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Meu Passado Ficará Em Seu Futuro § 3 - O Canto e o Silêncio

Notas Iniciais:

Iuuuuuuuurrú! Aqui estou de volta com um novíssimo capítulo, leiam, divirtam-se e comeeeeeeentem!!! Ah, só como um aviso... Tdodos já devem ter notado que a fic é minha, então o que isso significa? Não, não que você não podem copiar... Aliás: NÃO PODEM!!! Mas não é essa a lógica ¬¬ O que quero dizer é que, por ser minha, eu posso criar a tralha que eu quiser que vcs têm que acreditar, né? Então o Ikki é meu marido. O Aioria é meu escravo. O Saga também. E joguei todas as idades dos personagens no lixo e dei-lhes umas novas e não vou entediá-los com mais detalhes. Só... Bem, não fiquem presos a isso. O importante que for sobre o assunto estará na fic em si. Problemas com isso? Leia o manga ^^U


Olho Azul Apresenta:
Meu Passado Ficará
Em Seu Futuro


Capítulo 3 - O Canto e o Silêncio  




"Mou nakanaide hitori de hohoende mitsumete
Anata no soba ni iru kara
Kanashimi ni sayonara hohoende sayonara

Não chore mais sozinho,
Mostre-me seu sorriso
Pois estou ao seu lado
Adeus à tristeza, Sorria um adeus"


-Ryu-

 
  Aioros já estava três meses naquela vila e passara o último esperando e planejando. Sempre sentia seu coração esmagado quando pensava no quão comprometida Ena estava, mas, se ela não estivesse ali, o rapaz já teria desistido de tudo pela pacata vida que fingia levar.
 
-Terminei o jantar. Minha irmã não virá hoje, o que significa que a noite é nossa... -ela disse com um sorriso travesso.
-Não fale isso aqui fora, os outros interpretarão mal -Aioros respondeu levemente corado. Era coisa certa que já compravam os presentes nupciais para ambos.
-Melhor que saberem da verdade -falou, fingindo irritação ao entrar com o jovem.
 
  Ele viu as negras capas em cima do sofá e lhe veio uma tontura. Era doideira fazer o que planejaram, mas não havia outra saída. Jurara fidelidade a Athena... Ena... Valia a pena? Arriscar uma vida certa por um confronto incerto com Saga?
 
-Bem, nós vamos até o Santuário e penduramos as faixas com o local de encontro. Acho que há chance do Senhor Saga saber -a jovem falava enquanto sentava à mesa da cozinha -Continuamos a fazê-lo sempre que der!
-Tendo cuidado... Os soldados me querem longe do mundo deles.
-Eu sei. E por você não ser ninguém, farão isso impunemente. Por isso falei para marcar presença na vila.
-Ninguém gosta de quando falo de Saga... Eu até me sinto mal.
-Mas é preciso! Ele VAI acabar ouvindo que alguém o difama. Se ao menos você dissesse seu nome... Aí seus amigos te reconheceriam e até te ajudariam!
-Já disse que sou um traidor... Viriam aqui me matar.
-Talvez o próprio Senhor Saga...
-Não virá! Ena, não insista! -Aioros levantou-se e foi até a porta da casa esperar a lua estar alta o bastante para a partida. Assim que o fogo de Capricórnio se extinguisse...
 
  Como Shura estaria? Como sempre, a vila nunca sabe realmente sobre os defensores sagrados... Houve até quem dissesse que era tudo invenção! O máximo que viram foram cavaleiros de bronze. O amadurecimento de cavaleiros superiores era tão grande que não saíam por aí falando quem eram.
 
  Se ao menos o fizessem... Então Saga seria desmascarado mais rápido. Notariam que nunca estava em seu templo e procurariam por seu paradeiro. Agora, voltando tanta atenção para o cavaleiro, talvez, eles o fizessem.
 
  Mas por que envolver Ena nisso tudo...? Ainda era um peso tão grande em seu coração. Sem a armadura, caso encontrasse Shura novamente, não poderia protegê-la. Mal o fizera antes com a ajuda do bebê Athena.
 
  Naquele dia seria o aniversário de Saga... Naquele ano não faria nada, já que o amigo sumira, mas antes sempre o comemorava. Gostava tanto de irritá-lo.
 
