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Quando Nossos Olhos se Reencontrarem... § 2 - Quando Nossas Paralelas se Encontrarão?

Notas Iniciais: 
Pra que esse treco serve mesmo!? Ah, é! CZ não é meu... e me mande mails com comentários... Mas não esqueçam de ter primeiro lido a fic...
 
Olho Azul (mais ou menos) Apresenta:
Quando Nossos Olhos
se Reencontrarem...
 
 
 
Capítulo 2 – Quando Nossas Paralelas se Encontrarão?
 
  O avião fez uma pequena parada em Beinjing, na China. Hyoga olhou para fora, não mais nevava, sentiu um pouco de saudades de tanta neve, mas estava contente com a companhia, Hiko Koyesky além de ser bonita, revelou-se uma pessoa encantadora. 

-Aqui parece ser muito bonito!-ela falou, olhando para fora.
-Nunca vim...
-Nem eu!-e sorriu.
 
  Era animada, falou a viagem toda sobre seu projeto e os problemas pelos quais passava. Ainda assim persistia.
 
  Os chineses já estavam quase todos lá dentro e no relógio de Hyoga marcava meio-dia. Deveriam chegar lá para quatro da tarde, o suficiente para descansar e sair à noite com Hiko.
 
-Bu!-ele deu um pulo da poltrona, e pensou seriamente em atacar o “agressor” que ousou assustar-lhe.
-Como pôde!?-mas seus olhos azuis se encontraram com um par de olhos negros. E piscaram incrédulos.
-Por que fala assim com amigos? Mudei tanto que não me reconhece?-Shiryu sorria, ao seu lado estava Shunrei.
-Cara! Faz tanto tempo!!! Como vai!?-o loiro pulou para abraçar o velho companheiro de guerra, literalmente.
-Olha a cena, Hyoga...
 
  Hiko observava o jovem, mais expansivo que nunca, cumprimentar o amigo. Não pôde deixar de sorrir.
 
  Logo o comandante falou que decolariam e que era para sentarem, pois em quatro horas estariam pousando em Tokyo.
 
(Notas: Não faço nem idéia da distância, mas tenho certeza de que não é essa...)
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Três pessoas saíam do carro e seguiam para a enorme mansão. Era famosa em toda cidade, chamada de “A Casa de Athena”. Athena porque Saori o era. Se bem que nunca ninguém a associou a Palas Athena, a deusa da Guerra na Mitologia Grega.
 
  Muitos jovens faziam um caminho parecido, mas entravam pelos fundos. Era lá que acontecia o treinamento daqueles que defendiam a cidade...
 
-É estranho vir por aqui...-comentou Kigeru, que também fazia parte dos jovens mencionados acima.
-A casa é bonita por dentro?-perguntou Miki.
-Não sei... É como se fossem duas, entende? Uns dizem que três, pois é uma enorme casa, uma enorme escola e parte da grande Fundação.-o jovem respondeu.
-Escola... É verdade, aqui funciona a melhor escola do Japão.-a garota comentou, observando o outro amigo tocar, timidamente, a campanhia.
-A maioria dos que estudam, treinam aqui.
-Mas e vice-versa?
-Não... Muita gente treina, quase toda Tóquio! Sem dúvidas que o sonho de muitos é ir para Grécia, lá se tornam Cavaleiros de verdade. Os mestres falam que isso nunca aconteceu.
-Quem é?-um homem careca apareceu numa televisão.-Mostre a identificação.
 
  Os dois olharam para Shun que se deu um tapa na própria cara e os olhou sorrindo se graça.
 
-Identificação?-ele perguntou para o careca.
-Sim, ou autorização para entrar, se for aluno novo é para entrar pelos fundos e se for para a Fundação é pela direita.
-Então...-Kigeru sorriu.-Já que somos intrusos vamos pela esquerda!
-Baka!-Miki lhe deu um tapa nas costas.-Tem um muro enorme, a casa não tem esquerda...
-Só tava brincando... E agora, Shun?-o jovem de cabelos verdes mostrou um cartão para os dois, sorrindo vitorioso.
-Aqui está, Tatsumi!-o careca sumiu para dar espaço para uma tela negra. A porta foi aberta por um homem de terno escuro e cabelo preto.
-Sejam bem-vindos à mansão Kido, senhores.-e os três entraram, olhando maravilhados para a luxúria que rondava o local.
 
  Era uma simples sala de recepção, enorme e em cima tinha um lustre que parecia se feito de ouro e diamante. As velas eram falsas, mas pareciam reais e estavam acesas. Estatuetas de heróis gregos ornavam os cantos e nas paredes pinturas de velhas tragédias.
 
-Esse é o endereço certo?-Miki brincou, tentando quebrar o silêncio.
-Nunca achei que aqui fosse tão lindo... É uma mansão mesmo!-Kigeru falou.
-Shuuuuuuuuun!-o terceiro foi atingido por algo, caindo no chão. Ao olhar o agressor sorriu.
-Seiya! Que bom vê-lo, amigo...-então o novo personagem olhou os amigos de seu amigo.
-Ah! Esses são seus acompanhantes, é um prazer! Meu nome é Seiya Ogawara...
-Sei quem é, senhor... Treino aqui.-Kigeru respondeu.
-E eu assisto tevê, é o braço direito da Senhorita Kido.
-Algo assim...-ele sorriu com um braço atrás da cabeça. Logo ajudou Shun a se levantar.-Uau, cara! Você realmente mudou.
 
  Os cabelos de Shun, que antes batiam desleixados nos ombros, caíam lisos até suas orelhas.
 
-Até eu me surpreendi ao ver que eram lisos...-ele falou sem graça.
-Como era antes!?-os outros perguntaram ao mesmo tempo, Shun sempre teve aquela mesma cara de menininho.
-E você raspou um pouco, né Seiya?
-Fazer o quê!? As minas amam esse topetinho jogado pra trás!
-Então não fique perto do Shun!-todos olharam para Kigeru, principalmente o mencionado.-Elas ficam cegas por este cara! Hehehehehehe
 
  Os outros o acompanharam.
 
-Onde está Saori-san?-perguntou o garoto.
-Almoçando, era para onde ia quando o careca me falou que você havia chegado.
-Comida!? Tamos dentro!-Miki falou.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Ikki estava trabalhando. Com Carl completando suas horas mensais de trabalho, o cavaleiro de Fênix sentiu-se entediado. Trabalhava tanto que até as horas do mês seguinte já estavam pela metade.  Ainda era meio do mês de Dezembro!
 
  Nisso um bonequinho começa a piscar na tela e diz em alemão:
 
“Voicemail, voicemail!”
 
  Seus olhos azuis vêem a setinha ser arrastada até o boneco e seus ouvidos escutam o click do mouse.
 
