Havia mesmo um corte na cabeça do menino e sangue seco colado nos cabelos e na nuca. Ela elevou as duas mãos e tampou a boca. Seus olhos sobressaltaram. O que aquilo significava?  

– Meu Deus! – exclamou assustada. - Quem fez isso?!

– Quem? Sasuke fez! – O menino voltou a subir os degraus de forma afoita, e logo, já estava no andar de cima.  A médica fora em seu encalço.

– Como assim foi o Sasuke?! – perguntou detrás dele, com o tom de voz repassando o nervosismo que sentia. - Está ficando...

Ele entrou no quarto, seguiu rumo à cama e a descobriu; como imaginava: só haviam travesseiros no lugar dele. Tsunade sentiu um arrepio de horror ao se deparar com aquilo.

– Meu Deus! O que houve?!

– Ele fugiu...

– Fugiu?! – exclamou. - De quê?!

 – É o que precisamos saber, vou ligar para o meu chefe.

...

 Itachi estava na garagem da sua antiga casa. Sem camisa. Mexendo no velho carro do pai, um Honda Prelude Geração Quatro (3) de cor preta. Um dos carros que fora o xodó do seu velho. E se imaginou em uma maré de sorte. Afinal, era incrível que o veículo ainda estava ali e não recolhido em algum pátio do governo. E o pior, estava do jeito que o arrumara pra fugir da última vez. Até o dinheiro que havia colocado no fundo falso do porta-malas estava lá, intocado.  

Sasuke estava amarrado em uma cadeira, ainda desacordado. Enquanto Naruto dormia em um carpete no canto da garagem. Itachi estava sem um pingo de sono. O Uchiha mais velho havia dormido em torno de duas horas. Mas já se sentia descansado. Afinal, a única coisa que fizera durante àqueles dez anos de cadeia fora dormir.

Entrou dentro do carro e deu partida no motor e sorriu, ao ouvi-lo roncar alto. A máquina ainda estava viva, e potente. Saiu do veículo, limpou a graxa das mãos com um guardanapo e percebeu que o barulho do Prelude despertara o irmãozinho, que chacoalhava a cabeça de um lado para o outro, tentando certamente, se centrar no espaço e no tempo.

Sorriu de lado. Puxou um pneu velho, rolando-o até perto da caçula, e o dispôs em pé, para em seguida, sentar-se neste.

– Acordou, principezinho?

Sasuke sacudiu a cabeça mais uma vez. Sentia uma dor latejante na parte da nuca. Tentou se mover e percebeu que seus braços estavam amarrados para trás da cadeira onde estava sentado, e seus pés, amarrados juntos aos pés da mesma. Ergueu os olhos e encarou o irmão de forma incandescida. Agora sua mente clareara e se lembrava de tudo que havia acontecido. Sentiu tanta raiva que suas veias latejaram. Ainda mais ao fitar aquele olhar sínico e o ar de pervertido do mais velho.

– Não tenho medo de cara feia, Sasuke. – informou o outro. - Então não fique me olhando assim.

– Foda-se...

– Oh! O pequeninho e manhoso cresceu e aprendeu a falar palavrão, que bonitinho.

– O que você quer de mim?

– Nada. – Ele foi categórico. - Você como sempre está no lugar errado, na hora errada. Eu saí da cadeia só pra retomar aquilo que é meu e então, sumir do mapa! Ir pra bem longe daqui. Contudo, veja quem estava no meu caminho de novo? Você, meu querido e idiota irmãozinho caçula.

– Retomar aquilo que é seu? Kitsu?

– Quem é Kitsu? – inquiriu ele, virando as palmas das mãos para cima e balançando estas juntamente com os ombros. - Isso é nome de gente? Pra mim, é de bicho.

– Naruto.  – corrigiu-se Sasuke.

– Sim, esse mesmo. – o mais velho confirmou. - Sabe, Sasuke. Na verdade, eu tenho que agradecê-lo por ter facilitado as coisas para mim. Afinal, eu levaria tempo para encontrá-lo. E veja! – o rapaz apontou para outro extremo onde o loiro estava deitado encima de umas caixas de papelão, dormindo tranquilamente. - Ele está ali, dormindo feito um anjo, debaixo do mesmo teto que eu. E não faz nem vinte quatro horas que fugi da cadeia. Eu tenho que lhe dar um prêmio por isso.

Sasuke virou o rosto para o lado oposto e inspirou, cerrando os olhos. Tinha que se manter tranquilo. Aquilo era a pior coisa que poderia estar lhe acontecendo. Amava Kitsu. Sim, havia descoberto que o amava. Por isso se propusera a fazer tantas loucuras por ele. Mas... E ele? Ele o enganara desde o começo? Poderia dizer isso?

