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[Naruto] All I Wanted Was You, escrita por Andréia Kennen

Capítulos:  único
Autor: Andréia Kennen
Fandom: Naruto
Gênero: Drama, Romance, Shounen-ai, Songfic, Yaoi
Status: completa
Classificação: 16 anos
Resumo: É o momento do fim. A guerra acabou. Será que Sasuke irá aceitar o pedido de Naruto e voltar para a Kanoha? [One-shot. SasuNaru. NaruSaku. Yaoi. Drama. Romance. Songfic baseada na múscica The Kill da Pitty e do Seconds To Mar.]



Notas da História:

Sobre a autoria do Fandom:
Naruto não me pertence, e sim ao seu autor: Masashi Kishimoto e seus respectivos colaboradores. Esta é uma fanfiction (Ficção feita por fã), e é totalmente sem fins lucrativos. Assim, a exploração comercial; cópia (parcial ou integral das ideias apresentadas aqui) ou ainda, a divulgação do presente texto fora deste domínio, - por pessoas não autorizadas - são consideradas violações legais. Sobre a capa: A montagem foi feita por mim, com imagens retiradas de um dos encerramentos, do Naruto Shippuden. Advertência: O presente texto contém Yaoi (Romance homossexual). Se o tema não o agrada, por favor, não prossiga.Observações: Os números que aparecerem entre parênteses dentro do texto, possui notas explicativas no final; assim como o vocabulário das expressões japonesas que utilizo; trechos do texto em itálico se referem às lembranças do personagem e os trechos entre aspas (“”) são os pensamentos.

All I wanted was you
Only Chapter

As explosões ocorriam por todos os lados.

No chão, várias labaredas ainda crepitavam, sinais daquela terrível guerra ninja que acabara de se findar. De onde eu estava, conseguia observar, - espalhado ao longo do campo de batalha -, corpos sem vidas, outros mutilados, tombados e agonizantes no chão. Todos, a espera de socorro.

A névoa acinzentada das explosões encobriu a luz do sol. A vegetação antes existente ali, fora toda dizimada, restando apenas um imenso campo deserto. Mesmo assim, entre tantos escombros e corpos caídos, eu só conseguia pensar nele.

Tentei me levantar. Dor. Meu corpo quase fora dilacerado devido à força monstruosa do ser que habitava em mim. O mesmo, que por pouco, não extinguira o nosso mundo, levando consigo até eu, o seu antigo detentor, seu ex-recipiente...

A maldita fera de nove caldas, o ser maligno que representava a ganância do mundo pelo poder, finalmente, havia sido derrotada.

A guerra chegara ao seu fim.

Forcei meus olhos a ficarem abertos, mesmo estes ardendo em meio às nuvens de fumaça; precisava encontrá-lo. Foi quando eu o identifique, ao longe, tentando com muita dificuldade, se pôr de pé. Era certo: ele também estava exaurido por ter usado tanto chakra.

Tão perto e tão inalcançável...

Senti aquela dor revoltante crescer novamente no meu peito. Eu também estava tentando me levantar, andar até ele, abraçá-lo, abrir um grande sorriso e dizer: “Enfim, vencemos, Sasuke!”. E assim, levá-lo de volta para casa.

Levá-lo de volta para Konoha...

Este sempre foi o meu desejo mais insano, chegando a superar em intensidade, o desejo de me tornar um Hokage. O anseio de levá-lo de volta para perto de mim fora o que me incentivou ao longo dos anos de sua ausência, a me transformar no ninja que sou hoje.

Porém, mesmo eu tendo me esforçado tanto para igualá-lo e até superá-lo em nível de poder, mesmo eu lutando bravamente ao lado dele, mesmo eu dominando o monstro que quis destruir o mundo e me consumir; mesmo, mesmo e mesmo assim! Ele ainda parecia não me enxergar...

Uchiha Sasuke...

Você ainda ignora a minha existência, não é?

A dor no meu peito se tornou cortante ao pensar naquilo. Minhas pálpebras tremulavam. Meu corpo estava cansado demais, eu sentia que iria desfalecer a qualquer momento. Mas não podia! Se eu me deixasse abater naquele momento, ele iria desaparecer no ar como sempre fazia.

Forcei-me a ficar de pé. As minhas vestes haviam sido praticamente consumidas pelo calor incandescente do chakra da raposa, não restava nenhum vestígio do que fora um dia minha jaqueta laranja, somente a regata preta que usava por baixo ainda cobria parte do meu corpo; cheia de rasgos e furos, deixando transparecer claramente meus ferimentos, de onde ainda vertia um límpido e rubro sangue.

