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[Naruto] Obsessão Fatal - Capítulo 7, escrita por Andréia Kennen

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Autora: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Ecchi, Hentai, Lemon, Mistério, Orange, Romance, Suspense, Universo Alternativo, Yaoi, Yuri
Classificação: 18 anos
Resumo: Quatro jovens de classe alta, amigos de infância, decidem desfrutar ao máximo dos prazeres da vida, utilizando-se de suas belezas, riquezas e juventude; e para isso, não medirão pudores ou consequências. Contudo, até mesmo no pervertido jogo da sedução, corre-se o risco daquele elemento surpresa aparecer: o amor. Será que eles saberão lidar com esse sentimento com a mesma maestria que dominam a arte do sexo? Confiram! [Fic +18. Yaoi. Yuri. Hentai. Lemon. Orange. UA. Terminada. Prólogo + 11 capítulos + Epílogo. (mesmo estando terminada seu comentário é importante!. Personagens principais: Naruto/Sasuke/Sakura/Ino.

Obsessão fatal
Capítulo VII

Sasuke estremeceu ao tocar na madeira que servia de moldura para a foto de família. E foi apanhado por um calafrio que varreu todo seu corpo, e pôde senti-lo atingir sua alma. Era como se algo o avisasse para não olhar o retrato.

Mesmo assim, precisava.

Desta forma, olhou para a figura de uma vez. A médica, - ao centro - foi a primeira que viu e reconheceu. Não tão diferente do que ela era hoje, talvez, sem rugas e com a expressão mais de moleca; um homem muito loiro e de olhos azuis disposto ao lado esquerdo dela; do outro, havia um jovenzinho de cabelos castanhos e íris da mesma cor. Foi então que seus olhos sobressaltaram ao fitar aquela figura pequena de sorriso esganiçado ao centro de todos. Aquele sorriso... Era o mesmo que o encantou. Orbes azuis e cabelos loiros iguais ao do pai. E aquela corrente pendurada no pescoço? Era o pingente de... Kitsu?  Revirou os olhos e escutou novamente gritos, que ecoaram em sua cabeça de um passado distante.

A maldita vertigem que não sentia há dias retornou com força.

Caiu de joelhos ao chão com as mãos amparando a cabeça. Deixou o porta-retrato cair no chão. O barulho na sua cabeça: latidos, gritos, misturaram-se ao barulho do vidro do quadro que se partira ao baquear no azulejo. 

“Não, esse maldito passado, não!” – sentiu duas mãos segurarem firmes os seus ombros e o sacolejarem. Então uma voz preocupada lhe perguntar:

– Ei, você tá bem? Ei, Sasuke?! – Olhou o rapaz com o ar espantado encima de si.  O vidro do porta-retrato estilhaçado no chão. A ânsia de vômito aumentando gradativamente.

– Banheiro... – foi à única coisa que conseguiu pronunciar, já se levantando e saindo correndo atrás de um. Subiu para o segundo piso da casa, e após abrir algumas portas, encontrou o que procurava. Encerrou-se no toalete, alcançou o vaso sanitário, ajoelhou-se de frente a este e vomitou.

Algum tempo depois, do lado de fora, - encostado na porta - ao perceber que o menino demorava, Shikamaru resolveu chamá-lo.

– Daijoubu ka?! – perguntou ele, dando umas batidas no patamar de madeira, mas, não obteve nenhuma resposta.

Dentro do banheiro. Sasuke já havia levantado a cabeça do vaso. Lavara a mesma e agora fitava seu rosto contorcido no espelho. Sua dor estava se misturando. Eram tantas coisas que iam e vinham na sua mente de uma única vez que não era capaz de ordená-las e aquilo aumentara sua indisposição, e em consequência, o vômito. Enfiou a cabeça debaixo da água que escorria da torneira. O outro na porta batia preocupado. Tinha que despreocupá-lo, era a primeira coisa a fazer.

– Daijoubu. – respondeu - Acho que a cerveja e a pizza não me fizeram bem.

– Vou chamar a Tsunade.  – a voz abafada o informou.

Não! Ele não poderia fazer aquilo. Se ela viesse, estranharia. Principalmente pelo fato de ter passado mal, justamente no momento em que vira a foto. A médica o conhecia. Ligaria os fatos rapidamente. Ela saberia. Veria em seus olhos e, em seu tormento, que sabe do paradeiro do seu filho...

Filho?

As lágrimas finalmente rolaram seu rosto. O filho que sua psicanalista busca tão desesperadamente durante anos...  O filho que teve o pai morto pelo seu irmão maníaco... era... era...

Era o seu anjo.

Mas porque estava se sentindo culpado, afinal?

– Eu vou ligar pra ela, já volto.

– Não precisa! – Deu descarga no sanitário e abriu a porta do banheiro enquanto continuava lavando o rosto na pia, desta vez, para esconder também seu momento de choro.

