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[Saint Seiya] A Dança Dos Ventos - Capítulo 2, escrita por Andréia Kennen

Capítulos: 1 2 3 4 5 6 (completa)
Autora: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Ação, Amizade, Aventura, Drama
Classificação: 14 anos
Status: Completa
Resumo: Kanon e Ikki são designados por Athena para ajudar o deus egípcio Shu a cumprir uma importante missão. Porém, isto contraria os interesses de Seth, que resolve interferir.[Gêneros: Gen, aventura, ação, drama, humor. Personagens: Kanon, Ikki, Saori, Saga e originais]



A Dança dos Ventos

História escrita para o Coculto, um Amigo Oculto de fanfics promovido pela comunidade Saint Seiya Superfics Journal.

Revisado por Vane



Para Érika



Capítulo II

O cavaleiro de bronze manteve os olhos fixos naquilo que surgia de sob as areias do deserto. Provavelmente caíra na armadilha do inimigo, apesar de não saber exatamente quem eram seus oponentes e do que se tratava a missão.

As areias que emergiam do chão dançavam em forma de espiral. A voz que ecoara antes como uma risada se pronunciou novamente, desta vez perguntando-lhe:

– Quem é o ser imundo que ousa a profanar com sua presença os domínios do todo-poderoso Shu?

– Eu sou Ikki, o cavaleiro de bronze de Fênix, e estou em missão em nome da deusa Athena – respondeu o cavaleiro de bronze, em um tom elevado também.

– Athena? – de repente, todo o espetáculo de brilho, ventos e areia se cessou. Inclusive os vultos, que foram desaparecendo um a um.

Ikki franziu o cenho, confuso. Estava preso em algum tipo de ilusão?

– Então... você será meu protetor?! – a voz infantil, que perdera o tom ecoante e que agora parecia mais próxima de Ikki, perguntou.

– Protetor?! – quis ter certeza do que ouvira, virando o pescoço de um lado para o outro, a fim de identificar onde estava seu interlocutor.

A areia que o circundava perdeu a força de repente, e o oriental sentiu seus braços serem soltos. Liberto, aproximou-se de uma pilastra em ruínas, de onde identificou a origem da voz. Juntou ainda mais as sobrancelhas ao ver sair de trás daquela coluna uma cabeça metálica de águia, na cor chumbo.

– Que coisa é você? – inquiriu, admirando aquele pequeno ser, que tinha o tamanho e a voz de uma criança de no máximo oito anos.

– Não sou uma “coisa”! – a voz replicou de forma birrenta. - Meu nome é Shu! Sou uma das grandes deidades!

– Eu não sei o que é uma deidade pra começo de conversa, mas... por que está escondendo seu rosto nessa máscara horrível?

– Não sei... - a criança disse, balançando os ombros. - Foi o Mustef que pediu.

– Quem é Mustef?

– Meu guardião.

– Se ele fosse seu guardião, não deveria estar guardando você nesse momento? – Ikki acocorou na frente dele, para ficarem do mesmo tamanho. Percebeu que, apesar da forma estranha, o menino estava bem vestido. Usava um saio curto branco, sandálias de couro, um colete azul incrustado de pedras brilhantes e um colar dourado que se intercalava entre losangos que tinham um emblema de uma ave em alto relevo, além de dois braceletes no mesmo estilo do colar nos pulsos. – Então deve ter sido esse Mustef quem pediu ajuda à Athena, né? Por que ele te deixou sozinho?

– Havia pessoas más nos seguindo. – a criança explicou. - Ele disse que iria despistá-los e que eu deveria esperar aqui. Ele também me alertou para usar as ilusões em qualquer um que aparecesse. Mas se fossem os cavaleiros de Athena, eu poderia confiar, pois seriam meus protetores.

– Não deveria confiar tão facilmente! – Ikki o advertiu - Como não sabe que eu estou mentindo?

– Mentindo?! – o menino se surpreendeu, e num movimento rápido, juntou as mãos fazendo um estalo alto. Novamente, as areias começaram aquela dança frenética, ganhando um movimento intenso e prendendo os braços e pernas do cavaleiro de bronze.

– Ei, ei, espere!

– Se estiver me enganando, inimigo, eu irei estourar sua cabeça!

Como se fosse serpentes, a areia se movia conforme os movimentos de mãos do jovem. Ele envolveu os braços, pernas e pescoço de Ikki, que sentiu a pressão sufocá-lo. Não era uma ilusão; estava sendo preso e poderia ter mesmo a cabeça arrancada.

– Espere, garoto! Eu estava brincando! Pare...

– Mal-di-to...

– Pare, por favor, meu amo – o pedido acompanhado de uma mão firme sobre o ombro do menino fez com que ele se detivesse e Ikki caísse tossindo no chão.

