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[Saint Seiya] Prisão das Asas - Parte 30, escrita por Nemui

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Autora: Nemui
Fandom: Saint Seiya
Gênero: drama, aventura
Classificação: 16 anos
Status: Completa
Resumo: A vida de Hyoga se transforma quando entra em contato com um mundo completamente diferente do seu.


Hyoga tratou de conversar com Myles no dia seguinte sobre o seqüestro de Nicholas de forma a proteger Zarek de qualquer mentira que tenha dito. Tudo o que o garoto dissera aos demais era verdade, mas sob um ponto de vista diferente. Felizmente para eles, Myles aceitou sua versão e nem sequer questionou sobre uma punição ao jovem homofalco. Em resposta, apenas disse que esperaria com calma e agiria como se de nada soubesse para proteger a integridade de Nicholas, caso ainda vivesse. Por outro lado, Hyoga iniciou um treinamento ainda mais rigoroso para Zarek, que, após a confissão, passou a concentrar-se melhor nos exercícios e teve um considerável progresso, movido pela determinação.

E em resposta à dedicação ao mestre, o discípulo iniciou aquilo que chamava de ‘resgate da ovelha perdida’, ou importunação de Charis na tentativa de convencê-la a voltar para Hyoga. Sempre que a encontrava, desafiava-a para um combate em que a garota era obrigada a perder sob pena de levar um castigo de Evan. Mesmo suas investidas provavam inúteis, diante da teimosia da garota ao dizer que Hyoga era um traidor dos homofalcos.

A imagem de inimigo retornara a ele após a batalha, mas Myles e Lyris utilizaram todo o poder de argumentação para convencer os homofalcos do contrário. Lembravam constantemente da ocasião em que Hyoga arriscara a vida para protegê-los nos jogos homofalcos e depois ficara semanas de cama, recuperando-se dos ferimentos.

Outro fator a favor do siberiano era o trabalho constante que ele realizava pela cidade, ajudando em pequenos serviços mais pesados e protegendo os moradores de qualquer ameaça, fosse a existência de uma simples cobra a qualquer desconfiança da aproximação de inimigos. Paralelamente, a construção da estufa, que o forçava a caminhar de um canto ao outro da cidade, em busca de materiais de construção, ajudou-os a habituar-se novamente à sua inofensiva presença.

A construção teve fim um mês depois, numa época de relativa paz. Hyoga levou Lyris até a estufa pronta para o uso, orgulhoso da obra que erguera do próprio suor.

“Não é um lugar para suprimentos, é apenas um capricho.”

“Você ainda se dá o direito de caprichos nesta terra? O que quer plantar aí?”

“O que você quiser”, respondeu sorrindo. “Se quiser, pode replantar aquelas flores que só crescem no vale ao norte, naquela região que eu não alcanço nem em três dias. Sei que é pouco espaço, mas é o que o limite da nossa casa permitiu, e achei que você talvez gostasse de ter um espaço assim. Sempre notei que gostava de mexer na terra, Lyris, embora nunca me dissesse. Bem, não sei se estava sendo presunçoso ao afirmar com tanta certeza e partir para isso. Eu só espero que goste.”

“Eu pensei que fosse para plantar legumes e verduras e complementar a casa.”

“Nós já comemos o suficiente, não acha? Nada nos impede de fazer isso, também. Mas, como eu disse, você é quem decide. O que acha?”

“Eu decido?”

Hyoga assentiu com a cabeça e queimou o cosmos de Cisne. Não era, contudo, um cosmos gelado; era tão quente que imediatamente encheu a estufa de um ambiente gentil às plantas. Se mantivesse o cômodo fechado, com o Sol do tênue verão siberiano, Lyris seria capaz de plantar flores que só eram encontradas no sul.

“Veja, fiz de um jeito que o calor ficasse retido. Por ser um ambiente pequeno, chega a ser até melhor que as estufas maiores. Você pode decidir o que quiser; eu garanto que nesta terra crescerá.”

Para Lyris, aquela era uma situação nova. Nenhuma homofalca tinha o privilégio de ter o espaço adicional da casa sob o seu total controle. Todas as suas conhecidas precisavam ceder a casa ao controle do chefe de família e pouco espaço tinham além do de educadoras dos filhos. Caminhou até o centro do cômodo e observou em volta, até nos detalhes bem acabados daquela construção.

“No mundo dos humanos… É um costume, não é?”

“Digamos que as mulheres tenham um espaço um pouco diferente de vocês. Isso não significaria que as almas sejam diferentes. Por isso, fiz isto para você. Gostou?”

Os olhos marejados e o sorriso gentil provavam a sinceridade da resposta de Lyris.

“Eu não sei como agradecer, Hyoga.”

“Você não precisa saber. Realmente, não precisa. Quem está agradecendo sou eu. Deixe-me ficar com o ovo hoje, sei que precisará das mãos para arranjar as sementes.”