“Ikki, meu amor!!! Aqui quem fala é Sabine, como já deve ter notado. Carl me falou que vão pro Japão, ou que pelo ao menos estão tentando. Preciso desse favor, me leva junto!!!”
 
  Ele selecionou o voice chat.
 
-Sabine... Sei que só quer ir só por ser repórter.
-É um grande babado! Saori Kido organiza festa para amigos íntimos... Deixa!!!
-Com essa neve toda... Duvido que eu possa, imagine você!
-Já sei! Tem uma garota lá te esperando e vai pegar mal aparecer com uma das suas milhões de ex-namoradas, eu entendo... Mas eu queeeeeero iiiiiiiir!!!
-Não grite... Não tem ninguém me esperando e não tenho tantas ex!
-É mais que isso, na verdade. Considerando que ultimamente seus namoros duram pouco mais de duas semanas...
-Não te interessa, sabia!?
-Interessa sim, pois além de ser a que mais durou, sou sua melhor amiga. Além do mais, você já me falou que tem um irmãozinho, sou doidinha pra conhecê-lo!
-Não convenceu...-Ikki olhou a foto que Shun lhe enviou na última carta. O jovem estava num parque ao lado de um amigo, disse que se chamava Kigeru. Veio outra foto com a tal Miki, mas esta repousava ao lado de sua cama, junto com uma dele próprio e Sabine. Está tinha cabelos castanhos com mexas vinho. Os olhos vermelhos contrastavam com a neve. Esta foto também estava contra a do irmão, tirado num dia de sol, com árvores e no fundo uma bela praia. A de Ikki era quase toda branca tendo como chamativo a própria Sabine.
-Por favooooor!!! Onegaiiiii...-ela apelava... Sabia que ele sempre gostou que falassem japonês, ensinara aos dois amigos. Não que fosse perfeito o jeito de falar, mas ambos eram perfeccionistas, logo aprenderam bem.
-Está bem. Mas não seja enxerida quando chegar e o que quer que vá publicar quero aprovar primeiro.
-Ich liebe dich! Hihihi!
 
(Tradu: eu te amo, em alemão)
 
  Uma janela dizendo que o outro lado havia encerrado a sala de chat apareceu na tela. Ikki clicou em okay e ficou pensando em como estaria o irmão e em como ficaria caso não pudesse ir.
 
  Por mais que tentasse não considerar a possibilidade de que talvez não desse para ir, não podia evitar! Estava ficando difícil demais.
 
“Pelo ao menos na Espanha não deve nevar, vamos para Madrid, do meio daquele clima mediterrâneo não há como um avião não decolar.”
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Os quatro estavam carregando suas bagagens e indo em direção ao lugar marcado para a limusine de Saori Kido.
 
-Será que mandarão duas?-perguntou Hiko.-Ou sabem que chegaram juntos?
-Com esse tanto de mala... É provável que duas não dê para caber tudo.-Hyoga falou, empurrando dois carrinhos com uma mala grande cada e três pequenas. Levou um soco no braço.
-Também estou ajudando.-disse a garota, mostrando um malotezinho azul na mão direta.
-O seu malote que não coube nos carrinhos... Devo agradecer? Acho que não.-Shiryu e Shunrei observavam se divertindo, a mesma briguinha que era desde o avião.
-Serão namorados secretos?-a chinesa lhe sussurrou.
-Provavelmente... Ainda não.-o outro respondeu vendo finalmente a luz do Sol japonês. Estavam no lugar combinado, onde duas enormes limusines os aguardavam.
-Saori exagerou, uma vez mais.-Hyoga fala com uma gota de suor na cabeça.
-Acho que o tempo não a mudou muito.-Shiryu falou forçando um sorriso, enquanto entrava em um carro e via todas as malas irem para o outro.
-É agora que a festa começa!-Hyoga comenta para Hiko, a seu lado, enlaçando-a com o braço e descansado a mão em seu ombro.
-Espero...-ela responde. Shunrei senta encolhida num canto de frente para o casal e Shyriu olha para janela, enquanto sorri de leve.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-E onde é o hotel? Aqui perto, espero...-Kigeru perguntava enquanto olhava para Miki que rodeava a sala de estar, ou pelo menos uma das da mansão.
-Haha!-Seiya riu.-Hotel? Ficarão aqui mesmo!-a única garota da sala parou e olhou o jovem sentado com cabelos castanhos.
-Tá brincando?
-Essa mansão é beeeem maior do que parece... Devemos ter uns trezentos quartos, sem contar com os dos que estão alojados por aqui, para serem cavaleiros.
-Puxa, até parece que ela cresce dentro de si mesmo, é impossível!-Kigeru fala incrédulo.
-Não dentro de si mesma, mas boa parte fica lá em baixo, sem contar que é extremamente alta.
-Não era tão grande antigamente...-comentou Shun, também sentado.
-Realmente muito foi construído depois que nos separamos, mas... O senhor Kido tinha vários locais secretos. A estrutura disto permite irmos infinitamente para baixo e talvez para cima.
-Nossa! Isso parece Red Rose!-Kigeru diz. Miki toma lugar a seu lado, contra o sofá em que Shun está e ao lado de Seiya.
-Rose Red, na verdade.-mas vê que o outro jovem não entende.-É um livro do Stephen King, uma casa que crescia sozinha era o tema principal.
-Ah! Já vi o filme, hehe!-o garoto sorri sem graça e arranca risos dos três amigos.
-Confesso que eu também, mas Miki e Shun já leram...-Kigeru fala, todos teriam rido novamente se não fosse pela entrada repentina de uma quinta pessoa.
-Senhor Ogawara...-Seiya olha Tatsumi e pede para que prossiga.-Eles chegaram.
 
  E o eterno mordomo dos Kido se vai.
 
-Eles quem!?-pergunta Shun ao ver o velho amigo se levantar num sobressalto.
-Shiryu, Hyoga e seus acompanhantes!-Shun segue Seiya, que sai correndo, deixando um casal sem entender nada.
-Vamos junto?-pergunta a garota.
-Tá brincando!? Aquele filme me deu muito pesadelo!!!
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Saori tinha acabado de assinar um outro documento quando Tatsumi a chamou novamente pelo videofone.
 
-Senhorita Kido, Shiryu e Hyoga também já chegaram... Devo esperar os outros seis ou já posso acomodar estes?
-Não, não espere os outros seis... E sim a mim, já estou indo, peçam para  que fiquem por ora na sala um.
-Certo.
 
  Ela se levanta de sua mesa.
 
“Por hoje, o trabalho está encerrado.”-seu relógio marcava quatro e meia.
 
  Ao chegar no local combinado todos conversam amigavelmente e as malas descansam no canto. Tatsumi a recebe antes de entrar.
 
