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Meu Passado Ficará Em Seu Futuro § 1 – A Salvadora do Herói que Veio do Céu


Notas Iniciais:
Primeiro dizer que a fic toda é um presente de aniversário pra Vane. Seja lá quando termine não a dedicarei nem à minha mãe além da Vane ^^ 

Depois que cavaleiros não é coisa minha, mas a idéia da fic é: não copiem sem creditar. E mais: eu vou com o tempo alterar algumas coisas pelo em da fic. Uma delas é a idade do Aioros quando “morreu”. Aqui ele deve ter uns dezoito. Ainda não parei pra calcular a atual do Aioria, mas não devo mexer nisso. Também, mesmo essa fic se passando num pós-Poseidon, eu ressuscitei todo mundo. Não há motivo para dramalhão se os personagens com quem quero trabalhar são os que estão mortos. Acho que o resto é com o passar da fic, né?

Olho Azul Apresenta:
Meu Passado Ficará
Em Seu Futuro

Capítulo 1 – A Salvadora do Herói que Veio do Céu 

"Kimi to iru jikan no naka de watashi ni wa ima,
Nani ga dekiru darou
'Itsumademo issho ni' to negau

Estando contigo no meio do tempo
Agora acho que há algo que possa fazer por mim
Desejo: 'Que estejamos para sempre juntos'"
-Ayaka Hirahara-


A lua brilhava bem forte na terra árida e o céu noturno limpo dizia que após aquela noite gélida viria mais um dia extremamente quente.

Ena caminhava tranqüila pelas ruínas gregas. Usava uma capa preta para se ocultar na escuridão, mas não parecia preocupada com aquilo; nascera e crescera ali.

A jovem se aproximou do lago e começou a despir-se. Vivia em uma vila um tanto alienada do passar do tempo. Portanto, usava pouca roupa; rapidamente o luar pôde apreciar sua pele morada e as águas refleti-la por completo.

Estava pronta para se banhar, como usualmente fazia, quando todas as estrelas se apagaram e a Lua se foi. Logo, a escuridão deu lugar a um enorme clarão.

As águas do lago, outrora pacificamente esperando a entrada de sua deusa, se agitaram e um som de algo pesado caindo foi ouvido por Ena.

-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! -a jovem gritou, caindo para trás no susto.

Um homem havia simplesmente caído do céu, às margens do lago e agora se debatia para sair dele. Ele tinha cabelos escuros e parecia estar sangrando.

Ena agarrou suas vestes e logo se vestiu novamente. Como aquele lago ficava fora do Santuário, estava acostumada a se vestir rápido, a qualquer sinal de algum guarda. Ela não tinha permissão para sair; ser encontrada significava a morte.

Assim que se recuperou do susto notou que a noite voltara a ser silenciosa. Talvez as luzes tivessem sido sua imaginação. Levantou-se e já ia saindo quando ouviu uma voz chamá-la por um tempo. Logo o silêncio retornou.

-Droga, vou ter que te levar, não é? -ela falou olhando para o homem que agora estava desmaiado –É o meu fim...

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

O Sol raiava entre as rochas milenares. Era o meio do dia e duas pessoas caminhavam por aquele deserto de tesouros escondidos.

-E então ela disse que sou um amigo muito leal. Dá pra acreditar!? –um deles dizia animadamente.
-Está atrapalhando minha ronda, Aioria...-o amigo respondeu. Costumava ter paciência, mas... –Isso já é exagero. Não preciso saber cada palavra que Marin te fala!
-Mas... Miro! Você não entende? Tudo o que ela me diz é precioso. Isso quer dizer que ela estima a minha companhia.
-Já disse que está me distraindo. É tão leal a Athena quanto eu sou, não iria querer um invasor aqui por sua culpa, né?

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

-Ena, você pirou!?-uma menina de cabelos marrons e olhos claros perguntou.
-Por quê?-a outra replicou, inocentemente.
-Tenho uma lista enorme pra você, querida irmãzinha do meu coração. Há um homem, desconhecido, em cima da sua cama. No topo, eu aposto que é um intruso no Santuário!
-Ninguém precisa saber disso.
-Mas e se?
-Aí a gente mente. Além do mais, é só por um tempinho... Até o pobrezinho ficar bom. E é sempre bom ter um homem em casa, não é?
-Só permito se me dizer como o encontrou.
-Hã... Bem... Eu estava dando umas voltas e bem perto da nossa fronteira... Hã... Você sabe, né? Ali no nosso limite eu vi um homem muito ferido, deitado lá... Fora do Santuário. Era como se Athena tivesse falado a mim, eu tinha que pegá-lo e cuidar dele, por Athena!
-Se diz que foi por Athena, eu entendo. Vou trabalhar agora, arrume a casa. Hoje é sábado e mamãe deve chegar de Atenas a qualquer hora.
-Certo!-os olhos verdes de Ena brilharam. Era sempre bom ajudar alguém tão bonito quanto o homem em cima de sua cama.

