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Um Coração que Ressurge por Você § 6 – Uma Pequena Regressão

Notas Iniciais:
 
“Hasta a la vista, baby” assim disse o Exterminador e aí está ele  de volta... E aqui estou!!! Ah, o Arnoldinho não é meu.... Certo... Nem o Darien. Fazer o quê?
Este Capítulo é dedicado à Ranny, que faz nove aninhos nesse mês de agosto.
 
 
 Olho Azul Apresenta:
Um Coração que Ressurge
por Você

 
Capítulo 6 – Uma Pequena Regressão
 
   Eu estava sentada no sofá, ainda de pijama, assistindo a algum desenho matutino. Havia trabalhado o dia anterior todo, ajudando Darien e Katreen com os papéis de parede. Mas foi compensador, ficaram lindos os quartos!
 
  Eu não estava prestando muita atenção no que se passava na tela à minha frente... Pensava na conversa com Darien. Ele fora tão sincero ao declarar que me entendia. Agora notava o meu egoísmo... Ficar tão triste assim quando a culpa, que sentia, não faria nada melhor. Tampouco a vida de Darien. Neste momento me prometi só chorar quando a situação me parecesse pior que a de Darien. Ou quando este implicasse comigo, só para vê-lo sentir pena!
 
  Sorri com este pensamento, ele merecia! Já me fez passar por poucas e boas...
 
-Bom dia...-ouvi Katreen dizer. Estava com uma camisola de seda, de alça.-Acordou cedo hoje, são sete da manhã...
-É, queria ver desenho, hehehe.-menti.
-E Darien?
-Acho que dormindo, coisa que você não parece ter feito...
-Não, tive pesadelos a noite toda...-seus olhos estavam bem pesados e ela olhava a mesinha no centro da sala, sem ver, porém.
-Que chato... Quer falar sobre eles?
-Não é necessário. É só que, com a situação do Darien, tenho pensado muito numa antiga grande amiga minha...
-Ela também ficou-
-Paraplégica? Não... Foi a primeira namorada dele...
-A que, quando ele perdeu, se fechou todo?
-Isso... Serena... Tenho tanto medo disso acontecer de novo! Precisava vê-lo... Mal falava com ninguém, só obedecia a ordens; tal qual um robô.
-Não mudou muito.
-Hahaha! Você é quem pensa.-ela me olhou.-Darien é fechado até certo ponto, e sempre o foi. Mas quando ela se foi, mal comia, mal dormia. A faculdade onde estuda tem um colegial magnífico, tão competido que é mais difícil passar pra ele do que para o Ensino Superior em si. Ele prestaria esta prova, junto com ela. Mas quando tudo aconteceu... Desistiu.
-Mas como pode ter se abalado tanto assim? Não é como se o mundo tivesse acabado.
-Graças a Andrew, ele continuou vivendo... E graças a uma garota, sua segunda namorada, ele voltou ao normal e superou. Mas não acho que tenha esquecido. Imagino o que aconteceria se Patricia lhe aparecesse na frente.
-Patricia?-a voz de Darien ecoou na sala.
 
  Katreen olhou-o, assustada.
 
-Ela é passado.-ele completou.
-Eu entendo, Lindinho! Só estava contando a história da sua vida para Sere-chan!-Katreen dissimulou, sorrindo.
-Espero que sim... Sabe que prefiro não ouvir esse nome...
-Sim, sim.-Katreen falava tentando dar uma animada, mas era notável como a fisionomia de Darien havia mudado, se comparada com a do dia anterior.-Mas, por que também acordou cedo?
-É que Andrew falou que viria cedo aqui, com sua irmã. Ela diz que está doida pra conhecer a serena pessoalmente e também para te ver, Katreen.
-Que bom! Mas pra quê tãaao cedo?
-Eu ouvi vozes, abri os olhos e dei de cara com todas aquelas novas cores... Não conseguir retornar ao sono.
-Desculpa por incomodar.-falei baixo. Eu realmente não pretendia acordá-lo, tampouco encará-lo, não após as cenas de ontem.
-Está tudo bem; uma hora teria que fazê-lo. Ainda por cima, fiz sozinho de novo! Estou pegando o jeito.
-Vamos tomar café!?-perguntou Katreen, forçando um sorriso. Talvez a menina estivesse, realmente, povoando seus sonhos... Queria continuar no assunto, mas era como se Darien tivesse posto um decreto proibindo-o.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Eram oito e meia. Katreen havia saído para fazer uma caminhada enquanto Darien e eu assistíamos tevê. Desta vez, eu prestava atenção e acho que ele também. Era um jornal matutino anunciando um novo ataque. Eu não queria muito pensar naquilo... Desde que cheguei aqui, tentei evitá-lo. Sentia-me culpada ainda, apesar de Darien parecer bem. Mas, no final, era inevitável que me viesse à cabeça...
 
