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[Saint Seiya] Ausência, escrita por Nemui

Capítulos: único
Autor: Nemui
Fandom: Saint Seiya
Gênero: Drama

Classificação: livre.
Status: Completa
Resumo: Um pequeno conto sobre Seika, quando ela ainda não tinha recuperado a memória de Seiya.



O velho patrão tinha saído para resolver um assunto na vila vizinha e me deixara para cuidar do balcão. Eu gostava de atender os clientes da loja. No entra e sai, via e revia rostos conhecidos, que eram todos muito gentis comigo. Era um pequeno mercado, vendíamos utilidades: panela, farinha, corda, martelo, guarda-chuva, roupa, livro, remédio. Com um pouco de tudo, sempre haveria algo para vender.

Uma cliente entrou trazendo pela mão um menino de sete anos. Ele logo se desprendeu dela, correu entre as prateleiras, subiu num banco, pulou, pegou um brinquedo no meio da queda e correu de novo. Era o irmão dela…

“Ah, Seika… Cuidando da loja de novo?”

“Sim. O patrão saiu, hoje sou eu.”

O menino circulava pelo espaço da venda onde colocávamos os brinquedos. Ele era cheio de vida. Tinha os joelhos ralados, a roupa um pouco suja, estava suado e despenteado. Não podia me distrair, voltei-me para a cliente…

“E você, não sai?”, perguntou ela.

“Eu?”

“É! Tem mais alguém aqui, mulher? Tô falando com você, é óbvio. Ó, hoje à noite eu vou deixar o moleque com a mãe dele e vou sair, não quero nem saber. A gente vai lá pro bar. Não quer ir? Não é bom ficar sozinha, assim.”

Eu era sozinha, mas não por não ter uma vida noturna. Não era nada disso. Era que faltava algo… sempre faltou. Olhei de novo para o menino. Ele estufava o peito empunhando uma espada de plástico como um chefe de exército, e a imagem foi inexplicavelmente dolorosa. Não podia vê-lo! Virei para o lado oposto, mas me surpreendi vendo-o de novo em menos de dez segundos.

“Ah… Fica pra outra hora. Divirtam-se por mim.”

“Poxa, Seika, pára com isso… Você nunca vem.”

“Eu vou na próxima, prometo.”

“Tá bom. Já que é assim… Escuta, você tem pasta de dente? Acabou em casa, vim buscar.”

“Tenho sim, só um minuto…”

Saí de trás do balcão para ir até a prateleira. O menino, antes que eu pudesse pegar a caixa, veio voando com sua espada, arrancou um dos pacotes da prateleira e me encarou alegre, exibindo o buraco da arcada dentária em formação. E sua alegria envolveu um vácuo dentro de mim. Eu não sabia o que era, nem por que sentia aquilo. Mas eu me sentia terrivelmente só quando olhava para aquele sorriso. Era como se eu devesse lembrar algo…

Não! Não podia olhar para ele! Tentei sorrir e voltei-me para a cliente.

“Vou pôr na sua conta.”

“Valeu, Seika. Se puder, dá uma passada hoje à noite, tá? Vou te esperar! Vambora, moleque! Larga essa coisa!”

Não pude evitar. Olhei de novo e senti aquele vazio. O menino colocou o brinquedo de volta à prateleira e saiu correndo para a porta. E quando o vi partindo, a sensação de angústia multiplicou-se, cresceu e explodiu aqui dentro. E antes que pudesse evitar, senti os olhos arderem. E não sabia por quê.

Faltava algo aqui. Faltava um pedaço de vida. Eu tinha a obrigação de saber o que era, mas não sabia! Por mais que tentasse, não conseguia lembrar! Era uma pessoa? Por que doía tanto olhar para o irmão? O que era aquela dor? Cerrei os olhos, respirei fundo… Mas a dor não diminuía. Nem diminuiria.

Faltava algo… Um nome… muito importante…

*FIM*

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