 Cambaleando, passei a caminhar em meio aquele cenário devastado, os pés nus sendo espetados pelos destroços, já que a sandália ninja também haviam se evaporado com a força destrutiva dos golpes que recebi.

Enquanto andava, ouvia os gritos de dores dos sobreviventes que vinham de várias direções. Contudo, o pior já havia passado. Tinha terminado. Se ainda estavam vivos, poderiam continuar clamando por ajuda. Logo, ouvi vozes, - perguntando quem estava vivo -, se propagando pelo ambiente. Era os ninjas médicos que corriam de um lado para outro atrás dos feridos. Menos preocupado, continuei focado na figura mais adiante. Antes que ele se levantasse e desaparecesse.

– Sa- Sasuke… - consegui pronunciar por fim, ao me aproximar o suficiente para vê-lo se reerguer embaixo dos entulhos, o corpo e os cabelos cobertos por ferrugens e terra. Ele meneou a cabeça de um lado para o outro, para limpar o excesso de sujeira nos cabelos, fazendo a névoa castanha e cinza serpentear em volta do seu belo rosto.

Enfim, aquele monstro no qual ele se transformara para lutar, havia dado lugar ao rosto belo que conhecia tão bem. Senti um nó apertar a minha garganta. A vontade de chorar era praticamente incontrolável. Se aquele era o fim, ele poderia voltar comigo, não é? Eu poderia me arriscar a perguntar sem levar um novo “não” como resposta.

Foi o que eu pensei.

– Sasuke, você...

– Esqueça, Naruto. Eu não vou voltar. – a voz dele pronunciou-se serena, porém, firme e decidida como sempre.

 “Por quê?”, era a pergunta que eu queria gritar. Por que “não”?! Se tudo finalmente havia chegado ao fim.

Mas a bendita da minha voz estava engasgada na garganta. Me senti fraco, caí de joelhos ao chão e apertei aquela terra tão lavada de nossos sangues entre meus dedos. Finalmente, as gotas brilhantes que escorriam dos meus olhos, entraram em contraste com àquele chão morto de tantas explosões.

Eu o ouvi dar a resposta à pergunta que nem se quer, fui capaz de vocalizar.

– Por que eu não pertenço mais ao seu mundo.

Eu já sabia daquela resposta, mesmo assim, tinha esperança de ouvi-la diferente.

– Naruto, chega! – de repente ele esbravejou. - Não me faz mais dizer isso! Eu não vou voltar. Se conforme e me esqueça! Antes que eu volte a achá-lo o patético que fora no passado. Você lutou bravamente, tem o meu respeito agora, mantenha isso que conquistou.


What if I wanted to break?
E se eu quisesse terminar?
Laugh it all off in your face
Rir de tudo na sua cara? 
What would you do?
O que você faria?

Eu queria tanto responder: “Não, eu não posso e não consigo esquecê-lo, Sasuke!”. Mas as lágrimas pareciam ser a minha única resposta. Mesmo depois de todas as atitudes egoístas que ele tomou, mesmo depois de tanto sofrimento que me causou, eu ainda o queria. Ele alcançou seu objetivo. Então, porque não me dava a chance de conquistar o meu? De cumprir a minha promessa.

Não conseguia mais conviver com aquela dor. Eu Uzumaki Naruto, o teimoso, o que não tem medo de lutar, o que não desiste nunca do seu jeito ninja de ser, era um ser tão patético em frente daquele outro ali, em pé, altivo, imponente. Porque eu não conseguia me livrar dele e dessa maldita agonia! Eu não era feito de aço! Por mais que eu diga que vou continuar lutando! Eu sinto que não posso mais suportar...

E se eu desmoronar?
Se não pudesse mais aguentar?
O que você faria?

– E... o quê... v- você vai fazer a partir de agora, Sasuke? – o bendito choro não me permitia nem sequer questioná-lo sem gaguejar.

– Não sei. – ele foi frio e enfático. – Mas seja o que for, não inclui voltar a Konoha.

É, eu achei que já tinha me anestesiado daquela afirmação, mas aquele sentimento que me invadiu, foi o pior de todas as lutas pelas quais eu já havia passado.

– Me esqueça, Naruto. – repetiu ele, calmamente. - Me enterre. Finja que eu morri nessa batalha. Estou cansado de você correndo como um louco atrás de mim. Enfie as minhas palavras na sua cabeça...