O moreno mais novo sentiu seus lábios ressacarem da respiração que ser tornava cada vez mais arfante. A dor em seu peito latejava. Precisava saber daquilo em detalhes. Precisava ter certeza... E engolindo a imensa vontade de chorar que nascia em seu peito, voltou a encarar o irmão à sua frente.

Era Itachi quem lhe daria àquelas respostas.

– Você começou a matar antes ou depois de conhecê-lo? – perguntou direto e de forma ríspida. - Quando a maldição Uchiha despertou em você? Foi Kitsu... digo, Naruto que ajudou a desencadeá-la?

Itachi abriu um novo sorriso e balançou a cabeça negativamente.

– Sasuke, Sasuke. Você não é mais criança para acreditar nessa tolice de maldição. Isso são coisas que são inventadas para assustar as criancinhas. – respondeu ele ironicamente. - Não existe maldição. Nós seres humanos é que às inventamos para camuflar as maldades que impregnam nossa alma.

– Então o papai e a mamãe...?

– Se mataram por egoísmo. Por puro egoísmo humano.

– Então porque você começou a matar também, Itachi?!

– Sei lá. – deu de ombros. - A solidão. A dor. São tantas coisas que corroem a nossa alma e nos transformam em seres abomináveis. Eu não sei exatamente onde nasceu essa minha ânsia. Mas posso lhe dizer quem foi a minha primeira vítima: Koan.

– O velho motorista?

– Ele.

Sasuke realmente se espantara. Lembrara-se do velho Koan como um homem já de idade e ranzinza. E ele estava longe de ter algum atrativo.

– Sabe, Sasu-chan. O Koan me deu apoio, me deu carinho quando o papai e a mamãe morreram. E talvez até mais do que isso. Me ensinou o que era o sexo. Me deixou sentir desejos enlouquecedores. Mas ele era velho e feio. E chegou a um momento que eu já não estava mais satisfeito com ele. O achava nojento e acabado. Comecei a procurar garotos da minha escola. Sair com eles. A me divertir com eles. Eu me tornei popular. Era rico, sozinho e podia fazer o que me desse na telha. Comecei a trazê-los aqui, comê-los praticamente na frente do Koan. E olha que engraçado. O egoísmo humano falou mais alto de novo, e sabe, ele não gostou...

Itachi riu de uma maneira zombeteira, mas Sasuke continuou encarando-o seriamente. Então ele prosseguiu.

– Ele não gostou de ver um jovem se divertindo com pessoas da idade dele. O egoísmo humano dele dizia que o certo era que eu, um jovem no vigor da idade, desse até morrer para um cara de quase cinquenta anos e que... apoiou a pobre criança no momento em que os pais partiram desta pra melhor. – o rapaz abriu os braços de forma teatral.

– Se ele não tivesse gostado do que viu e simplesmente tivesse ficado na dele, talvez eu fosse uma pessoa diferente, hoje. Mas, não. Ele não gostou, e ainda por cima, tentou fazer coisas más. Ele tentou matar um dos garotos com quem eu estava saindo. Só porque ele gostava de provocá-lo mandando cuidar dos cães fétidos dele. Aí um belo dia, ele soltou - literalmente falando - esses mesmos cães fedidos nesse garoto. E estes quase mataram meu namorado. – Itachi riu abertamente, como se o que tivesse contando, fosse algo engraçado.  

Então ele observou, ainda sorridente, a cara inexpressiva do irmão, e parou de rir, voltando a narrar sua história.

– É. Nesse dia, eu fiquei fora de mim. E na briga com Koan acabei batendo a cabeça dele com tanta força contra uma das pedras no jardim, que o matei. No começo eu não tive intenção, foi sem querer. Mas depois, eu senti uma grande euforia misturada com alívio me tomar, por ter feito aquilo. Me livrei de um peso, então, deveria ficar satisfeito. Mas o infeliz do garoto que eu salvei a pele não estava, e fez um escândalo enorme. Insistia em chamarmos a polícia. Ah, o egoísmo falando de novo. E então, eu fiz ele calar a boca também... pra sempre...

Ele parou um por um minuto, parecia estar refletindo sobre o que acabara de dizer então concluiu:  

– Eu tomei gosto por fazer aquilo. – confirmou, meneando a cabeça positivamente. - Tirar vidas é algo sublime, Sasu-chan. Você se sente um deus. Assim, depois disso, eu comecei a escolher a esmo. Sempre encontrava alguém no parque, na rua, alguém que chamasse alguma atenção. O cativava, fazia amizade, trazia pra casa enquanto você estava na escola e... Bum! Depois de muito sexo eu acabava com eles. Era a parte mais divertida, talvez até mais que o próprio orgasmo que eu sentia quando estava transando ou violentando minha vítima. Confesso que a segunda prática eu gostava mais, não tinha muita graça quando à pessoa queria.

