Notas
Iniciais:
Pra
recompensar a demora o cap saiu bem grande, hehehe, e já podemos ver o tão
esperado baile: poderá Ikki chegar a tempo!?
Dedico este
cap a uma coisinha muito fofa e que é muito especial pra mim nesta Páscoa: o
coelhinho!!! Só não entendo o porquê dele trazer ovo... Aproveito pra desejar
feliz níver ao meu pai que faz no dia 24, hehehe sem piadas...
Eu agarantio
que cz não é meu. Mas, bem... Tb é comprovado que um dia será, eu juro!!! Agora
só falta eu pôr um nome no maldito capítulo que me tomou dois meses e tal de
trabalho.....
Olho Azul (por fim) Apresenta:
Quando Nossos Olhos
se Reencontrarem...
se Reencontrarem...
Capítulo 3 –
Essa Espera Terá Fim? Ou Um Começo Sem Ti?
-O
quê!?-Sabine não conseguia acreditar. Naquele momento estavam no Norte da
Suíça, era verdade que estava mais quente, mas ainda nevava lá fora.
-As previsões do tempo não devem falhar, senhorita, por isso, se chegarem a Zurique, duvido que encontrem algum louco afim de passar pelo Pacífico...
-Se
ele for pelo Sul...
-Enquanto
aqui neva, por lá há muitas chuvas...-o homenzinho da companhia os explicava,
Ikki comentou algo sobre estarem destinadas àquilo e Carl chamava Sabine de
temperamental, recebendo ameaças por via olho da garota.
-Esqueçam...
O melhor é darmos um jeito de voltarmos, ou aproveitarmos a Suíça...
-Nem
pensar! Passei horas naquele trem e estas não serão à toa, senhor Amamiya...
-E
pra onde há vôos?-Carl perguntou ao garoto.
-Para
toda a Europa em geral, Senhor.
-Espanha?
-Sim,
com certeza.
-Reserve
três passagens, voltemos ao plano anterior pessoal.
-Desejam
que reserve logo as para o Japão?
-Não
vai adiantar...-Ikki comenta.
-Por
que?
-Simples:
se formos até a Espanha, teremos que voltar e pegar o Pacífico. O Japão é uma
ilha...
-Vocês
querem passagens para Hong Kong, então?
-Tá
maluco!? A gente não vai a passeio, queridinho... Sou jornalista e quero fazer
uma enorme matéria sobre um baile da Fundação...-todos olham Sabine com uma
gota de suor na cabeça.
-Hong
Kong praticamente faz divisa com o Japão, senhorita...
-Ah...-ela
diz, simplesmente.-Então pra quando são?
-Daqui
a dois dias.
-Perderemos
o baile, é uma realidade.-Carl resolve se unir ao grupo de Ikki.
-Vamos
pensar...-o próprio decide.
Todos saem de cabeças baixas.
-Bem
que Ikki falou...-Carl disse. A menina concordou enquanto os dois entravam numa
loja duty-free.
-Ikki,
vamos comprar chocolate, não vem?-ele balançou a cabeça e sentou-se num banco,
onde pegou seu pal-m e foi conferir eventuais correspondências de seu chefe.
Foi quando recebeu o e-mail de seu irmão. De
início ficou surpreso, mas ao ler seu conteúdo recebeu quase que um
revitalizante. Ainda não tinha se animado com o fato do reencontro, ainda mais
ao se lembrar da última tentativa. Sentia-se até querendo evitar aquele país.
Porém aquela carta... Aquele e-mail... Aquilo praticamente mudou tudo.
Quem sabe aquela nem fosse a intenção do
irmão? E, provavelmente, não era. Mas aquilo o faria ir, mesmo que perdesse o
baile estúpido, ele iria!
Levantou-se da cadeira e caminhou até o
duty-free, observando as várias prateleiras, ornamentadas com belos cartões
postais de lagos de Zurique e montanhas em contraste de verde com o branco da
neve...
Encontrou os amigos onde era suposto,
escolhendo barras de chocolate.
-E
aí? Eu amo esta marca, deveria se decidir por ela...-dizia Carl.
-Mas
não tem do crocante e eu gosto do crocante!
-Fala
sério! Do que adianta comprar chocolate suíço se for vagabundo!? Só porque é
crocante... Você é doida, sabia!?
-Mas
é a doida aqui que vai pagar! De que adianta comprar chocolate se não é o que
gosto, vou gastar dinheiro e engordar com algo que não me dá prazer!? Nunquinha
mesmo...-então percebem Ikki.
-Já
decidiu o que faremos?-o amigo assente com um sorriso.
-Vamos
pra Hong Kong.
-Mas
o baile não é lá!-reclama Sabine, já no caixa com quatro barras, três crocantes
e uma da marca recomendada por Carl.
-Eu
sei... De lá damos um jeito de ir pro Japão e pegamos um trem até a
capital.-Ikki explica, os outros simplesmente o olham.
-Sei
que vou parecer a Sabine...-começa Carl, já sendo observado pela
mencionada.-Mas... Outra viagem de trem!?
-Sim,
outra viagem... É provável que não andemos muito pois vi que lá a neve ainda
não está tão rígida...
-Mas
vai ser cansativo! Daqui a Hong Kong são umas treze horas e do sul do Japão pra
Tóquio de trem devem ser isso aí!-Sabine diz, saindo da loja.
-Não
temos outra opção...-Ikki responde a acompanhando.
-Vamos
perder o baile.-Carl fala, já reservando passagem no vôo pra Hong Kong. Mas
algo lhe chama a atenção.-Ei! Tem um vôo saindo pra Taiwan em uma hora!!! Se eu
reservar agora, ainda o pegamos, vamos?
-Mas
Caaaaaarl!!! A gente não vai pra Hong Kong ver olhinho puxado e sim porque é
perto do Japão... O que eu faria em Taiwan!?
-Sabine,
lindinha.. Você precisa rever seus conceitos geográficos, se quiser se tornar
uma grande jornalista...-o garoto responde, mas o comentário lhe custa uma
pancada na cabeça.
-É
perto?-ela pergunta, olhando para Ikki.
-Um
tanto... Hong Kong também não é tão perto do Japão, acho que Taiwan é ainda
mais... Tem algo pra Coréia do Sul, Carl?
-É
perto também?-pergunta o garoto.
-Claro!
Do ladinho... Por que?
-É
que este vôo pra Taiwan faz escala na Coréia, em Seul, pra ser exato.
-Ótimo!
Reserve-o.
E todos caminham até o local de embarque e
ficam aguardando.
-Devemos
chegar lá à noite...-diz Sabine.
-Não...
De manhã cedinho, não se esqueça do fuso...-diz Carl.
-É
mesmo. Se essa Kido é tão rica, por que não lhe pede um jatinho particular,
Ikki? Aposto que ela é cheia deles.
-É
que eu quero fazer uma surpresa a todos. Nem confirmei nem nada.
-Você
é maluco, cara! A gente podendo estar já lá e você nem confirmou!?-grita Carl.
-Pois
é... Vai ver eu chego e não tem espaço lá na casa, hehe, vai ser engraçado...
-E
eu já namorei este cara...-diz Sabine, observando um tumulto vindo do raio-x.-O
que é aquilo?
-Não
sei, mas tem uma mulher gritando...-Carl fala, enquanto Ikki se levanta.-Aonde
vai, cara? Ela deve ser lá do país que fala a língua do não-sei...
-Não,
eu vou ajudá-la.-e ele se encaminha.
-Esse
aí não tem jeito...-diz o outro.
-Será
mais uma pra lista do conquistador?-pergunta Sabine, insinuadora.
-Provável,
daqui ela me parece muito bonita...
Ikki se aproxima da moça, que estava sendo
contida pelos seguranças.
-O
que houve?-pergunta em alemão a um deles.
-Não
sabemos... A máquina apitou quando ela passou e pedimos para revistar a ela e à
bolsa... Mas a moça não aceita. Foi quando começou a gritar esta língua...
-Ela
me parece familiar, a língua... Alguém entende algo?
-Não...
E ela não responde ao inglês, francês, alemão... A nada! Dizem que ela tá
falando em catalão, mas ninguém sabe essa língua...
-Posso
me aproximar?-o guarda deu de ombros.
-Pouco
importa, mas não nos responsabilizamos por danos.