Come break me down!
Venha me destruir!
Bury me, bury me!
Me enterre, me enterre!
I am finished with you!
Eu estou farto de você!

– E se eu não quiser parar de correr atrás de você, Sasuke?! – desabafei enfim, fazendo as pessoas combalidas a nossa volta tornarem seus olhares assombrados para nós. - Se eu quisesse... – as palavras engasgaram novamente, não queriam sair.

E se eu quisesse lutar?
Pelo resto da vida implorar?
O que você faria?

– Hã? – ele finalmente voltou seus orbes obscuros para mim.

E... Em meio à paisagem árida, vi os raios de sol ultrapassarem a névoa de fumaça que, havia transformado o lugar em um grande túmulo, iluminando tudo com seu brilho. Mostrando que ainda havia vida; esperança. Os olhos negros, ainda estavam fixos nos meus, o semblante ostentava um ar ameno. Mesmo assim, ele parecia relutante.

– Nesse momento estou parado diante de você. Se ainda deseja algo de mim, então diga.

Say, you wanted more…
Você diz que queria mais...
What are you waiting for?
O que você está esperando?
I'm not running from you.
Eu não estou fugindo de você.

Eu não consegui entender o que ele estava querendo me dizer.

– O que eu desejo? Você sabe, Sasuke! Eu só quero que volte comigo para... para casa. – era a única resposta que eu conseguia formular. Talvez, a única em que eu quisesse mesmo acreditar.

Então eu o ouvi suspirar e voltar seus olhos para o horizonte, pronunciando-se cansado:

– Você é tão irritante, nem sabe dizer o que quer. A sua casa, há muito já não é a minha, Dobe!

– Mas...

– Estou farto desta sua resposta. Eu já disse: me enterre! Será melhor para todos. – novamente, ele deu as costas para mim. Estava prestes a se desfazer no espaço e me deixar, e quem sabe, para sempre.

Que resposta ele queria de mim? Sendo que a única coisa que ele sabia dizer era...

Come break me down!
Venha me destruir!
Bury me, bury me!
Me enterre, me enterre!
I am finished with you!
Eu estou farto de você!
Juntando forças, decidi ficar de pé. Escalei o pequeno morro – que fora feito dos escombros da batalha -, onde ele estava altivo, a contemplar a vista do campo devastado da batalha. O alcancei e enlacei suas costas com toda força que me restava. Pude até sentir meu chakra se elevando, se reanimando.

– Olhe para mim, Sasuke! Você só sabe me ferir... Não percebe que deste jeito está me matando?

Look in my eyes!
Olhe nos meus olhos!
You're killing me, killing me!
Você está me matando, me matando!
All I wanted was you!
Tudo que eu queria era você!

Eu o senti suspirar profundamente, as minhas lágrimas molhavam suas costas nuas, já que ele abaixara a veste que cobria seu torso, para se metamorfar na criatura poderosa que havia nos ajudado na batalha. Então, o percebi cruzar os braços sobre os meus, correspondendo de uma forma singela ao meu abraço. Ele estava tão pleno naquele instante, que quase pude sentir seu coração batendo mais rápido.

– Eu sou outra pessoa agora, Naruto. – ele pronunciou em um sussurro. - Eu não vou mudar do que me tornei. Não tem como eu voltar a ser o que eu fui. O Sasuke com quem conviveu na infância não existe mais. Eu me encontrei neste novo eu. E este novo eu, não me permite voltar com você... Sinto muito...

I tried to be someone else.
Eu tentei ser outra pessoa.
But nothing seemed to change.
Mas nada parecia mudar.
I know now, this is who I really am inside!
Sei agora que este é quem eu realmente sou por dentro!
Finally found myself! Fighting for a chance I know now,
Finalmente me encontrei! Lutando por uma chance eu sei que agora,
This is who I realy am!
Este é quem eu realmente sou!
– Então, quem vai fingir que eu estou morto é você, não é? Você irá me enterrar, Sasuke? É isso que está querendo me dizer? – meus braços amoleceram e se afrouxaram, a fraqueza me tomou de novo, e eu me vi desfalecendo.

Come break me down!
Venha me destruir!
Bury me, bury me!
Me enterre, me enterre!
I am finished with you!
Eu estou farto de você!