– Mas você não tá legal.

– Não vai tirar ela da festa só por causa de um enjoo, né?

– Bem. Mas parece que não foi só a pizza. Afinal, você ficou mal quando viu o retrato.

Sasuke sobressaltou ao ouvir aquela afirmação. Ele sabia de algo? E como saberia que foi “só” por causa do retrato. Achou estranho. Ele estava lhe testando? Quem era aquele infeliz, afinal?

– A foto? – ergueu o rosto molhado para fitá-lo nos olhos. E então riu, sem jeito. – Porque eu teria ficado assim por causa daquela foto? – franziu o cenho.

“Merda! Estou dando mancada! Ele vai perceber...”, pensou Shikamaru. “Pelo que notei esse garoto não é tão ingênuo como todos imaginam.”

– É... – o oficial coçou a cabeça, também sem graça. - Coincidência só, né? Faz assim... Porque não vai deitar e descansar um pouco? E eu vou recolher aquelas coisas da sala e por na cozinha. E depois, vou ver se acho algo efervescente para o seu estômago.

– Pode ser. – Concordou o moreno, sem pestanejar. Pegando a toalha do banheiro para secar seu rosto e seguindo em direção do quarto de hóspede.

 Mas não chegou a abrir a porta deste. Ao ver que Shikamaru descera o jogo de duas escadas que levava para o piso de baixo, o seguiu de forma sorrateira. Então o viu entrar na sala e ir direto para o aparelho de telefone. Agachou-se no chão, atrás de um dos móveis e ouviu o moreno discar.

Shikamaru, antes da pessoa do lado da linha atendê-lo, deu uma olhada pela sala, e pelo vidro da janela, não viu nada. Sentiu que poderia falar tranquilamente:

– Chefe?

– Como está indo, Sombra?

– Ele teve uma reação esperada. Passou mal e até vomitou depois que viu a foto.

– Ligou para Tsunade?

– Nem precisei ligar para doutora para entender que esta reação foi causada porque as lembranças dele retornaram com força ao ver a foto. Provavelmente ele os reconheceu.

– Interessante. Então ele pode saber algo do paradeiro do menino desaparecido?

– Não dá para saber o que ele sabe. Ou até onde foi só mais uma vítima do irmão. Mas acho que isso descarta a possibilidade dele ter algum envolvimento com a fuga do Uchiha Itachi.

“Então meu irmão está mesmo a solta?!”- Sasuke sem querer soltara uma exclamação de surpresa. Tampou a boca em seguida, torcendo para que o outro não o tivesse ouvido.

Mas Shikamaru, além de ouvir, viu algo que lhe chamou atenção através do vidro. No chão atrás de si, havia um pé a mais em um dos móveis.

“Ele está ouvindo tudo”.  

– Ouviu minha pergunta, Sombra?

– Ouvi chefe. – confirmou ao homem, mas não podia mais continuar aquela conversa, resolveu se despedir. - Mas o senhor terá mais detalhes no meu relatório pela manhã. Tenho que desligar agora.

– Certo, se precisar de alguma ajuda, contate a central imediatamente. – disse Danzou, em seu tom policial.

– Certo.  – O oficial repôs o aparelho no gancho com cuidado. – Eu sei que está aí, Sasuke.

O moreno confirmou que ele ouvira sua exclamação, então, levantou-se encarando-o com fervor.

– Então é um policial?

– Um agente especial.

– Por que eu teria algo haver com a fuga do meu irmão?

– Ele tinha contatos externos. – Shikamaru iniciou a explicação, calmamente, sem se preocupar com a expressão de “nervoso” que ele fazia. - Tínhamos algumas suspeitas. Então, poderia ser você. Mas, o chefe me disse que o comparsa dele, na verdade, é o médico policial que foi encontrado morto agora tarde. O mesmo que o ajudou na fuga. E parece que o próprio Itachi o matou. Acreditamos que ele esteja atrás de você agora. Por isso, o trouxemos para cá. Para ficar bem escoltado e de quebra, tentar descobrir um pouco sobre os acontecimentos do passado que até o momento você se recusou a falar.

– Você falaria se tivesse sido estuprado pelo seu próprio irmão aos sete anos de idade?

Shikamaru manteve seu semblante sereno. E o silêncio se fez pelo ambiente por um longo momento. Até que ele o respondeu:

– Acho que não... – o garoto concordou com um breve suspiro. - E, perdoe-me por não entender sua dor Sasuke? Nem vou ser hipócrita e dizer que, entendo algo que não entendo. Mas... Eu tenho um trabalho a cumprir.

– Você também não espera que eu entenda isso, não é? – inquiriu um tanto ríspido. - Me enganar para tentar arrancar de mim coisas que me ferem e que estive tentando durante anos sufocar? Esquecer! E, quem sabe assim, poder viver normalmente.