Itachi sorriu ao ver o caçula inspirar tão profundamente, que suas narinas dilataram.

– Eu fiz um grande cemitério no nosso porão. – prosseguiu. - A polícia encontrou todos, não foi? – ele não esperou o irmão responder, sabia que este não o faria, então confirmou sua resposta. - Sim, acho que eles encontraram todos que enterrei lá. Imagina quantos mortos não assombram essa casa... Cinquenta, sessenta, sabia que perdi as contas de quantos eu matei?

Sasuke engoliu em seco novamente. Era horripilante. Ele falava todas aquelas coisas com prazer nos olhos. Como aquilo era possível? Como alguém podia matar só por prazer? Era um monstro. Um Demônio. Era isso que seu irmão era. E apesar de se sentir ferido por ter sido enganado com aquela ideia infantil e medonha de maldição. Também estava feliz, em saber que não herdaria a demência do mais velho. Que aquilo não era genético.  

– Acho que isso responde sua pergunta. – constatou Itachi. - Eu já matava fazia pouco mais de um ano quando eu o encontrei naquele dia. Havia saído atrás de uma vítima. Até então, eu nunca tinha tido interesse em crianças. Senão, eu teria lhe violentando muito antes. Acho que minha pena no inferno seria um pouco menor se Naruto não tivesse surgido. Contudo... quando eu o vi, sentado no balanço, cabeça pendida no peito, pesinhos empurrando o chão para dar mobilidade ao brinquedo... Eu fique extasiado. Me aproximei. Parei na frente daquele ser pequenino e coloquei as duas mãos na corda do balanço, impedindo-o de continuar se movimentando. Então, ao invés dele me olhar com estranheza, de ficar com medo e sair correndo como uma criança normal faria frente a um estranho. Ele fez ao contrário, me olhou, com aqueles olhos estupidamente azuis e abriu um brilhante e gigantesco sorriso. Bem exagerado. Quase beirando o falso.

A mente de Itachi retornou aquele dia.

– O que está fazendo pirralho?

– Não tá vendo, brincando no balanço, ué. – a criança respondeu malcriada.  

– Ah, eu jurava que você estava viajando para marte.  

– Hã?

– Estou sendo sarcástico e uma criança da sua idade não deve saber o que é isso.

– Começou a falar que nem o Saru-chan, como se criança fosse burra.

Itachi abriu um grande sorriso. Gostara daquele garoto.

– Quem é o Saru-chan?

– O jardineiro.

– E quem é você?

– Naruto Usumaki! – respondeu de um jeito brioso, com entusiasmo, como se aquilo fosse algo divertido. - Mas pode me chamar de Naru, ou Naruto-chan. E você, onii-san. Quem é?

– Itachi.

– Itachi-nii-chan?

– É, pode ser. – O rapaz sentou-se no balanço ao lado dele. – E então, Naruto-chan. O que está fazendo sozinho aqui? Não deveria estar na aula?

– Deveria. Mas toda terça e toda quinta tenho os últimos tempo vagos. Como meu tio só vem me pegar as seis, eu fico aqui. Esperando. Sozinho.

– Ah, entendi. Deve ser chato esperar só. Posso te fazer companhia?

– Pode! – concordou ele eufórico. - Quer brincar?

– Claro. – confirmou, se levantando. - Mas... que tal brincarmos na minha casa? Ela fica aqui perto.

O pequeno loiro abriu seu grande sorriso novamente e pulou do balanço, pegando a mochila que havia largado no chão.

– Vamos! A sua casa é legal?

– Ah, é sim. – confirmou Itachi. Então ele viu o menino segurar a sua mão, fazendo-o sobressaltar. Então olhou para ele, que esperava ser guiado, olhando para si, o mais velho, o desconhecido, com um sorriso divertido. Não era burrice, afinal o pequeno mesmo dissera que não era burro. Não parecia ser ingenuidade também. Será que o garoto confiara em si, assim? Sorriu e apertou a pequena mãozinha na dele, e começou a caminhar.  

Alguns minutos depois, após atravessarem um longo jardim. Adentraram a mansão Uchiha e já estavam no quarto do moreno.

– Quarto de adulto é tão chato! – reclamou a criança, olhando as paredes pintadas de azul escuro.  

– Não gostou?

– Não! – foi sincero. – E não estou vendo os brinquedos também!

– Os adultos brincam de outras coisas. E até tenho alguns brinquedos que me ajudam nesse meu divertimento.