  Ao longe, o fogo de Sagitário ficava tão fraco que parecia já se apagando. Tudo o que Aioros queria era viver aquela vida, mesmo não sendo a dele.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-SURPRESA!-vinte e três pessoas gritavam em uníssono, enquanto mais duas puxavam o assustado aniversariante para dentro do templo.
-Vamos, cara! Pedimos permissão ao Mestre só pra isso...-Shura o arrastava junto com Aioria, um dos grandes organizadores.
 
  Saga olhava todo o templo, mal o reconhecendo. Outrora, aquelas festas eram no dele próprio e não costumavam ter tanta gente. Mas, outrora, ele merecia mais aquilo.
 
-Quem fez isso?-perguntou num tom como se acusasse alguém de morte.
-Todos nós!-Aioria disse, o que fez Saga congelar -Que houve?
 
  Mas Gêmeos só caminhou até o canto onde estava seu irmão, que, aproveitando a distração, pôs um chapéu de aniversário rosa com flores e anjinhos na cabeça dele.
 
  A coisa perdeu a graça quando minutos se passaram e ele continuava imóvel.
 
  Aioria foi puxado para o canto por Shura que o olhava fixamente.
 
-Por que teve de responder aquilo? Não podia falar outra frase!?
-Não entendo...-no momento, Camus se aproximou interrogando a cena.
-O idiota aqui falou "todos nós"!-Shura respondeu, após anos convivendo com o amigo, conhecia todas as suas expressões. Depois da resposta, o frio guerreiro fez uma cara tão preocupada quanto a de Capricórnio.
-O que eu fiz!?-Aioria perguntou, ainda sem entender nada.
-Aioros... Ele sempre dizia isso, festa após festa -Camus respondera em tom de reflexão -Cada dia mais me impressiono com como vocês se parecem.
-Mas isso não é bom, Camus -Shura continuou -Saga parece se culpar cada dia mais...
-Não me importo, se ele quiser perder a vida dele também assim... Já gastei palavras demais com aquele indivíduo -virou-se para as cadeiras sentando-se sozinho. Desde a morte do amigo, não mais ficava com o grupo antigo.
-E eu vou falar coma  Marin. Não quero que ela fique conversando a noite toda com a Shaina. Sinto até ciúmes!-Aioria declarou, deixando Shura a sós com sua nostalgia.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-Que droga, Aioros! Todos os anos é uma festa surpresa e você sempre consegue me enganar... Quando acho que não vai ter mais nada, chego ao meu templo e está todo enfeitado... Em pensar que nesse ano eu fiquei aqui o tempo todo! Só saí pra ir ao banheiro. Por Athena!
 
  Saga continuava com o mesmo discurso de quase todos os anos, mas, no fundo, estava feliz ao ver todos seus amigos, enfim, reunidos. Treinaram por tanto tempo... Espanha, Sibéria, Índia... Nos últimos anos, a festa só ocorria entre ele, Aioros e Aioria. Mas o garoto era tão pequeno que mal entendia aquilo. Só ia porque não podia ficar sozinho.
 
-E então? Chamei quase todos! Consegui trazer Shaka, inclusive. E o Mestre Ancião também veio... Gostou?
-Não. Quem teve essa idéia de girino!?
-Todos nós!-Aioros disse sua frase de forma triunfal, arrancando risos de Shura e até de Camus.
-Por que sempre dou essa deixa...?
-Sei lá, vamu cumê!-Sargitário falou, doido para comer o bolo que o Mestre Ancião havia trazido -As receitas do Mestre são as melhores!
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Incontáveis estrelas brilhavam melancolicamente naquela noite. Do lado de dentro música de tudo quanto era tipo podia ser ouvida, cada cavaleiro havia trazido seu álbum predileto. Ali fora, o silêncio reinava como forma de luto.
 