– Desculpe-me pelo que vou lhe dizer novamente, Sasuke. Mas, eu não acho que alguém que passe pelo que passou consiga viver a vida de uma maneira normal, sufocando o que houve. Acho que a melhor forma seria por isso pra fora de alguma maneira. Se livrar dessa dor, dessa coisa ruim que o consome e o torna um garoto... depressivo?

– Você disse que não seria hipócrita. Então não tente encontrar meios para se livrar de algo que você nunca sentiu e como disse, não entende.  

– Não estou sendo. Estou sendo sincero. Queremos te ajudar, Sasuke. A Tsunade quer. Seu tutor quer.

– Ela quer só encontrar o filho. – replicou o moreno avidamente. - Ela nunca quis me ajudar. Se ela pudesse ver todos os Uchihas morto, ela veria. Mas estamos vivos, pois a filha do prefeito acredita que as minhas lembranças do passado podem desvendar o paradeiro do filho desaparecido.

– Ou o corpo dele. 

– Ou o corpo. – concordou Sasuke, meneando a cabeça.

– É isso. – afirmou ele, e prosseguiu - Só vou discordar do que você disse em uma parte. Ela não o quer morto Sasuke. Eu conversei com a doutora e com o seu tutor. A Tsunade quer saber do filho, mas do que tudo nessa vida, mas ela o defendeu em todas as hipóteses quando levantamos suspeitas sobre você. Ela foi fervorosa – como a mãe que defende um filho – em dizer que você jamais seria como o Uchiha Itachi. E também, ela relutou muito quanto a investigarmos você. Da mesma forma que seu padrinho relutou, e por isso ele foi tirado do caso do seu irmão.

Sasuke sentiu seus olhos arderem e engoliu em seco. Era uma pena ter que decepcionar os dois. Afinal, já havia ser tornado tão ruim quanto o mais velho no momento em que matou àqueles três sem ao menos, pensar nas consequências. Só para se vingar do que estes haviam feito ao único ser que conseguira lhe trazer um pouco de vida. E pior, ainda não sentia culpa, talvez, não até aquele momento. Agora, muitas coisas ruins o invadiam de uma única vez. A dor era novamente nauseante. Precisava sair dali. Ver Kitsu. Precisava vê-lo. Estava sobre custódia da polícia. Se não conseguisse sair daquela casa naquele instante, não conseguiria sair mais.

Pensaria sobre tudo depois. Quando estivesse com o loiro. E quando contasse à ele todas as verdades. Mas, contar a verdade? Dizer que ele, Sasuke, é irmão do assassino que destruíra toda sua família, e o tirara dos braços de seus entes? As lágrimas cintilaram no canto dos seus olhos... Ah! Lágrimas. Há quanto tempo não chorava? Mas era isso? Estava se entregando? Deveria se deixar abater? Se acovardar? Se entregar? Perder seu Kitsu para sempre?

Mas já perdera. Afinal, seu Kitsu nem se chamava Kitsu. Ele era na verdade, filho dos políticos mais importante da cidade.

Não importava se Itachi estava em seu encalço, ou não, ele só precisava encontrar... 

O irmão?!

Seus olhos aumentaram ao se lembrar de algo. Ele provavelmente estaria indo para casa deles! E Kitsu estava lá. Não, Itachi não seria tão idiota de se esconder em um lugar tão óbvio. Mesmo assim, precisava tirar o loiro de lá. Tinha que sair daquela casa. Mas... aquele maldito agente o impediria.

Olhou para o rapaz que observava sua face, como se estivesse analisando-a.  

– E agora o que vai acontecer? – perguntou à ele.

– Só precisamos saber o que você se lembra daquela noite, fora o estupro. Como era o comportamento do seu irmão antes? O que ocasionou nele esse surto? Entende, Sasuke? O seu depoimento é a chave para entendermos o Uchiha Itachi.

– Eu só tinha sete anos. Ele era um irmão carinhoso, mais velho e normal. Que depois que meus pais morreram... – Sasuke engasgou ao dizer aquilo, engoliu a saliva, respirou, voltou a falar. – Depois que eles morreram, ele tomou conta de mim. Me levava à escola. Me ensinou a jogar bola. Me ajudava na lição de casa. Jogava vídeo-game comigo no meu quarto. Ele só dizia que não sabia contar histórias para eu dormir, porque ele só conhecia histórias de terror... – ele engoliu em seco mais uma vez e voltou a falar. - E sempre quando estava com medo de dormir sozinho ele vinha até meu quarto e se deitava na mesma cama comigo, me abraçava, e ficava resmungando uma canção, porque ele não sabia cantar, até eu pegar no sono.

– Mas em algum momento ele começou a se distanciar, não foi?