A expressão de Lyris era a de uma pessoa que via um sonho e não conseguia acreditar que aquilo fosse a realidade. Achava que a estufa fosse apenas uma idéia egoísta do marido de aumentar os suplementos da casa, não um presente para quem já o traíra com outro. Sorrindo, o rapaz tomou o ovo nos braços de forma a mantê-lo aquecido junto ao peito.

“Eu vou fazer a ronda. Vou deixar a estufa com você, Lyris. Divirta-se.”

Hyoga nada dissera, mas no íntimo temia que Lyris não gostasse de seu presente. Saber que todo o seu trabalho não fora em vão era um alívio e uma sensação de um dia bem humorado e tranqüilo aos homofalcos. Ao menos pensava desse jeito, enquanto se dirigia aos limites da cidade a fim de verificar se tudo estava em ordem nas fronteiras e se não havia sinais de guerreiros de Prometeu. Às vezes, podia sentir a presença de um ou outro indivíduo; contudo, não conseguia detectá-lo, por mais que procurasse.

Naquele dia, sentia o mesmo. Parou diante de uma ribanceira e observou em volta, buscando com os olhos qualquer anormalidade. Caminhou mais um pouco e desceu por uma parte menos íngreme da montanha para ter certeza de que nada havia lá. Mesmo procurando, tudo à sua volta era marcado pelo ofuscante branco da neve e o silêncio que lhe dava a impressão de estar sozinho no mundo.

Apesar da prática que tinha de caminhar na neve, aquela região era traiçoeira demais para manter-se totalmente seguro. Ao pisar numa pedra que julgava estar firme, Hyoga não pôde manter o equilíbrio na terra que cedeu sob os pés. Como estava com o ovo nos braços, inclinou o corpo para trás e escorregou de costas, de forma a protegê-lo do impacto. Apenas os pés serviam-lhe de freio na descida; as mãos estavam firmes sobre o filho que precisava proteger. Provavelmente Lyris o repreenderia mais tarde pelo descuido, e ele esperava que fosse só um susto. Escorregou por quase cem metros abaixo.

As costas ardiam com o atrito da neve; estava machucado por inteiro com a queda, mas sabia que o ovo estava bem. De dentro da casca, sentiu uma agitação que correspondia a um choro. Com gentileza, ninou-o para acalmá-lo e, imerso no frio, descansou até que a dor desaparecesse para voltar para cima. Ajeitou a pequena manta sobre o ovo e levantou-se.

Sua surpresa não foi pouca: avistou ao longe figuras aladas de pé, paradas sobre uma rocha. Provavelmente eram crianças homofalcas, com não mais de dez anos de idade.

‘Mas o que diabos eles estão fazendo ali?’, indagou para si mesmo. ‘Aqui é uma área proibida à circulação de homofalcos. Mesmo eu, não posso vir para cá.’

Tomou cuidado para não deslizar novamente no caminho que os separava. Precisava levá-los de volta.

“Ei, garotos. Vocês só podem estar brincando, não é? Não sabem que esta região é proibida? Como os humanos podem nos ver, homofalcos não podem ficar aqui devido ao perigo. É melhor que voltem.”

“Senhor cavaleiro, não estamos sozinhos. Elbo escorregou e caiu no desfiladeiro. Evan foi resgatá-lo, mas ainda não voltou.”

Diante dos olhares preocupados, Hyoga soube que não podia sair de lá sem ajudar. Acima de tudo, não queria assustá-los mais do que já estavam.

“Onde ele caiu?”

“Ali.”

A menina apontou para um profundo desfiladeiro, cujo acesso a pé era difícil até para um cavaleiro. O rapaz sabia que pouco podia fazer nas limitações físicas que tinha em relação aos homofalcos naquela região, mas não iria se deter por tão pouco. Entregou o ovo à menina, tomando o cuidado de embrulhá-lo bem com o cobertor.

“Tome muito cuidado para não derrubá-lo. Vou pegá-lo para vocês.”

“Sim, senhor.”

“Enquanto isso, eu quero que vocês voltem para a cidade e avisem Myles. Digam-lhe que preciso de ajuda, entenderam? Quanto ao ovo… Entreguem-no à minha esposa. Não corram, não voem, sejam cautelosos.”

“Por que, senhor?”

“Porque estou mandando. Façam o que digo.”

Hyoga voltou-se ao desfiladeiro, com a mente repleta de indagações e temores. Não queria que as crianças voassem, com medo de não poder ajudá-las caso fossem atacadas. A verdade era confusa e cruel demais para elas. Queimou o cosmos e irradiou seu poder por todo o limite da terra dos homofalcos, criando um mapa cósmico onde podia localizar os guerreiros mais fortes com relativa facilidade.

Tinha certeza de que as crianças não mentiam; entretanto, em seu mapeamento, o cosmos de Evan estava muito vivo e claro. No outro lado da cidade.