“Mas como dormirei nesta noite? Ontem dormi no quarto de mamãe... E hoje? Vou passá-lo para o sofá!”

Aquela era uma vila bem pacífica que ficava no limite do Santuário. Havia até uma linha que demarcava o fim... Ena sempre a cruzou e o tempo lhe deu a experiência necessária para poder inventar boas histórias.

Sua mãe trabalhava fora a semana toda e seu pai morrera há muitos anos, quando Ares ainda imperava sobre o Santuário... Mas isso fora há três anos. Sua irmã ajudava as mulheres da vila a venderem frutas na feira e ela, que só tinha dezoito, ficava em casa, arrumando tudo.

Pela vila ser na divisa do Santuário, chegou-se a um acordo. Aqueles que tivessem empregos em outras cidades, e que isso fosse legalmente comprovado, teriam uma permissão especial. Mas Atenas era distante para sua mãe ir e voltar todos os dias. Quando Ena já era bem crescida para cuidar do lar, ela decidiu ficar por lá.

-Pronto, garoto! Você já está bem desconfortável, hehe –Ena falou ao homem que já não mais parecia tão pesado quanto da primeira vez, após tantas mudanças de lugar.

Gritos foram ouvidos e logo a jovem entrou em estado de choque. Eram lembranças de algo que parecia distante, como um sonho...

-Droga! Logo hoje... –disse em voz alta e foi trancar a porta –Malditos soldados!

Agora havia correria e um ocasional grito de mulher.

-Malditos! –Ena gritou.

Mas não ousou largar a casa, foi para o quarto e lá se trancou. Chorava como uma criança.

“Malditos, malditos, malditos!”, pensava, enquanto sentava-se no chão, junto à porta, em posição fetal.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Um homem de longos cabelos azuis estava de pé. Tinha os braços cruzados e o olhar fixo à sua frente. Nada poderia lhe passar despercebido. Nada.

-Bu!
-Aaaaaaaaaaaaah! –gritou com o susto –Maldito! Quem ousa tentar me assustar pelas costas!?
-Eu, quem mais teria essa audácia, Saga? –Shura respondeu, sorrindo.
-Como pode estar sorrindo? Se não tem o que fazer, vá defender seu templo.
-Estou de folga.
-Então faça algo de bom e defenda-o.
-Estou relaxando, quer definição para tal palavra?
-Não, obrigado.
-Sabe... Você já era obcecado antes por Athena, mas agora! Por favor, Saga! Relaxa um pouco.
-Ao contrário de você, estou em serviço. Relaxarei depois.

Mas o cavaleiro de Capricórnio balançou a cabeça, negativamente.

-O que quer dizer com isso!? Duvida de mim, Shura!?
-Não tem a ver com isso... Mas lembro bem do primeiro discurso de Athena. “Todos os Cavaleiros terão seu perdão. Todas as Amazonas terão seu livre-arbítrio. Todos vocês merecem paz e todos terão direito à folga. Todos devem também se perdoar e ter direito a um merecido descanso. São os novos tempos!”. Preciso imitar os aplausos que muitos demos?
-Poupe-me desta vez. Não sei como decorou todo o discurso, mas sei que o fez.
-Então... Relaxa! Saberá quando algo ameaçar o Santuário, há dois na sua frente. Com certeza saberá, caso falhem.
-Não estou acreditando em tamanho absurdo! Relaxar? Shura... Você é tão leal a Athena quanto eu. Assumi o lado errado e tentei matá-la. Devo compensá-la por isso... E mais: Você também defendia sempre seu templo, o que há agora?
-De que adiantou tanta lealdade se por isso mesmo tomei o lado errado? Também somos humanos e somos jovens. É melhor sermos felizes; a vida é curta, mas bela.
-Novamente: desisto. Vá embora e deixe-me trabalhar em paz.
-Não vale a pena guardar tanta culpa. Não foi você quem matou Aioros!
-Foi, e sonho com isso toda noite. Acha fácil!? A verdade é que metade de meus sonhos é real e outra não. Nem eu mesmo sei das crueldades que cometi. Havia horas em que Ares me possuía tanto que eu perdia a consciência. Principalmente no início... Eu mesmo não me lembro quando foi que Aioros me impediu de cometer aquela atrocidade.
-Já disse isso. Sempre o diz. Cara, supere... De que adianta ser um Cavaleiro da paz, se você vive perturbado. Kanon tem razão... Você é muito complicado.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Uma Semana Depois

-Onde estou?