– É... – concordou. - Ele demorava a chegar pra jantar. E às vezes tarde da noite eu o ouvia atiçando os cães. Ele tinha dois Pitbulls, mais logo arrumou mais quatro.  Eu tinha medo deles. Eles ficavam no porão. – Shikamaru retirou o celular do bolso e o ligou no gravador.

– Sente-se, continue.

Os dois se sentaram.

– Ele dizia, vou alimentar meus bichinhos. Então os soltavam no terreno da residência a noite. O barulho que eles faziam às vezes me acordava. Eu ia até o quarto dele. E ele nunca estava lá. Algumas vezes o encontrei andando pelo corredor apressado. As mãos pingando sangue. Um dia eu perguntei:

– Você se machucou, onii-san?

– Ah, isso? – ele perguntou, olhando às mãos vermelhas. – Não, o oniisan tá bem. Eu estava cortando carne pra dar pros meus amiguinhos lá no porão. Você quer vê-los?

O pequeno só meneou a cabeça em um não.

– Eu tenho medo.

– Então volta a dormir, tá?

– Hai!

– Ele ainda beijava o alto da minha cabeça. E eu me sentia confortável. Protegido. Pensava que com àqueles cães ferozes e com o meu irmão mais velho, jamais precisaria me preocupar em ninguém me fazer mal. Eu ia para escola de manhã. Ele me levava. Mas às vezes o via com o rosto cansado, como se não tivesse dormido direito à noite. Ele ficava de mau-humor por isso, não falávamos muito.

– E foi assim por quanto tempo?

– Não sei. Não lembro.

– Não tem nenhuma ideia? Pouco ou muito tempo antes daquele dia?

– Talvez muito.

– Ele já estava cometendo os crimes, então?

– Provavelmente.

– Me conta como foi àquele dia, o dia em que tudo aconteceu com você... Não precisa relatar o ato em si. Me diga apenas como foi o dia, para tentarmos entender, o que o levou a lhe fazer mal, já que até então ele nunca tinha posto à mão em você. 

Sasuke engoliu a saliva novamente, e respirou.

– O dia havia sido normal, como vinha sendo. Ele me levou pra escola e disse se ele não fosse apanhá-lo que era pra eu retornar a pé. Naquele dia, ele realmente não foi e eu voltei a pé. Como o percurso era longo, eu cheguei em casa já era quase de noite. Comi algo que encontrei na geladeira. Um lanche pronto. E fui descansar no meu quarto. Mas a caminhada havia me exaustado mais do que imaginava, e acabei dormindo cedo. Mas certo horário da noite, acordei com os cães latindo, estavam agitados de mais, muito mais do que o normal. Então ouvi tropeços no corredor e a voz de alguém gritando. Acabei despertando totalmente com aquele berro. Depois ficou em silêncio por um tempo. Eu saí do quarto e vi meu irmão puxando um rapaz pelos cabelos, arrastando-o pelo chão. Ele murmurava com a boca amordaçada, se debruçava, estava com as mãos e os pés amarrados também...

– Era uma criança? – interrompeu Shikamaru a narração.

– Era um adolescente. – respondeu o moreno. - O mesmo que está do lado esquerdo da sensei na foto.

– Nawaki.

– Ele.

Sasuke engoliu a saliva mais uma vez e sentiu um tremor. Fechou os olhos e se viu naquele corredor, naquele dia.

– Onii-san, o que tá fazendo?! – perguntou ao mais velho, assustado. - Solta o moço!

– VOLTA PRO SEU QUARTO, SASUKE! Esse filho de uma cadela deixou o meu brinquedo favorito escapar! Ele vai pagar pelo o que fez! Ah, ele vai! – o rapaz estava enaltecido. Gritava loucamente. Sasuke nunca vira o irmão alterado daquele jeito. Mesmo assim o seguiu com o pequeno coraçãozinho acelerado no peito.

Viu o irmão abrir a porta do quarto dele com um ponta-pé.

Os olhos do outro que estava sendo arrastado, lacrimejavam, clamavam por ajuda.

O mais velho o jogou para dentro do quarto. Sasuke o seguiu. O irmão estava arrancando as roupas deste. O caçula chorava de pé, estancado na porta arrebentada. A mão na boca, o rosto vermelho. Não entendia. Mas só queria que o irmão parasse de machucar aquela pessoa.

– Oniisan, yamero!

O mais velho terminou de retirar a roupa do outro, deixando-o nu, então arrancou a mordaça da sua boca e este gritou para a criança na porta: 

– Peça ajuda, pequenino! Peça ajuda! Chame a polícia! Seu irmão está louco! – o mais velho olhou pelo ombro e viu seu otooto ainda parado no mesmo lugar, trêmulo. Então abriu um grande sorriso demente. E o pegou pelos ombros. Sasuke soltou um grito naquele instante, então ele o pôs pra dentro do quarto, fechou a porta em um baque e bateu as costas de Sasuke na madeira.   