– Então me mostra, Itachi-nii-chan, do que vamos brincar?

– O nii-chan não sabe nenhuma brincadeira de criança. – disse Itachi, caindo de costas na cama. - Afinal, eu sou adulto e não uma criança.

 – E o que os adultos fazem pra se divertir? Que brinquedos são esses que você falou? – o pequenino perguntava, enquanto subia na cama sem pedir, indo parar encima do mais velho, repousando no peito deste, seus cotovelos, para fazer apoio para as mãos, que serviu de apoio para o queixo. E encarou os olhos negros do adulto. Itachi estava encantado. Aquele garoto... parecia provocá-lo. Sentiu o membro latejar na velha calça jeans que usava. Apertou o nariz pequeno dele e sorriu.

– São brinquedos diferentes... – sussurrou. – E é para fazer coisas que só adultos fazem.

– Sexo? – perguntou o pequenino, fazendo o Uchiha realmente se impressionar. Então o ouviu prosseguir. - O Saru-nii-chan falou pra mim que crianças não podem saber como faz sexo. Eu disse que queria saber mesmo assim. Mas ele disse que não dá pra explicar direito. E só falou que duas pessoas fazem sexo quando ficam nuas e se abraçam.

Itachi entendera.

– É, esse é o começo. Mas sexo faz usando isso aqui. – o moreno levou a mão entre seu corpo e o dele e apertou o pênis do pequenino encima da bermuda do uniforme que vestia.

O menor, apesar de ter achado esquisito o toque dele naquela região, não estranhou. Às vezes seu pai também apertava aquela parte, dizendo que era pra crescer.  

– Faz com o piu-piu? - Itachi viu o pequenino cingir seu cenho inocente e riu divertido na nomenclatura infantil dada ao órgão sexual. Fazendo seu corpo balançar, e por sua vez, balançar o pequeno.

– Ôu! Ôu! Terremoto!

– É, com o “piu-piu”. – confirmou, acalmando o riso, retirando sua mão da onde havia enfiado. – Mas sexo não é algo que dá pra explicar direito. O Saru-nii-chan tem razão. Ele se explica melhor sentindo.

– Me mostra como é, então? Faz eu sentir!  

Itachi suspirou, agora um pouco mais sério. Deveria? E será que o crime de Pedofilia era pior do que o de homicídio?

– Quer mesmo? – quis confirmar com o pequenino.

– Quero! – respondeu ele animado.

Itachi abriu um grande sorriso. Desta vez, um riso malicioso se fez em seu semblante. Era ele quem estava pedindo.

– Vamos fazer assim, eu posso te ensinar como é. – falou, agora olhando o pequeno com seriedade. – Mas para isso, escute bem minhas instruções. Nas terças e nas quintas ao invés de ficar sozinho no parque você vem aqui. Mas isso deverá ser nosso segredo. Não poderá falar de mim para ninguém, está entendendo? Nem, para o Saru-nii-chan.

– Eu sei. O Saru-nii-chan também me falou disso, disse que a lei proíbe os mais velhos de falarem sobre sexo com as crianças.

– Falar até não é o problema, mas fazer, é totalmente proibido. Quer saber mesmo assim?

– Quero! – afirmou, fazendo um bico. – E eu vou vir!

Itachi realmente não esperava que o pequeno fosse aceitar aquilo. E que no outro dia ele cairia em si e não voltaria mais a procurá-lo. Contudo, na quinta, ele estava lá. Na terça seguinte também, na próxima quinta também. E assim, algumas semanas se passaram. Ele já conseguira realmente surpreendê-lo. E sempre queria saber mais.

– Respira pelo nariz. Você vai se engasgar e se sufocar. Respira, Naruto. Naruto! Tira da boca! Para! Para de sugar, agora! - O rapaz não conseguiu segurar o gozo e acabou golfando sêmen para dentro da garganta do pequeno que se engasgou com o líquido e tossiu, engolindo um pouco e deixando o resto espirrar pelo seu pequeno corpo nu.

– Consegui de novo! – comemorou a criança, após se recompor, vendo o mais alto cair pra trás na cama e respirar com dificuldade. – Viu, você soltou de novo essa coisa. Com é mesmo o nome disso? – perguntou ele, passando à mão no rosto e lambendo os dedos lambuzados, e depois as partes onde respingara o líquido. Afinal o gozo de Itachi escapara da boca pequena e se espalhara pelos braços, pernas, peito.

– Não faz isso na minha frente, vai me atiçar de novo! – pediu Itachi, sentindo a excitação tomá-lo novamente ao ver o garoto lambendo seu gozo da pele como se fosse um neko se limpando.

– Mas eu fiz errado? – perguntou ele parando de sorrir, e olhando o adulto com ar de preocupação. 