Desceu a encosta por mais de trinta metros até encontrar uma saliência com entrada para uma gruta que seria a única forma de Elbo ter sobrevivido à queda. Pensou em neutralizar o cosmos, mas sabia que o suposto “Evan”, já devia estar ciente de sua chegada.

“Elbo! Evan, vocês estão aí?”

“Cavaleiro, estamos aqui!”

No fundo, não era possível ver as feições das figuras no interior da gruta. Hyoga esperou até que os olhos se acostumassem ao escuro para aproximar-se dos homofalcos. O adulto tinha a mesma aparência de Evan, que lhe sorriu.

“Que sorte que está aqui. Elbo ficou ferido, ele precisa ser imobilizado antes de ser resgatado. Você pode me ajudar, não é? Fique aqui com ele, preciso voar e pedir ajuda.”

“Eu já pedi às crianças que fizessem isso.”

“Não é o bastante. Vou pedir uma maca. Fique aqui.”

Antes que o impostor saísse, Hyoga queimou o cosmos e tratou de segurá-lo ali mesmo. ‘Péssimo ator’, pensou, ‘Evan não me sorriria de uma forma tão amigável. Dá até nojo de ver.’

“Espere, Eudor! Aonde pensa que vai?!”

O homofalco parou à saída da gruta, com uma das mãos apoiadas na parede e a outra cerrada em punho. Quando o Hyoga aumentou o cosmos a ponto de igualar-se a um cavaleiro de Athena, riu.

“Não esperava que descobrisse tão facilmente…”

Eudor fitou-o com um sorriso maroto, revelando a personalidade distinta de Evan.

“Você pode descobrir nosso plano. Mas não evitá-lo.”

E lançou-se no ar agilmente, no caminho que o levaria à cidade dos homofalcos. Hyoga estava em sérias desvantagens por não possuir asas, e o fato de Elbo estar ferido não era mentira. Correu atrás para escalar a encosta o mais depressa possível, mas se viu detido por uma dor aguda no braço: Elbo atravessara-o com uma adaga.

“Desculpe, senhor cavaleiro, mas não posso deixá-lo.”

“Elbo? Do que está falando?”

“Ele não está fazendo nada de errado! Ele está certo! Você não pode ir.”

Hyoga não tinha idéia do que Elbo falava, mas estava irritado demais para dar atenção ao garoto. Arrancou a adaga de seu braço e jogou-a montanha abaixo sem demonstrar a dor. Fitou-o severo, antes de sair.

“Depois conversamos sobre isso, garoto.”

“Aquelas meninas são umas idiotas! Elas merecem mesmo morrer!”

Desta vez, o cavaleiro sentiu o corpo inteiro estremecer: Eudor não estava indo à cidade, mas ao encalço das crianças. Desesperado, Hyoga agarrou a borda do teto da gruta e impulsionou-se para frente, de forma a girar o corpo e alcançar as rochas acima da gruta, iniciando uma escalada que não podia esperar. Saltava entre as saliências, utilizando o braço ileso para apoiar o seu do corpo e equilibrar-se. Entretanto, como alcançar a pé um homofalco naquela região?

Normalmente, Hyoga mantinha-se calmo, mesmo nos piores momentos da batalha; era um ensinamento de Camus: manter-se calmo para encontrar uma saída plausível. Naquele momento, porém, seu coração batia tão rápido que Hyoga mal podia concentrar-se no caminho. Seu ovo estava com as crianças. E se fosse atacado?

Mesmo que não tivesse demonstrado a dor na frente da criança, o ferimento do braço era grave. O sangue escorria até o ombro e manchava abundantemente sua túnica. Precisava tratá-lo ou poderia perder sangue demais.

Ao chegar ao topo, no entanto, não o fez. Queimou o cosmos e saiu correndo o máximo que pôde para alcançar as crianças. Avistou-as sendo perseguidas pelo cruel homofalco, que ria diante de seus gritos de socorro. Precisava detê-lo e, de longe, atirou um Diamond Dust com o braço saudável, o esquerdo, mas não pôde extrair dele toda a força que desejava. Sua intenção, ao menos, fora alcançada: Eudor parou de persegui-los por um momento e sorriu a ele.

“Você não vai conseguir nada ferido assim. Vou dar-lhe algo para distrair-se.”

O cosmos de fogo de Eudor invadiu os céus como uma parede de fogo, num ataque semelhante ao Magma Flood de Evan. O poder, entretanto, era mais forte.

“Infernal Rain!”

Seu golpe era como uma erupção, com o fogo a espalhar-se feito um tapete em sua direção. Hyoga não tinha outra opção a não ser utilizar um golpe mais poderoso que o Diamond Dust. Uniu as mãos sobre a cabeça e desceu-as com uma forte rajada de ar congelado.

“Aurora Thunder Attack!”