  Mas me mantinha firme na decisão: nunca mais seria a Sailor Moon, nunca mesmo! Seria melhor para todos mesmo!!!
 
BLING BLONG
 
  Levantei-me, devia ser Katreen, retornando do passeio.
 
-Serena-chan!-Andrew falou, entrando. Com ele vinha Katreen e uma garota de cabelos castanhos.-Quero te apresentar à minha irmã, Lizzie.
-Hajime mashite!-ela falou, alegremente.
 
  Sorri e lhe respondi. Mas logo saiu com Katreen para o quarto ao lado da cozinha. Iriam ver as fotos de família. Pensei em ir, mas sentia saudades de Andrew.
 
-Como vai, Serena?-ele me perguntou, sentando-se ao lado de Darien.
 
  Voltei para a poltrona.
 
-Bem, Darien dá trabalho, mas eu tenho energia de sobra!-brinquei.
-Hahahaha! Estão se dando bem?-perguntou, mas virando-se para Darien, que até então só nos observava.
-Pode-se dizer que sim...-falou, mas ficou bem vago. Andrew decidiu que o melhor seria não se aprofundar.
-Certo... Serena, pode me dar um copo d’água?-pediu, levantando-se e me acompanhando até a cozinha.
 
  Chegando lá, apoiou-se no balcão, enquanto eu lhe servia.
 
-Escuta... O que há com ele? Não sabia que estava tão deprimido... Ainda mais contigo aqui, era para-
-O que tem eu!?-perguntei-lhe.-Não sou antídoto pra veneno algum. Darien tá assim por causa da conversa com Katreen, hoje mais cedo.
-Sobre o quê?
-Uma ex dele...
-Gia ou Trish?
-Quê!?
-Giovanna ou Patricia? Ele só namorou essas duas.
-Ah, a segunda.
-Entendo... É meio que tabu não se falar muito dela.
-É? Por quê?
-Por tudo o que houve... Eles se amavam muito. Lembro-me de quando entrei na escola em que estudavam. Não se desgrudavam, quero dizer... Era como se estivessem num outro mundo, num só deles!
-Deve ter sido difícil perdê-la... Katreen disse que ele ficou bem assim, fechado.
-Mais que isso, no início. Um pouco antes dela se ir, eu comecei a conversar com eles. E Darien era até um tanto expansivo. Quando aconteceu, ele se trancou no quarto e ficou lá deitado, por um bom tempo. Aí seus pais se mudaram e ele ficou. Foi quando conheceu a Giovanna. Ela era o oposto dele, sabe? Muito alegre, cheia de vida. E ele muitíssimo fechado, triste, amargo... Acho que só eu podia me aproximar e, mesmo assim, tomava minhas precauções. Ele se culpava pelo que houve.
-Que chato...
-E sem lógica! De qualquer forma. Gia insistiu tanto que ele acabou cedendo. Saíram por um tempo, até que ele decidiu oficializar. Namoraram por mais de um ano, foram felizes até o fim. Darien se transformou naquela época. Fazia cada loucura! Tinha quinze anos quando bebeu pela primeira vez e ficou de porre. É muito engraçado vê-lo bêbado! E Gia... Bem, não sei como não engravidou... Estavam sempre grudados, não moravam juntos, mas um vivia na casa do outro. Ela também vivia sozinha.
-E quando se separaram? Ele ficou muito mal?
-É, só não pergunte a ninguém sobre o motivo... é outro tabu, sabe? Ela o magoou muito mesmo. Mas ele não se fechou como antes e dois meses depois, da noite pro dia ele mudou. Voltou a falar com todo mundo e retomou os estudos, parados na separação. Passamos no Vestibular para a faculdade e estamos muito bem, hehe. Ele estava no terceiro ano quando romperam e ela no segundo. Seguiu outra faculdade depois e continuou sendo doida como sempre. Até onde sei, nunca mais namorou ninguém.
-Que menina!
-Com certeza... Bonita, mas não presta. Vai ver que Katreen é da mesma opinião. E até mais radical.
-Vamos voltar pra lá... Darien deve estar desconfiado.
 