– Não, Naruto. Ao contrário. Fez muito certo. – ele viu o garoto voltar a sorrir.

– Então quando você vai fazer comigo aquilo que fez com aquele outro?

– Você estava olhando?! – Itachi o repreendeu. - Eu disse pra não...

– É que o armário estava abafado! – ele o interrompeu, já com suas respostas prontas. - Aí abri um pouquinho pra entrar ar. E acabei vendo. Foi sem querer. Gomen? – pediu desculpas, olhando Itachi por baixo dos olhos, e levando o dedo na boca. Ele sabia que o mais velho não resistia àquela sua carinha.  

– Você é mesmo um pestinha. – o outro voltou a amenizar a feição de repreensão. - Mas não dá pra fazer aquilo com você. – acrescentou a justificativa.

– Porque não?

– Você e esses benditos “porquês”. Olha... – O jovem levantou-se nu da cama e caminhou até sua penteadeira, pegou algo que pudesse explicar a ele com clareza. – Veja esse tubo de caneta, é o seu furinho aí de trás. Esse cabo de madeira da escova de pentear meu cabelo é o “piu-piu” do nii-chan. Agora veja... – Itachi fez o gesto, tentando enfiar o cabo da escova de cabelo no tubo, que era diametralmente desproporcional. – Viu? Não cabe. Se eu forçar, Pluft! Vai quebrar! Apesar de que o corpo humano é maleável, e não de acrílico como esse tubo. E... pode até entrar se eu forçar. Mas você sentiria uma dor horrível e não seria legal. Você vai ter que esperar crescer. – ele devolveu os objetos à penteadeira então se voltou ao menino e o notou contorcer a expressão.

Já imaginava, ele teria uma crise de manha.

– Mas eu não quero esperar até crescer! – gritou ele, como Itachi previra. Crianças além de previsíveis eram muitas vezes irritantes. - Eu quero que faça comigo agora! Eu não tenho medo de sentir dor!

O mais velho suspirou.

– Criança mimada e pirracenta, é um saco!

– Não me chame assim, Itachi-nii-chan! Foi você que disse que me ensinaria!

– Não disse até que ponto. – Ele viu o menino descer da cama e pegar a faca que Itachi trouxera junto com o lanche e a apontou para o braço, fazendo o moreno se apavorar. – Eu vou provar que não tenho medo de dor.

– O que vai fazer, Naruto?!

– Isso... – Antes que o mais velho tomasse alguma atitude, o menino escorreu a faca pelo antebraço até escorrer sangue e após fazer umas caretas, olhou vencedor para a cara de assustado do mais alto a sua frente. – Viu! – mostrou o corte. - Não dói! Quer dizer... Não que eu não aguente.   

Novamente Itachi engoliu em seco. Aquele garoto o perturbava. Era estranho, ele, um adulto, estar deixando ser comandado pelos caprichos de um pirralho. Mas o faria se arrepender. Mostraria quem era o mais forte e quem mandava ali. Aproximou-se do menino e arrancou dele a faca, jogando-a no chão. Em seguida o empurrou para a cama.

– Se você chorar, eu o mato, entendeu?

– Eu não vou chorar. – falou como um adulto, convicto.

– Não precisa falar o que você fez. – Itachi ouviu a voz de Sasuke da atualidade, o interromper.  

– Você já imagina, não é? Afinal, aconteceu com você, não é Sasu-chan? Mas diferente de você, que chorou e esperneou como uma menininha. O Naruto segurou toda a dor que sentiu. Porque ele queria de mais aquilo. E no final eu fui capaz de senti-lo gozar, mesmo ele esfolado de dor.

– Monstro. Eu não acredito.

Itachi riu, levantando-se do pneu e deixando este cair abafado no chão.

– Não me interessa no que você acredita. – O mais velho ficou de costas para ele, apoiando as duas mãos na cintura e fitando o loiro dormindo, do outro lado da garagem. - Mas nos dias seguintes ele não apareceu. – continuou a explicação. - Nem na próxima terça, nem na próxima quinta. Então fui obrigado a ir atrás dele e procurá-lo no parque, e vi que o tal tio dele estava levando-o para casa no horário. Deduzi que o garoto havia terminado com a namoradinha por isso estava cumprindo com a sua obrigação.

– Então, você não se conformou e o sequestrou?

Itachi o olhou pelo ombro, então, virou-se, voltando a encarar a face que parecia mais desafiadora do caçula. Aquela tez tão bem cuidada, tão diferente da sua que se acabara com o passar dos anos. Estava velho. Trinta anos. Sasuke ainda tinha o quê? Recém dezoito? Na flor da juventude. Tão lindo. E ele tinha a frente todos os anos que lhe foram roubados, trancafiado em uma sela da solitária na cadeia. Sentia inveja da beleza e da juventude do seu caçula. Apesar de serem irmãos, percebia a diferença que o maldito tempo impunha à eles.