-Todos viajaram bem e seus acompanhantes conferem no número.-ele anuncia.
-Certo...-e ela entra, todos a olham sorrindo.
-Saori! Há quanto tempo!-Hyoga fala, levantando-se.
-Fico feliz que todos nós estejamos juntos de novo...-Shiryu também se levanta.
 
  Somente Seiya percebe a tristeza no olhar de Saori passar rápida como um leopardo. Ela por um milésimo de segundo havia baixado a guarda pela primeira vez na frente de outros que não fosse ele próprio.
 
“Ela está se cansando de tanto lutar contra os próprios sentimentos.”-ele pensou, sabia que ela se falava que todos estavam menos ele, o único que deveria, o único que importava...
 
-E quando vamos poder descansar?-Hyoga tirou os dois de seus pensamentos.
-Sim, a viagem foi bem chata...-Shiryu completa.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
Bling Blong!
 
  Ikki levanta-se de seu sofá, onde descansava, o relógio marcava sete e meia.
 
-Carl, entre...-o jovem faz o pedido e exibe três papéis.
-Amanhã, às oito, você, Sabine e eu iremos pra Espanha, lá busco as últimas passagens...
-Mas os vôos de Hannover foram cancelados...
-Eu sei, tem conexão na Itália.
-E por que não fomos pela Itália?
-Pois só tem vôo de lá pra Espanha, Portugal e América Latina.
-Sente-se...-Carl liga a tevê.
-Parece cansado...
-Fiquei algum tempo fazendo os planos.
-Quer mesmo ir, não é?
-Você não? Puxa, vai ser demais, pelo o que vi nas fotos o Japão é muito lindo!
-Fico imaginando se vale o esforço...
-Mas não irá ver seus amigos? Não sente falta...?
-Só estou um pouco temeroso. Já lhe contei uma vez que estou num lugar totalmente diferente de tudo para fugir do passado e de repente estou movendo o mundo para voltar!?
-Mas nunca me disse o porquê...
-Só digo o de sempre, tem a ver com uma garota que não posso ter e não quero estas lembranças vindo à tona agora que estou bem...
-Mesmo assim está indo...
-Estou tentando, por meu irmão.
-Esse é outro que quero muito conhecer! Quase não comenta sobre o garoto, tudo o que tenho são palavras soltas quando recebe carta qualquer.
-E a foto...
-Isso também. Vocês não se parecem nada!-Ikki o olhou daquele jeito que Carl já vira, sabia que o amigo detestava que alguém dissesse aquilo, mas era a mais pura verdade.-Imagino quem será a garota que te fez isso ao coração...
-Pra quê tanta curiosidade?
-Não conheço nenhuma que te tenha prendido tanto quanto Sabine... Mas essa me parece ter sido “aquela”...-o jovem não respondeu, apenas olhou para a janela, de lá viu que a queda de neve parecia diminuir um pouco sua intensidade.
-Talvez cheguemos lá...-Carl o olhou, custando a entender.
-Você mudou o assunto, sabia?
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Ela se olhava no espelho. O quarto: repleto de roupas jogadas a cada canto. O móvel a sua frente: lotado de maquiagens diversas. Ela: Com o cabelo preso num coque, deixando uma mecha cair pelo o rosto, esta estava levemente cacheada.
 
  Sentiu-se bela. Sempre havia tido um prazer especial por ser mulher, por poder exagerar um pouco na vaidade. Desta vez ficou um pouco presa ao “informal” do convite oral do companheiro de viagem, mas ainda assim deu seus toques.
 
  Vestia uma blusa de manga rosa clara com uma saia rodada e curta branca. Por baixo botara uma calça apertada da cor da blusa, estava pronta pra danceteria.
 
“Será que exagerei?”-olhou-se de novo, a maquiagem era clara, porem muita. “Se bem que não é todo dia que se completa dezoito...”
 
  E o dela seria após aquela meia-noite. Fora uma enorme coincidência o convite de Hyoga para que tirasse umas férias. Não teria aceitado se não fosse aquela voz que lhe pedia para ver aquilo como um presente.
 
“Kido... Irá realmente me ouvir? E depois disso me ajudará? Preciso muito disso!”-ela suspirou fundo.
 
  Três batidas fortes na porta lhe interrompem os pensamentos.
 
-Ei! Koyesky-chan! Vamos logo, ou nos atrasaremos, o pessoal já tá lá embaixo e queremos zoar muuuuuito hoje!!! Já são dez da noite... temos que ir logo ou nos deixarão pra trás.
“Mas hoje não pensarei no Centro de Ajuda! A noite é minha...”-ela sorriu.
-Já estou indo!-pegou a bolsa e abriu a porta, para dar de cara com um Hyoga surpreso.
-Hiko...
-Você está bem?
-Você... Uau! Está linda!-ela sorriu e o puxou pelo braço.
-Vamos, Babão, até onde me lembro o pessoal nos espera lá embaixo, não era isso que me gritava segundos atrás?
-É...-ele passou a mão nervosa pela cabeça. Logo estavam dentro do belo elevador.
-Isso dourado é... É de ouro?
-Pode ser, realmente não sei não. Talvez Seiya te diga...-mas ela já estava passando a mão.
-É sim! Que luxo é esta casa...
-Mas como sabe?
-Vamos, lindinho, esses conhecimentos são básicos para as mulheres! Se é ouro ou não, couro ou não... Mentira ou não.
-Certo...-a porta de prata abriu para darem de cara com um belo quadro sobre uma lenda grega de como uma pessoa tentou montar em Pégaso, em busca de glória, mas acabou caindo.-Vamos?
-Uau! Esta casa não é só luxo, exuberância e beleza! Ela é arrepio puro, a senhorita Kido me parece gostar muito dos clássicos...
-É, acho que sim.
 
  Todos já estavam lá, prontos para saírem.
 
-Então... Vamos?-perguntou Seiya, já olhando pros motoristas que os levariam.
-Mas e Saori-san?-todos olharam para Shun.
-É mesmo... Cadê ela?-perguntou Hiko.
-Não virá. Podemos ir?-o jovem já se ia, uma vez mais.
-Por que? Estamos nos reunindo por ela, então vamos *com* ela.-declarou Shiryu.
-Sinto muito, Shiryu, mas Saori-chan não é muito de festas... Ainda menos chegada a farras, logo não virá, nem que imploremos. Além do mais... Deve estar trabalhando, como sempre.
-Que pena...-falou Kigeru.
-É mais pra uma furada que pra um caso de pena...-declarou Miki. Todos concordaram.
-Vamos!?-repetiu Seiya, todos assentiram hesitantes.-Além do mais, algum de vocês consegue imaginar a presidenta da grande Fundação Graad numa boate!?
-Danceteria... Vocês são de menor.-corrigiu Hyoga.
-Vamos a uma boate! Fala sério... Qualquer um passa.-Seiya retrucou.
-Mas, mesmo assim, é errado.-fala Shiryu.
-Só diz isso porque também já tem dezoito.
-Isso mesmo, neném, nós dois já somos de maior e, portanto, responsáveis pelas crianças! Vamos levar o maternal pra brincar na terra, Shiryu!-falou Hyoga, já saindo pela porta e rindo da cara de Seiya.
 