Ena estava arrumando sua casa, tranqüilamente, quando ouviu a estranha voz.

De início achou que poderia ser algum soldado que decidira invadir a vila e se perdera. Mas logo eliminou a hipótese ao ver algo se mexendo dentro de sua casa, que supostamente deveria estar vazia.

-Não deveria se levantar...-disse ao rapaz que tentava sair da cama, de onde estava novamente para sair com a volta da mãe de Ena, naquela semana também.
-Por quê? Quem é você?
-Sua salvadora, mais conhecida como Ena. Aliás, e você?
-Não deveria tê-lo feito...
-Por quê? É um invasor? Criminoso? Quem *é* você?
-Eu sou...

Deveria responder à pergunta da bela jovem, sua pobre salvadora? Mas aquilo poria sua vida em risco e também a dela, certo? E como o diria?

“Sou Aioros, Cavaleiro de Sagitário que dizem haver tentado matar Athena e o Mestre? Que dizem haver traído o Santuário? Mas não é verdade... Eu é que a salvei e dei-a ao primeiro turista que encontrei, junto com a armadura”

Nunca poderia dizer algo tão idiota assim. Ela poderia entregá-lo de volta e se acreditasse nele... Aquilo lhe estragaria a vida!

-Então...-ela decidiu cobrar-lhe resposta, após o longo silêncio.
-Eu... Eu sou... Eu não sei.
-Como assim? Perdeu a memória?
-Não sei.

Durante o seu treinamento para Cavaleiro, havia aprendido várias técnicas teatrais. Para se caso fosse pego por algum inimigo ou coisa assim. Saga parecia estar fazendo uso delas naquele momento, por que ele não?

-Mas eu tenho que ir –Aioros finalmente disse.
-Pra onde?
-Descobrirei.
-Fique... Dormiu por uma semana ou mais, se for agora desmaiará de fraqueza na primeira esquina. Então o trabalho que me deu será em dobro, já que terei que trazê-lo de volta.
-Mas não quero dar mais trabalho.
-Então fique. Em mais uma semana estará novinho em folha!
-Obrigado por tudo.
-Minha obrigação de serva de Athena.
-Aliás, onde estou?
-Numa vila, fronteira entre o Santuário e o resto da Grécia.
-Não a conheço.
-Não sabe nem seu próprio nome...! É algo de se esperar. Vamos comer, acho que o almoço já está pronto...
-E sua família...? Você me parece nova.
-Minha mãe trabalha a semana toda em Atenas e minha irmã trabalha na vila mesmo... Eu cuido da casa. Hoje, as duas só chegam a noite então eu te quero quieto num canto pra eu terminar de arrumar a casa.

Logo comeram e Aioros decidiu obedecê-la. Estava muito fraco e confuso. Achara ter morrido, mas parecia ter outra chance. Poderia, agora, combater Saga e sua rede de corrupção. Mostrar a todos que aquele Mestre era falso.

Deitou no sofá e ficou observando a jovem. Sim... Uma menina. Devia ter sua idade. Mesmo se lhe contasse sobre o que ocorrera, talvez não lhe interessasse. Sabia que vilas tão afastadas somente se importavam com poder viver em paz suas vidas pacatas. Viam o Mestre como a alguém humano e substituível, se é que consideravam sua ausência. Para eles era mais fácil seguir a ordens como ordens.

Seria menos frustrante se ele próprio fizesse aquilo. Separasse o Mestre e Athena; mas a vida no Santuário, propriamente dita, levava todos a acharem que um era apenas um instrumento do outro.

Instrumento... Naquele momento Aioros sentia-se assim. Usado pelo próprio amigo. Tão frustrante.

Fazia uma semana, segundo Ena. Aioria devia estar desesperado; por mais prodígio, ainda era uma criança. Saber que o irmão era um traidor devia ter sido como perder os pais uma vez mais.

Assim que desmascarasse Saga, ele entenderia. Era o dever de Aioros esperar um pouco.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Duas Semanas Depois

-Acho que vou a alguma vila hoje...-um guarda comentou alta e animadamente ao outro.
-Ah, precisamos relaxar, né? Essas mudanças de Athena são exaustivas. Tô precisando de uma pra mim.
-Nem me diga. Na “batida” de semana passada, dizem ter pegado umas dez virgens ou mais. Acredita? Dez... Após tantas batidas, elas são raras.
-Não é pra tanto... Meninas estão sempre nascendo para o terror dos pais.
-A verdade é que me disseram que vai ter uma “batida” naquela de fronteira. Com certeza acharemos mais virgens.
-Mais virgens?-uma terceira voz interrompeu a conversa, -Como assim, soldado?