Sorriu.

– Sasuke, Naruto foi o único que eu nunca forcei a nada. E mesmo assim, ele me queria. Por isso eu saí daquele inferno na cadeia só para vir atrás dele. A cada minuto que passava lá, só pensava em como seria nossa vida se tivéssemos continuado juntos. Se as coisas - mais uma vez – não tivesse tido a intromissão humana.   

– Eu não estou entendendo.

– No período em que fiquei com ele, eu não sentia necessidade de matar. Os nossos momentos juntos supriam esse meu desejo. Eu já estava me convencendo de que... poderia viver normalmente. Esperar ele crescer, ficar junto dele para sempre. Ser feliz.  

Mais uma vez Sasuke sentiu um arrepio. Viver normalmente... Ser feliz ao lado de Kitsu. O irmão parecia repetir seus próprios desejos.

– Mas era tarde para arrependimentos. Afinal, já havia feito inúmeras vítimas. Comecei a ficar depressivo, não sabia mais o que eu queria. Então tomei uma decisão, pagaria por tudo que eu fiz dando cabo da minha vida, como o papai fez após matar a mamãe. Mas não deixaria o egoísmo humano me tomar, não levaria à pessoa que eu mais desejava comigo. Assim, naquele dia eu te avisei que não o pegaria na escola, você levaria mais tempo para chegar em casa, e quando chegasse, já estaria tudo terminado. Contudo...

Os olhos de Sasuke estavam vermelhos, ele não estava conseguindo mais segurar o choro. Então ele viu o irmão fitar a parede, como seus olhos tivessem visualizando ali, um filme de anos atrás. Ele prosseguiu.

– Contudo, naquele dia alguém bateu à porta. Era Naruto. Ofegante de uma longa corrida. Ele havia fugido do tio parar ir me ver. Explicou que não conseguira vir antes por que o rapaz não lhe deu oportunidade. Naquele dia, eu o mandei embora, disse que era melhor ele ficar com os pais e que não queria mais vê-lo. Sabe por que fiz isso, Sasu? Porque eu fui dominado pelo mais potente, broxante, e maligno dos sentimentos humanos: o tal de amor. Um psicopata pode amar? Se Deus existe ele fez isso comigo. Ele colocou um ser para devolver a alma que já estava condenada ao inferno.

O moreno mais velho contorceu os lábios irritados.

– Mas o Diabo também sabe fazer a sua parte. E fez Naruto insistir. O garoto não queria voltar pra casa nunca mais e disse que ficaria comigo pra sempre. Então tomei uma nova decisão: fugirmos juntos.

Sasuke sentiu um baque lhe quebrar por dentro. O mesmo que acontecera consigo. A mesma ideia, a mesma decisão, eram irmãos compartilhando o mesmo sentimento.

– Então, o deixei ficar. – ouviu Itachi prosseguir. - Foi quando ele viu você pela primeira vez, estávamos passando pelo corredor para ir dormir no quarto que fora do papai e da mamãe, e ele estagnou na porta do seu e ficou ali por um bom tempo, admirando-o. Então ele perguntou quem era e eu disse que era “Sasuke” meu pequeno irmão. Perguntei se ele queria que eu o chamasse para ir junto. Mas ele apertou a minha mão com força e disse que não, que queria brincar só comigo.

Sasuke permaneceu em silencio, sua cabeça dando centena de voltas, o irmão continuou.

– Entretanto, até eu preparar tudo para fugir, passaram-se alguns dias. E nesse espaço, o desparecimento de Naruto Usumaki, filho de Tsunade Usumaki e Minato Usumaki, políticos importantes da cidade, estava sendo televisionado por todas as emissoras de televisão. Eu tentei apressar as coisas. Documentos falsos. Vender tudo o que conseguia, retirar dinheiro do banco. Preparar esse carro. Então, estava tudo pronto, iríamos viajar na madrugada do dia seguinte. Mas foi quando o pai dele bateu na porta da mansão. Disse que estava procurando pelas redondezas o filho que estava desaparecido há quase uma semana. E que aqui era o único lugar que não havia perguntado ainda. Eu não precisei abrir a boca para responder, e os gritos de uma criança brincando com os cães romperam a sala. Eu disse que era meu irmãozinho caçula, mas este reconheceu a voz do filho e... Antes que Naruto o visse, eu o silenciei. Não iria ser parado de novo. Não iria voltar atrás mais uma vez. Para mim, meu único caminho era com Naruto. Sim, deixei-me ser tomado pelo maldito egoísmo.