  Apesar dos outros também serem menores, entraram na farra, falando “gu gu da da” para Seiya, que, afinal, era o mais novo do grupo.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Alguém a mais observava a cena que se desenrolava e a jovem esperou até que todos saíssem para se revelar à luz. Seus cabelos arroxeados brilhavam, sedosos, com o belo lustre da entrada de sua mansão, seu palácio.
 
  Saori sentia um enorme aperto no coração, naquele momento desejava desesperadamente pelo seu amado. Sonhava acordada com ele chegando por aquela porta e dando de cara com o grupo que saía. Shun seria o primeiro a reagir, indo correndo abraçar o irmão. Seiya também comemoraria, afinal, o grupo seria maior. Então Shiryu e Hyoga diriam palavras de boas-vindas ao quase irmão que reviam.
 
  Ela continuaria ali na sombra, olhando sem poder acreditar, decidida entre continuar como estava ou sair correndo, estava assustada... Os olhos dele, azuis, se encontrariam com os dela, enquanto os outros lhe faziam convites para acompanhá-los. Mas ele recusaria e caminharia dizendo que seguissem em frente.
 
  Ela, petrificada, o veria se aproximar mais e mais até que ele a pedisse para se revelar, com toda a doçura do universo. Ela ainda estaria submissa, apenas dando um passo e olhando hesitante para o chão, suas bochechas coradas. Ele a diria o quanto sentira a sua falta e o quanto significava para ele e ela diria que o amava, Ikki responderia que seus sentimentos eram correspondidos e para se casarem o mais rápido possível!
 
  Saori suspirou, acordando do sonho.
 
“Quais são as chances de algo assim acontecer? Estou ficando maluca...”-ela pensou. Algo salgado entrou em sua boca, eram suas lágrimas frustradas pelo amor proibido. “Vou preencher alguma coisa, preciso fazer algo, ou chorarei pra valer...”
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-Vamos, caras!!!-Seiya continuava a implorar, tinha ordenado aos motoristas a pararem em uma boate, mas Shiryu foi o primeiro a dizer que não.
-Mesmo assim, é capaz de você ficar de fora...
-Eu!? Nunca! Já me conhecem... Sou o grandão da Fundação, hehe, essas boates sempre precisam de gente de alto escalão!-ele ajeitou o casaco azul marinho, por baixo usava uma blusa vinho social, com uma calça preta.
-Qual o grande plano, senhor? Não é o único de menor...-Hyoga perguntou apontando para os outros.
-Eu sei... Mas é só vocês irem na frente e o resto juntar que eles nem vão querer saber... Além do mais dezessete é quase dezoito.-Shiryu continuou balançando a cabeça negativamente.
-Muito bem...-Hyoga disse sorrindo.-Vamos entrar!
 
  Shiryu olhou o amigo como se não acreditasse.
 
-Como!? Não vão permitir!!! E se proibiram a entrada para menores de dezoito há um motivo... Acho que-
-Relaxa, Dragão Feroz...-Hyoga disse, pegando no braço de Hiko.-Se eles não entrarem, deixemos! O problema será só deles...
-Certo...-ele chamou Shunrey e seguiu Hyoga até a porta da enorme e badalada boate.
 
  Dois homens musculosos de cabelo abóbora e pele bem morena estavam de braços cruzados na porta, vendo quem entraria. Seiya os encarou, liderava o grupo.
 
-E aê, Zig!?-o de óculos azul olhou para baixo, devia ser o dobro de Seiya. Foi a vez de Miki se assustar e se esconder entre Shun e Kigeru.
 
  Zig continuou encarando o cavaleiro de Pégaso por um tempo, até que se mexeu.
 
-Ô de menor, o que faz por aqui, não vê o sinal?-a voz era máscula e assustadora. O outro gigante se aproximou fechando a entrada completamente. Zig apontou para uma placa dizendo que a boate era apenas com pessoas portadoras de documentos provando sua maioridade.
-Também senti saudades, Zig!-Seiya deu um soquinho no local onde seus olhos batiam, entre o tórax e o abdômen.
-É melhor irmos...-comentou Shiryu para os outros.
-Calma, caras! Zig é amigo...-Seiya respondeu.
-De menor, cai fora daqui!-Zig fez sua resposta ouvida até onde Miki estava, mantendo seu tom assustador.
-Agora, quanto tá a entrada hoje?-Seiya continuou.
-Tá mil ienes.-respondeu o outro gigante.
-Tem certeza, Kurabo? Eu acho que é mil e quinhentos...-Zig olhou de novo para Seiya.
-Ah tah!-Kurabo bateu com a imensa mão em sua cabeça, fazendo seus óculos verdes ir até a ponta do nariz.-Esqueci, preço especial pro de menor...
-Exato, pro de menor e o resto da gangue...-Miki apareceu do meio dos dois amigos. De repente os gigantes estavam sorrindo e até pareciam uns dois bobões.
 
  Seiya ria.
 
-Vamos, caras!-ele falava.-Que roubo!!! Até parece que não gostaram do Miso-kun... Não faço mais apresentações, hein!!! Que roubo... Mil e quinhentos!?
-Ih, Zig...-Kurabo falou.-Acho melhor a gente fazer promoção hoje...
-É há tantos peixes aqui, hehe, aposto que a maioria é de menor.
-Melhor!-Seiya entrou no meio.-Não cobrem nada ou acho que Miso-kun vai sumir do mapa... E me disseram que vocês se divertiram com a entrega!
 
  Agora os dois pareciam aterrorizados.
 
-Certo... Todos podem entrar, custa mil ienes.
 
  Já lá dentro a música eletrônica era alta e a fumaça do cigarro embaçava a vista. Os jovens e velhos brincavam entre si, as garçonetes passavam de um lado para o outro com bandejas vazias e cheias, nas suas saias curtas e topes. Nos cantos os amores de minuto aconteciam e para os recém-chegados parecia que a boate era um mundo alheio com sua própria lei.
 
-Alguém já veio aqui!?-Seiya elevou sua voz, mas todos balançaram a cabeça, atordoados.
 
  Foram para o bar, onde a música era mais baixa, um outro ambiente com telas de vidro que pareciam não estar lá. As pessoas viam as pessoas dançando, pareciam até fora do ritmo. No fundo um leve blues tocava.
 
  Seiya sentou-se numa mesa de canto e chamou um garçom.
 