-Certo...
Agora ele estava frente a frente com a moça.
Finalmente pôde ver o quanto era bonita, quase que exótica!
Cabelos negros, presos numa longa e bela
trança. Uma saia bem longa e uma blusa bege. Grandes brincos de argola e a pele
morena contrastando com os olhos mel, quase verdes.
-Do
you speak English?-tentou ele, e todos param para ouvi-lo. Mas
a moça não parecia entender...-Hablas
Español?
-Sí... -ela
respondeu, com um belo sorriso, mostrando a dentição perfeita.-¡Finalmente alguien pudo
comprenderme! ¡¿Que se pasa por aquí!? ¿Por que quieren mi bolso?
-Es que la máquina te acusó de algo, ellos sólo lo
quieren verificar...
(Tradução:
-Você fala Inglês?.....-Fala Espanhol?
-Sim.
Finalmente alguém pôde me entender! O que está acontecendo!? Por que querem a
minha bolsa?
-É
que a máquina te acusou de algo, eles só querem verificá-lo...)
Depois de sair da confusão, Ikki se encontrou
com os amigos.
-Que
idiotice!-exclamou Carl, ao ouvir a história toda...-Pensei que o Espanhol
fosse um idioma mais básico.
-É,
e ninguém lembrou que a Catalunha fica na Espanha... Que burrice! Agora vamos,
ou perderemos o avião...-Sabine puxou os dois amigos e foram todos embarcar.
-É
aqui...-Carl põe a bagagem de Sabine no compartimento acima e se senta.
-Pode
saindo!-diz a menina.
-Por
que!?
-Eu
vou na janela! Você já foi estúpido o bastante pra não reservar lugar na
primeira classe, agora eu vou na janela!!!
-Sabine...
Isso é totalmente infantil... Fazer tanta questão por janela é coisa de
criança!!!
-Eu
faço escândalo se não for.-ela vai até Ikki, que estava num assento na parte da
frente do outro lado.-Ikki, você quer trocar comigo?
O jovem tinha acabado de por a maleta de mão
no compartimento e a olha estranhando.
-Algum
problema?
-É
que eu quero a janela!
-Sinto
muito, o meu é corredor... Pedi pro Carl, não gosto de janela e sempre me pedem
para trocar.
-Aiiiiii,
meu amor, como pôde me fazer isso!?
-Por
que não pede pro Carl?
-Porque
ele é um idiota!-Ikki sorri, aquela garota nunca mudava, talvez tenha sido aquele
jeito dela que o conquistara, há muito tempo atrás.-Não tem graça!
Ele se conserta.
-Eu
não estava rindo de você... Só lembrando de quando namorávamos... Olha, vai lá
e peça uma trégua a ele, metade do caminho a janela é sua e na outra é dele...
Ou algo assim.
-Certo...
mas será que ele irá acertar?
-E
o que a grande repórter Sabine não consegue!?-ela sorri e sai, lhe dando um
selinho, antes.
Ele se senta, sem poder conter o sorriso, era
tão bom ter amigos, mas aquilo o fazia ter falta dos outros, aqueles com quem
podia compartilhar o seu verdadeiro eu... O eu que matou mais de mil. O eu
Cavaleiro portador da Armadura Sagrada de Fênix.
-¿Su novia?-ele
olha para a mulher a quem conheceu meia hora atrás e simplesmente balança a
cabeça.
-Ex...-responde
em espanhol.
-Certo...
Mas me parecem grandes amigos.
-Sim,
os melhores!-ele sorri.
-Eu
sento ao seu lado, que coincidência absurda da vida!-ela diz já tomando seu
lugar.
-Exatamente
onde ela queria...
-Perdão?
-Sabine,
ela queria se sentar aí...
-Ao
seu lado?
-Não,
na janela.-e a moça gargalhou.
-Sempre
tomo a precaução de pedir isso, que infantil, não?
-Um
tanto...
-Quantos
anos tem?
-Você
é direta...
-Sempre
fui! Bem, eu tenho vinte!
-Sou
mais jovem que você...
-Sério!?
Não parece... Muito?
-Não...
Tenho dezenove.
-Pelo
jeito que falou, parecia ter dezesseis...
-Eu
estaria sendo um grande mentiroso, hehe.
-Com
certeza! Tem um ar maduro, não que pareça velho.
-A
vida nos faz estas coisas.
-Que
frase amarga!
-Não,
realista...
-É,
já vi que é do tipo que sofre e faz questão de mostrar a todos... E deixar
claro que eles não podem fazer nada além de ter pena.
-E
você é uma psicóloga.
-Exato!-ela
lhe sorri. Neste momento o avião decola.
-E
o que fará em Taiwan? Examinar a mente dos trabalhadores das fábricas dos
Tigres Asiáticos!?
-Taiwan?
E vou descer na Coréia e partir pro Japão!
-Sério!?
-Você
também?
-Sim!
-Que
bela coincidência...
-Sem
dúvidas... O que uma espanhola fará no Japão?
-Catalã,
por favor... Eu vou fazer um curso na Universidade de Kobe. Aposto que achou
que eu ia pra Tóquio!
-Eu
estava torcendo, é pra lá que eu vou...
-Ah...
-E
como alguém que não fala inglês fará tal curso?
-Eu
falo japonês... E o que um alemão fará em Tóquio?
-Espera...
Eu tô aqui rachando minha cabeça pra falar em espanhol, quando minha ouvinte
fala em japonês!?
-Você
não me respondeu... O que fará lá?
-Uma
velha amiga minha dará uma festa, então vou reencontrar um pessoal... E quem te
disse que sou alemão?
-Eu
te ouvi falar assim com sua ex-namorada.
-Sabe
alemão?
-Não,
mas posso muito bem reconhecer.-ela dizia, e nisso o aviso pára usar cinto
sumia do painel acima de suas cabeças.
-Nossa,
já estamos conversando há um bom tempo...
-Sim...
Você é Japonês?-ela perguntou usando o idioma.
-Sou,
mas naturalizado alemão, onde trabalho... Minha casa fica no norte do país.
-Deve
ser frio lá!
-É
sim... Por isso tivemos que partir da Suíça...
-É,
eu tenho que estar domingo lá em Kobe. Não tinha outra solução pra mim.
-Sabe
que quase fomos parar na Espanha?
-Iria
perder seu tempo...
-Estou
vendo...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Senhorita
Kido, a reunião com as empresas Matsu já começou...-anunciou Tanaka. Ela olhou
para o sujeito magro de óculos, em frente a sua mesa, com uma prancheta
segurada ao peito. A grande caricatura de quem trabalho num escritório...
-Eu
já estou ciente disto, lembro de ter pedido ao senhor Ogawara para que
comparecesse em meu nome...
-Hummm,
ele está presente, mas creio que é de seu interesse, Ojousama.
Aquele nome... Seiya sempre implicou com ele,
era assim como Tatsumi a chamava, mas aquilo era quase que um apelido
carinhoso. Já Seiya usava aquilo para irritá-la ou para mostrar o contraste
entre ele e...
-Ojousama!
Está bem? Ojousama?-ela encarou Tanaka, quase chorando, como aquilo podia estar
tão descontrolado, havia se segurado por quatro anos, quatro anos inteiros e
agora, só porque ouviu um tratamento que sempre recebeu... Estava pra desabar!
-Estou,
sim, Tanaka-kun. Por favor, entregue esta papelada, acho que me será melhor
comparecer à reunião.
-Sim,
Ojousama.
Ela se levanta e vai até a sala de reuniões.
O corredor vinho era enfeitado com um enorme quadro de seu avô, em frente a ele
ela para e o mira.
“Vovô,
não fui feita para amar uma só pessoa, então, por quê? Por que amo a um dos
meus defensores? Por que amo ao mais impossível de se conseguir?”-pensou,
olhando nos olhos do saudoso ancião, o idealizador de aquilo tudo.
Lembrou-se do dia em que houve o sorteio.
Shun, tão pequeno, tirando aquele lugar, dito tão demoníaco! E lá estava ele,
em defesa de quem amava. Seu avô estava ali para aprovar, teria ele previsto
aquela paixão? Teria ele imaginado que Ikki voltaria machucado e que a
menininha ao seu lado queria curar aquilo e nunca se ofereceria?