– Saia desse lugar, Sasuke. E eu vou atrás de você! E sabe o que farei? – perguntou com os olhos ameaçadores. O menino balançou a cabeça negando. - Eu o farei voar por essa janela e se despedaçar lá embaixo, entendeu?! – perguntou, intimidando-o com seu ar de ira e demência.

– SEU LOUCO! DEMENTE! NÃO FALE ISSO PARA UMA CRIANÇA! 

– Eu não consegui me mexer.  – a voz de Sasuke retornava ao dia atual. - Estava paralisado de horror. Vi meu irmão enfiar aquela coisa grande e desproporcional dentro do ânus daquele rapaz e, girá-lo e socá-lo dentro dele com extrema força. Em seguida ele se levantava, e o cortava, lhe batendo com um chicote, o mesmo que usava para atiçar os cães, o que tinha lâminas brilhantes nas pontas. Mesmo assim, o rapaz se segurava. Ele não queria gritar. Era com se quisesse me poupar. Como se o fato dele não vociferar sua dor, fosse aliviar o que eu estava presenciando. Mas ele chorava e apertava os olhos. As lágrimas escorriam e banhavam seu rosto. Meu irmão o socava. Batia em sua barriga, no rosto, fazendo-o sagrar pela boca. Ele pegou o isqueiro, e escorreu o fogo pela pele dele, queimou parte dos seus cabelos, esquentou o objeto que usou para socar nele, fazendo-o derreter e então, enfiou aquela coisa quente dentro do rapaz novamente. Ele queria vê-lo gritar, estava o incitando a isso. Mas este não fazia, por pena de mim. E por isso, sofria mais com a tortura.

Sasuke começou a tremer. Sua voz também tremulava. Os olhos estáticos, imerso em fios de lágrimas brilhantes. Era como se tivesse enxergando aquele momento diante de si. Shikamaru estava perplexo, aquilo fora bem pior do que o mais horrendo filme de terror que assistira. Agora entendia o motivo das náuseas e do vômito do Uchiha caçula há pouco. Até ele começava a se sentir enjoado ao ouvir aquilo. 

Sasuke continuou.

– Em alguns determinados momentos, esse Nawaki olhava pra mim e murmurava: “Não olhe, feche os olhos.” E o meu irmão o ouvia e replicava de volta com fervor: “Feche e você será o próximo!”. As minhas pernas tremiam tanto. Meu irmão passou a violentá-lo. Primeiro o fez chupá-lo. Em seguida, enfiou-se dentro dele, ainda deixando nele um dos vibradores. Ele sangrava, pela boca, pelo ânus, pelos cortes na pele. Foi algo tão horrível. Quando tudo acabou. Meu irmão ainda arfante e menos enaltecido, disse à ele: “Vou ter dar um prêmio por resistir desse jeito. Deixarei você viver. Mas corra. Corra, como se sua vida dependesse dessa corrida. Ah, na verdade, ela depende.”

As lágrimas nos olhos do mais novo, que até o momento só ameaçavam cair, escorreram com força. Ele fungou, respirou e continuou.

– Ele se levantou sem pensar. Abriu a porta com urgência e desesperou-se em uma corrida desenfreada. Meu irmão se levantou e o olhou pela janela. E então, pouco depois, a gargalhada dele se misturou aos latidos dos cães monstros, então ele disse: “Porque ele não gritou desse jeito quando eu estava socando dentro dele? Acho que preciso melhorar os meus brinquedos.”. Então ele se voltou pra mim, os gritos do lado de fora se acalmaram, e ele falou: “Eu disse para você ir dormir. Mas você insistiu que eu lhe contasse uma história, não é? Pena, que eu não sei nenhum conto de fadas. Só história de terror...”

Sasuke parou pra respirar.

– Não precisa prosseguir. – pediu Shikamaru. - Foi o suficiente. Desculpe-me fazê-lo resgatar... isso... essa...

– Tudo bem. – Sasuke o interrompeu, passando a mão no rosto e limpando as lágrimas. Se sentindo verdadeiramente mais calmo. - Acho que você tinha razão. Desabafar foi bom. Estou um pouco mais aliviado.

– Olha, eu vou fazer outra ligação, vou pedir que alguém da central venha apanhar seu depoimento e... – o menino se levantou, desligou o gravador e voltou para o telefone.

– Tudo bem, eu vou beber água na cozinha.

– Ok. Vai lá. Você precisa. – Foi somente o tempo de Shikamaru pegar no fone e então, algo atingiu sua nuca. Caiu desmaiado. Sasuke usara um candelabro que parecia ser de ouro maciço para golpear o agente. 