-E aí, Phiru!?-ele cumprimentou o grisalho que os atendeu.
-O mesmo de sempre, senhor?-os outros já o olhavam de forma suspeita.
-Hã... Acho que não, cara... Eu vou querer uma água tônica com limão.-e o resto também fez seu pedido, olhando a bela pista de dança cheia de luzes e brilhos.
-Aqui é mesmo um luxo, hehe.-Hiko comentou.
-É a melhor da cidade, na minha opinião...-o mais jovem responde sorrindo.
-Seiya, o que exatamente é o que você sempre pede?-Shiryu o olha.
-Hã... Uma gatinha solitária!-desta vez tem a atenção de todos.-O quê!?
-Não pode beber álcool...-Shiryu fala.
-E quem disse que eu usava o sentido figurado!? Essas minas derramam todas as suas mágoas pros seus garçons, Phiru, em especial, sempre tem uma linda pra mim, hehe.-todos olharam para os lados envergonhados.
-Seiya, nunca te imaginei tão galinha...-Hyoga diz e se levanta.-Vamos, Hiko, agitar esse lugar!
 
  E se vão, Shiryu faz o mesmo, porém este se decide por ir mesmo embora. Restando os quatro.
 
-Acho que sobrei...-comenta Miki. Lkigeru passa o braço por seu ombro.
-Vamos! Você já está acostumada a ficar comigo e com o Shun... Hahahaha!!!
-Isso não soou muito bem...-ela fala. Phiru vem e trás os drinques.
-Estranho, onde estão os outros...?
-Acho que o vinho do Shiryu, da Shunrei e da Hiko sobrou pra mim, hehe!-Seiya diz deixando a água tônica de lado e bebendo os vinhos tintos.
-Shiryu vai pirar quando souber...-Shun fala com a mão no rosto, enquanto bebe sua coca.
-É hora de se divertir e se soltar, menino, não se prenda!!! Peça o que quiser, por conta da Saori!-Seiya brada já na terceira taça.
-Você é rápido... Nunca ouviu falar em degustar!?-Kigeru pergunta com uma gota de suor na cabeça.
-Hoje é pra comemorar e ficar doidão, cara!!! Miki, leva o neném pra pista de dança, vamu ver se ele cresce!
-Ei!-Shun protesta, mas a menina já obedece ao outro e o tira do bar. Restando Kigeru que se rende e pede um uísque.
 
  Meia hora depois...
 
  Hyoga e Hiko já não são mais encontrados por ali, tinham ido para um show de rock num clube próximo, Shun dança com uma garota desconhecida e Miki com um homem que lhe faz todo o tipo de charme.
 
  E se a dança embriagara os quatro, Seiya e Kigeru bradam no bar sobre piadas não mencionáveis, outros bêbados já se haviam ajuntado. Uma loira de vestido... Trapo vermelho e mais de trezentos milímetros de silicone, o seu marido e uns amigos.
 
-E aí o elefante caiu!-Kigeru terminou e todos riram, menos Phiru que servia outra rodada de cerveja. Era incrível como podiam rir daquilo, uma pena não poder aproveitar nenhuma piada para quando fosse jogar um charme para as “gatas solitárias”, como Ogawara dizia sempre.
 
-Cadê Miki?-pergunta Kigeru logo após terminar outro copo. Seiya dá de ombros.
-Provavelmente no “Casa do Amor” com o neném... Estas crianças crescem tão rápido!-todos da mesa riram menos Kigeru, sua ponta de sobriedade o fez mirar a pista de dança, onde Miki estava aos beijos com o tal charmosão. E outra ponta surgiu, o do ciúme, da inveja...-O que foi!? Outra rodada, Phiru!
-Não é isso... Olha onde ela está, nunca nem viu o cara, o que é isso , aqui!? Um bacanal!!!-ele grita e mais gargalhadas, principalmente da loira que abraça Kigeru.
-Você é o melhor, gostosão!
-Aqui, se quiser que eu separe aquele cafetão ali da sua mina é só dizer!!!-disse o marido mostrando os músculos.
-O único problema é que não é minha, mas obrigado pela ajuda...-ele notou que nem sabia os nomes, mas não importava tanto.
-Sabia que havia algo! Um amor não correspondido...-uma amiga da loira diz.-Ah, o amor!!!
-É, somos amigos desde infância, sabe? E desde então sou caidinho por ela, hehe. Já o vi com outro, mas nunca assim! A única pessoa que me faz ter mais ciúmes que agora sinto está bem ao lado recusando o convite da menina sem top...-todos olham para Shun, que tentava não olhar a mencionada.
 
  Todos na roda suspiram.
 
-Os dois são seus amigos... Que lindo! Um triângulo!!!-o marido da loira fala.
-Amor mais lindo só do Zig e do Kurabo...-menciona Seiya.
-Como assim!? Tá falando dos seguranças???-Kigeru grita quase caindo da cadeira. Seiya simplesmente assente.
-Sim... Os dois se amam e ficam querendo dar uma de gostosões um pro outro, é triste que nunca tenham notado isso, mas é a vida...
-Isso é ridículo!
-Também é liiiindo!!! Um amor estranho, mas lindo!-fala a loira se abraçando ao marido.
-Conta pra ela!-Seiya declara.
-Tá pirado!?
-Não... Mas se deixar assim, a situação fugirá do controle, a ponto de ser seu confidente sobre seus amores pelo seu amigo. Falo por experiência própria!
-Já esteve em algo assim!?-Kigeru pergunta.
-Sim... Estou, na verdade, mas mesmo que eu esteja bêbado não vai conseguir nada mais além disso.
-Seiya... Não sabia que alguém fosse capaz de prender seu coração...
-Você não me conhece...
-E ela diz tudo pra você!? Deve ser bem doloroso.
-Não queira isso pra si.
-Vou tentar, vou me confessar, mas tenho que esperar uma boa hora, bêbado assim não me levará a sério.
-Acho que não, mas só assim me solto, sabe? Não que pare de pensar no problema, mas assim eu posso pensar em outras.
-É, está certo..-e ambos olharam para Miki que voltara a dançar com Shun e o ritmo era lento e calmo.-Ela é tão linda quando está assim tranqüila...
-Os dois ficam bem justos...
-É, sempre pensei nisso! Talvez seja melhor que assim seja, sabe...
-Shun não gosta dela.
-Perdão?
-Vamos, está tarde e amanhã eu tenho umas reuniões na fundação e vou sair com uma amiga.
-Certo... Não quer me animar, certo?
-Pense o que quiser...
-Seiya-kun, não comente com ninguém...
-E eu te falei algo sobre mim que você pudesse!?-Kigeru sorriu, era bom finalmente compartilha aquilo.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-Muuuito bom!!!-Hiko comentou enquanto saía do clube, ali esperariam a limusine.
-É... Escuta, por que antes da meia noite perguntava sempre o horário?
-Eu? Bem, é que queria saber quando fosse hoje...-o relógio no fundo marcava mais de duas. Hyoga franziu o cenho.
-Está mentindo.
-Não... Só escondendo a verdade!-disse sorrindo, seus olhos claros brilhavam com a pouca luz da rua.
-Vamos! Pode confiar em mim...
-É que fiz dezoito anos, hehe, queria me dar feliz aniversário!-Hyoga a olhou estupefato, ela falou de forma tão simples...
-Dezoito!?
-O que foi?-ela o olhou parando de sorrir.
 