*-*-*-*-*Darien*-*-*-*-*
 
  Eu ouvia atentamente ao jornal. Sabia sobre o que falavam, mas ela era passado! Patricia... Sim, um passado bem distante. Nunca daríamos certo, mesmo. Notei isso há muito tempo.
 
  Na tevê, continuavam a falar do ataque, dando ênfase a algo curioso: Sailor Moon não estivera presente. Eu também não sentira nada ontem à noite, nada além do conforto dos braços da minha Coelhinha. Talvez pela ausência da estrela principal... Que estranho era...
 
  Era como se Sailor Moon e eu fomos intimamente ligados. Era como se quando eu fosse salvá-la, eu estivesse cumprindo um velho compromisso de honra. Como se lhe compensasse por algum erro meu... Nunca me sentia como se ela me devesse a vida, como, na verdade, era...
 
  Teria se sentido culpada pelo ocorrido a uma vítima “inocente”? Por eu ter ficado paraplégico? Não... A menos que tivesse acompanhado o meu caso.
 
  E aí eu volto à minha velha dúvida... Sailor Moon teria uma segunda identidade? Alguma forma de se penetrar entre os humanos. Como eu? Talvez nem o soubesse!
 
  Poderia até ser minha irmã, neste caso... Qualquer um, na verdade.
 
-Desculpa a demora!-acordei de meus pensamentos, vendo meu melhor amigo e minha grande amada voltarem da cozinha. Não sabia que haviam demorado, mas assenti, forçando um sorriso, enquanto se sentavam em seus velhos lugares.
-Serena não achava os copos...-falou Andrew, uma bela desculpa esfarrapada. Achava que podia ter sido capaz de uma melhor.
-Imagino.-aproveitei a deixa e sorri para ela, malicioso. De repente o mistério todo de Sailor havia sumido de minha mente. Só uma para me fazer esquecer da outra...
 
  Logo Lizzie e Katreen voltaram com os álbuns para mostrá-los a Andrew e a Serena, que me pareceu meio hesitante quanto a vê-los.
 
*-*-*-*-*-*Serena*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Depois que Andrew se foi, Katreen falou para Darien e ir tomar banho e já ia acompanhando, quando este falou que a chamaria se precisasse.
 
-Certo!-falou, vendo o irmão rodar até o banheiro, fechando a porta atrás de si.-Vou arrumar minhas malas, agora.
-Quer ajuda?-perguntei, ela respondeu com um sorriso, então a segui até seu quarto.
 
  Este era grande e estava com o papel de parede feito de cachorrinho e borboletas. A cama também era grande e de casal... Suas roupas já estavam todas em cima da cama, e, agora, ela as dobrava. Aproveitei para fazer o mesmo.
 
-E seus pesadelos?-perguntei, ao vê-la bocejar.
-Não dormi para ter mais, Serena...
-Eu sei. É que não terminou de contá-los.
-Já disse, são sobre a Patricia.-ela resumiu, com os olhos baixos. Andrew se provava certo, aquilo era mesmo um tabu.-De qualquer forma, eu acho que já entendeu de que Darien precisa, não é?
-Sim, claro! É simples, acho.
-Isso aí... papai ligou e me falou pra ir embora cedo amanhã... Não me quer na estrada pelo anoitecer, por ser domingo deve estar muito cheia, sabe?
-Que horas você vai, então?
-Às oito. Não precisa acordar, vou sair sem fazer barulho... Darien precisa dormir... Não parece tê-lo feito muito bem nesta noite.
 
  Pensei no beijo da noite passada... Teria sido o motivo? Ou seria a nossa conversa? Pois este era o motivo da minha insônia...
 
  Ou teria pensado em Patricia, ou até em Giovanna... Ou em outra... Tantas poderiam lhe ocupar a mente. Por que seria justo eu? Não lhe era tão importante... Que presunção a minha... Causar insônia a um homem?
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
* Domingo *
 
  Quando acordei, Katreen já havia ido e Darien acordado. A porta de seu quarto aberta e a cama mais ou menos arrumada... Se bem que aquilo já era algo difícil de se acreditar.
 