– Eu te desculpo. Mas você não vai me impedir de sair daqui hoje. Já teve o que queria. Agora eu preciso ter o que eu quero. A única pessoa que me trás paz de verdade.

Sasuke arrastou Shikamaru para o sofá, e o deixou ali. Largado, com um pedaço de pizza em cima da barriga e uma lata de cerveja na mão pendida no chão. Em seguida foi até o quarto e colocou vários travesseiros em sua cama e os cobriu. Pegou só o seu celular, documentos e a carteira, um spray de pimenta que achou no banheiro da Tsunade, e seus calmantes. Pôs tudo nos bolsos da calça. Voltou à sala. Retirou vários comprimidos do bolso, abriu as cápsulas e esparramou o conteúdo encima das pizzas que sobraram de uma caixa, em seguida, fechou a mesma e colocou algumas latas de cerveja encima dela. Abriu uma das latas e despejou mais remédio pra dormir dentro desta. Saiu da casa com os conteúdos nos braços em direção a portaria.

...

O porteiro, - provavelmente o tal Saruya o qual a médica mencionara - estava conversando com um dos colegas de rondas.

– Você viu como a patroa, saiu? Tava gostosona, não tava? – perguntou Saruya para o outro, dando uma risadinha maliciosa.

– Porque você não respeita a nossa chefe, cara? – resmungou este, ouvindo o barulho da porta abrir e Sasuke sair da casa com uma das caixas de pizzas nas mãos. - Ih, o garoto-problema vem vindo.

, larga de ser chato, Makoto! É só um garoto normal.

– Não fala alto idiota, não a fim de ser esquartejado.  
 
– Oi... – cumprimentou Sasuke entregando a caixa para Saruya. – Sobrou, achei desperdiço jogar fora, então trouxe para vocês.

– Opa! Valeu! – disse o porteiro, olhando para o colega, como se dissesse “viu, eu não disse que ele é normal”.

O tal do Makoto só abriu a caixa da pizza, ainda nos braços do colega de trabalho, retirou dois pedaços da massa e saiu comendo enquanto andava.  

– Valeu, garoto! – agradeceu, já de costas. - Mas nós vamos dispensar a cerveja. Estamos em horário de trabalho e não podemos ingerir bebida alcoólica. Vou fazer minha ronda, Saru-kun. Volto em uma hora.

– Falou! – respondeu ele, esperando o colega manter uma boa distância para mostrar a língua para as costas deste. – Liga, não. Ele é um mal-amado da vida. – falou para Sasuke, vendo-o sorrir gentilmente em resposta. E então, Saruya pegou um pedaço de pizza também.

Sasuke pegou a cerveja aberta, fingindo beber um gole, levando a lata à boca.

– Mas acho que um pouquinho da minha não vai te fazer mal, não é? – ofereceu o moreno.

– Opa! Com certeza nem vai fazer cócegas. – concordou ele, pegando a lata que Sasuke oferecia e tomando um grande gole, depois a devolveu ao menino, que recusou com a mão espalmada. - Depois que aprendemos a beber, é difícil um golinho fazer efeito. – ele riu, voltando a beber. – Cadê o outro? – perguntou, mordendo o pedaço de pizza.

– Dormindo jogado no sofá.

– Tem gente que é fraco pra bebida, né?

– É. – Ele notou o rapaz dar mais um gole grande na bebida. Agora era só enrolar um pouco até ele pegar no sono. – Você trabalha aqui há muito tempo? – puxou um assunto qualquer.

– Ah, sim. Muito. – confirmou este, limpando a boca nas costas das mãos. – Faz uns doze anos, ou seja, desde os meus quinze. O papai era viúvo e conseguiu o emprego de motorista pra família, então perguntou se eu podia vir junto, aí, arrumaram o serviço de jardineiro pra mim. Depois que o velho casou de novo, e foi morar com a senhorinha, - ex-cozinheira daqui - eu fiquei como segurança.

– Entendi. Então, você... conheceu a família antes... antes da... da....

– Antes daquela tragédia? - O rapaz completou percebendo que Sasuke sentia dificuldade em falar do assunto. Então o viu balançar a cabeça em um “sim” e o respondeu: – Olha, eu conheci sim, toda a família antes do que aconteceu. E sabe, acho que você não deve se sentir culpado pelo que seu irmão fez à eles. Afinal, a culpa não foi sua. – O rapaz balançou os ombros. - E a Tsunade-sama é uma boa pessoa. E ela também entende isso, saca? Só não sabe demonstrar. Ela não tem raiva de você, fica frio.

– Obrigado. – o garoto sorriu, encostando-se a parede da guarita. - Então você sabe que eu sou paciente dela?

– Ah, sei, sim. Todos nós aqui da casa sabemos. Ela é uma mulher muito sozinha, por isso, conversa muito com os empregados. E meu pai e a cozinheira, a Kaege-obaa-chan, foi o apoio dela dentro desses anos.