Balançou a cabeça suavemente, sem deixar de
encarar o retrato do patriarca daquela enorme fundação. Estava pensando demais
e seu trabalho se acumulando. Amava o que fazia, mas naquele momento tinha
vontade de largar tudo e ir procurar Ikki, pra seguir com ele qualquer que
fosse a sua vida!
Um relógio no fundo da sala de reuniões dizia
cinco e meia, o Sol de inferno já estava quase posto e a luz forte iluminava os
painéis da empresa que se oferecia para um projeto qualquer. O objetivo de
Seiya era convencê-los a darem à Graad autonomia total no projeto em troca do
menor preço possível.
-Kido-sama,
por favor sente-se.-disse o senhor Matsu, o presente, já muito velho, mas
liderando tudo com o pulso forte. Assim como seu avô, uma vez.
-Peço
perdão por chegar tão tarde, só vim assistir, que o senhor Ogawara
continue.-ela declara, sentando numa das pontas da enorme mesa feita
manualmente de uma madeira nobre, na cadeira onde seu avô costumava se sentar.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Shun!-o
rapaz, que caminhava ao ar livre, pelo jardim da mansão, se vira para ver sua
amiga, Miki.
-Olá!
Vai me fazer companhia?-pergunta com um sorriso.
-Não
exatamente... É sobre o Kigeru.
-Kiru-chan?
Hehehe.-mas pára de rir ao notar o rosto sério da amiga.-Pensei que tivessem
feito as pazes...
-Nós
fizemos, mas... Sabe, tá estranho demais, ele parece ter mudado... E eu me
sinto tão culpada!
-Olha,
vai ver ele está com dor-de-cabeça, por que não o dá um espaço por hoje?-ela o
olha, bem lá dentro nos olhos, e suspira.
-Eu
acho que não é tão simples.
-Alguma
idéia?-a menina balança a cabeça.
-Achei
que você tivesse...
-Não. Mas pode ter sido
algo com ontem.
-Tá
falando do cara com quem fiquei, ou coisa assim?
-Não.
Mas sei lá o que ele fez enquanto dançávamos!-ela o abraça bem forte, lágrimas
saíam de seu rosto. Shun sente-se sem saber o que fazer.-O que houve? Há algo
que eu não saiba!?
-Sim...-ela
diz ainda o abraçando e sentindo as mãos do jovem acariciar-lhe os cabelos.-Eu
fui agora há pouco conversar com ele. Estava sentado em uma cadeira, observando
os bichinhos soltos por aí. Perguntei se estava chateado com algo e avisei que
iria dar uma volta por aí. Sabe o que me respondeu? “Pois vá! Não me importa o
que você faz com Shun!”
-Comigo?
-É...
Eu pensei que vocês dois tinham discutido ou algo do gênero.
-Não.
Não o vejo desde aquele tour com o Seiya.
-Eu
tenho medo que... Que ele não me queira mais por perto, Shun! O tom de voz,
parecia o que ele usa para dar um fora nas garotas que ficam no pé dele, aquele
bem assustador...!
-Miki,
você não é uma das garotas que ficam no pé dele, é sua melhor amiga, nossa
melhor amiga. Eu tenho certeza que não tem nada com nada, vai ver! Amanhã ele
será o bom e velho Kigeru de sempre.-ela suspirou uma vez mais, enquanto a mão
de Shun lhe limpava as lágrimas.
-Será?
Ai, Shun!
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Seiya-niichan!
Seiya-niichan!-as crianças do orfanato gritavam. Era o momento das atividades
livres, ele amava ir lá nesta hora. A lua estava linda no céu e a esta hora,
uma sexta à noite, deviam estar todos em volta de uma fogueira, embaixo de uma
árvore, contando histórias de terror.
-Olá
para todos! Onde está a mãe de todos vocês!?-eles apontaram para o lado de
dentro.-e a noite dos escoteiros?
-Minu-neechan
achou melhor cancelá-la até a primavera, é inverno e faz muito frio.-respondeu
uma menina de dez anos.
-Que
pena! Eu amo suas histórias! Que tal entrarmos, então? Tenho uma surpresa para
todos.-e todos foram com ele.
Ao chegar a menina estava sentada ao lado de
uma fogueira lendo uns papéis.
-Konbanwa,
Minu-chan!-ela levanta os olhos e logo sua expressão séria vira um enorme sorriso.
-Seiya-chan!
Que bom vê-lo aqui...
-Pois
é, vim à toa. Queria muito ouvir as aterrorizantes histórias destes pequeninos
aí, mas quando cheguei me deram a má notícia... Deixa, mamãe, deixa a gente
contar história debaixo da árvore!
-Hoje
não, não quero um bando de crianças doente, muito menos o senhor, amanhã será
um grande dia, verá todos os amigos!
-Já
vi quem me interessa. Mas eu compenso a estas pobres e inocentes criaturas esta
perda deste grande e esperado dia. Vim trazer-lhes uma bela notícia!
-E
qual é?-pergunta Makoto, um rapazinho agora.
-Hoje
eu consegui fechar um grande negócio com a empresa Matsu, sozinho! Por isso
pedi um favor à Saori Kido... Usei como desculpa recordar os velhos tempos com o
pessoal, então, no domingo à tarde iremos todos ao parque Haru no Hoshi,
inclusive meus amigos, o que acham?
-Então
vamos ver mais Cavaleiros!?-perguntou um deles.
-Eu
agradeceria se não os tratassem assim, muitos que vão não sabem de nada... Mas
sim, vão sim
-Obaaaaa!!!-todos
gritaram ao mesmo tempo.
-Seiya,
nunca me consulta antes, não é?-Minu pergunta no meio da baderna.
-É
que sei que não concordaria...
-Claro
que não! Um monte de criança num parque de diversões!? Você só pode ter
pirado...
-Eu
nunca pirei, já nasci assim!-e abraçou, nunca notando o quão vermelho ficava o
rosto da menina quando o fazia.-Vamos comemorar a bondade da Ojousama, cambada!
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Ikki!
Você viu a Mu- Sabine parou no meio do caminho, ao ver a cena. Seu coração não
sabia se parava ou se batia acelerado.
Seu grande amor estava mais uma vez aos
beijos com uma bela desconhecida, como pôde escolher alguém tão mulherengo!?
Como pôde amar alguém!? Ela quem sempre pregou a independência das mulheres,
que mulher não devia se apaixonar... Estava caidinha por alguém quem nunca mais
teria de volta.
Voltou-se, retornando devagar para o lado de
Carl. O jovem ainda não tinha voltado ao sono.
“Perfeito...
Agora eu vou ter que me esforçar para não chorar.”
-E
aí? Ele viu a Grande Muralha?
-Não...
Não creio...-ela responde, indo para seu lugar na janela.
-Você
não o perguntou?
-De
que adianta quando a boca está ocupada demais para responder, Carl?-e olha para
as pequenas luzes abaixo de si, imaginando quantas garotas choravam ali,
naquela noite, por um amor não correspondido...
-A
garota que tomou seu lugar à janela?-e o pior que ela nem faria tanta questão
deste, quando o outro estava em jogo. Irônico!
-Sim...
E tem mais, é a espanhola do aeroporto...
-Aquela
gata exótica!? Uau! O Ikki é um sortudo mesmo, não é!? Só pega mina linda!!!
-Imagino
se ele vai se incomodar de anotar o número dela...
-Ela
é bonita, hehe, um hibridismo deve estar sendo perfeito...
-Hibridismo?
-Não
assistiu às aulas de Português não? Era no mesmo dia que as de Geografia?
Mistura de línguas!
-Bem,
é que nunca havia ouvido isto neste caso.
-Está
séria demais... vamos! O cara tem a chance beijar muuuuito e a gente de tirar
muuuuuito sarro dele. Lembra que a gente treina entre si antes de ir lá
implicar com ele?
-Carl...
Eu estou cansada e me sentido tonta com esta diferença de pressão. Não é um bom
humor para se preocupar com a vida amorosa dos outros, é?
-É
TPM, é?
-Cala
a boca!-e lhe taca um travesseiro.
“E
quantas destas garotas lá embaixo não podem chorar todas essas dores, como eu?”
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Hiko Koeyesky observava a janela feita de
prata daquela sala. Não, ela só estava olhando aquilo, mal podia pensar em
muita coisa além de Hyoga... Como foi que ele pôde fazê-la sentir-se assim!?