A criança inclinou a cabeça de águia para trás, contemplando o homem alto e de pele morena, olhos negros delineados, cabelos negros e lisos preso em um rabo de cavalo, vestido de roupa branca. Ao lado dele havia outro homem, que ostentava a mesma imponência, adornado com uma vestimenta dourada, o que pareceu ter causado surpresa ao pequeno.

– Quanto ouro!

O guardião sorriu da exclamação do seu protegido.

– Shu, este é Kanon, um dos cavaleiros dourados de Athena. Ele e Fênix vieram ajudá-lo a cumprir a sua missão.

– Viemos em nome da nossa deusa Athena, pequeno mestre – Kanon apoiou um dos joelhos no chão e ficou da altura dele, fazendo uma breve reverência com um menear de cabeça. – É uma honra conhecer uma das deidades da Terra.

A máscara que o pequeno usava foi destravada e ele a puxou pra cima, mostrando sua face diante de Kanon.

Ele não era diferente de um egípcio comum. Pele morena, cabelos lisos até os ombros, com franja e fios cortados retamente; os olhos negros eram bem delineados. Características marcantes das imagens dos antigos faraós. Kanon, que trazia seu elmo nas mãos, não se surpreendeu ao ter a face segurada pelas mãos pequenas no menino e, em seguida, senti-la ser beijada em ambos os lados. Sabia que aquela era a forma como os homens da região costumavam se cumprimentar.

– Agradeço a gentileza de Athena – o pequeno disse.

Ikki se levantou, abanando com as mãos toda a areia em suas vestes, e resmungou mais ainda ante a cena de cordialidade entre eles. Muito diferente da de hostilidade, até então, para com ele.

– Que ótimo: o dourado é beijado e eu sou quase esganado... – o cavaleiro de bronze resmungou sua irritação. - Então é esse pirralho que iremos proteger?!

– Não fale dessa forma vulgar, Ikki! – Kanon o advertiu e logo se voltou para o pequeno. - Desculpe a grosseria de Fênix, jovem Shu; ele não é muito sociável, mas é um bom homem.

“Para quem já foi um puxa-saco de um dos outros deuses gregos, não me admira que ele saiba lidar com esse tipo de gente”, Ikki ponderou consigo mesmo, ainda irritado, terminando de se limpar e cruzando os braços sobre o peito. Aproximou-se dos outros três.

– Não se preocupe, Kanon. Shu é um pouco genioso também.

– Não sou genioso, eu sou um deus!

– Ei, seu moleque...

– Ikki!

– Certo, calar-me-ei – Ikki informou em tom de deboche, erguendo as duas mãos.

Mas Kanon não deu importância à acidez de Ikki. Havia algo mais importante com que se preocupar no momento.

– Então, Mustef, como eu lhe disse, Hapu foi morto. Será necessário que nos repasse todas as coordenadas desde o princípio.

– Sem problemas, cavaleiro – o egípcio assentiu. – Como eu havia explicado a Athena, a principal função de Shu é sustentar o céu longe da terra, auxiliado pelos quatro Pilares de Shu que estão localizados um em cada ponto cardeal no deserto. E é exatamente para fortalecer esses pilares que ele renasce a cada duzentos anos na Terra.

– Pilares? – Kanon inquiriu, deixando seu olhar se desprender daquele ambiente árido e vagar em suas lembranças, indo parar a léguas dali, sob os oceanos. Já servira a um deus que também sustentava seu reino por meio de pilares. Achou muita coincidência.

– Sim – o guardião assentiu, categórico.

– Então, a nossa missão é levá-lo em segurança até esses pilares?

– Exato, cavaleiro. Porém, existe uma ressalva – o homem ponderou, olhando fixamente nos olhos claros do grego. - O poder para revitalizar os pilares desperta no reencarnado somente no dia do seu oitavo ano de vida na Terra. Mas como é um poder descomunal para um ser humano suportar, Shu terá o reforço do seu pai, o deus-sol Rá, que irá fortalecê-lo com sua energia. Contudo, ele terá o prazo de 12 horas, do nascer ao pôr-do-sol do dia do seu aniversário, para cumprir essa missão.

Ikki, que preferiu permanecer em silêncio, pousou seus olhos sobre o pequeno egípcio que, apesar de ostentar um ar sério, para ele não passava de uma criança com uma responsabilidade muito grande sobre os ombros. Não deixou de pensar no seu irmão Shun, que também tivera um destino semelhante: ser o recipiente de um deus indiferente à sua escolha. Sentiu-se desconfortável ante aquela missão; nunca quisera que ninguém passasse pelo que ele e o irmão passaram. Não queria sentir pena de Shu, mas infelizmente, não conseguiu controlar sua expressão de insatisfação, que acabou sendo notada por Kanon.

Contudo, o dourado, temeroso de que seus contactantes notassem a empatia de seu companheiro pela missão, antecipou-se em preencher o momento de vácuo com mais perguntas:

– Mustef, quando será o dia do oitavo aniversário do menino?

– Amanhã – ele informou sem delongas.

– Certo. Então, por onde devemos começar?