  Ouvi barulho de água caindo e parecia vir do chuveiro do banheiro, ele devia estar tomando banho...
 
-Darien... Precisa de ajuda?-lhe gritei, encostada à porta fechada.
-Não... Eu já estou aqui dentro, vivo... Acho uma vitória, não é?
-Entrou Sozinho!?
-Há algum fantasma aqui?
-Não... Pensei que Katreen, talvez.
-Ela já foi...
-Eu sei. Não sou cega. Parece alegre, pra quem está sozinho, agora.
-É a loucura... Afinal, fui largado contigo... Devem estar querendo se livrar de mim!
-Darien!
-Não é verdade? Você está longe de ser a mais responsável do mundo... Meu fim está próximo, ou queriam me mostrar que, ao contrário do que eu pensava, há coisa pior que não poder mexer as pernas!
-Seu bobo! Não brinca com isso... Eu estou realmente preocupada, estou achando que mais que você! E se você nunca mais puder... Puder... Puder mexê-las?
-Isso não é verdade... Paraplégicos podem mexer suas pernas, mas involuntariamente.
-Você entendeu!- ele desligou a ducha.
-Não devo poder mais, não... Provavelmente minha medula já era... O impacto foi exatamente ali... Que azar, não?
-Provavelmente?
-Aaaaai!-um baque surdo seguiu seu grito. Nem pensei duas vezes, entrei no banheiro, de imediato.
 
  Lá estava Darien, nu, exceto por uma prateleira e um monte de frasco de xampus, condicionadores, etc espalhados pelo seu corpo e sua nudez.
 
  Sua cabeça estava muito mal apoiada na quina da banheira, onde provavelmente havia batido. A água desta fazia com que se ele tirasse as mãos, que lhe serviam como apoio no chão, escorregaria, até se afogar ali.
 
  Eu sei que teria rido se meu coração não batesse tanto... Corri até a toalha, provavelmente o que tentar pegar. Estava caída no chão ao lado.
 
-Eu me sinto ridículo...-ele comentou, sem poder me ajudar a remover os frascos de perto. A prateleira de mármore dever ter lhe servido de apoio para entrar e por isso tido seu próprio apoio enfraquecido... Esta estava lhe machucando, com certeza, mesmo que não o sentisse muito...
-Calma que eu te tiro daí...-falei não muito certa... Como o faria sem olhar pro que não devia?
-Me ajuda a me sentar...
-mas sem tirar a prateleira?
-É... Não tá doendo, gritei pelo susto...
-Pode ter quebrado algo...
-Depois vemos... Ajuda logo.-assenti vermelha; qualquer movimento em falso meu e...
 
  Peguei-o pelos ombros e fui levantando-o. Até que suas mãos pudessem terminar o serviço, livres.
 
-Agora me passa a toalha, eu me cubro...-fiz o pedido.-Levanta um pouco a prateleira...
-Vai molhar a toalha...
-Os chineses se enxugavam assim, e daí?
-Tá bem...-levantei um pouco, era mais que pesada que eu imaginava...
 
  Ele, então, a afastou de si, até o fim da banheira. Levantei seus pés, para que a sobrepusessem.
 
-E agora?
-Você vai me ajudar a sair... Normalmente.
-Mas Katreen não me ensinou...
-Eu o farei, acho.-ele sorriu, meio sem-graça. A situação era, de fato constrangedora, principalmente depois do acidente de anteontem...-Ajuda a me sentar na borda daqui de trás da banheira... Vou estar ajudando com as mãos. Aí você levanta minhas pernas, para que eu me sente com elas pra fora. Daí até a cadeira é um pulo.
-Tudo bem!-respondi, parecia fácil e foi. Ele mesmo estava cansado, depois de tanto. Eu torcia para que não tivesse quebrado nada, a prateleira era mesmo pesada.
 
  Puxei a cadeira e quando ia ajudá-lo a pular até ela, escorreguei na água de fora e caímos ambos no chão, numa posição muuuito esquisita. Pior que a de anteontem...
 
  Levantei meu rosto vermelho até ele, sentindo-me sem ação, eu era mesmo um fracasso... Ele estava certo, era pior que não ter os movimentos das pernas, isso de depender de mim.
 