“Demônio!”, pensou Sasuke.

– Escondi o corpo dele juntos com outros no porão. Mas, enquanto eu fazia isso, não imaginava que o homem havia trazido reforço, outro garoto havia entrado na casa pelos fundos. E tinha encontrado Naruto brincando com os meus bichinhos presos. Ele deve tê-lo desacordado, - para que este não esperneasse como sempre fazia - e o deixou em algum lugar escondido fora dos terrenos da nossa propriedade, então ele chamou a polícia, e voltou para ajudar o cunhado. Este foi seu grande erro. Eu o vi no jardim, quando estava rodando feito um louco a procura do Naru-chan. Eu tentei arrancar dele onde havia deixado o pequeno, mas ele só dizia que “agora ele estava a salvo e a polícia está vindo”... Fui arrebatado por uma ira sem tamanho. E se eu havia perdido o jogo, iria pelo menos, me divertir pela última vez. O restante, você presenciou. Quer que eu narre?

– Cale a boca!

Itachi riu.

– Agora chega de reviver o passado. Estou tendo a chance de continuar de onde parei. Agora vou seguir enfrente junto com ele e fazer o certo. E você, o que escolhe? Queimar com essa casa velha, ou ir conosco?

– Não têm lugar pra mim na história de vocês. Eu nunca estive nos seus planos. E não estou agora. Eu iria ser deixado pra trás de qualquer maneira, e vou ser deixado agora. Então me deixa morrer em paz, Itachi. – respondeu Sasuke, não suportando mais segurar o choro.

– Você fez sua escolha. – Ele ergueu as mãos e os ombros ao mesmo tempo como se dissesse “fazer o quê?” e então foi até o loiro e o sacolejou pelos ombros - Naruto, ikuso (4)!

– Agora não, deixa eu dormir só mais um pouco...  – resmungou este, preguiçoso.

– Não temos tempo para “mais um pouco”, se prepare! Vamos sair! Essa casa vai estar lotada de tiras ao alvorecer. – O loiro esfregou os olhos e esticou os braços, se despreguiçando. Então se levantou coçando as costas.

– E o Sasuke?

– Ele resolveu ficar.

– Mas...

– Nada de “mas”. – o interrompeu. - Vai me ajudar a espalhar a gasolina?

– Eu vomito com cheiro forte de diesel. Ainda mais de manhã o horário que o estômago está mais sensível.

Itachi revirou os olhos, não acreditava no que estava ouvindo.

– E desde quando virou uma moçinha sensível? - O loiro mostrou o de dedo do meio para Itachi.

– Tá, tá! Eu faço, mas se prepare, dez minutos e partimos.

– Wakatta (5). – bateu continência.

...

Kakashi entrou exacerbado na casa de Tsunade e encontrou a mulher na sala, amparada pelos empregados, estava desesperada em pranto.

– O que houve? – perguntou preocupado.

– Sasuke sumiu. Mas não é só isso. Veja... – Shikamaru ergueu os dois cartazes que estava em suas mãos e os mostrou lado a lado para Kakashi. – Isso chegou não faz meia hora pelo fax.

O homem olhou o cartaz escrito “Procura-se” emitido pelo departamento de polícia com a foto de Kitsu, e o outro, um cartaz desbotado de “Desaparecido”. A criança e o jovem loiro. Exatamente iguais.

– Vamos para casa dos Uchihas. – avisou Kakashi. - Chamem toda a polícia.

– Mas é um lugar óbvio de mais. – contrapôs o investigador mais jovem.  

– Temos que começar por algum lugar e a minha intuição nunca falha, comprovei isso hoje.

– Kakashi, eu vou! – disse a mulher se levantando e repousando seus olhos cor de mel, na face meio encoberta do policial. - É o meu filho.

– Tsunade...

– NÃO! Não tente me impedir. Desta vez eu não quero ouvir que isso é assunto para homens resolver. Da outra vez que ouvi isso perdi meu marido, meu irmão e o meu filho. Não quero que isso volte acontecer. Eu... eu... eu não sei suportaria perder vocês... Por favor, deixe-me ir. Eu imploro.

O homem engoliu a saliva. Ele a entendia muito bem.

– Está bem, venha. – concordou, apanhando a mão da mulher na sua e puxando-a para fora. Os dois entraram rapidamente no carro que ele havia estacionado na frente da porta.

– Eu vou junto. – avisou Shikamaru aparecendo na janela.

– Shikamaru, não! Não é bom que apareça! – o investigador mais velho replicou.

– Mas é meu dever como policial também!