O impacto do golpe sobre o ferimento do braço foi claro no instante seguinte, quando o sangue espirrou e manchou a neve à sua volta. A dor era quase insuportável, mas o cavaleiro teve de manter-se firme para segurar o ataque. Eudor era mais poderoso que Evan, e a rajada de fogo de seu golpe era constante, não lhe permitindo brechas para um contra-ataque. Era evidente que o oponente desejava decidir aquela disputa na resistência física, pois percebera que Hyoga estava ferido.

‘É um lutador experiente’, analisou o cavaleiro. ‘Preciso decidir esta luta o mais rápido possível por causa do ferimento, mas ele tem cosmos suficiente para alongar a batalha por mais tempo do que resisto. Em breve, meu braço não irá mais agüentar.’

A única saída era atacá-lo com todo o poder. Entretanto, a presença das crianças era um empecilho a um combate aberto, sem preocupações com o entorno. Precisava resistir até que elas fugissem.

“Crianças! Saiam daqui agora mesmo! Rápido!”

Eudor sorriu mais uma vez.

“Pensa que vou deixar? Eu sei que você é mais forte, mas também sei que não pode machucá-las. Infelizmente para você, cavaleiro, eu preciso matar aquelas crianças. Elas são um obstáculo ao nosso plano.”

O homofalco elevou o cosmos, mas não o utilizou para aumentar a consistência de seu ataque. Uma parede de fogo ergueu-se em torno das crianças, que tentaram voar. Entretanto, o círculo flamejante respondeu com a mudança da forma: transformou-se numa redoma que as aprisionou.

“Quando o ar dessa prisão acabar, eu me pergunto o que lhes acontecerá.”

“Como pode fazer isso? São crianças! Deixe-as fora disso!”

“Elas não são como Elbo. Elas não concordam com os nossos ideais. Cavaleiro, qualquer homofalco devia concordar conosco. No final, são só um bando de egoístas.”

“Do que está falando? O que vocês querem?”

“Eu só quero que a lei da sagrada palavra seja cumprida! Todos devem morrer! Inclusive você!”

Mais poder foi extraído do cosmos de Eudor, desta vez para aumentar o volume de seu ataque. Conseqüentemente, Hyoga foi obrigado a elevar o seu cosmos na mesma proporção e multiplicar a pressão que o Aurora Thunder Attack exercia sobre o ferimento do braço. Eudor era mais poderoso do que imaginara, e a condição física do cavaleiro, somada ao perigo das crianças, tirava-lhe toda a concentração necessária para conduzir o combate.

‘Não posso mais lutar à distância. Se continuar assim, ele me derrotará. Para não atingir as crianças, preciso me aproximar e atacar a menos de dois metros. Se não posso voar, a única maneira é saltar até ele numa chance única; não posso errar!’

Ajoelhou-se para diminuir a área de contato com o Infernal Rain e concentrou em seu braço esquerdo todo o cosmos possível. Era como quando congelou a montanha para evitar mais avalanches: precisava trocar de técnica no mínimo tempo possível a fim de proteger-se do ataque. Esperou uma brecha no ataque de Eudor para fazê-lo.

“Freezing Coffin!”

O início da parede de gelo era lento por causa de sua densidade, e por isso algumas rajadas de fogo atingiram-no de raspão. Hyoga suportou as queimaduras e continuou a trabalhar em sua barreira, que passou a defendê-lo com eficácia contra o fogo. Eudor não se intimidou com a troca das técnicas.

“Você é habilidoso, cavaleiro. Então foi assim que solidificou tão bem a montanha quando causamos aquela avalanche. Entretanto… Como vai me derrotar, confinado a essa defesa?”

Hyoga já tinha o plano em mente. Com os braços livres do ataque, pôde movimentar-se novamente. Queimou o cosmos e saltou para cima, expondo-se ao ataque e ferindo-se propositalmente. Apoiou-se no alto da parede de gelo que construíra e, de lá, pôde realizar o salto que o levaria até Eudor. A parede não era apenas uma forma de defesa, mas um degrau para alcançar o seu inimigo. Desviou-se de algumas rajadas de fogo e recebeu outras, até chegar aos dois metros de distância desejados. Assim, as crianças não se machucariam. Uniu as mãos no alto e desceu-as com outra técnica.

“Aurora Execution!”

Daquela distância, era impossível errar. Eudor foi atingido e arrastado pela destruidora rajada de ar congelado em um instante. Entretanto, a força da técnica de Camus era extrema, tanto para o receptor quanto ao executor: uma das artérias do braço de Hyoga não suportou a pressão e estourou, impedindo a continuação do ataque. Obrigado a interromper o golpe, Hyoga caiu e chocou as costas contra a própria Freezing Coffin. Não estava mais em condições de continuar a luta. Se não pudesse viver, ao menos devia enviar as crianças à segurança da cidade. Notou que a redoma de fogo tinha desaparecido com o seu ataque e gritou para elas:

“Crianças! É agora, fujam! Saiam daqui agora! Procurem Myles, levem o ovo em segurança!”