  Mas seus olhos azuis me encaravam bem tranqüilos... Até carinhosos. Senti um calor imenso dentro de mim. E algo revirava em meu estômago...
 
  Seu rosto foi se aproximando de mim até que senti o calor de seus lábios... Seus braços se enroscavam em meu pescoço e cintura. Era tão... Tão bom beijá-lo! Tão intenso... Como se nossos corpos, naquele momento, se unissem... Um buscando no outro algo que não achava, talvez por não quererem.
 
  Logo que acabamos, sorrimos sem graça um pro outro... Sua mão acariciava meus cabelos, agora soltos de um lado, tamanho a intensidade do beijo... A outra soltava o outro, para igualar tudo.
 
-É melhor levantarmos...-respondi vermelha e ofegante. Aquele beijo foi tão... Tão bom! Mas será que alguém acreditaria naquilo se eu contasse?
 
*-*-*-*-*-* Imaginação *-*-*-*-*-*
 
-Mãe, como foi seu primeiro beijo?-perguntaria minha filha.
-Ah, foi com meu grande amor! Eu tropecei, caí em cima dele e nos beijamos por acidente... O primeiro pra valer foi porque ele estava paraplégico e uma prateleira caiu me cima dele enquanto tomava banho. Quando fui ajudar, escorregamos e caí em cima dele, de novo. Então nos beijamos.
 
*-*-*-*-*-* Realidade *-*-*-*-*-*
 
-Serena?-ele chamava, quando dei por mim, ele ainda tava senta no chão, numa posição estranha, só de toalha, comigo em cima. Dei um pulo vermelha e consegui pô-lo na cadeira, enfim.
 
  Ele deu um suspiro e me pediu que ajudasse a se deitar, depois trocaria de roupa.
 
-Eu nunca mais vou tomar banho sozinho!-ele falou, já deitado.
 
  Eu sorri, fechando a porta, para deixá-lo em paz. Iria finalmente tomar meu café da manhã.
 
-Não vai me dar um beijo de bom sono?-ele me perguntou enquanto o fazia.
 
  Corei levemente e sorri enquanto caminhava de volta até a cama e lhe dei um selinho. Sua mão se enroscou em minha cintura e me puxou para cama. Então me deu um outro beijo, como o do banheiro.
 
  Quando me levantei, sentia-me mais faminta que nunca.
 
-Vou comer agora e durma! Vou pedir Ami para trazer sua mãe aqui... Bater uma chapa. Espero que não tenha havido nada, mas seu pai gostaria assim.
-Entendo... Até mais, Itoshii.-ele falou e eu gelei, olhando-o fixamente.
-Você... Ouviu?
-Claro! Eu nunca teria a coragem de beijá-la se não tivesse certeza de que estava tudo bem...
 
  Fechei a porta sorrindo. Então... Darien... Sabia de tudo.
 
  Sentia-me muitíssimo aliviada com aquilo... Muito mesmo. Enquanto eu comia soltei um grito...
 
  Foi quando notei que... Ele também. Ele também gostava de mim!!! E, então, não tive mais fome. Aquela coisa no meu estômago fazia tudo rodar. Caminhei até a sala e dei um jeito de resumir tudo para Ami... pelo telefone. Logo que o desliguei caí no sono. Sentia-me tão feliz, tão aliviada!
 
  No final, aquele mal havia feito algum bem, não é?
 
  Darien gostava de mim!!!
 
  E eu o amava!
 
  Apaguei com um sorriso estampado no rosto.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
BLING BLONG
 
TUMB!
 
-Aaaaaaai!-eu pulei assustada e acabei caindo do sofá. Saí correndo até a porta.-Quem é!?
-Somos nós, baka!-ouvi a voz de Rei. Abri a porta e as três entraram, acompanhadas da mãe de Ami.
-Olá, Serena, onde está Darien?-perguntou a médica.
-Ele está dormindo, Mizuno-san...-respondi, acompanhando-a até o quarto.
-E o que aconteceu?
-Ele tava tomando banho...-senti os olhares das meninas, mas, mesmo vermelha, continuei.-E foi pegar a toalha... Quando a prateleira caiu.
-Sabe exatamente onde?-com esta pergunta, fiquei ainda mais vermelha. Como eu diria!?
-Hã... Bem... Entre... o estômago e a coxa.-ouvia a mãe de Ami rir de leve e também as gargalhadas das meninas. Então abri o quarto.
 