-Não vai me ouvir?-Marin perguntara por trás da máscara ao acompanhante -Pára de olhar as estrelas e preste atenção, por favor.
-Eu tava pensando no Aioros.
-É...?-Marin assustara-se com a revelação. Aioria não se abria assim tão fácil e ela nem perguntara nada.
-Disseram que sou parecido com ele, mas sempre falaram o contrário. Que eu deveria prestar mais atenção nos meus ideais e ser que nem ele. Não entendo. E falaram como se agora isso fosse ruim.
-Eu ouvi que Saga e ele eram muito íntimos. É só hoje, Aioria.
-Sei... Mas mal o conheci. Sempre o descreveram como alguém sério, leal e que não pensava em nada além de servir Athena. Também me parecia assim, enquanto me treinava. Mas, hoje, ao nos compararem fiquei me perguntando como era realmente meu irmão. Sem idealizações. Os únicos que poderiam me dizer são os que querem esquecê-lo! Queria poder reencontrá-lo...
-Aioria, desculpa interrompê-lo, mas preciso te contar. É o único em quem confio, por causa de sua determinação em cumprir a justiça. Pode me ouvir?
 
  O jovem olhou-a bem. Nunca esperava ter tanta importância para a fechada amazona.
 
-Claro! Sempre que quiser, Marin.
-Tem algo errado entre os soldados, Aioria.
-De novo sobre as tais batidas? Pensei que tinha abandonado o assunto.
-Não é só isso. O tal Cavaleiro de Prata... Parece que só não me contam tudo pois temem algo maior. Eles estão assustados com algo e tem que ser grande!
-Hum... Nem sei o que dizer. Não ouvi nada sobre isso.
-É porque é muito desatento. E parecem estar tomando mais cuidado agora para não vazar nada.
 
  Aioria sentou-se, encostando-se às pedras do templo. Marin fez o mesmo em um suspiro. Sabia que ele estava tentando prestar atenção, mas...
 
-Certo, vou direto ao assunto -ela disse, enfim -Preciso de sua ajuda.
-Claro! Tudo por você...
-É sério. Vou até o Capitão e irei interrogá-lo dizendo ser algo legal. Preciso que me resguarde.
-Quê?
-Usarei o nome de Athena sem realmente ter permissão...
-Isso é errado!
-Eu sei! Mas se eu estiver certa...
-E se não estiver!? Marin, eu me importo demais contigo pra não te incentivar.
-Estou decidida. Mas se eu for pega, quero que me ajude... Por favor!
-Eu o faria mesmo se tentasse algo ainda mais proibido, sabe disso. Mesmo assim... Vão chamá-la de doida! Não tem prova alguma quanto a isso.
-Eu irei amanhã à noite.
-Posso te delatar e não irá a lugar algum -Aioria falou bem mais grosso que de costume.
-Estou voltando à festa...
-Marin!
 
  A amazona já estava entrando, seguida por Aioria, quando ao longe do Santuário viram um grupo de soldados. Uma das vantagens do templo do Mestre era poder ver quase todo o Santuário.
 
-Quantos! Devem ser uns cinqüenta, Aioria.
-É...
-Que terá havido? Vou ver...
 
  Mas o jovem a deteve.
 
-Não posso ir por causa da festa, mas Miro te acompanha.
-Não preciso de babá.
-Por favor. Além do mais, estando com um cavaleiro de ouro, você terá mais autoridade...
-Certo...
-Vou chamá-lo.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  O fogo de Aquário parecia tão fraco que não seria capaz de queimar o dedo de uma criança, mas a luz da Lua iluminava todo aquele morro que marcava o fim do Santuário propriamente dito.
 
  Era estranho ver de novo todas aquelas ruínas na presença das quais havia treinado arduamente até três meses antes, quando tudo mudara. A verdade é que estava completamente encurralado e não sabia como sairia dali.
 
  Se estivesse só, machucaria os soldados que estivessem com a expressão mais atenta e fugiria deixando os outros abobalhados. Mas, mesmo Ena sendo muito corajosa, não seria ágil o bastante para segui-lo de forma que não se ferisse.
 
  Aioros limitava-se a contemplar os dois últimos dos quarenta cartazes que difamavam o Cavaleiro de Gêmeos. Atraíra, com toda certeza, muita atenção. Mas aquela não era a classe que desejava.
 
-Então, quantos desses espalharam?-um deles perguntou, enquanto o resto limitava-se a babar por Ena. Pareciam ver um monte de ouro.
 