Sentia-se brava consigo, por permitir que alguém a fizesse agir daquela forma
tão... Tão irresponsável! Estava em um outro país com uma pessoa que mal
conhecia quando milhares precisavam dela!
Seus olhos azuis largaram a visão da argêntea
janela para observar a fria Saori Kido. Esta usava uma blusa de linho creme com
uma saia preta até o joelho e, por fim, seu sóbrio ar de executiva.
-Para
quê me precisava, Koyesky-sama?
-Não
sou exatamente aquela que te precisa... Deve já estar informada de que gerencio
uma-
-Central
de ajuda na Sibéria às vilas próximas, localizada mais ou menos onde Hyoga mora
atualmente. Sim, acredite que não é qualquer um que pode entrar aqui,
Koyesky-san.
-Não
me decepcionou... Kido-san, preciso muito que nos ajude, todos os pedidos às
grandes empresas, que fiz, foram negados!
-Eu
não creio que possa, não haveria objetivo... Como uma mulher inteligente, que
creio que seja, sabe que aquele local não dá lucro e que quem mora lá não passa
de gente teimosa.
-Mentira!-Hiko
sabia que gritar com sua única esperança era entregar os pontos, jogar tudo
fora, mas ninguém deveria ofender as pessoas pelas quais daria vida.-Assim como
você se prende ao Japão, eles se prendem a Terra onde nasceram, onde viram seus
pais, filhos e irmãos morrerem! Não acredito que tenha um coração tão frio que
seja capaz de dizer algo assim, Kido-Ojousama!
Saori deu um passo para trás. Aquele nome de
novo... Como ela ousava? Como podia
chamá-la assim!?
-O
que foi!? Caiu em si!? Notou o quão egoístas foram suas palavras!?-Hiko parou
de gritar quando notou que as cores se esvaíam rapidamente do rosto da mulher a
sua frente.
“Mulher?
Ela é só uma menininha... Uma menina a quem foi dado um papel adulto demais...”
-Kido-san,
está passando bem? Sinto muito por ter exagerado, mas estas pessoas são quase que
minha família...-Saori a olhou nos olhos... Hiko teve um pressentimento
estranho e foi o que a fez ir até lá, segurar a menina que cairia e bateria a
cabeça na quina da mesinha, se não fosse seu socorro.
Saori havia desmaiado.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-E
aí a gente vai no Carrossel, não é, Seiya-niichan!?-uma das meninas dizia,
assim que deixavam a mesa da janta, já eram oito da noite e o céu dava caras de
que o dia seguinte seria bem frio...
-Ela
te ama muito, Seiya-niichan, precisa ver oq eu escreveu no diário!-disse um
outro. A menina, gordinha, olhou para ele vermelha, mas ninguém sabia dizer se
era de raiva ou vergonha. Só pôde dizer que teria matado se um celular não
tocasse naquele instante.
Seiya pegou o aparelho do bolso.
-Sim...
Certo, estou indo imediatamente.-Minu o olhou.
-Pensei
que fosse dormir aqui com as crianças... Qual o nome da garota da vez,
Seiya?-ela perguntou, já irritada, mas o jovem não botou a mão na cabeça e nem
saiu rindo. Ele a olhou sério, nos olhos.
-Saori...
Ela desmaiou, o médico pediu-me para ir lá imediatamente.
-Kami!
Mande-lhe minhas melhoras...-as crianças os encaravam.-E você!? O que isso tem
a ver com a vida de todos?
-Quer
dizer que não vamos no Carrossel?-perguntou a menina de mais cedo.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Ela
só se sobrecarregou um pouco...-o médico, já idoso, explicava calmamente por
trás dos óculos com lentes fundas. A seu lado estava Hiko, observando a menina
descansar no leito.
-Eu
me sinto culpada declarou como se não falasse a ninguém.
-Não...
Ela anda trabalhando de mais, sabe... Acredita que possa se esquecer das
frustrações da vida pessoal no trabalho.
-Frustrações!?-Hiko
o olhou assustada.-Mas ela é tão bonita, como pode ser pessoalmente frustrada?
-Não
é que ninguém a ame...-ele olhou para o chão, ele sabia que a amava e
muito!-Mas a tola foi se apaixonar por quem não devia, entende?
-Ah...
Alguém a quem já conheça?
-Minha
boca é um túmulo.
-hehe.
-Onde
está Hyoga?
-Ele
me ajudou a subir com ela até seu quarto e me disse que iria toma um banho pra
ir jantar fora.
-Você
vai junto?-Hiko se deixou corar, com um sorriso leve.
-Não
sei...
-O
que há entre vocês dois?
-É
um outro mistério pra mim...
-Vocês
ficaram ontem não é?
-Bem,
tecnicamente foi hoje, após a meia-noite.-ela agora voltava a observar Saori.
Ela de fato era linda, como alguém não a desejaria!? Tinha classe, dinheiro,
poder, independência, mas humildade o bastante para um amor não-correspondido.
Não sabia o porquê daquela resposta fria de há meia hora, mas tinha que haver
um motivo a mais, aquilo não combinava com o que havia sido observado a seu
respeito até agora.
-Você
o ama?
-Como?
-Hyoga,
você o ama?
-Eu
não sei mesmo, o conheço faz pouco tempo, Seiya, não há como se dizer algo tão
sério e definitivo...
-Que
bom... Não faça isto a si própria, ou este baile se transformará no baile dos
não-correspondidos.
-Hyoga
tem outro amor?
-Creio
que sim... Não posso te dar certeza, mas há uma garota com quem ele se importa
muito... Fler é o nome dela. Creio que você não teria muitas chances.
-Fler?
É muito bonita?
-Não
é por isso, mas sim, ela é. Sabe, eu acho que eles se gostam muito...
-Vou
tentar não me apaixonar, Seiya, obrigada pelo conselho...-ela lhe sorri. Sabia
que o que estava dizendo era algo improvável, pois aquilo que havia sentido
era... Era intenso demais!-Sabe, quem quer que seja a pessoa de quem você
goste, deve ser sortuda por ter alguém tão sensível, homens assim são raros
hoje em dia...
-Bem
na mosca, menina...
-Como
assim?
-Ela
deveria ouvir isso o que acabou de dizer, hehehe.
-Ela
te chutou?
-Não,
mas dá no mesmo, ela gosta de outro.
-É
correspondida?
-Não...
-Nossa,
estamos cercados de amores infelizes, então...
-Não
é o caso de Hyoga, acredite em mim.
Hiko olhou novamente para Saori, será que
teriam o mesmo fim?
TOC
TOC
Ambos olham para porta e por ela entra Hyoga.
-Hiko,
quer sair comigo? Shiryu nos chamou para irmos comer num restaurante chinês.-a menina
sorriu.
-Claro!
-E
eu?-Seiya pergunta, desolado.
-Bem,
achamos que estaria mais confortável, afinal somos dois casais! Vamos Hiko...
-Eu
tenho que me arrumar!-ela disse, saindo e indo correndo escolher algo.
-isso
não é justo!-Seiya declara.
-Quem
manda não declarar logo o que sente por Saori-chan!?
-Hyoga!
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Onde
estão todos?-Shun pergunta ao amigo que acabara de sair do quarto, usando uma
calça jeans e uma camiseta roxa.
-E
eu vou saber!?
-Kigeru...
Sabe onde está Miki, pelo menos?
-Não,
mas já tentou o seu armário?
-O
que está havendo?
-Por
que não me disseram nada?-seus olhos castanhos o encaravam intensamente. Shun
deu um passo para trás, sem entender.
Dizer
sobre o quê? Você está estranho... Primeiro aquela discussão com a Miki hoje de
manhã e ela já me disse que gritou de novo com ela. Agora esta pergunta...
-Claro
que estou estranho! Meus dois melhores amigos estão aos beijos nos cantos e eu
não se de nada!
-Beijos?
Do que está falando!? Eu e Miki!?-Shun gargalhou tentando imaginar a cena, era
engraçada demais....-Seria a coisa mais bizarra, Kigeru.
-Não
minta.-Shun parou, ele estava falando sério.-Eu... Eu os vi hoje, no jardim,
abraçadinhos, Shun...