– E... Saruya-san, como eles eram? – Sasuke quis saber. - O senhor Minato, o Nawaki-san, o... Na- Naruto-chan?

– Gente boa! – disse ele lambendo os dedos ao terminar outro pedaço de pizza. - Todos eram pessoas da maior qualidade. O senhor Minato era um homem mais reservado, sério, digamos assim. E acho que o Naru-chan puxou toda aparência dele, e toda a espontaneidade da mãe. Mas... ele foi muito mimado, como toda boa criança rica é, se é que me entende? Não querendo ofendê-lo. Mas, ele era um pestinha. – o homem riu, como se tivesse se lembrando de algo sobre ele; continuou: - E depois que a mãe e o pai começaram a se ocupar com as coisas da política, e a mãe ainda tinha ocupação como médica, ele passou a ficar muito sozinho. E chegava até ser triste, sabe? Muitas vezes eu o via aqui nesse jardim. A babá havia viajado, e quem tava cuidando dele era o tio, Nawaki. Mas este, estava no começo da adolescência, assim como eu também estava, e não parava para brincar com ele. Tipo, largava ele em qualquer lugar e ia se encontrar com as namoradinhas. Às vezes os dois saíam juntos, mas muitas vezes, eu vi o Naru-chan voltar sozinho pra casa.

– Estranho, não é? – comentou Sasuke, pensativo. – Deixar tão “solto” o filho único de pessoas tão importantes da cidade.

– Pois, é. Mas, na verdade, os pais achavam que ele tava bem cuidado.

– Hm... Entendo. Você... chegou a conversar com o Naruto antes dele desaparecer?

– Ah, sim. Cheguei. Eu lembro como se fosse hoje. Eu tava arrumando as plantas e ele estava bem ali, no meio do jardim, deitado de barriga na grama as perninhas para o ar, balançando-as, olhando os insetos no chão. O cabelo liso e loirinho caindo nos olhões azuis que ele tinha, tão azuis que nem um céu claro de sol... Que há dias não vemos aqui em Konoha. Eu cheguei perto dele e perguntei: 

– Voltou sozinho do parque de novo?

– Não te interessa.

– Ê, não ensinaram que não pode responder os mais velhos? – o menino sacudiu os ombros, balançando pra cima e pra baixo, não dando importância para a bronca do empregado. Que quis saber o que ele estava fazendo: - Que cê tá fazendo aí?   

– Pesquisando.

– Sei... Porque não vai brincar de alguma coisa?

– Você brinca comigo, Saru-nii-chan? – ele perguntou, abrindo um grande sorriso e fitando-o de um jeito mais alegre. 

– Ah, eu não posso Naru-chan. – o empregado coçou a cabeça. - Tô trabalhando. Chama seu tio pra brincar com você.

– Ele tá lá com as meninas. – disse ele emburrado, voltando a olhar a carreira de formigas no chão. - Beijando elas. – complementou com uma careta. - Eca! Coisa nojenta. Não sei pra quê ficar beijando menina. Eu não gosto delas. Só da mamãe. Meninas são chatas.

– Ah, mas um dia quando você crescer vai gostar delas. E vai gostar de beijar elas também.

– Duvido. – respondeu, erguendo os olhos para fitar o jardineiro.

– Ah, mas vai. – insistiu este.

– Não vou. – continuou o pequeno, com seu ar de teimosia.

– Eu tô falando que vai, cê vai ver.

– Porque temos que beijar uma menina?

– Ah, porque é bom. E não é só beijo. É ficar junto, sabe? É gostoso. Tem outras coisas que fazemos... que é melhor ainda.

– Outras coisas? – ele arqueou uma sobrancelha, curioso. – O quê?

– Vai saber quando crescer.

– Porque não posso saber agora?

– Porque você ainda é criança. E crianças não beijam garotas e nem fazem outras coisas também.

– Que outras coisas são essa?

– Eu não posso falar, oras!

– Porque não? Você não sabe?

– Lógico que sei. Mas eu não posso falar isso pra uma criança. Porque elas não entendem.

– Mas eu quero saber, agora! E como você sabe que não vou entender? Eu sou inteligente. 

– Mas é proibido falar.

– Quem proibiu?

– As autoridades. As leis.

– Hã? É algo ruim?

– Claro que não. É bom.

– Então?

– Pergunta pro seu pai. – sugeriu o garoto. Arrependido de ter começado aquela conversa. - Se alguém souber que estou falando dessas coisas com você, vão me pentelhar.

– O papai tá ocupado de mais. Ele não tem tempo mais pra mim. E esqueceu que sou filho dele. E eu não vou dizer que você me disse.

– Promete?

– Prometo.