  O Cavaleiro conhecia o Mercado Negro do Santuário muito bem. Pegar uma garota jovem e atraente, presenteá-la ao chefe significaria ou uma promoção ou proteção. Vendê-la também era uma bela opção. Escravizá-la poderia ser, mas as outras duas eram preferidas; se a moça fugisse, nunca saberia o nome do real bandido.
 
-Responda!-o homem gritou olhando-o nos olhos. Aioros não o reconhecia. Saga teria mudado todos os soldados dali?
-Uns cinco, senhor...-falou, humildemente.
-Mente! Cinco cartazes não fariam qualquer que seja o efeito que queira.
-Eu não sei contar...
-Então como escreveu!?
-Pedi a meu cachorro.
 
  Desta vez tinha a atenção de metade do batalhão, que segurava o riso. Aioros sentia que o que o interrogava era de um posto de bem alto.
 
-Não seria uma cachorra...?-perguntou, sorrindo diferente para Ena. Esta continuava a fitar o chão.
-Não -Aioros falou polidamente, segurava-se para não lhe quebrar todos os dentes.
 
  O soldado sorriu, mostrando a bela dentição. O cavaleiro apertou o punho, usando toda sua disciplina.
 
-Vê como são bem cuidados? Seu cachorro deve saber o que isso significa... O que é?-ele perguntou, elevando a voz na última frase, o jovem ficou calado -O QUE É!?
 
  E o chutou, fazendo-o cair de costas. Aioros evitava olhá-lo nos olhos, concentrava-se em um pilar no meio das ruínas.
 
-Diga, seu ordinário!-chutou-o no estômago. Um filete de sangue saía pela boca do rapaz -Certo... Não é fisicamente que eu o vencerei?
 
  O agressor olhou para Ena de forma sugestiva.
 
-Que é um ladrão -Aioros disse, entre dentes.
-Como?
-Um miserável que saqueia as vilas próximas para manter esses dentes de égua -e o fitou nos olhos -E que, um dia, vai pagar tanto quanto o miserável traidor do Saga!
-Então, como eu suspeitava... Você é o misterioso cavaleiro da vila de fronteira -aproximou-se de Aioros, ajoelhando-se -Meus dentes são de égua e você é um potrinho bem indomável, né?
-Eu avisei a seus homens, tragam Saga!
-Sendo tão inteligente como se acha, conclua que isso é impossível. E já o fez... Agora queria chamar a atenção dele, né? Pois seu plano foi frustrado. Assim que eu terminar contigo e com  sua bela potranquinha, cachorra ou como queira chamá-la... Mandarei meus homens procurarem seus "cinco" cartazes difamadores.
 
  Aioros cuspiu na cara dele.
 
-Então nunca acontecerá!-gritou, pronto para se levantar -Pois sou eu quem vou terminar contigo.
-É mesmo...?-o Capitão fez tom cínico -Tragam a jovenzinha até aqui...
 
  Os guardas iam pegar Ena "delicadamente".
 
-Esperem! O que tá acontecendo aqui!?-uma mulher gritou.
 
  Os homens se assustaram tanto que largaram a menina, que caiu bruscamente no chão.
 
-Senhorita Marin...?-um ousou dizer.
-Ora... -o Capitão interferiu -Parece que a Senhorita veio agilizar a prisão desses rebeldes. Peço que vá em frente. São vândalos que pregaram cartazes para difamar o Senhor Saga.
-Será?-ela perguntou incrédula, acompanhada por um jovem de roupas normais, contrastando com sua armadura de prata.
-É claro, olhe as provas... Ah, você deve ter ouvido falar dele quando interrogou sobre um suposto Cavaleiro de Prata instalado numa vila de fronteira... É esse aí.
 
  Marin o olhou assustada. Mesmo à parca luz da Lua pôde ver que estava quieto e impotente.
 
-Tem certeza?-ela perguntou aproximando-se mais.
-Sim, sim. Só está calmo assim porque quer proteger a garota. É um típico raciocínio de cavaleiro, não acha?
 
  Limitou-se em assentir. Estava visivelmente decepcionada. Olhou para a dupla de cartazes que jaziam no chão. A caligrafia era feminina, mas algumas palavras realmente pareciam com as de um cavaleiro.
 