-Kigeru...-os
olhos do amigo estavam ficando tão vermelhos quantos os cabelos eram.-Mas
aquilo... Miki só estava me perguntando o que houve, o porquê de você estar
desta forma.
-Ah
é!? E você respondeu não é? Boca na boca, Shun... Claro, e por isso você a
abraçou daquela forma.
-Não!
Ela estava chorando, porque você mesmo gritou com ela! Kigeru-kun, eu juro que
não há nada entre nós! Miki é bonita e simpática, mas... Não faz meu tipo.
Os olhos de Kigeru, de repente se fixaram em
algo acima dos ombros do amigo. Seus lábios começaram a se mexer, sem um único
som. Shun, num reflexo, olhou para trás, para ver um par de olhos dourados, que
agora estavam opacos, como se houvessem se abatido por uma cegueira repentina.
-Miki...-finalmente
Kigeru havia encontrado a própria voz.-O Shun, ele só estava me acalmando, ele
não quis dizer aquilo, ele não quis, ele só estava...
-Calem
a boca!-ela gritou e saiu correndo.
Kigeru ainda fez menção de segui-la, mas
parou e ainda segurou Shun. Este o olhou bastante confuso.
-O
que houve aqui?-ele perguntou.
-Você
acabou de rejeitar uma garota que ter ama muito, meu amigo, muito mesmo...
-O
quê!?
-É...
Eu já suspeitava faz um tempo e essa de agora... Bem, não pode ter algum outro
tipo de explicação.
-Mas
Miki... Ela... Ela gosta é de você!
-Hahahaha!
Quem me dera... Porque eu nunca faria tamanha idiotice, porque eu lhe
corresponderia... Quem nos dera. Mas a gente não escolhe a quem amar, não é?
O jovem não podia entender... Miki? Gostando
dele? Não... Era impossível, ele sempre teve certeza de que ela amava Kigeru!
Sempre... Mas o próprio tinha razão. Aquilo... O grito e sair correndo,
provavelmente chorando. Aquilo a havia denunciado... Miki... Gostando dele...
Aquilo era estranho.
-O
que vai fazer agora? Dizer que estava mentindo pra mim, não é? Que só mentiu
porque sabia dos meus sentimentos e achava que ela correspondia, certo? Vai lá
e vai dizer que a ama muito, vai lá e vai lhe dizer a total verdade.
-Não!
Kigeru, mentiria se dissesse que não sabia o que sentia. Mas também mentiria se
a dissesse que a amo. Infelizmente eu me sinto imaturo demais para amar alguém
e ter um relacionamento sério. Eu me sinto criança demais.
-Mas
você tem dezessete.
-Mesmo
assim... Eu já te disse, não é? Miki não faz meu tipo... Não posso enganá-la
assim.
-Você
tem bom coração... Mas por que ela não...?
-Ela
é, eu não sei... Só sei que a vejo como amiga e nada mais. Não vou me obrigar a
sentir algo por ela, ou vai estragar tudo!
Neste momento ouviram passos se aproximando e
quando vêem é Tatsumi com uma bandeja portanto um papel.
-Amamiya-san,
um recado da Grécia.-Shun pega o bilhete e imediatamente reconhece a letra.
-De
quem é?-assusta-se com Kigeru, mas logo se lembra que ele não sabe grego...
-De
um... De um amigo da Grécia que virá aqui para o baile!
-Sério!?
Uau, Shun! Estou impressionado, tem muitos amigos em muitos lugares, hehe.
-Pois
é... Escuta, por que não vai lá falar com a Miki, eu gostaria de estar lá, mas
não sou o mais indicado e nem sei como lidar com isso... Vá Kigeru, ela é a que
precisa de amigos agora.
-Certo...
Assim que o amigo se foi, Shun se se encostou
à parede e começou a ler o recado.
“Estou
feliz que esteja aí e espero muito por nosso reencontro, tenho uma proposta a
lhe fazer e não quero que a recuse! June.”
“Talvez...”-pensou.
“Talvez esteja sendo muito egoísta não me preocupando com o que acabou de
acontecer e estando inclusive feliz que Miki tenha descoberto isso... Mas por
quê? Estará Seiya certo?”
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Dia
Seguinte
Os três chegam a Seoul e se encaminham para
pegar um avião para o Japão.
-Que
clima!-comenta Carl quando vê Ikki e a catalã se ajudando a sair do avião.
Ambos não ouvem, mas isso faz doer ainda mais em Sabine...
Ela lembrava-se de um tempo que agora lhe
parecia realmente grande, distante.
-Güten
Morgen!-ela disse para o jovem que abria a porta, ele era novo na vizinhança,
mas todos já falavam sobre ele. Sempre teve o espírito curioso, então decidiu
verificar com os próprios olhos.
-Olá...-ele
respondeu um tanto espantado, a primeira coisa que lhe chamou atenção foi seu
par de brilhantes olhos azuis, não que aquilo fosse incomum, mas sua pele
bronzeada os dava ainda maior destaque.
-Sou
mais ou menos sua vizinha, moro naquela casa ali!-e apontou, não que ele
estivesse prestando atenção, tinha acabado de chegar da Itália e como nunca
parava não tinha humor para conhecer vizinhos... Se bem que parecia que ficaria
por lá por algum tempo... Era verão e aquele frio da Alemanha o estava dando
sono.
-E
precisa de algo? Não creio que possa te ajudar, o pouco que tenha está em
caixas.
-Não,
eu só quero te conhecer! Disseram que você era japonês, mas fala alemão tão
bem...
-Eu
fiz cursos...
-Então
você é japonês!-Ikki teve que sorrir... Ela era espontânea... Sabine estava
interessada e quando era assim costumava pôr tudo de si para conquistar a
pessoa.
A perseguição começou e não durou muito, logo
estavam namorando... O garoto se viu não num namoro formal, mas numa amizade
mais desenvolvida, mais íntima. Ela se sentia no céu, pois não havia nada de
suas loucuras e sim a tranqüilidade do parceiro. Todos estavam muitíssimo bem.
Mas Ikki começou a sair com ela e logo era
conhecido e estava na mira de outras até piores que Sabine...
“Que
motivo bobo o nosso de terminar... Como foi que concluímos algo tão absurdo
quanto que o amor acabou...”-Sabine pensou observando Ikki se despedir da
latina. Aquilo não lhe fazia o sangue ferver como quando uma garota estava com
Ikki, mas a deixava mais que melancólica... “Será este um aviso de que ela me
vá roubá-lo, ou algo assim?”
Sacudiu a cabeça, provavelmente um já sabia
detalhes da vida do outro... E já se combinaram de se verem noutras vezes,
podia ouvir Ikki flar que a Espanha não era tão longe assim da Alemanha, ou que
seu emprego não o obrigava a ficar num lugar único, que seria fácil a mudança.
“Mein
Gott, posso perdê-lo!!!”-seus olhos se enchiam de lágrimas, sua cabeça estava
zonza e suas pernas tremiam... Como segurar aquilo, não iria chorar ali no meio
no aeroporto, mas... “Não, Ikki verá e será o fim...! Se ele souber que sentia
algo ainda por ele durante esse ano todo...”
Na época do namoro começaram os boatos de que
Ikki estava com outras e eram ainda piores o que diziam respeito a Sabine...
Eles até cansaram de desmentirem cada um pro outro... Com o tempo só foram
ignorados, o que fazia o ciúme crescer... Logo um de fato passou a trair o
outro, imaginando que era recíproco. A partir daí o relacionamento de seis
meses estava acabado e restou amizade que tanto importava a Ikki.
“De
que adianta...? Vamos oficializar logo esse fim, Sabine...”
“É...
Acho que o amor esfriou para essa afeição mútua, hehe, como nos livros...”
Haviam se dito... Ela se sentia certa na
época, mas logo se arrependeu quando Ikki apareceu com outra namorada. Quando
este começou a romper sempre, notou que nada mais além dela seria constante e
por ora seria sua garantia até reatarem.
“O
que não aconteceu...”-pensou limpando rapidamente a lágrima que caía sem ordens.
Os dois, finalmente, separaram, o vôo dela
até seu destino final partiria logo e não queria se atrasar com uma despedida
tão triste... Sabine observou Ikki ver sua silhueta desaparecer entre os
asiáticos e estrangeiros daquele aeroporto...