Notando que o sangue escorria livremente do braço, Hyoga cobriu o ferimento com a mão esquerda e congelou o sangue na abertura. Sabia que podia perder o braço com aquilo, mas morreria em poucos minutos se a hemorragia continuasse. Tentou levantar-se, mas o corpo inteiro estava dolorido demais. Arrastou-se na neve até alcançar uma pedra que lhe serviu de apoio.

Ainda sentia o cosmos de Eudor. Falhara em matá-lo e agora precisava combater sem o braço, o que lhe dava uma desvantagem ainda maior. Se a Aurora Execution o detivesse até que as crianças fugissem, teria uma chance para derrotá-lo. Do contrário, estaria condenado.

As crianças abriram as asas e dispararam em direção à cidade, e Hyoga observou-as com atenção. Se elas alcançassem o líder, reforços seriam logo enviados. Se isso desse certo, teria como se recuperar até uma segunda investida.

Uma explosão, contudo, chamou-lhe a atenção. A neve explodiu como um vulcão, e Eudor ergueu-se nos céus como um foguete. O cosmos de fogo espalhou-se pela neve, mais forte, mais vivo. Agora que as crianças tinham partido, Hyoga teria uma chance se queimasse o cosmos ao máximo.

“Eudor, prepare-se!”

O homofalco parou no ar e sorriu-lhe.

“Pensa que sou idiota, cavaleiro? Já estou ferido demais com o seu último ataque. Devo parabenizá-lo, pois reconheço que seu golpe foi primoroso. Mas não posso mais esperar. Aquelas crianças… Precisam morrer!”

A situação era pior do que esperava: Eudor simplesmente ignorou o seu chamado à luta e partiu atrás das crianças. Naquela situação, como Hyoga podia alcançá-los? Teria de correr utilizando o cosmos na velocidade da luz, o que definitivamente terminaria o estrago no braço.

‘Não há escolha, meu filho está lá!’

O cosmos de Cisne queimou ao máximo, com o poder equivalente ao dos cavaleiros de ouro. Hyoga segurou o braço ferido e saiu correndo o mais rápido que pôde a fim de alcançá-los. Quando finalmente avistou Eudor, percebeu que ele estava prestes a lançar um Infernal Rain sobre as crianças. Sabia que era impossível lançar um Aurora Thunder Attack para protegê-los, e o Diamond Dust não seria o suficiente. Portanto, avançou o mais depressa possível e saltou para protegê-las da rajada de fogo.

Vários dos golpes atingiram-no, apesar da proteção com o cosmos, e Hyoga foi atirado violentamente contra o chão com o ataque. A pressão era enorme, e ele não pôde mover-se para protegê-las de uma segunda investida. Eudor não teve pena ou perdeu tempo. Queimou o cosmos e tomou impulso para lançar uma técnica mais poderosa:

“Infernal Lances!”

Era um ataque de fogo dilacerador, com rajadas mais fortes que as primeiras. Atordoado, Hyoga apenas viu o ovo cair na neve ao seu lado, antes de ter a visão borrada de sangue, na horrenda explosão de corpos que se sucedeu.

“Nãããoooo!”

Todas as crianças tinham sido dilaceradas sem piedade. Por sorte, o ovo não quebrara, mas Hyoga tinha falhado miseravelmente em protegê-las. Estava coberto do sangue daqueles que devia ter protegido com a vida. A risada de Eudor demonstrava o quão eufórico estava.

“É isso mesmo! É assim que os homofalcos devem morrer! Para cumprir a palavra sagrada, para cumprir seus destinos! Você não pode nadar contra a correnteza, cavaleiro, não pode mudar o que o destino escreveu gerações atrás.”

“Seu miserável, não sente o menor remorso?! Você matou crianças. Crianças! Seu demente, miserável!”

“Não fique bravo, cavaleiro. Você não tem condições de revoltar-se contra mim depois desse ataque. É a minha oportunidade. Esmagarei você aqui mesmo antes que seja tarde demais. Infernal Lances!”

Diante de tamanha chacina, Hyoga não hesitou; explodiu o cosmos e levantou-se com uma força que não esperava mais encontrar no corpo. A gigantesca onda de ar frio irradiou-se por mais de cem metros e atingiu Eudor, que novamente se sentiu ameaçado pelo poder do cavaleiro.

“Miserável, é forte demais. Neste caso…”

Eudor abriu os braços e criou ao redor inúmeras bolas de fogo com o cosmos que ficavam girando em torno de seu corpo, como elétrons de um átomo. Era uma forma de defesa enquanto se preparava para o seu último recurso.

“O meu alvo é…”

As bolas giravam cada vez mais rápido; o cosmos de Eudor intensificava-se. Hyoga não sabia que técnica era aquela, mas não podia dar-se ao luxo de receber mais um ataque, principalmente com o ovo nos braços. Esperava que seu próprio poder fosse o suficiente para protegê-lo; entretanto, não sabia se havia lhe restado o bastante.

‘Não posso receber aquelas bolas. Preciso desviá-las a todo custo, preciso!’