-Por que chama Saga assim?-ela perguntou.
-Porque é a verdade. Ele ousou atentar contra a vida da grande Deusa, a princesa Athena.
-Não há motivo para tanta violência verbal...-ela falou, pegando um dos cartazes -Deixe-os ir. Ele não sabe o que pensa.
-Já o notei, senhorita. Mas o que quer com esse monte de asneira escrita?
-Levarei para meus amigos rirem um pouco, Capitão.
-Entendo sua posição, mas preciso dele como prova.
-Há dois quase que idênticos. Se precisar deste aqui também, procure-me.
-Mas...
-Já vou.
-Mesmo sendo uma Amazona de Prata, não posso permitir que colete provas de crime.
-Não irá prendê-los, ignorará isso. E pronto; não precisa de provas.
-Seria ilegal!
-Só acrescentaria à sua lista, Capitão...
-Marin de Águia, não tem tamanha autoridade para inocentá-los! Desacataram contra um Cavaleiro de Ouro, o grande Senhor Saga!
 
  Mas ela já caminhava para longe seguida do quase inconspícuo companheiro.
 
-Volte aqui com esse cartaz!-ele gritava desesperado.
 
  Um soldado, próximo a Aioros, comentou o motivo para tanto. Era capaz de o próprio Saga ouvir sobre as batidas caso aquilo chegasse a ele. Mas o cavaleiro imaginava que perto de seus crimes, as batidas seriam ignoradas pelo traidor.
 
-Irei denunciá-la a Athena!-ele brandiu, fazendo o calado jovem virar-se.
-Se o fizer, diga então que ela veio a mando de Miro de Escorpião, soldado.
 
  O homem ficara quieto. Após dois minutos, fez sinal para que seus homens se fossem. Ignorava completamente a presença de Ena e Aioros ao partir.
 
  O fogo de Peixes também já não brilhava com muita intensidade e a lua estava quase no meio do céu estrelado da Grécia.
 
  Ambos soltaram o suspiro que inconscientemente haviam prendido.
 
-Uau! Você conseguiu atrair o Senhor Miro para cá... Um dia ainda vai me dizer seu nome, viu?
-Ele é um Cavaleiro de Ouro mesmo!?
-É claro! Uau, de que mundo você veio, hein? Vamos pra casa, estou exausta... Deixa o cartaz no chão aí mesmo -Ena falou piscando e exibindo um sorriso travesso.
 
  Mas a cabeça de Aioros estava confusa o bastante para percebê-lo. Tinha certeza de que o Cavaleiro de Escorpião não se chamava Miro.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Saga saíra ainda de cara fechada, resmungava sobre estarem todos os cavaleiros ali e ninguém protegendo os templos. Que se alguém soubesse... Kanon foi atrás fazendo caretas e fazendo mímicas de todas as palavras do irmão. Apesar de quase todos estarem indo, Aioria só conseguia olhar para a porta dos fundos. Andava com um pressentimento estranho e essas idéias malucas da Marin só pioravam tudo.
 
-Enfim!-disse, levantando-se da cadeira e caminhando na direção dos dois queridos amigos -E o que era?
-Miro é doido!-Marin disse, sentando-se na cadeia recém-desocupada. Pôs um estranho papel em cima da mesa e suspirou.
 
  Aioria interrogou o amigo com os olhos.
 
-Ela catou esse papel aí e provocou o capitão dos soldados...
-E seu amigão disse que, qualquer coisa, a culpa era dele!-Marin complementou. Ambos agradeceram aos deuses por ela usar a máscara, não queriam nem imaginar seu olhar no momento.
-Fiz o que Aioria pediu, eu te resguardei. Ô mulherzinha! Era pra agradecer, sabia?
-Enlouqueceu!-e resmungou mais umas cosias incompreensíveis em japonês. Ambos agradeceram mais uma vez. Nem queriam saber seu significado.
-Afinal, que papel é esse?
-O homem, a quem chamam de "Cavaleiro de Prata", estava espalhando isso para difamar Saga. Só não entendi o objetivo... Ele realmente o odeia, pelo que vi -ela respondeu, entregando o papel a Aioria.
-Essa letra é de mulher...-o rapaz respondeu, ao ler.
-As palavras, não -Miro disse -Mas não reconheci aquele maluco...
-Então não pode ser cavaleiro... Desde que Athena assumiu o Santuário novamente, cada cavaleiro vê o outro bem mais do que antes. Já teríamos dado falta de alguém que tenha sumido por muito tempo. Só se ele for um de bronze que tenha começado agora...-Aioria concluiu.
-Sei lá...-Marin disse, olhando mais uma vez a faixa -Vou mostrar a Gêmeos, amanhã.
 