– Abra os olhos, Naruto. – ouvi ele soprando aquele pedido em minha face, Sasuke havia amparado minha queda. E agora eu estava nos braços dele. Ele pedia...

Look in my eyes...
Olhe nos meus olhos...
– Não consigo... – respondi sincero. – Me deixa ficar aqui e vai embora logo. Não me mate mais com suas palavras. Eu não aguento mais a dor que elas me causam. – conclui, enquanto sentia o calor dos dedos dele, passeando pelo meu rosto. Ou estava tão mal que estaria alucinando?

You're killing me, killing me!
Você está me matando, me matando!

Reabri os olhos, e o notei tão perto que fez meu ar falhar no peito. Seus olhos, tomado por um brilho estranho. O que era aquilo? Ergui uma das minhas mãos e o toquei com as pontas dos meus dedos. Era úmido, eram...

Lágrimas?

Sasuke estava chorando?

Ele cerrou seus olhos, como se estivesse se sentindo bem com a minha quase carícia em sua pele, aumentei o passeio dos meus dedos em sua bela face, escorrendo-os por seu queixo, olhos, sobrancelhas, nariz... Eu estava redesenhando seus traços. Gravando-os em mim. Como se fosse a última vez que eu o veria. Detive o movimento, parando-o em seus lábios.

– Naruto... – ele sussurrou, fazendo meus dígitos, que ainda estavam parados naquela região se moverem. O meu coração tamborilou no peito e ele reabriu seus orbes negros.

– Hm? – resmunguei, sem mais coragem para argumentar.

– Você sempre foi luz. Uma luz forte, ofuscante, quente e incandescente que destrói, dizima, acaba com as trevas existentes em qualquer coração. Por isso, não pude ficar ao seu lado. Não podia permitir que você usasse sua luz para acabar com a escuridão que existia em mim, fazendo assim, com que eu desistisse dos meus objetivos...

– Mas agora você... – ele não me permitiu continuar, calando-me com o seu dedo indicador sobre os meus lábios.

– Deixe-me terminar... – ele pediu, e eu assenti com um meneio de cabeça. - O destino muda o rumo das coisas. Hoje, por mais que eu quisesse permanecer do seu lado, eu não poderia mais fazer parte da sua vida. Todos que o reconheceram, Naruto, o veneram. Você tem o poder de mudar o coração das pessoas e até o mundo... Precisa se focar nesse seu dom. Seja um grande Hokage como prometeu. Tenha uma vida plena e feliz. Tenha filhos, dê a eles todo o amor que você tem dentro de si. E, um dia, quando estiver perto de morrer de velhice, não pense que não conseguiu trazer seu irmão de volta para casa. Pense, que você o deixou seguir o caminho que ele escolheu, que é viver sozinho, e seguir em penitência em nome do seu clã... Eu não quero que você consuma com sua luz a escuridão que existe em mim, assim como eu não quero ofuscar seu brilho, com as trevas que carrego.

As lágrimas desciam meu rosto com uma facilidade que jamais imaginei, tanto que meu corpo estremecia. Eu queria convencê-lo de que poderia ser diferente. Mas naquele momento eu o entendia...  Nós dois sempre fomos iguais em nossas ideologias, e nada no mundo nos convenceria do contrário, nem ele me faria desistir das minhas vontades, nem eu o faria desistir das dele.

Nossos sentimentos se encontravam, se divergiam e se anulavam.

– Sasuke... – chorei, sentindo os soluços balançarem meu corpo. A compreensão trazendo a dor. Eu entendia. Entendia que jamais o teria.

Foi quando eu percebi a boca dele se entreabrir, seus olhos semicerrarem e seu rosto se aproximar do meu, parei de fungar e fechei meus olhos, eu queria sentir aquilo, por mais estranho que pudesse parecer... Eu queria.

O meu coração desesperou-se quando a boca dele tocou a minha. Era uma sensação que contorcia o estômago fazendo-o dar mil voltas. O ar me faltou rapidamente, eu o havia detido no peito devido a ansiedade. Na verdade, não queria fazer nenhum movimento brusco que o fizesse recuar daquele ato. Mas o fôlego...

Meus pulmões reclamavam por ar... Mas eu queria aguentar mais um pouco. Precisava aguentar! Esperei. Sentindo a inenarrável sensação de ter os lábios dele se movendo sobre os meus. Porém, não suportei a falta de ar. Agarrei aos cabelos dele e os puxei para cima, fazendo-o desgrudar da minha boca e assim, me deixar respirar.