  Ele, então, a abraçou forte.
 
-Feliz aniversário, Hiko-chan...-ela sorriu retribuindo o abraço.
-Sabe, dezoito anos costuma ser uma idade especial em muitos países, mas eu sei que aqui não é tão grande coisa...
-Bem, é mais um ano, representa mais amadurecimento...
-Quando eu fizer vinte anos eu esperarei uma festa surpresa vestida de kimono, por ora esse abraço já foi bom...-ela disse, ainda abraçada ao novo amigo.
-Acho que a viagem foi melhor que uma festa... Não acha!?
-É, tem razão!-e na hora que ela sorriu uma gota caiu e depois outra e mais outra, obrigando-os a voltarem pra perto da saída do clube.
 
  Seus cabelos e roupas estavam encharcados.
 
-Lá se foi minha superprodução...
-É o fim da noite, pelo menos durou...-ele falou a olhando nos olhos com um sorriso.
-Acho que sim... Mas não adiantou nada.
-Como assim!? Estava com alguma segunda intenção?
-É meu aniversário!
-Mas eu fiquei sempre ao seu lado e nenhuma cara quis saber...
-Não há problema.
-Sinto-me culpado, hehe.
-Não queria qualquer um... E o show foi ótimo!
-Você estava linda até essa chuva começar, se isso te alegra...-Hiko ficou um pouco corada, não exatamente pelas palavras, mas pela honestidade que brilhava nos olhos de Hyoga.
-Arigatou, Hyoga-kun... Uma pena que a chuva estragou tudo!
-Não... Você está ainda mais linda assim, hehe. Você é linda!- ele foi se aproximando cada vez mais, até que ela se rendeu ao momento e fechou os olhos.
 
  Os lábios se tocaram logo e o frio da chuva e do inverno foi completamente esquecido. Uma chama brotava a cada hora que eles se tocavam durante o beijo apaixonado, era como se aquilo fosse o resultado de todo um desejo acumulado, desde quando se conheceram. Hiko não se lembrava de já ter sentido algo assim antes, e se tivesse, havia sido há muito tempo atrás...
 
  Era muito bom estar ali, se esquecendo que haviam saído da cobertura contra a chuva. Agora estavam completamente encharcados quando o beijo ardente se transformava em leves toques e, enfim, no fim.
 
  Os olhos se encontraram, alegres por estarem se olhando.
 
-Com licença...-ambos olharam para o senhor uniformizado segurando um guarda-chuva sobre sua cabeça e apontando para a limusine preta.
 
  Ambos riram até chegarem na mansão e subirem para se trocarem. Não sem antes ouvirem um ser,mão de Tatsumi sobre ficar até tarde e ainda por cima embaixo de chuva forte.
 
-Ele é engraçado!-declarou Hiko, ao chegar em sua porta.
-Quase um pai para todos...
-Que legal...
-Sim, aquele pai que todos não suportam e torcem para se separar da mãe fugir com uma mulher que vai castigá-lo poro resto da vida!-Hyoga fala arrancando mais risadas da acompanhante.
-Você é inédito, mas ele faz isso para o nosso bem...
-Não, é que Saori deve tê-lo dito para ficar acordado até o último chegar e além domais molhamos o caminho todo até aqui...
-hahahaha, mas vai ver só você op odeia...
-Eu, Shun e Shiryu devemos ser os mais neutros... O Ikki tá doido pra acabar com a raça do sujeito...
-Ikki?
-Sim... O único que não veio, irmão do Shun.
-Ah! Entendo... Bem que ele parecia pra baixo e a Senhorita Kido também...
-Saori!? Hahaha, o Ikki não deve ter nada a ver com ela... Sabe, ele nunca tá por perto, já se era de esperar. Segundo o Seiya, ele é um lobo solitário. Eu concordo...
-Não o vê há quanto tempo? As pessoas mudam.
-Desde os catorze... Mas Ikki? Só piora, prova disso é sua ausência.-ele a olhou.-Eu tenho que ir dormir, boa noite, Hiko-chan.
 
  Ela ficou em silêncio.
 
-O que foi?-ele perguntou.
-Não entro enquanto não ganhar meu beijo de boa noite...-e ele, sem hesitar, cumpriu seu desejo e ficou ali até mais uma hora depois, quando caminhou para seu quarto, como se já estivesse sonhando. Fazia tempo que alguma garota o fez se sentir assim...
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
Sexta-Feira
 
-Os dois estão prontos!?-Ikki olhou para trás, os dois amigos seguravam suas malas e as arrastavam pela estação de Hannover.
-Prontos!? Não só isso, mais que ansiosos para desvendar o grande e misterioso passado de Ikki Amamiya.-Carl disse já alcançando o amigo.
-Já estão nos chamando para embarcar!-Sabine gritou apontando o caminho para onde iriam entrar no trem.
-Ansioso?-Carl pergunta discretamente ao amigo que havia encostado numa parede.
-Sim... Mas um tanto temeroso, vou encarar muita coisa.
-Já era hora... Vamos, reencontrará seu irmão!
-É meu único alívio!-ele sorriu ao ver Sabine se aproximar.
-Sobre o que estão cochichando?-ela perguntou.
-Nada...-ambos responderam pegando suas malas e indo até a plataforma.
 
  Uma vez no trem, foram até sua cabine, a viagem não seria longa, mas também não muito rápida. Os planos tinham sido refeitos quando ouviram notícia de que os trens estavam já andando livremente por toda a Europa, com exceção dos países do Leste.
 
-Revisando... Por onde passamos!?-Sabine perguntou, olhando para neve branca que caía de novo lá fora.
-Iremos até a Suíça. Um roteiro menos complicado agora com os trens...-Carl diz mostrando o caminho no mapa.-Seguindo para o Sul teremos lindas paisagens!
-É, espero, seu idiota!-ela tacou um folheto do trem na cabeça do amigo.
-O que houve!?-ele perguntou atordoado.
-Vai demorar o dia todo!!! Até o Sul da Alemanha é de quatro a seis horas! Imagina até Zurique?
-Calma, uma vez no norte da Suíça pegamos um avião até a capital e de lá seguimos pro Japão. Como lá é um país neutro, acho que até a alfândega será melhor que se fizéssemos o plano anterior.
-Nem tanto, sou naturalizado alemão, lembra?
-Mas use o passaporte japonês, por via das dúvidas, Ikki.-Carl comentou e foi também olhar a paisagem.
“Estarão me esperando? Acho que se surpreenderão...”-Ikki deita a cabeça numa das paredes da cabine e cai no sono. Sentia medo de ter que encarar tudo...
 