  E seguiu para casa.
 
-Miro, se Shura perguntar, eu não tive nada a ver com isso. Ele já brigou o bastante por ter falado aquilo com Saga, né... Imagina isso! Marin é audaciosa demais, na minha opinião.
-Ha ha! Nem sei do que tá falando... -Miro falou, piscando o olho -Vou fazer uma ronda e volto pro templo. Você também vai ficar noite adentro, né?
-Vou sim...
-Então até qualquer hora!
-Até! Mas, cá pra nós... Acha que Marin gostou da minha ajuda?
-Aioria, você não tem jeito!
-Ela disse! Disse que confiava em mim; fiquei no céu...
-Ai, ai...
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Aioros estava deitado no sofá da sala olhando para o teto. Aquela história o estava incomodando muito... Não reconhecia soldado algum, mas achara que Saga poderia ter posto novos, que são mais fáceis de se controlar. Agora via que também não podia reconhecer os de prata nem os de ouro.
 
-Miro de Escorpião...-repetiu o jeito como se havia chamado o sujeito que acompanhava a amazona.
 
  Saga teria invertido também alguns cavaleiros de ouro? Ele tinha tal poder? Isso deveria ser algo fora de alcance inclusive para o Mestre do Santuário. Mas ninguém poderia ir contra ele...
 
-Aquele traidor se torna mais e mais poderoso!-falou entre dentes.
-E você, maluco -Ena completou, abrindoa  porta de seu quarto. Usava uma camisola bem grossa devido ao frio que fazia à noite no Santuário. Mesmo assim, Aioros sempre admirava seu lindo corpo, mas exposto que assim que de costume. -De quem tava falando? Do Senhor Saga de novo?
-Ele não merece ser chamado de Senhor por você...-parou de olhá-la, com o rancor por Saga re-aquecido. -Amanhã eu vou em praça pública! Não vou mais ficar quieto, só comentando o quanto eu o odeio. E também ao Mestre!
-O...-Ena pôs a mão por cima da boca, como com medo de alguém ouvir. -O Mestre? O que ele tem a ver? Está insano... Será preso, torturado e nunca alcançará coisa alguma.
-Não temo isso. Meu coração sofre dor pior por não poder ver meu irmão, ter de combater meus amigos...
-Não te apoiarei nisso...
-Faça como quiser, Ena.
 
  Ela virou-se invocada e foi para seu quarto. Aquilo significava que mesmo com a mãe dela fora, Aioros dormiria no sofá.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Raios vinham do leste tão dourados quanto a vestimenta que o homem em eterna guarda usava. Pensava no passado, como sempre. Eram ótimos os tempos em que treinavam... Antes de os quatro amigos seguirem rumo, haviam aprontado mais que de costume. Mesmo que depois houvessem estado tão ocupados que não puderiam fazer nada, Aioros ainda dava um jeito de fazer Saga se divertir.
 
  Sentira a falta dele na festa surpresa da noite anterior como fazia durante aqueles longos quinze anos. Sabia que era o culpado e não perdia tempo se queixando, mesmo assim todos já não deviam mais aturá-lo. Tantas vezes Kanon lhe havia pedido que arranjasse mais coisas para fazer, independentes de sua missão como cavaleiro... Mas sentia-se mal por aproveitar a vida e pensar que a havia roubado de alguém tão valioso.
 
  Seu templo sempre fora tão silencioso que dava para ouvir os pássaros do lado de fora, mesmo que estivesse bem no meio de toda aquela escuridão. Aioros sempre se divertira ao ouvir sobre aquilo, mas nunca realmente havia escutado nada.
 
"Você também não fica quieto por um segundo..." Saga diria, com a cara fechada.
 