Quando a velocidade das bolas atingiu o nível máximo do cosmos de Eudor, as pequenas bombas de fogo voaram em sua direção com fúria, mas Hyoga pôde observá-las por ter um cosmos superior. Chegou a sentir o calor delas quando passaram direto por ele ao desviar-se e achou que Eudor falhara, mas logo percebeu qual era a sua real intenção.

Realizando uma curva, as bolas retornaram com a mesma velocidade e voltaram a atacar. Hyoga novamente desviou-se e conseguiu afastar-se um pouco. Entretanto, elas não desistiram e seguiram-no insistentemente.

“São as Infernal Bombs”, explicou Eudor, “a arma mais útil para enfrentá-lo, cavaleiro. Elas não irão sossegar enquanto não atingirem o alvo, por mais longe que ele vá e tente escapar. A única opção que existe é defendê-las. E o alvo…”

Eudor lançou mais bolas para complicar a situação de Hyoga, antes de completar sua frase:

“O alvo é esse pequeno ovo em seus braços.”

Em outras palavras, Hyoga não tinha opção a não ser receber os ataques diretamente. Ajoelhou-se no chão e abraçou o ovo de modo a cobri-lo totalmente com o corpo. O calor das bombas foi tanto que ele gritou de dor, mas não se atreveu a largar o filho. Contudo, após minutos de ataques contínuos, não agüentou e permitiu uma brecha, por onde o ovo rolou para longe. O rosto do inimigo iluminou-se.

“Vejamos agora.”

Desesperado, Hyoga jogou-se na direção do ovo, mas tudo o que conseguiu foi cair na neve a alguns metros de distância. As bolas de fogo avançaram agilmente sobre a pequena vida, que de nada estava ciente.

Todavia, os ataques não chegaram. Um homofalco caiu na frente de Hyoga atingido pelos ataques. Era Evan.

O orgulhoso homofalco levantou-se coberto de sangue após o ataque e pegou o ovo com uma das mãos. Olhava para o irmão gêmeo com incontida fúria no rosto, como se preparasse para assassinar um humano.

“Eudor, seu imbecil! Este ovo possui sangue homofalco!”

“Do que está falando, caro irmão? Não era você que detestava humanos? Esse não é um híbrido?”

“De fato, é. Mas se possui sangue homofalco, é meu dever protegê-lo. Cavaleiro…”

O ovo foi depositado na frente de Hyoga, que, confuso, não o compreendia.

“Cuide dele até que a luta termine.”

“Evan… Mas por quê?”

“Eu tenho nojo de humanos. Mas tenho mais nojo de um homofalco que se atreva a matar crianças homofalcas. Mesmo que seja o meu irmão, eu não perdoarei! Eudor! Agora veremos qual de nós dois está certo!”

“Você é irônico, Evan”, sorriu Eudor. “Fala tanto sobre honra, verdade, palavra. Mas se honrasse mesmo a palavra do homofalco, não estaria vivo.”

“Eu sempre honrei, seu idiota. Não faço a menor idéia do que está falando, mas de uma coisa eu tenho certeza: não precisarei perguntar ao seu cadáver em decomposição!”

Mais uma vez, Hyoga escutava sobre a honra da palavra dos homofalcos de Eudor. Afinal, por que outros homofalcos desejariam a morte da própria espécie? E por que garotos como Elbo aprovariam a conduta desses assassinos?

Evan não estava interessado em saber: queimou o cosmos com toda a força e ergueu-se no ar. A única forma de proteger o ovo de Eudor durante a luta era combatê-lo no ar. Com evidente mau-humor, Evan disse a Hyoga, enquanto estava concentrado no inimigo.

“Cavaleiro, pode se levantar?”

“Eu…”

Hyoga forçou o braço esquerdo para cima e conseguiu ajoelhar-se. Tomou o ovo nos braços e levou mais de dois minutos para suportar-se de pé. Evan estava pronto para contra-atacar Eudor caso este fizesse qualquer movimento. Assim, Hyoga teve o tempo de que precisava.

“Eu posso, Evan.”

“Muito bem, precisa me escutar. Eu não tenho poder para derrotá-lo sozinho, cavaleiro, só você o tem. Para derrotá-lo, precisarei da ajuda dos outros homofalcos. Como você está ferido demais, a única saída que temos é a segunda opção. O ovo que está carregando, apesar de ser um híbrido, é também filho de Lyris, uma homofalca. Eu juro que não vou deixá-lo morrer. Você precisa levá-lo a salvo até a cidade, onde conseguiremos o apoio dos demais homofalcos. A única forma de eu não ser enganado pelo meu irmão é tê-lo por perto, cavaleiro. Eu vou escoltá-lo até a cidade, protegendo você e o ovo. Está disposto a dar a vida por ele, não está?”

“Estou.”

“Nossa missão aqui é protegê-lo até a cidade. Eu sei que posso fazer isso. Preparado?”