– Quando um casal se junta eles fazem sexo.

O menino franziu as sobrancelhas.

– O que é sexo?

– Ah! Viu porque não adianta falar? Você não entende.

– Você ainda não explicou, como vou entender?

– É assim, uma garota e um garoto grande ficam juntos. Abraçam. Se tocam...

– Eu faço isso com a mamãe e com o papai. Então isso é sexo?

– Não, não. É diferente. Porque é sem roupa.

– Também já abracei o papai e a mamãe sem roupa no banho.

O jardineiro estapeou a testa.

– Não é isso. É difícil de explicar.

– Você que é burro, e não sabe explicar!

– Ah, seu pestinha! Quem é burro?! Você me paga!

– Você não me pega, lero-lero! – o garotou se levantou, mostrou língua para o empregado e saiu correndo. O adolescente acabou por correr pelo jardim atrás do pequeno, rindo de sua molequice.    

Sasuke sorriu discretamente. Era sim o Kitsu que conhecia. Atentado do mesmo jeito. Perguntas e respostas sempre tão perspicazes. Pelo jeito, ele não havia mudado muito do que fora na infância.

– É, ele era um pestinha. – suspirou o porteiro. - Muito curioso, sabe? Atento. Esperto. E danado de mais.

– Mas e aí? Ele não perguntou mais nada sobre sexo?

O guarda abriu a boca bocejando alto, esfregou os olhos, o remédio começava fazer efeito.

– Pior que não. – o homem respondeu abrindo a boca mais uma vez. – Mas depois de uns dois dias, ele veio dizendo que tinha arrumado um amigo no parque e que este tinha explicado melhor pra ele. Eu disse que era mentira. Que garotos da idade dele não sabiam disso. Aí ele falou que o garoto era grande. Da minha altura. E que ele sabia e muito. E sabia explicar bem melhor do que eu. Aí ele pegou no Piu-Piu, e disse. “Sexo faz com isso aqui”.

– Você nunca disse isso pra polícia? – espantou-se Sasuke, ao imaginar que aquela pessoa quem o garoto conhecera poderia até mesmo, ter sido o maníaco do irmão.

O homem recostou na cadeira da guarita, e quase fechando os olhos, respondeu:

– Não, eu nunca pensei que fosse importante ou necessário. Porque no fundo, eu achava que ele havia perguntado ao pai. E só tava inventando essa coisa de amigo grande.

– E foi logo depois disso que ele desapareceu?

– Não, foi bem depois. Um ou dois meses depois... Não lembro ao certo. – o homem fechou os olhos e começou a ressonar alto.

– Saruya-san?!

– Hm? – resmungou ele, sem abrir os olhos.

– Abre o portão pra mim, eu vou jogar essas sujeiras na lata de lixo lá da rua.

– Ah, ok... Aqui. – O homem entregou uma cópia do cartão-chave do portão eletrônico que retirou da gaveta da sua mesa. – Digita 665-662, vai fazer um estalo. Aí você insere o cartão naquela tarja e abre.

Sasuke sorriu.

– Hai, Thank you.

– Nada. Não se esquece de devolver a chave nessa gaveta aqui, quando voltar. Pra fechar, é só bater o portão.

– Ok. Não vou esquecer.

Ele viu o homem se reclinar no assento e começar a respirar alto. Entrou na guarita, e o ajeitou na cadeira, cruzando os braços destes no peito. E ajeitando-o de uma forma que se alguém o visse de longe, não perceberia estar em sono. Então, pegou todas as caixas e latas dali. Abriu o portão conforme ele instruíra. Deixou o lixo na lixeira. E seguiu no vento frio daquele inicio de madrugada.

Continua...

Sound Track

"Tantas vezes até agora", fiz papel de idiota
 “Tantas vezes”, estive na sombra de alguém
Agora, sou personagem principal!

Ao menos em meus sonhos...
Deixe-me fazer o que eu quero! 


Ima mande nando mo
Mass Missile

Vocabulário de expressões e Observações.

1-      Daijoubu ka :Você está bem?
2-      Yamero: Pare;

Agradecimentos especiais: Yukihina, Nyuu D e Akitou-sou-sama. Eu nem sei como agradecê-los pelas palavras tão lindas nas recomendações que fizeram da minha história. Olha, quem escreve sabe que as nossas fics são quase como "filhos" para nós. E quando estas recebem algum reconhecimento, seja pela review deixada, seja por um gesto mais intenso como uma recomendação, dá um baita orgulho! Obrigado mesmo! Estou muito feliz com esse projeto e a aceitação tão boa dos leitores, me deixaram emocionada!


Notas finais do capítulo

Capítulo oito já está pronto! Só falta revisar e esperar a capa do Akito-sama. D)

Agradeço à todas as reviews!

Meu beijo coletivo! ;*

See you next! o/

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