-Cara,
haverá outras...-Carl lhe disse com uma mão em seu ombro. Pena que Sabine não
conseguia falar o mesmo pra ela e quando o fazia, por que não acreditava!?
“Porque,
como ele, não haverá mais ninguém...”-pensou suspirando e se aproximando do
amigo.
-E
vocês ainda se falarão...-comentou. Ikki a olhou assustado.-O que foi!?
Esqueceu que vim junto?
-Não!
Esqueci de pedir seu telefone...-Carl não se segurou e caiu na gargalhada.
-Pô,
cara, nem pra me dar depois você não pegou... Que consideração com seu grande
amigo...!
-Não
importa...-Ikki disse.
-Por
que? Pretende procurar em alguma lista espanhola!?-Sabine perguntou enquanto se
sentava.
-Não... Foi só um caso em
um vôo. Nada além. Nem poderia se quisesse, não perguntei seu nome.
-Cara...-Carl disse sentando-se
ao lado de Sabine e procurando algum vôo pra Tóquio.-Você é muito acomodado,
pensei que tinha gostado desta e simplesmente a deixou ir... Um dia se
arrependerá de deixar tantas garotas que valem a pena pra trás.
-Ele já se
arrependeu!-Sabine comentou.-Sei que seu desejo secreto sou eu...
-Como soube!?-ele próprio
perguntou, mas ela sabia que ra uma brincadeira. O estranho que nunca tenha se
arrependido, mas ela já se acostumara, quem sabe um dia iria!?
-Poxa, mas Sabine de fato
valeria a pena.-Carl comentou e os dois o olharam.-Pô, olha só essa gata!
-Obrigada...-a repórter
falou ajeitando os cabelos...
-Pena arranhar tanto...
-Babaca!
Ikki, então, sentou-se e gargalhou. Eram meio
dia no Japão, demoraria umas três horas de avião até Tóquio...
-Ikki... Temos um
problema...-Carl disse e o jovem nem se impressionou. Aquilo estava começando a
virar rotina... Não se assustaria se o amigo dissesse que o presidente havia
proibido o vôo... Não mais...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Tem certeza de que está
bem?-Seiya perguntou pela oitava vez naquele dia e ainda era uma da tarde...
-Sim, perfeitamente
bem.-Saori respondeu, enquanto sentava-se em sua mesa de escritório, lotada de
relatórios das reuniões da semana do Japão e as mais importantes de cada país
no mundo.
-Vai demorar muito com
isso?
-Não creio, tenho muito
que fazer hoje.
-Sim, o passeio pelo
Centro de Treinamento e a palestra com o pessoal do grupo especial, certo?
-Também... Além do mais,
tenho a coletiva a festa de hoje e ir constatar de que o salão está
pronto.-Seiya balançou a cabeça.
-Mas a festa é às oito!
-Exato, leio os do país
até as quatro, quando irei dar o passei, às quatro e meia é a palestra, às
cinco e quarenta e cinco a coletiva, às seis e meia volto e leio as do Japão. Devo
terminar lá para as sete e meia, oito horas. Então tomo banho e chego na festa
a ponto de estar elegantemente atrasada.
-Você sempre tem tudo tão
planejado?
-Sim.
-E o que fará quando Ikki
aparecer?
-Ele não virá. Não
confirmou até agora...
O jovem mantinha as mãos nas costas, uma
estalando o dedo da outra... Estava nervoso. E se não desse certo? O que faria
depois? Como seria? Como a olharia?
Lembrou, então, do encontro com Hiko naquela
manhã...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Seiya tinha acabado de
tomar café da manhã e estava pronto para uma reunião de rotina para avaliar a
semana. Claro, estava uns dez minutos atrasado, mas isso também era rotina.
-Bom dia!-ouviu ao passar
pelo salão de entrada. Hiko estava com um vestido de manguinha branco e liso,
sentada em um dos sofás, lendo um jornal russo.
-Bom dia...-cumprimentou
distraído, não estava com pressa e sim com sono.
-Reunião?
-Sim, mas é rápido, por
que?
-É que hoje é sábado e
achei que teria o dia livre... Tenho um plano que pode te ajudar.
-Tenho tempo pra ouvir.
-Como Saori o mantém num
cargo tão alto?
-Assim eu não faço
diferença.-ela sorriu enquanto o observava sentar. Juntou o jornal e o
encarou.-O que é?
-Disse que talvez esse
cara de quem ela goste venha...
-Peraí! Eu nunca te disse
que a garota de quem gosto é Saori e nem que ele não vem!
-Isso é fácil concluir,
Seiya... Está num ambiente que não é seu, não digo que não goste do que está
fazendo, mas tenho certeza que não começou por livre vontade sem outras intenções!
-Certo... Imagino que seja
fácil saber, mas e o outro?
-Bem, ela não parece
gostar de ninguém que esteja aqui e você parece conhecer. E os outros também
devem ou então teria me contado tudo sem riscos de eu descobrir.
-Não pensei nisso não, só
prefiro não contar segredos que não sejam meus... É errado.
-Eu acho que te
superestimei, mas acertei no escuro, né?
-Infelizmente pra ela...
-Felizmente pra você. Se
meu plano der certo, você ficará hoje com ela.
-Que plano?
-Só conto se me fizer um
favor em troca...
-Diga...
-Apoio financeiro a minha
Central de Ajuda.-Seiya levantou uma sobrancelha, aquela menina era mesmo
decidida e não media esforços...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Sabia no que estava se metendo quando
aceitou, mas... Não sabia que seria tãaaao difícil pedir isto a ela. Por isso,
naquela hora, optou por pular algumas partes, como a da confissão.
-Saori... Eu...-continuou
a estalar os dedos, nas palavras de Hiko “aquilo tinha que ser feito da boca
pra fora, sem pensar”, mas como fazê-lo!? Podia acabar com toda a amizade
construída até ali...
-Ande, Seiya, tenho o dia
cheio...-pegava num dosa documentos e ameaçava lê-lo.
-Quer... Você quer... Quer
ficar comigo?-pronto! Saiu pior que imaginara, mas saiu, era o que importava!
-Como!?-ela o olhou,
estava completamente confusa...-O que quer dizer, Seiya?
-Na festa... Se Ikki não
vier... Bem, você tem que esquecê-lo, Saori então... Bem, comece comigo! E a
partir daí conheça outros, ou algo assim. Entende?
-Seiya...-ela tinha a bochecha
corada, era bom que estivesse encarando a situação com seriedade...
-Eu ficaria muitíssimo
honrado se fosse aquele que primeiro te beijaria. E, além do mais, sou
profissional!-sorriu, tentando aliviar a própria tensão. Mas a menina o
encarava com olhos distantes, estaria considerando?-E aí?
-Eu não sei...-respondeu
suspirando.-Seiya... Não é que eu tenha esperanças com Ikki...
-Mas...?
-Mas eu não consigo me
imaginar com qualquer outro!
-Vamos, mina, depois que
você sentir o quão bom um beijo é, não vai nem se lembrar do nome do tal!-ela
sorriu de leve, mas, no fundo, sentia um aperto como se tivesse recebido a
notícia da morte de alguém e imaginasse como seria daqui pra frente sem essa
pessoa, qual seria falta que lhe traria tal perda.
E havia. Seiya estava lhe pedindo para matar
a esperança de um primeiro beijo romântico com seu primeiro amor... Aquela
imagem que sempre via em sonhos e que até chegava a sentir... Aquela vida
irreal... Ele a estava pedindo para matar Ikki, tirá-lo de sua vida, pra
sempre!
-Eu não sei...-disse uma
vez mais. O garoto sentou-se a sua frente, talvez... Somente talvez... talvez
aquela fosse sua chance, finalmente!
-Vamos, Saori, não pode
ficar vivendo assim! Mal está aproveitando os seus amigos, se enfiando no trabalho,
tentando afastá-lo da mente, quando só o que consegue é voltar a pensar em
Ikki, Ikki e Ikki. Chega! Nem sabe se ele ainda a conhece!
-Seiya!-ela gritou, sem
pensar.-Eu... Eu...
-Sabe que é a verdade...