As margens dos meus olhos ardiam. Meus dentes batiam, mostrando um evidente tremor. A saliva na minha boca ainda tinha o gosto dele. O que eu deveria fazer? Respirar, respirar! Primeiro respirar. Até que o vi se mover. Fiquei com receio que ele pensasse que eu estava rejeitando seu beijo. Não podia deixá-lo pensar aquilo!

Ao sentir que já havia tomado ar suficiente, avancei em seus lábios e os tomei para mim, correspondendo-o da forma certa, sugando-os ora com força - de uma fome contida durante anos -, ora de vagar, saboreando a maciez daquela carne. Minha face ardeu, quando seus braços me envolverem, adensando os desejos dos nossos corpos. Sua língua forçava uma invasão, entreabri os lábios e a recebi; suguei. Aquele avanço despertou algo bom, era como um formigamento no baixo ventre. Queria saber mais sobre aquela sensação, prolongá-la, torná-la mais intensa. Contudo... Tinha ciência de que não teríamos essa oportunidade. Por isso, era necessário aproveitar ao máximo aquele momento.

O beijo prolongou-se, até que o silêncio daquele momento foi interrompido por uma voz feminina, a qual conhecíamos muito bem.

– Naruto, precisa tratar dos seus ferimentos.

Detive o beijo, com o coração ainda cavalgando no peito. Afastamos lentamente da boca um do outro, tendo o cuidado de não desviarmos nossos olhares. Mesmo assim, um novo sentimento me tomou: o de vergonha. Engoli em seco. Provavelmente, não era só ela, - a garota que eu sempre declarei amar, e que amava aquele a quem eu havia acabado de beijar - que estava assistindo aquela cena tão incomum a um fim de batalha.

Mas eu sei que há muito, Sakura entendia.

– Vamos? – ela me chamou, como se soubesse que no fundo, aquele era o desfecho de uma busca inalcançável.

Sasuke também parecia compreender que aquele era seu momento final conosco, ele se levantou, desvinculando de mim facilmente e voltou-se para a garota de cabelos rosa, - que mantinha os olhos fixos no chão -, e sinceramente, pediu:

– Desculpe-me, Sakura?

A minha companheira de time apenas sacudiu suas madeixas de um lado a outro, fazendo os fios chicotearem seu rosto. Mesmo sem pronunciar uma palavra, era compreensível sua resposta: não havia nada para ele se desculpar.

Então, eu o vi se afastar, a medida que a Sakura se aproximava de mim, erguendo seu rosto e sorrindo gentilmente, só para mim. Era claro que o outro que se distanciava de nós, não estava no campo de visão dela. Era como se a Kunoichi estivesse conseguido elaborar uma vacina capaz de imunizá-la contra os efeitos daquele mal chamado “Uchiha Sasuke”.

Encarei a face dela com preocupação. Os orbes verdes estavam mais claros que o comum, e ela sorria, um sorriso que pra mim, naquele momento, fora totalmente indecifrável. Mas que desenhavam naquele instante, os primeiros rabiscos do nosso futuro juntos.

Quando voltamos a olhar o horizonte a procura de Sasuke, ele já havia desaparecido. Eu senti as mãos dela no meu peito, fazendo eclodir aquela luz verde que recuperava os ferimentos. E enfim, ela se pronunciou:

– De acordo com o Kakashi-sensei, partiremos de volta à Konoha em uma hora. Ele pediu para que eu o deixasse bem a ponto de andar sozinho. Temos muitos feridos para carregar.

Eu toquei a mão dela que estava sobre meu peito. A minha preocupação agora era só com ela. Eu e a Sakura aprendemos a superar juntos. Éramos amigos, companheiros de batalha, irmãos, cúmplices, algo mais... Juntos desde o início. Até no fim. Sentia muito, por não ter cumprido a promessa que fiz.

– Gomen, Sakura-chan? Por não ter cumprido a promessa.

– Iie... – ela respondeu, balançando novamente os cabelos de um lado para o outro, deixando que as lágrimas vencessem e banhassem seu rosto contraído de dor, fazendo-o suavizar-se. – Você fez muito mais que cumprir aquela promessa idiota, Naruto. Você se tornou muito forte, sempre me protegeu, protegeu os moradores da vila, mostrou as pessoas o caminho certo o qual elas devem trilhar... Tudo com seu idiota jeito ninja de ser...

Ela sorriu, em meio aquele rosto banhado por lágrimas.

– Eu não posso exigir mais de você.