Hyoga assentiu com a cabeça e segurou o ovo com firmeza e segurança.

“Sim.”

“Então vá! Agora!”

Imediatamente, Hyoga saiu correndo com as forças restantes, cambaleando, mas determinado a salvar ao menos o seu bebê. Eudor sorriu, achando tudo muito divertido.

“Vocês formam uma dupla muito estranha. Um homofalco que detesta humanos e um humano que já foi humilhado pelo mesmo. Quero ver como se saem comigo.”

Eudor passou a persegui-los insistentemente, enquanto Hyoga corria concentrado em sua fuga, levando o ovo no braço saudável. Evan voava logo atrás, com o cosmos atento e preparado para qualquer investida do inimigo. Do outro lado, ambos sentiram uma movimentação de cosmos. Era como se estivessem se preparando para uma batalha.

“Agüente firme, cavaleiro!”, gritou-lhe Evan. “Eles vão nos ajudar quando chegarmos!”

Eudor atacou-os, mas Evan conseguiu bloquear seu poder, a muito custo. Era inegável a superioridade de Eudor em matéria de poder, mas o homofalco ganhava em teimosia.

“Você está perdendo o seu tempo, Evan! Eu tenho certeza de que meu primeiro ataque deixou-o bastante ferido. Por que se esforça tanto por um humano?”

Hyoga olhou brevemente para trás e finalmente deu-se conta do estado físico de Evan. De uma das asas pingava sangue sem parar, e seu corpo inteiro estava coberto de ferimentos das tentativas de proteger Hyoga. Eudor sorriu.

“Você é um idiota. Infernal Bombs!”

Mais ataques foram dirigidos ao ovo, e Evan fez questão de interceptá-los com o próprio corpo. Vendo que Hyoga parara, esbravejou-se:

“Seu traste! Não espere que eu vá protegê-los para sempre, vá!!”

“Evan…”

“Se esse ovo não chegar inteiro à cidade, cortarei o seu pescoço em público!”

Eudor não se intimidou com a presença de Evan. Riu e queimou o cosmos com mais vigor, mais violência. Não estava interessado em quantas barreiras se interpusessem entre ele e os seus alvos. Só queria alcançá-los.

“Infernal Lances!”

Hyoga virou-se e continuou a correr, mas temia por Evan. Sabia que era o seu dever acreditar no companheiro e terminar de carregar o filho à segurança, mas o que aconteceria depois? O que seria de Evan?

Ouviu o barulho das lanças de fogo ao atravessarem algo. Ouviu Evan gemer, mas não parou. Não podia. Mas queria.

“Não pare, cavaleiro!”, foi o recado do homofalco, em meio à dor.

“Você disse que ia nos acompanhar até lá, Evan!”, foi o incentivo que Hyoga pôde fazer, “não é um homofalco de palavra?”

Sem olhar para trás, Hyoga continuou. Sentiu o cosmos de Evan explodir em resposta às suas palavras, elevando-se mais do que o normal. Era evidente que o guerreiro homofalco decidira expandir os limites de seus poderes e tentar superar o irmão para cumprir a promessa. Entretanto, seria suficiente? Não seriam os seus ferimentos fatais?

O cosmos de Evan continuou a crescer. Expandia-se por todo o território, espalhando um denso e quente ar que a Hyoga dava a impressão de estar numa estufa em plena zona equatorial. E não parou. A energia aumentou até ultrapassar o nível de um cavaleiro de prata. O cavaleiro, surpreso com a superação de limites do guerreiro, parou e voltou-se.

Evan estava parado, de pé, com quatro lanças atravessadas em seu tronco em orifícios de onde escorria o sangue sem parar. Tinha tirado a espada da cintura e agora a segurava à sua frente com as duas mãos, pronto para qualquer ataque. Enquanto isso, Eudor apenas achava tudo uma diversão.

“Você pode esforçar-se, irmão. Nada irá mudar o resultado.”

“Veremos”, respondeu Evan, calmamente. Fechou os olhos e pôs-se a murmurar.

“Athena, deusa da sabedoria. Ártemis, deusa da caça. Minhas divindades sagradas. Cada gota de meu sangue, assim como cada lágrima, cada alegria e cada tristeza, são suas. Sou filho dos ares, ave sagrada, por Ártemis proteção clamei. Sou filho dos homens, por Athena proteção recebi. Eu por vocês ofereço um humilde sacrifício.”

No instante seguinte, seu cosmos atingiu um nível que Hyoga jamais esperara encontrar em um homofalco. Expandiu-se mais, apoiado na reza às deusas e em sua própria determinação, e adquiriu um tom dourado. Era um cosmos equivalente ao sétimo sentido, o poder de um cavaleiro de ouro.

As palavras murmuradas pelo homofalco soaram familiares a Hyoga. Os homofalcos possuíam uma série de rezas e homenagens às deusas protetoras, uma para cada ocasião; mas era a primeira vez que ele ouvia aquela em específico. Procurando-a na mente, logo se lembrou de onde a conhecera.