Eu a conheço, sei o que pensa e sente! Estive aqui quando ele partiu da
primeira vez, e quando voltou pro Natal e vi sua tola alegria e logo a enorme
tristeza que a abateu com sua nova partida... Acompanhei toda a angústia desde
então... Chega! Tá na hora, Saori... Tem dezessete anos, nunca namorou, ou
beijou. Nunca pensou em ninguém além de Ikki com um segundo interesse! Quando
for adulta e seus companheiros, ou amigas, começarem a falarem de suas
adolescências como um ouro ou algo assim que lhes fora roubado para nunca mais
voltar, o que compartilhará com eles? A solidão do quarto? A frieza do
escritório? Ou... Ou o quê!? Essa é uma idade linda da vida pela qual não
precisamos responder, não há conseqüências para nossos atos, é lindo! Tudo muda...
Somos jovens que não tiveram infância, então o que vivemos é fora deste
mundo!!! E você!? Escolhe ficar reclusa, uma ilha cercada de papéis, regida por
leis altamente burocráticas... Isso é vida!?
-Seiya...-a menina via o
menino descrever sua vida e sentimentos como se fossem os dele próprio.
-Fará isso?Se Ikki não
aparecer até a meia noite, você fica comigo?
-Eu não sei... Eu...
-Pare de repetir isto!
Você fica comigo então, se ele não aparecer, está decidido, se não sabe eu te
digo que é isto que fará, pronto!-e se levantou, deixando o escritório, como se
tivesse tirado um peso do peito. Seria capaz de dizer que amava e que sofria em
dobro, por ele e por ela, com aquela história toda. Mas pôde se conter...
“Isso fica pra hoje após a
meia-noite... Bem, pra amanhã, hehe! Hiko eu te amo pela idéia!!!”
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Afinal, o que houve,
Carl?-Ikki perguntava, com a mala na mão.
-Bem, o vôo pra Tóquio...
Ele é só amanhã...-o rapaz suspira, não havia outra alternativa.
-Certo, eu entendo... É
melhor mesmo que desistamos e fiquemos num hotel por aqui.
-Como assim!?!?!? Eu quero
fazer esta matéria!!! Imagine o glamour de ir pessoalmente a um baile da
senhorita Kido só para amigos íntimos!?!?!?-Sabine gritou, só lhe faltava
aquela.
-Sabine, é só um baile,
ficaremos lá por um tempo depois desta aventura, ou pelo menos até o clima se
acalmar, logo, não se preocupe, terá a chance de participar demais coisas
exclusivas com Saori.
-Mas, Itoshiiiiiiiii!!!
-Vamos, deixa de ser
mimada e encontremos um hotel.
-Mas, Ikki...-Carl
chamou-lhe a atenção.-É isso? Vai desistir?
-Não estou desistindo,
porém não estava muito a fim de ir a baile mesmo... O último não me trouxe
belas lembranças e sim um grande peso pra minha vida.
-Entendo. Bem, o aeroporto
tem um ótimo hotel, já que você fala japonês bem, não teremos problema algum.
-Não, eu falo coreano
também... Aqui a língua não tem nada a ver com o japonês, Carl.
-Ah! Mas é isso! Dá no
mesmo...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
A água caía melancolicamente naquele belo
banheiro. O som produzido lembrava de longe as cachoeiras que caíam dos céus
até as rochas. Estas aqui batiam em um corpo nu que se banhava não tão
calmamente.
Os longos cabelos roxos estavam molhados em
espuma, a pele clara brilhava com a luz que ali batia e os olhos fechados
demonstravam tamanha angústia que pareciam chorar no meio daquela chuva. Ou
talvez o fizessem camuflados.
“E agora?”-esta pergunta
se fazia exclusiva nos pensamentos da jovem deusa. Seiya tinha razão, não podia
continuar assim, e dar seu primeiro beijo seria até uma forma de começar uma
nova vida... Em adição que este teria que ser com alguém em algum dia, que
fosse com seu melhor amigo, então... “Ikki, realmente, nunca me confirmou nada...
Talvez não venha mesmo...”
Já havia aceitado, então se ele não viesse
não teria opção. Mas...
“Não... Ele não virá... Na
festa de Natal ele confirmou, com toda a certeza, que estaria aqui... Agora
não.”
Aquela noite ainda lhe parecia viva na
lembrança... E a considerava como a melhor de sua vida... Porém também era a
pior. Comparando com todas as mortes que já presenciou, achava egoísta tal
consideração, porém... Bem, quem dizia era um órgão extremamente genioso: o seu
coração.
Desligou o chuveiro e foi até seu quarto,
onde, em cima da cama, estava uma toalha e sua roupa. Na sua escolha pensou em
Ikki... Se ele gostaria ou não...
Desceu pela escadaria e caminhou
graciosamente até o salão, só ali, daquela forma, esqueceu-se de Ikki e de
Seiya. Era Saori Kido, a deusa Athena, filha de Zeus, nascida já com sua
armadura para defender a paz na Terra usando-se de sua inteligência. Aquela
sala estava lotada de cavaleiros, amigos íntimos e os maiores treinadores de
sua Fundação.
A música que tocava era grega e cantada por
um grego... Ela programou para que o início fosse bem ambiente e depois as
músicas seriam mais modernas, indo do dance à balada, do japonês ao metal
americano.
-Que linda!-uma garota
comentou ao grande cientista Rodney Rüdgen. Provavelmente sua acompanhante, mas
Saori não o ouviu... Nunca ouvia tais elogios, talvez porque não os aprovasse.
Era incrível como aquela garota egocêntrica de outrora havia perdido tanta
postura com um amor.
Mas ela não conseguia chamar isto de
decadência...
Foi até todos e os cumprimentou, um a um, e
também àqueles que chegavam... Sempre pulando o grupo em que Seiya se
encontrava. O rapaz também fazia o mesmo...
-O que faço, Hiko?-ele havia
puxado a menina pro canto e a olhava com bastante desespero no tom usado.
-São onze e meia da
noite... Eu quero passar um tempo com Hyoga e você não nos larga a sós,
Seiya!-ela falou. A tal Fler não havia aparecido, mas a menina ainda a
considerava um problema...
-Onze e meia!? Mas já!?
Ai, Ikki não apareceu... Não acredito... Pensei que ele apareceria assim... Na
última hora...
-Olha, isto aqui não é uma
novela e tampouco um filme romântico... Não há príncipes encantados, mas a
meia-noite aquela Cinderela ali vai ser sua!
-Como eu a chamo!?
-Sei lá... Que tal: vai me
pagar a dívida? Tente algo romântico, mas pense por si próprio, cara!-Hiko saiu
e foi até Hyoga, que conversava com Miki e Kigeru. Ambos estavam calados entre
si e o garoto sentia a tensão... E como não era burro não tinha perdido os
olhares de Miki para Shun.-Oiiii!
-Ah, Hiko!-ele a olhou uma
vez mais, o longo vestido azul neném destacava mais seus olhos e seus cabelos
estavam de uma forma tão linda!-Já te disse o quão linda está?
-Deixe-me ver...-a menina
fingiu pensar.-Acho que sim...-então lhe deu um rápido selinho.
-Ela está sim...-comentava
Shun do outro lado do salão... Falava de Saori. Esta tinha um longo vestido
branco-marfim que brilhava a cada movimento... Um tanto transparente mostrando
a barriga bem modelada e dando ênfase aos belos seios, a costas pareciam um céu
estrelado, naquela transparência, assim como os braços e pernas... Saori
parecia ter colocado uma saia curta e um tope por cima daquele tecido
brilhoso... Quem observasse melhor veria que o tecido opaco ali era florido,
daí a idéia de marfim.
-O vestido deve ter sido
caro...-falou June que se sentia estranho no seu próprio, não se lembrava da
última vez que havia usado tal tipo de roupa, mas havia caprichado, só faltava
a ausência da máscara para ser confundida com uma deusa grega... Ao contrário
de Saori, que havia frisado os cabelos, como em um permanente, a menina os
mantivera tão lisos quanto sempre, mas Shun notara a perda no tamanho que este
sofrera.
-Ela pode... Escuta...
Quando cortou o cabelo, era enorme!
-Hahahaha, semana
passada... Mas enorme? Uau! Não nos vemos há tanto tempo assim? Logo que fui
treinar no Santuário o cortei... O ar de lá é muito mais seco que da Ilha de
Andrômeda, talvez porque não está tão próximo ao mar.
-Você não se importava com
vaidade antigamente...
-Está me chamando de
relaxada?