– Mas eu não queria mais vê-la chorando por ele. – eu sussurrei, elevando minha mão ao rosto dela e tentando secar as lágrimas que escorriam como uma mine-cachoeira.

– O único por quem ando chorando ultimamente é você, baka!

Eu me sobressaltei com aquela declaração.

– Sakura-chan, você...

– Só não conte aos nossos filhos que um dia, você beijou seu melhor amigo daquele jeito tão meloso, está bem? Mas pode contar daquele primeiro beijo, o mais bobo, dado por acidente na academia... – pediu ela, parando um momento com a cura, para esfregar os olhos.

Ao entender o que ela estava querendo me dizer, senti uma nova energia me reanimar.

– Sakura-chan, você está querendo dizer que...

– Que vamos continuar seguindo juntos, certo? Se você ainda me quiser, é claro.

– Sakura...

– Só diz que me aceita?

Eu me levantei do chão, puxando-a para mim e a abracei com força. Assim, ficamos por um bom tempo. Esse foi o rompimento dos nossos laços com o Sasuke e foi um novo começo... Um começo só meu e dela.

Uchiha Sasuke? Nunca mais ouvimos falar dele, desde aquele dia. Mas não posso afirmar que nunca mais pensei nele.

Ah, sim... Eu me tornei o sexto Hokage. Sou pai de três filhos. O mais velho é adotado, o que mais me idolatra também. Seu nome é Yoru, significa “Noite”. Ele tem lindos olhos verdes, é pálido, têm cabelos bagunçados e negros. Ele é sério, dedicado as funções ninjas, além de ser um dos partidos mais desejados pelas garotas de Konoha por ser filho de alguém importante como eu. Sim, algo familiar com outro ser. Às vezes até acho que ele vai conseguir despertar o Sharingan em nossos treinos, por se parecer tanto com Sasuke.

Ele se tornou meu favorito.

Mas jamais diria isso a ninguém. Nem a Sakura, nem aos meus outros dois filhos. Por falar nos outros dois mais novos. São terríveis! Gêmeos! Idênticos a mim, olhos azuis e cabelos loiros. A menina se chama Bara, significa “Rosa”. Mas ela só tem o nome relacionado a uma flor, ela não tem nada de delicada, é uma peste e parece um demônio em forma de gente. Estou pagando por tudo que fiz, tenho certeza! Ela é exatamente minha cópia quando era criança. Puxou até minha pouca inteligência...

Já Hikari, têm a sabedoria da mãe, é a nossa Luz resplandecente, sim o nome dele significa literalmente “Luz” ou “Brilho”. Mas é tão carrancudo e fechado, que o nome dele não combina em nada com seu gênio. Contudo, ele e o irmão mais velho se dão bem e se respeitam. Quando vejo os três juntos, algo nostálgico me invade...  Visualizo neles, o que um dia eu, Sasuke, e a Sakura fomos...

Um time.

É, o tempo passa. As coisas mudam, e nós nos moldamos ou nos conformamos com as transformações ao nosso redor. Posso dizer que sou feliz. Mas ainda existem noites em que eu sonho com aquele beijo... Ai de mim se a Sakura descobre! Mas, no fundo, é esse sentimento, de um dia revê-lo, nem que seja antes de morrer, que me faz querer lutar e vencer sempre mais!


All I wanted was you!
Tudo que eu queria era você!

Fim.


Notas finais do capítulo

Ah tá, me trucidem agora, fãs SasuNaru ou NaruSasu. Mas no fundo, é nisso que acho que essa história ainda vai dar: em pizza! (-.-)

Mas é claro, como disse brincando na última one-shot “Não, eu desisto!”, enquanto nós fãs yaois e desse casal, sonharmos com um final com eles juntos, esse final existirá nos nossos corações. Mas se o Kishimoto nos presentear com um mero beijo como fiz nessa fic, já me sentirei satisfeita. E também, já imaginaram que lindos filhos esses dois NaruSaku terão juntos?

De vez em quando dá vontade de fazer algo dramático e meloso assim. Então quando vi (e ouvi) essa música da Pitty com o 30 Seconds to mar no youtube, eu suspirei e pensei: Isso dá uma fic de Naruto.

Ainda penso em fazer uma história Canon com o futuro deles. E se a preguiça um dia deixar, eu dou início ao projeto. Bom, esse só foi um aperitivo enquanto não faço atualizações dos meus outros trabalhos.

See you next! o/

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