– Existe só mais um problema, Kanon... – o homem disse em um tom receoso que fez os dois cavaleiros, além da criança que assistia a explicação, olharem fixamente para o guardião. Este pousou a mão sobre os cabelos do menino que já tinha como próprio filho. Afinal, estava do lado dele desde o nascimento.

– Este ano, por azar do destino, teremos um eclipse solar exatamente na data do aniversário de Shu.

– Sim, mas um eclipse não pode durar o dia inteiro – o geminiano contrapôs.

– Mas Seth arrumará um jeito de prolongá-lo – a réplica de Mustef fez com que os dois guerreiros de Athena arregalassem os olhos, preocupados.

Ikki riu de canto; imaginava que as coisas não seriam simples. Acabou resolvendo interferir na conversa, e de forma debochada:

– Pelo tom de preocupação do guardião aí, Seth é o deus do mal.

– Exatamente, Cavaleiro de Bronze – o egípcio confirmou, voltando-se para Ikki. - Seth é a personificação do mal. Há décadas, melhor dizendo, há centenas de anos ele procura uma forma de vencer as deidades e destruir a Terra, para assim transformá-la em um campo devastado onde poderá erguer seus domínios.

– E agora é o momento perfeito... – Kanon deduziu.

– Gregos, egípcios, não importa a etnia, os deuses malditos sempre querem mais do que podem ter – Ikki complementou em tom de escárnio, enquanto meneava a cabeça negativamente.

– Mas eu sou capaz – a voz infantil garantiu, fazendo com que os adultos o olhassem surpreso. – Você disse que eu iria conseguir, não é, Mustef?

O guardião sentiu receio de confirmar. Porém, Fênix não:

– Óbvio que você conseguirá, garoto. Afinal, nós, os cavaleiros de Athena, estaremos ao seu lado para ajudá-lo – o bronzeado disse com orgulho.

Contudo, Shu fez uma expressão de incredibilidade. Pousando as duas mãos na cintura e rindo, debochou:

– Você? Fraco do jeito que é? Nem sequer conseguiu se livrar da minha Dança dos Ventos, e olha que até o Mustef já conseguiu! Hahaha!

A veia na fronte do cavaleiro de Fênix latejou, e antes que desse por si, já estava sendo segurado por Kanon.

– Pirralho, desgraçado! Eu vou te matar! Como ousa debochar assim de um cavaleiro?!

– Ikki, por favor... Está me constrangendo!

– Cavaleiro fraco! Fraco! Muitooooooooo fracoooooo!

– Pequeno mestre, não faça isso...

Mustef tentou segurar o pequeno que cantarolava e pulava, fazendo caretas para Ikki. Apesar de tudo, ele ainda era uma criança. Enquanto isso, Kanon tentava também segurar seu próprio companheiro, que esquentado, deixara-se levar pela provocação do mais novo.

Depois de algum tempo de descontração forçada, os adultos retomaram a conversa séria. Mustef mostrou no mapa onde se encontravam os quatro pilares. Explicou também que eles só eram visíveis aos olhos do menino, que mesmo àquela hora da noite, apontava para eles dizendo que os via claramente, desgastados e soltando pequenas lascas prateadas que eram levadas pelos ventos e misturavam-se às areias.

– O eclipse ocorrerá ao meio-dia – Mustef informou. - Assim, vocês têm seis horas para fazer com que Shu restaure os quatro pilares. O problema é que Seth não irá deixá-los livres para se moverem assim.

– Então já deveríamos estar no primeiro pilar! – Ikki exasperou-se.

– E quem disse que não estamos? – o menino, que até então parecia estar dormindo, sentado no colo de Kanon, levantou-se em um salto e correu na direção oposta à do grupo.

– Esse pirralho havia pegado no sono? – o cavaleiro de bronze não perdeu a oportunidade de resmungar.

– Ikki, não comece, por favor. Você está sendo infantil em cair nas provocações de uma criança.

– Mas pensa comigo Kanon: ele quase me sufocou com aquela bendita areia, fica me chamando de fraco, me mostrou a língua várias vezes. E quanto a você, é beijo no rosto, senta no colo, fica te admirando...

Kanon se levantou, meneando a cabeça e tentando ignorar o colega e prestar atenção ao que Shu estava tentando mostrar a eles.

– Ele está bem aqui.

Não era claramente visível. Mas Kanon percebeu que, se ele se concentrasse, conseguiria ver algo diferente ali. Parecia o espaço obscuro e estrelado do seu golpe “Outra Dimensão”.

Para Ikki, o menino alisava o ar como se estivesse acariciando uma superfície concreta. Mas para ele, não havia nada ali; por isso não se esforçou em visualizá-lo.

– Agora volte, Shu! Não fique tão...

Mas o guardião não conseguiu concluir, pois uma gigantesca explosão abalou as ruínas e fez a areia jorrar do chão e despencar, encobrindo tudo como se fosse um manto.

Continua...

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