-Não... Mas isso me parece
influência de alguém...
-Pois é... Talvez por eu
não ter muito contato com mulheres na ilha... E haver tantas amazonas lá... Acho
que tem razão.-de repente Shun notou que a atenção da velha e grande amiga se
desviou da conversa.
-O que houve?-perguntou,
tentando adivinhar para onde ela olhava.
-Já parou para notar que
aqui há milhões de histórias que não são tão paralelas assim?
-Não... Por que o diz?
-Observe Shina e
Kamus...-Shun os procurou e encontrou os dois agarradinhos. Seus olhos
cresceram consideravelmente.
-Por essa eu não
esperava...
-É... Eu e Marin notamos
os olhares do cara pra nossa grande amiga... Aí os ajudamos...
-Mas...
-O que tem a ver?-ela
virou a cabeça para um outro canto, próximo às inúmeras sacadas, enfeitadas com
falsos pilares. A música era uma japonesa bem antiga.-Olhe, Shina sempre foi
apaixonada por Seiya, que agora está falando com Saori, um tanto intranqüilo,
permita-me dizer. E ele é um grande amigo seu, que também tem sua história,
trouxe aquela garota, Minu, que está no canto conversando com Shiryu, Shunrei,
Aioria e Marin. Ela também gosta dele, segundo sua mestra. Esta é Marin que
está junto de Aioria e nos ajudou muito na hora de bancarmos o cupido com Kamus
e Shina. Nesta história falei de uns quatro casos no mínimo.
-Shina e Kamus, ela e
Seiya, ele e Minu, Marin e Aioria... Quatro, mais Shiryu e Shunrei, hehehe,
cinco...
-Seis...-ele a olhou, tentando
imaginar do estaria falando...-Eu te amo, isto é um outro caso.
O rapaz ficou vermelho com a declaração, não
sabia como enfrentá-la... Ela sempre fora uma substituta de seu irmão, mas
agora... Com toda a história da Miki... Isso o fez pensar em June, e pensou
muito... o tempo todo!
-Não precisa dizer nada em
resposta, não agora, mas não me deixe no silêncio, quando eu partir na terça.
-Certo... June, é muito
junto... Não são só seis, há um sétimo, um oitavo...
-Tá tudo bem... Mas olhe
Seiya e Saori saírem para o jardim aqui ao lado! Acho que há um nono!
O casal agora saía... Seiya, após pensar um
pouco, esperou até a meia-noite. Ao
ouvir as badaladas do enorme relógio de ouro na entrada do salão, respirou
fundo e caminhou até sua deusa, literalmente.
Não se disseram uma palavra. Ela apenas o
olhou, sem expressão qualquer, e começou a caminhar. O rapaz a seguiu.
Caminhavam na penumbra, entre rosas, lírios,
camélias, margaridas e plantas exóticas, cuidadas com o maior carinho, por
muitas não estarem no seu clima natural. Chegaram a uma espécie de corredor,
aberto para o jardim, com belos pilares enfeitados com flores em relevo.
-E agora?-ela perguntou.
De longe dava para ver o salão, com todas pessoas e cada um com sua história.
Seiya se via, naquele momento, a ponto de realizar seu maior sonho de vida.
Saori sentia-se pronta, de início tinha sido fria, mas por puro pudor. Agora só
esperava os lábios do amigo entrarem em contato com os seus...
-Feche os olhos.-ele
sussurrou, estava encostado na parede e ainda olhava o salão, para tirar a
tensão do momento. A menina, que tremia, não de frio, obedeceu ao comando e se
encostou no protetor corpo de Seiya. Era quente, mas fazia sua tremedeira
aumentar. As mãos dele enroscaram-se em sua cintura e uma foi subindo, até seu
rosto e tirou os cabelos que relutavam em atrapalhar o belo conjunto de
perfeição. Mal podia acreditar... seu amor, ali, nos seus braços! Era tão
bom!!! Havia vencido Ikki... Inacreditavelmente... Até agora parecia que ele
apareceria pelas portas do salão, de fácil visão para ele. Mas talvez não
avisasse a Saori, dissesse que não vira. Ikki perdeu e a menina era dele. Do
beijo para um casamento seria um passo! Ela confiava nele... E só
nele.-Aishiteru, Saori-chan.
Ela se deixou sorrir, talvez fosse mentira,
mas era tão romântico, nada de “ojousama”... Saori-chan... E aquela palavra
nunca lhe havia sido dita antes, por ninguém. Talvez fosse fácil repetir aquilo
em alguns meses para aquele homem que a abraçava naquele instante... Ou até em
umas semanas... Muito fácil...
-Aishiteru...-ele repetiu,
era tão fácil dizer por uma segunda vez e tão confortante... E o sorriso
modesto dela era tão lindo, mesmo com os olhos fechados ela, em si, era
linda!-Aishiteru!
Aquela era sua melhor noite, a noite em que
conseguiu para si seu grande amor...
Continuará...
Anita, 15/04/2003
Notas da Autora:
Hahahahaha, quem achou que eu terminaria
isto!?!?!? E aqui está!!! O capítulo 3, hauhauahuahau!!! E ficou beeeeeem maior
que os outros... Eu estou impressionada demaaaaaais com este monstro... Deve
ser o maior capítulo que já escrevi... Ou algum de Várias Formas pôde
superá-lo? Bem, é um dos maiores, com certeza!!!
Puuuuuuxa!!! O Ikki não chegou a tempo e
não ganhou o primeiro beijo de Saori!!! Eu tava torcendo tanto por ele... Mas a
bruxa tá solta, fazer o quê?
Ikki: Se você torcia e é a autora!!! Por
quêeeeeee!?
Anita: *gota* Pois é, né cara? A fic
criou asas e voou pra longe do meu controle... Além do mais, Saori e Seiya
formam um casal tão liiiiindo!
Ikki: Mas somos o casal principal desta
fic!!!
Anita: Que por um acaso ainda tá
entrando no meio... É agora que vocês vão sofrer mais, querido! Final feliz já
diz: é só no final!
Ikki: Mas na maioria eles são felizes
logo... E a gente ainda nem se encontrou pra isso!!!
Anita: Cala a boca, pois aqui você é
meeeeu! Muahahahahahaha!!!
Ikki: ......
Anita: *gota*
Voltando... bem, vocês já viram que
todos estão sofrendo muito, com exceção de Seiya e Shiryu. No próximo capítulo
vou falar mais detalhes da festa, versão Director’s Cut, hehehe, brincando. Eu
tive que resumir um pouco pra não ficar um cap tão grande e eu poder
terminá-lo... Deve fazer uns meses que não termino um cap dessa fic, né? O
último foi em 25 de janeiro... aiaiaiaiai, é muito tempo, eu sei...
Vocês querem que eu faça ficha de
personagem ou já deu pra entender qual é a de todo mundo? Se quiserem falem os
itens absurdos que devo incluir, hehehehe...
Agradecimentos: A todos os anônimos que
usaram o formulário (que nem o abaixo) mas não puseram o e-mail.. Ou que
fizeram nada... Pena haver tantos sem mandarem mail... Desanima fazer esta fic
em especial por isso... Não há retorno! Um coment em especial, ao qual eu
gostaria de responder, porém o mail, de cara, não era válido foi de SAORI KIDO,
ATHENA... A ENKRENKERA, agradeço mesmo, hehehe. Outras pessoas: A Vane que me
apóia ouvindo as minhas idéias, a Lucy-chan pelo mesmo propósito, hehehe, ela
ouviu a idéia inicial... Uma pequena festa na praia, com uma fogueira...
aiai... E à Miaka e a todos que em aturam o ICQ, no mail... Ao Dimas Juilk,
também, que foi um dos poucos que me cobraram por este cap, até desistir,
hehehe... E ao pessoal que tá comigo no projeto de fazer scanlation de
cavaleiros pro inglês, ehheeh visitem este site: http://www.hydscans.com para entenderem do
que falo.
Por fim, pra me mandarem um alô o mail é anita_fiction@yahoo.com e se
estiverem em dúvida; façam!!! É muito importante receber mails... E se for
preguiça... Bem, abaixo está um formulário, ele parece que não funcionam, mas
isso é minha burrice com código html... Funciona sim, portanto deixem o mail
certo pra eu responder assim q eu receber!!!
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