  O rapaz ficaria encarando Gêmeos por um tempo e depois cairia numa risada solitária. Saga havia de se segurar para não acompanhá-lo em seu deboche.
 
  Naquela manhã, Saga ainda podia ouvir as risadas, tampando os cantos dos pássaros. E nas trevas via o olhar indignado do amigo. Era fixo, pesado, traído. Mesmo que sobrevivesse, nunca o perdoaria por tentar matar Athena.
 
  Nem por matar o próprio amigo...
 
-Saga...-uma voz ressoou no fundo da mente do cavaleiro.
 
  Virou-se assustado.
 
-Águia? O que faz por aqui?-inquiriu ao identificar a dona. Nunca a tinha visto naquele lugar. Trazia consigo um papel e parecia meio sem fôlego.
-Eu vim mostrar isso. Soube que está também interessado sobre essas "batidas"...-ela disse, entregando o cartaz e esperando qualquer reação por alguns segundos.
 
  Ele leu e releu. Depois lhe entregou de volta.
 
-Não entendo a relação -foi o único comentário.
-Não está nem um pouco indignado?
-Chama-me de traidor e é o que sou, não?
-Não mais, Saga... Aliás, nunca foi; não era você.
-Não entremos numa discussão em que irá perder, amazona. Voltando à questão...
-Ah, sobre as batidas... Não é tanto assim e vai ser uma explicação difícil. Resumindo, há um homem que se envolveu com elas não sei como e este mesmo andou te difamando e foi autor deste e de outros cartazes. Eu o encontrei ontem, quando estavam a ponto de prendê-lo e os guardas estavam bem furiosos, portanto ele deve ser contra essas "batidas"...
-Como ele lhe pareceu?
-Não o vi direito, mas pelo tom... Ou era louco, ou era destemido demais.
-Ainda não entendo a relação desse insano com as famosas...
-É mais como uma intuição minha.
-Que espera de mim?
-Que vá até a vila conhecê-lo. É a vontade dele e poderíamos pedir, em troca, que nos conte mais sobre o assunto... Certo?
 
  Vários soldados entraram correndo no tempo na hora em que Saga diria sua resposta, pareciam vir de muito longe e todos eles estavam pálidos.
 
-Senhor! Há um homem na vila de fronteira...
-É o Cavaleiro de Prata!
-Sim; e está falando mal do Senhor.
-Diz que só irá se calar se o Senhor for lá!
-Ora...-Saga disse, sem nem encará-los-Desde quando ligo para isso, soldados? Por que vocês mesmos não o prendem?
-Mas é o Cavaleiro de Prata! Já dissemos...-um respondeu, ainda mais pálido com a sugestão de Gêmeos.
-Estão delirando? Por que um cavaleiro de prata faria isso comigo?
-É o homem de ontem...-Marin interferiu -Os soldados o consideram tão forte, que o chamam assim.  Mas Moses me garantiu que realmente não é nenhum de prata, Saga.
 
  O canto de um passarinho foi o único som que ecoou pelo templo até que Saga fez sinal que todos, inclusive a amazona, se fossem.
 
-Irá sozinho?-ela perguntou, enquanto os guardas saíam da forma que entraram.
-É uma ordem -não entendeu a razão das próprias palavras, mas havia algo errado no ar...
 
Continuará
 
Anita, 29/10/2004  

 
Notas do Autor:
 
Oláaaaa!!! A fic tá indo de vento em poupa e logo, logo teremos algumas cenas bastante cômicas hehehehe. Estamos no meio dela e espero que estejam se divertindo tanto quanto eu. E agora!? Sei que pergunto isso em todas as fics, mas espero ser a pergunta de todos também, né? Saga vai atrás de Aioros na vila... Será que Sagitário matará o próprio amigo, ainda achando que ele é um traidor? Ou o próprio Saga vai se entregar ao castigo por seus crimes? As duas coisas!? Ou Aioros vai pedir pra Ena chamar uma amiga e sair num encontro duplo com Saga? Essa última opção é a mais provável hohohoho.
 
Mandem comentários para meu e-mail anita_fiction@yahoo.com e visitem meu site para mais fics: http://olhoazul.50webs.com/
 
Essa fic foi feita pra Vane, espero que esteja gostando ^^

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