“Não, Evan!! Não faça isso!”

“Sou Evan, filho de Zenos. Filho orgulhoso dos homofalcos, honrador da palavra sagrada, por suas bênçãos queimo o meu cosmos e deito minha vida. Sou um filho morto.”

O cosmos elevava-se a cada palavra proferida. Sem compreender, Eudor recuou um pouco, mas não tinha a intenção de voltar atrás.

“Mas o que está murmurando aí, Evan? Se continuar com os olhos fechados, não verá o golpe de misericórdia. Prepare-se!”

Evan ainda não estava pronto. Entretanto, diante da determinação do rapaz, Hyoga não pôde manter-se neutro. Colocou o ovo no chão e atacou um Diamond Dust em Eudor, forte o suficiente para impedir seu ataque.

“Você quis esta batalha. Agora terá de levá-la até o fim, como um verdadeiro homofalco, Eudor.”

“Mas do que está falando?!”

Provavelmente Eudor, por ter sido criado longe da cidade dos homofalcos, não os conhecia tão bem quanto deveria. Ainda não sabia o peso daquela reza.

“Evan…”

“Meu sangue alimentará o seu alimento. Meus olhos iluminarão o caminho daquele que há de caminhar. E meu coração descansará tranqüilo. Gloriosas Ártemis e Athena… Peço proteção a um de meus irmãos, peço forças para manter viva a minha palavra. O meu protegido será… o infante, primogênito de Hyoga, o cavaleiro sagrado de Cisne.”

Evan abriu os olhos ao final da reza. Seu cosmos expandiu-se mais e elevou-se além do nível de um cavaleiro de ouro. O poder era tanto que Eudor finalmente compreendeu o perigo em que se encontrava.

“Evan, seu desgraçado! Que bruxaria é essa?!”

O irmão apenas sorriu de forma irônica.

“Não esperava fazer isso pelo filho daquele traste… Eudor! Eu e você nascemos juntos, laçados num indestrutível destino! E agora… Precisamos morrer assim. Cavaleiro… Cuide dessa criança para que seja um honrado homofalco. Por mais que os outros neguem, ele será um, se seu coração assim o desejar. E você também.”

“Evan!”

O cosmos de Evan explodiu no instante seguinte, liberando todo o poder que surgira na reza. Seu corpo transformou-se numa bola de chamas e avançou num ataque suicida sobre Eudor. Este queimou o cosmos rapidamente e atacou para defender-se.

“Infernal Lances!”

As lanças formaram-se e juntaram-se às outras que já atingiram Evan. Sem se defender, o homofalco apenas preocupou-se em afligir um único ferimento com a espada em Eudor. A lâmina, no centro do peito, atravessara o coração e saíra nas costas, banhada de sangue. O fogo transferiu-se ao inimigo, e ambos queimaram no céu, como um segundo Sol.

Eudor caiu como um corpo carbonizado no chão, mas Evan, não. Seu corpo brilhava em tom dourado, transformava-se e perdia toda a massa. Hyoga assistia ao fenômeno, sem acreditar no que via.

‘O corpo dele… Está irradiando tanto cosmos… Está convertendo-se em cosmos! É como quando Saga e os demais morreram na batalha de Hades… Evan está…’

O cosmos de Evan pairou no ar por alguns segundos, antes de dirigir-se até o ovo e iluminá-lo com seu poder. A reza era um sacrifício de proteção a outro homofalco, que, no caso, era o ovo. O cosmos de Evan permaneceria com ele para protegê-lo até a morte, e sua alma só teria paz depois disso.

Estarrecido, Hyoga pegou o ovo e sentiu o cosmos de Evan fundir-se à alma de seu filho, de forma sutil, mas determinada. Olhou para o cadáver de Eudor e finalmente percebeu que a visão estava borrada com as lágrimas. A reza de Evan estava presente num dos livros que lera, quando ainda era um prisioneiro confinado dos homofalcos; era um ritual de sacrifício para cumprir a promessa de proteção a outro, emprestando os poderes das deusas para derrotar o inimigo. Para dar proteção a outro homofalco, o guerreiro precisava desistir da própria vida e da paz após a morte. Sua alma seria convertida em cosmos e faria do protegido sua morada até que ele morresse.

“Evan… Você fez tudo isso para proteger o nosso bebê… Athena também cedeu o seu poder para salvá-lo… Tudo isso… Mas se Myles e os outros tivessem vindo ajudar, Evan não precisaria…”

No segundo seguinte, o chão foi coberto de inúmeras sombras, velozes como pássaros. Hyoga olhou para cima e deparou-se com inúmeros homofalcos armados voando na direção da cidade. Não eram aliados, pois não reconhecia nenhum de vista. Ao longe, ouvia gritos de guerra: Myles não viera porque não podia. Hyoga segurou o ovo com firmeza e colocou-se de volta no caminho à cidade.

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