  Ele estava virado para a porta, com uma expressão tranqüila no rosto... parecia sorrir. Imaginei secretamente o porquê... Se era por mim, se sonhava comigo. E se fosse? Aquele homem lindo, deitado ali, como um anjo... não, um anjo de verdade. Ele podia estar sonhando comigo naquele momento! Senti-me lisonjeada com tal pensamento. E não queria acordá-lo, a Serena dos sonhos dele nunca o faria paraplégico. A realidade poderia ser-lhe uma decepção grande demais...
 
-Meninas, fiquem do lado de fora. Aqui dentro só nós duas e o paciente.-ela falou, fechando a porta. Ainda pude ouvir Ami dizer que achava certo e que ficassem quietas.
-Acordamos?-perguntei, um tanto indecisa.
 
  Ela colocou a maleta sobre uma mesa com um jarro cheio de rosas vermelhas dentro. Imaginei o porquê de nunca murcharem e se era daquele vaso que vinha o cheiro característico de seu quarto.
 
-Sim, sim. Vá em frente, por favor. Enquanto pego aqui os equipamentos necessários.
“Legal, e agora? Ele tá aí, nuzinho com exceção da coberta e da toalha... Dormindo! Como faço?”-pensei comigo, aproximando-me da cama. Nisso escorreguei no tapete e fui de cara no chão.
 
-Aaaaaaaaaaaai!!!-gritei, até não poder mais. Ao fundo ouvi Rei dizer que eu devia ter caído, como sempre. Que elas não se preocupassem.
-O que houve!?-pude ouvir Darien dizer num sobressalto. Quando me ergui, ele estava sentado na cama, como o tórax a mostra e a coberta da cintura pra baixo. Os cabelos úmidos estavam tão desordenados que lhe caíam bem...
-Eu... Caí.-comentei, um tanto envergonhada. Sentei-me na beirada oposta ele da cama.-A Doutora Mizuno veio ver os danos que aquela prateleira te causou...
-Ah.-ele falou, percebendo a mencionada. Que gora caminhava em sua direção.
 
  Após algum tempo de exames, ela foi até sua maleta, guardou tudo e sorriu.
 
-Ele está bem.-falou.-Darien, talvez devesse bater uma chapa para se ter certeza, mas creio que não haja nada errado aí. O destino decidiu poupar-lhe desta vez.
-Que alívio!-exclamei, levantando-me de onde fiquei o tempo todo imóvel.
-Sim, sim... Muita sorte, se era tão pesada quanto disse, Serena-chan.-ela pegou a maleta e se encaminhou até a porta. Ali fora, Lita e Rei brigavam pelo melhor lugar para espionarem.
-E então?-Ami perguntou à mãe, que lhe sorriu e as duas pareceram aliviadas.
-Que susto você nos deu, Darien!-Rei disse, entrando.
-Eu mal te conheço, mas estava morrendo de pena das suas tragédias...-Lita a acompanhou.
 
  Darien apenas assentia assustado, enquanto ambas lhe relatavam suas angústias.
 
-E o pio de tudo é estar nisso tudo, sozinho!-Rei terminou.
-Ele tinha a mim...- corrigi, um tanto impaciente e com dor-de-cabeça. Imaginei se Darien também não a sentia... Era como se minhas amigas fossem intrusas no nosso Paraíso.
-Sei! Uma grande inútil que só deve ter atrapalhado!
-Se não fosse por ela...-todos o olhamos.-...Eu poderia ainda estar lá, com a prateleira em cima de mim...
 
  Minhas bochechas começaram a queimar, estando sob o olhar das três... Sim! Até Ami. Ainda bem que a Mizuno-san já se tinha ido.
 
-Tem certeza? Quero dizer... Serena é muitíssimo atrapalhada. Não sei o que está fazendo aqui! Você precisa de alguém responsável para cuidar de você. Como a sua irmã, sua mãe, sua namorada...
-Rei!-Lita brigou.-Já está indo longe demais.
-Bem, eu já tenho minha namorada cuidando de mim...-Darien falou. Eu dei um pulo... Como assim!? Como ele pôde me enganar daquela forma!? E eu achando que estávamos juntos...
 
  Todas o olharam, sobressaltadas e na expectativa.
 