– Shikamaru...  – Kakashi suspirou e lembrou-se do que a menina, a tal da Temari, a irmã de Gaara havia lhe confessado antes de sair da casa. “Eu sei que meu namorado está em um caso complicado como esse. Ele é conhecido como Sombra. San (6), por favor, diga para ele se cuidar. Eu não quero que meu filho nasça sem pai. Ele ainda nem sabe...”. O homem ergueu os olhos do volante e encarou o rapaz que ainda esperava uma justificativa. – Vai ser perigoso. E você precisa se preservar, não só para se proteger, mas... – Ele pensou, mas não podia esconder àquele fato do garoto, então confessou: - Mas para proteger a sua mulher, e o filho que ela está carregando.

– Quê?

– A menina, Temari, não é? Irmã do prefeito? Ela disse que está grávida, antes de eu sair da casa dos Sabakus agora de madrugada. Ela pediu para que eu o avisasse, porque não quer que o filho de vocês dois... nasça sem pai. – O homem percebeu o rosto do jovem se empalidecer e este perder toda a euforia, aproveitou e lhe deu mais ordens: - Chame todos os reforços que puder e mande pra lá, só com isso, estará nos ajudando.

– Ha- hai... – concordou meio sem voz.

O homem ligou o carro então, ouviu o menino lhe chamar novamente.

– Kakashi-san?

– Hm?

– Arigato.

– Hm! – o homem resmungou, fazendo um breve meneio com a cabeça.

No carro, o casal se entreolhou. Deram as mãos, apertando-as firmemente. Precisavam ter força.  

– Nós vamos salvá-los, Tsunade. – afirmou o policial convicto. - Vamos salvar nossos dois filhos.

– Vamos. – ela sorriu um pouco mais animada, mesmo sem conseguir conter as lágrimas que continuavam descendo em seu rosto.   


Continua...  

Sound track:

Cansei de tanto caminhar, pingos de chuva caem em meu rosto
Aqui neste lugar perseguindo um coelho inalcançável
Posso ver o fundo dos seus olhos,
Como se fossem água do fundo do mar.
Você lá me chamando, me chamando...
Estou bem aqui.
Aonde, aonde eu devo ir...?
Para satisfazer estes desejos?

Home sweet home – Yuki

Vocabulário de expresses e Observações:

1-      Shotakon ou shotacon, geralmente abreviado para shota, é um termo japonês para um complexo relativo à sexualidade (Shôtaro Complex), onde um adulto do sexo masculino sente-se atraído por um garoto mais novo. No mundo ocidental, este termo é usado para referir-se especificamente ao anime ou mangá que mostra garotos na puberdade ou na pré-puberdade ao lado de personagens mais velhos que tenham atração por crianças. Esses trabalhos são, frequentemente, de natureza sexual, e alguns temas comuns são yaoi e incesto com um irmão mais velho ou outro membro familiar. O equivalente feminino do shotacon é conhecido como lolicon. Alguns críticos afirmam que o gênero shotacon contribui com a estimulação do abuso sexual infantil, enquanto outros afirmam que é exatamente o contrário (Fonte: Wikipédia). 
2-      Chooto Matte: Espere um momento.  
3-      O Honda Prelude foi um coupé desportivo de porte médio e motor de quatro cilindros em linha fabricado pela Honda entre 1978 e 2001. O carro também ficou popularizado após diversas aparições em games de corrida tais como:  Gran Turismo, e principalmente nas séries Need for Speed: Underground, Underground 2, Most Wanted e Pro Street (PC, PS2, PS3, Xbox 360). Fotos do Prelude: (http://www.modifiedstreetcars.com/cars.php?Honda_Prelude_type_SH&p_id=711&pic=3 );
4-      Ikuso: Vamos;
5-      Wakatta: entendido;
6-      San: senhor;



Notas finais do capítulo

Agradecimentos especiais a Anninha que fez também uma linda recomendação da fic, ela que é uma fiel seguidora, e me acompanha desde 2007, quando comecei a escrever no ffnet. Obrigado, amorzinho.

Aproveitar para agradecer também quem continua me apoiando através das reviews, e principalmente aos novos leitores que postaram seus comentários, e que vieram de indicações de outros leitores. Obrigado! Pôxa, essa história só é esse sucesso, graças a vocês. Obrigado de novo.

Estarei bem ocupada este fim de semana, tem evento de animes na cidade (e eu vou, óbvio ) preciso comprar mangás em promoção. Então, vou respondendo as reviews de vagar. Segunda eu já posto o último capítulo desta trama.

Novamente, obrigado a todos pelo apoio e pelos os elogios. Estou muito feliz com esse trabalho e com o reconhecimento dele.

Beijos!

See you next!

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