  Mesmo que já se tenham passado muitos anos, a lembrança lhe era viva, de todos os seus erros e de todos os acontecimentos.
 
  A última vez que esteve lá tinha sido no Natal. Kido queria reunir a todos, mas ninguém além de Seiya havia ido. O resto eram os sócios dela e outros amigos.
 
  Eles se conheceram melhor ali, nunca havia imaginado o quão divertida a menina era. Falaram das batalhas, do mundo, do futuro e até do passado.
 
  Ele apertou mais os olhos, aquilo era passado e agora era hora de ver as conseqüências. Seria doloroso, com certeza, mas fazer o quê? Nada na sua vida havia vindo fácil. Sua condição era um pouco melhor, mas não queria dizer que aquele tabu mudaria assim.
 
-Olha os bichinhos!-Sabine gritou do nada.
-Menina, acorda o Ikki assim!
-Hahaha, eu te assustei, Carl!!!
 
  Mas ele estava melhor com seus amigos, muito melhor que sozinho.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Já era depois do almoço e os novos convidados passeavam pela Fundação, conhecendo melhor o treinamento dos falsos cavaleiros.
 
-Eles dão duro...-comentou Shiryu.
-É, mas não chega nem perto da gente.-Seiya falou, estavam numa das partes que fazia todas as outras academias parecerem maternal, se comparadas.
-Minha cabeça dói...-Kigeru esfregava com a mão a parte mencionada.
-Eu te falei pra comer gema crua... Não me ouviu!-Seiya olhou para trás, sob o riso dos outros.
-Falou o especialista!-complementou Hyoga.
-Beberam tanto assim? Kigeru já ficou tão mal antes, mas no dia seguinte estava bem de novo...-Miki fala e Shun assente.
-Acreditem, essa é minha primeira ressaca! Mas não tá tão ruim assim pra eu comer essa coisa horrível!-o resto gargalhou uma vez mais.
-Depois que se acostuma como eu... Acho que fica normal! Eu tô começando até a gostar do remédio...
-Fresco como Geru-chan é... Duvido que também tomasse!-Kigeru olha para Miki, enquanto esta ri da própria afirmação.
-Quem te deu permissão de me chamar assim!?-ela o olha de volta e lhe dá um beijo no rosto.
-Sabia que iria gostar!
-Não gostei não! Chame Shun assim, Mas eu não permito o sufixo chan associado ao meu nome, sem contar que é uma falta de respeito por eu ser mais velho que você!-e Kigeru volta  andar, deixando o resto do grupo estupefato. Seiya é o único que o acompanha.
-Nossa, essa ressaca tá feia...-Miki fala, meio ferida.-Nunca gritou assim comigo...
-Vamos, Miki-chan!-Shun passa o braço pelo seu ombro.-Você mesma disse, foi a ressaca.
-Espero.
-Pessoal...-Hyoga chama a atenção, apontando pras duas pessoas a frente.-Não conhecemos este labirinto, se não nos apressarmos, nos perderemos.
 
  Os dois mencionados, Seiya e Kigeru, conversavam.
 
-Você sabia que foi tão canalha que perdeu sua chance!?
-Acho que sim... Mas que chance!?
-Vamos! Era um apelido carinhoso, sabia? Isso é bonitinho, garotas fazem isso com quem se importam. É a forma discreta delas de demonstrar todo seu carinho...
-Ah é? Pois ela e o Shun estão se demonstrando muito carinho, com aqueles cochichos e risadas... Eu me sinto tão por fora... Somos considerados inseparáveis! Os Três Mosqueteiros, sabe? Isso tá estragando tudo, nunca estiveram tão juntos..
-Eu me sinto um pouco culpado, se soubesse... Desculpa eu não tinha idéia de que se importava tanto ou não os mandaria irem dançar, foi o que eles precisavam para ficarem mais íntimos,s abe?-ele disse no momento em que os outros se aproximaram.
-Kigeru-san...-Miki chegou e o próprio se surpreendeu pela falta de intimidade no tratamento.
-Sim...
-Gomenassai. Eu não sabia que ia se sentir ofendido... Eu sinto muito mesmo!
-Não, está tudo bem! Mas não acha Kiru-chan mais kawaii?-ele pergunta, já com um sorriso.
-Sei lá, Kiru parece Kill...
-Hahahaha, por isso mesmo, tira um pouco desse afeminado do nome...
-Kigeru-baka, não muda...
-Bem, a verdade é que disse que o treinamento era mais suave que o dos cavaleiros de verdade e não mentia.-Seiya continuou do ponto que havia parado, agora entravam no lugar propriamente dito de treinamento intensificado.-Para quem não sabe, o treinamento de um cavaleiro dura em média seis anos e é feito dia e noite, sob chuva ou sol e normalmente lá fora, sem instrumentos de tecnologia, em condições precárias, isolado de tudo. Este é feito a tarde normalmente, por pouco tempo. A duração do treinamento até uma pessoa ganhar sua armadura é mais ou menos dois anos. Claro que ele continua a treinar e a evoluir. Como o projeto ainda está no início não há muitos cargos. Porém é bem competitivo, são empregados em trabalhos nem sempre muito fáceis.
-Pra que tantas máquinas!?-Hiko pergunta, vendo um grupo fazer fila em uma das maiores dali.
-Bem, aquele grupo é formado por cavaleiros formados. É claro que temos máquinas melhores e muitas outras em desenvolvimento, aquela, por exemplo, é a mais popular. Pode diminuir ou aumentar a temperatura. É antiga, mas muito prática. Assim eles podem ir para a Sibéria ou para a Austrália e terem saúde para isso. Também foi aperfeiçoada há pouco tempo para simular altura, assim terão mais hemoglobina para lutarem em montanhas, mantendo o fôlego. Não sei muito disso, mas é o que me mandam falar quando trago empresários pra cá.
-Poliglobulia Compensatória, é o nome, Seiya.-Hiko responde.-Nas altitudes temos uma falta de oxigênio e como é a hemoglobina que o transporta, o organismo produz mais glóbulos vermelhos para que a hemoglobina contida neles possam transportar maior quantidade de oxigênio, mas eles teriam que viver por uma a duas semanas no local... Há algum método quanto a isso?
-Não sei ao certo, Hiko. Qualquer dia você pergunta pro pessoal aqui, só sei que eles têm que fazer pelo menos uma hora por dia aqui. Os cavaleiros têm hora pra tudo, há muita cobrança, sabe? Mas estes são os melhores, há os mais comuns,que só ajudam a polícia e essas coisas.
-Como assim? Há algum outro uso pra eles?-Kigeru pergunta.
-Claro! Quero dizer, protegem a senhorita Kido e são mandados em missão especial, estes aí são parte do grupo mais avançado.
-Missão especial?
-Hã... Nunca se sabe o que pode acontecer, o mais comum é um ataque de um cavaleiro rebelde...
-Rebelde?
-Que não tem nenhum acordo com nenhum deus ou algo assim... Alguns que saíram do Santuário durante a posse de Athena e outros que fizeram sua própria armadura e agora fica contra as pessoas, abusando do próprio poder. Sem lei, nem nada. São missões difíceis às vezes, por isso os treinamos bem. Eles são a diferença da sede para os outros lugares que também têm a Fundação.
-São todos japoneses?-pergunta Miki.
-Não... São de todo lugar, os melhores para a nossa elite!
-Mas são tão jovens...-Hiko comenta, vendo que alguns ainda pareciam estar na primeira barba.
-Sim, variam de dezesseis a vinte e quatro e só podem servir até os vinte e seis. Como ninguém nunca chegou lá não posso dizer o que acontece depois, mas provavelmente virem professores ou vão pros esquadrões menos importantes...
-O sistema já está todo organizado pelo jeito...-Shiryu comenta observando outra máquina.
-Esta é de realidade virtual... Simula alguns cavaleiros, tem até opção de espelho, um luta contra si, sabe? Muito interessante. É a mais moderna aqui.-Seiya fala.-Sim, está muito bem feito, Saori e a cabeça em quase tudo, é incrível!
-E as amazonas?-Shunrei finalmente se faz ouvir.
-Bem... Também há muitas e algumas pertencem a este esquadrão, ele é formado de vinte, quatro são mulheres.
-Que preconceito!-Miki fala.
-Nem tanto, é que elas realmente não querem tanto compromisso... Sabe, nesta idade só querem sair, namorar e até casar. Ser parte da elite é se dedicar a tudo, viagens, horários chatos e não ter desculpa para atrasos, faltas ou erros.
-E por que já não ganham logo a armadura sagrada, me parece justo...-Shun diz.
-Ah, isso já é outro assunto... Quem quer a armadura está num outro tipo de treinamento, até hoje ninguém conseguiu, mas há quem tentou. Se a elite é se entregar de corpo e alma, para a armadura precisa de muito mais. Ser aprovado por um cavaleiro, conseguir um mestre e ganhar um treinamento no Santuário ou um lugar assim.
-Parece ser mais sofrido que se fossem direto ao Santuário...-Hyoga fala.
-Precisamos dos melhores! Uma armadura não é um presente obrigatório nosso. As armaduras criadas pela ciência são fáceis de serem usadas, têm poder próprio, nada a ver com sua técnica ou até que sentido alcance. Ninguém aqui sabe queimar o cosmo.
-Por falar em queimar, minha cabeça está ardendo de dor...-Kigeru interrompe.-Acho que vou descansar e aceitar a tal gema.
-Por que não toma sal-de-fruta?-todos olham para Miki.
-Quê!?
-Bem, dizem que faz bem pra ressaca.
-Por quê não disse logo!!?!?!?!?-ele a sacode com ira de quem passou o dia sofrendo ao sol, quando se desse um passo teria um ar condicionado.
-Está me enforcando.
 