-Do que está falando, Darien?-Rei perguntou, quebrando o incômodo silêncio.-Só vejo Serena aqui...
-Pois é...-foi a vez de eu ser a mira dos olhares. E meu rosto já parecia entrar em ebulição, de tão quente.
-QUEÊÊÊÊÊÊ!?!?!?!?!-Re, Ami e Lita exclamaram em conjunto.
-Serena e eu estamos namorando.
-Desde quando!?-Lita perguntou.
-De algumas horas, quando terminamos de resolver nossas diferenças. E é só por hoje. Estou cansado...
 
  As três continuavam me olhando. Quando Ami pigarreou.
 
-É melhor irmos. Apesar de bem, Darien ainda precisa de repouso e acho que os dois têm muito sobre o que conversar a sós.
 
  E as três se foram. Se bem que duas delas muito hesitantes, enquanto as acompanhava até a porta.
 
  Ao retornar observei Darien, ainda sentado na cama. Havia se assustado tanto com meu tombo, que conseguira fazê-lo inconscientemente.
 
-Namorada?-perguntei, ainda de pé ao lado da porta.
-Achei que havia ficado subentendido, depois de tudo aquilo...
-Não... É... Sim... Hã... Quero dizer.. Você... E.... Eu... Hã...
-Serena?
-O quê?-olhei-o bem vermelha.
-Eu te amo. Quer ser minha namorada?-assenti, sentindo uma onda de alegria invadir novamente meu corpo e minha barriga se revirando.
 
  Desta vez, foi tanto que não me contive e pulei na cama para abraçá-lo.
 
-Ai, Darien! Nada me daria maior alegria neste mundo!!!-exclamei, ganhando em troca um selinho, que logo se tornou um longo beijo. E assim ficamos por um tempo, até que um assustador barulho nos interrompeu.
 
  Olhamo-nos um ao outro.
 
-Serena... Sua fome está tanta assim?
-Pois é...
-Algumas coisas nunca mudam, Cabecinha de Vento...
-Não me chama assim!!!
 
Continuará...
 
Anita, 14/08/2003
 
Notas da Autora:
 
Olá para todos!!! O meu motivo para demorar taaaaaaanto com este capítulo foi o meu computador que foi apagado e junto com todos arquivos, foi embora metade desta fic. Chegaram as férias e aí depois eu tinha outra fic para escrever... E só agora pude me concentrar em refazer este cap aqui...
 
Queria me desculpa com todos aqueles que ficaram esperando por tanto tempo... Não foi intencional, juro! Tanto que fui rápido ao escrever este cap, só enrolando nas últimas páginas...
 
O que mudou do outro sexto para este? Muuuuuito. No antigo, eu contava os sonhos de Katreen e aí ao invés de sabermos sobre a Gia, sabíamos mais sobre a Patricia. Mas como eu não tava no humor pra isso, falei da Gia.
 
E o que acham que virá no sétimo!?!?!? Para todos aqueles que pediram romance, acho que este capítulo veio a calhar, não? Eu disse que o romance aparecia com a fic. Agora é que a história vai decolar e acho que termino isto em dois ou três caps... gostaram da cena do banho!? Eu queria pôr mais comédia, mas eu tinha que manter o nível de baixaria legal, né? E a todos que pediram, também, lá se vai a Katreen... Estavam achando que ela estava atrapalhando... Pois é... Eu queria deixá-la por causa da Patricia, mas como decidi não mais explorá-la... Bai bai, Katreen.
 
Acho que estas são as explicações que eu devia... Os meus agradecimentos também estão acima, muuuuitos me cobraram, então seria injusto pôr um outro. E como disse lá em cima, este cap é dedicado à minha cachorra que faz nove aninhos neste mês, tadinha já tá bem velhinha né? E meu níver tá perto...... aiaiaiaiaiai esse ano vai ser um fracasso... hehe
 
Sugestões: Não tenho lido fics..... Sem sugestões por esse cap.
Comentários devem, sim, devem sim!!!, ser enviados para o meu e-mail anita_fiction@yahoo.com e visitem o meu site http://olhoazul.50webs.com/ Caso tenham preguiça aqui embaixo está um formulário, usem-no, pois apesar de não parecer, funciona! Coloquem seu mail, caso tenham, assim eu posso responder, mas ele tb pode ser usado sem e-mail.

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