  E todos vêem que Kigeru não pára e vai procurar o tal remédio, todos sorriem e resolvem ir passear pelos jardins. Menos Shun e Seiya.
 
-Por que não vai?-o de cabelo castanho pergunta.
-Eu tava pensando... o Ikki virá?
-Não confirmou e nem recusou...
-Sabe... Eu recebi uma carta da June.
-Aquela amazona loira, sua namorada?
-Não!
-Ah, quem é?
-Quero dizer, sim é ela, mas não é minha namorada... Bem, ela me pediu para vir, disse que o pessoal do Santuário estaria aqui e que sentia saudades dos velhos tempos.
-E daí?
-Disse também que queria conversar comigo sobre as novas e conhecer o irmão do qual tanto falo.
-Ah... Que pena pra ela. Mas já era de se esperar, Ikki é assim, Shun.
-Eu sei. Sabe, não estava ligando tanto até ver o rosto da Saori quando chegamos... Não parecia tão feliz quanto queria estar, era como se algo a incomodasse, a impedisse, a entristecesse, era como se algo lhe faltasse. Daí eu pensei que me faltava a June e meu irmão para minha alegria completa, para meu nirvana! Agora é que eu estava pensando melhor, sabe? Acho que por mais que ela soubesse que ele não viria, ela queria muito a sua presença aqui, conosco. Talvez por isso estava tão reclusa, está decepcionada.
-Não vou mentir, tem razão, Shun... Saori tá triste por Ikki.-os olhos do amigo encontraram os de Seiya, que estava pensando em como Shun tinha ficado tão bom em entender as pessoas.
-Mas conheço bastante meu irmão, se ele sabe que alguém se importa, não gosta de decepcionar. E sabe que eu o quero aqui... Mandei um e-mail implorando que viesse, não sei se leu, mas eu... Eu vi no jornal que, no lugar onde ele está, tá uma tempestade horrível de neve, por isso, se não vier, tem uma boa explicação, não quero que os outros digam que conhecem o Ikki.-Seiya estudou melhor Shun, tinha mudado completamente o curso da conversa, ele queria desabafar, pelo jeito, e sabia que ele se importava como Saori, usando aquilo como desculpa.
-Como assim?
-Ele mudou, e muito. Não creio que todos vão reconhecê-lo!
-Quer dizer que há uma tempestade onde Ikki mora...
-É, por isso o e-mail que mandei, sei que se o leu, virá!
-Acho que Saori irá gostar disso...
-Não! Não conte a ela... Não tenho certeza, então irá desapontá-la com falsas esperanças.
-Certo... Tomara que ele venha, Shun.
 
Continuará...
 
Anita, 25/01/2003
 
Notas da Autora:
 
O que estão achando!? Será que Ikki finalmente vai poder chegar e a tempo de presenciar o tão esperado baile!? Ou a Saori nunca mais o verá? Ou ele chegará atrasado!? O que acharam desta revelação do Kigeru, acho que ele e Seiya ficaram muito amigos, hehe, por falar em amigos Hiko e Hyoga? Isto durará?
 
Mandem seus comentários pro meu mail: anita_fiction@yahoo.com e visitem meu site Olho azul: http://olhoazul.50webs.com/
 
Queria agradecer a algumas pessoas muito especiais: Vane, Dimas Juilk, Lucy-chan, Anya C., e a todos os que me pressionam para lançar novos caps de minhas fics...
 
Abaixo está um formulário, usem-no para me andarem as mensagens que quiserem com a certeza de receberem resposta imediata. Atenção: Pode até parecer que deu erro, mas não se incomodem, com certeza sua mensagem chegou até mim!!!                   


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