Ambos olharam naquela direção e se arrependeram. Talvez se fingissem não ouvir...

-Senhor Saga!?- ambos disseram em uníssono.
-Que virgens, que batida é essa, soldados?-ele perguntou. Já sabia das ilegalidades, mas nunca conseguia pegar os infratores.
-São...-um deles, o mais baixo, olhava para os lados, como que procurando um papel de cola para uma prova da academia, -São infratores nunca pegos antes. É sempre bom pegá-los, né? Assim ficamos melhor de olho.
-Será verdade?-o cavaleiro de ouro levantou uma das sobrancelhas.
-Você é muito desconfiado.

Foi a vez do interrogador se assustar com a chegada de um quarto.

-Escorpião?
-Estava dando uma volta, fugindo do Aioria... Vi os pobres coitados sofrendo contigo.. Senhor Saga, por favor. Deixe-os... Você ouviu; estão fazendo o próprio trabalho.
-Ainda acho suspeito. –Saga disse, virando-se para os dois soldados.

Miro já se ia, aliviado por salvar os dois das terríveis garras do Gêmeos quando este ainda acrescentou ameaçadoramente:

-Se pego o que estou preste a pegar...

E saiu para sua Casa.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Nas duas semanas que se passaram, o jovem teve uma recuperação que surpreendera a todas da casa que o recebera. E, para retribuir a ajuda, havia realizado muitas tarefas que às vezes Aioros nunca tinha aprendido nos treinamentos para cavaleiro. Fora um período divertido.

Agora, o rapaz vestia-se com o que podia. Suas roupas estavam todas destruídas após os confrontos com Saga e Shura. Aioros sorriu ao perceber vários remendos que sua salvadora havia feito. Em adição, as roupas estavam bastante cheirosas.

-Aonde vai e o QUE tá fazendo!?-Ena perguntou, encostada à porta da cozinha quando viu Aioros se vestir e cheirar as roupas.
-Fez um belo trabalho com elas; agradeço. -O rapaz se ajoelhou aos pés da moça e beijou-lhe a mão.
-Como assim? Pensa que vai a algum lugar além desta casa? Só se for pra ajudar a consertar o telhado do vizinho da frente. Parece que o pivete do filho dele quebrou enquanto imitava um golpe sagrado de Athena.
-Eu realmente tenho que ir, graciosa Ena...

A jovem o observou em silêncio caminhar até a porta. Como impedi-lo, normalmente qualquer um já se teria ido. Mas tudo dentro dela pedia que ele ficasse... Sentia-se tão mais segura de si. Mais alegre consigo própria. Fazia tanto tempo que não se sentia assim tão valiosa. E era só ele olhá-la para se sentir a própria Athena!

Aioros passou pela porta e, por um segundo, considerou consertar o tal telhado e voltar para Ena. Não. Tinha que continuar andando em frente. Daria um jeito de chegar ao Santuário e desmascararia Saga. Se todos vissem que ele era o mestre, saberiam que tudo fora uma armação.

Continuou caminhando pela rua de costas pesadas. Doía tanto deixar aquela casa que o fizera esquecer-se do desgosto da traição do amigo.

Então um grito estridente de dor o fizera sair do frenesi.

Uma mulher? Em perigo? Mas numa tão pacífica como presenciara nas últimas semanas...?

Outro grito que fora abafado no meio de seu curso.

-ENA!-Aioros gritou, com todo músculo de seu corpo fazendo o caminho de volta à casa da moça.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

A grega observava dois homens entrarem pela porta que se conservara aberta após a partida de Aioros.

De repente, as cenas de três anos antes voltavam à sua mente, como uma máquina do tempo. Ela podia sentir suas mãos imundas por seu corpo, rasgando suas roupas. Eram quentes, ásperas e ávidas.

Doera tanto! Não só seu físico.

Seu orgulho de grande batalhadora e rebelde ficara ferido para todo o sempre. O corte fora tão profundo em seu psíquico que permanecera em transe logo que os seis ou mais soldados completaram o serviço e, também, por dois longos meses dos quais não mais se recordava.

Já sentia a pontada dentro de si só em ver os guardas que pareciam dois coiotes espumando pela presa encontrada.

Fechou os olhos, rezando a Athena que a ajudasse desta vez com algum plano de fuga milagroso.

Quando abriu os olhos novamente, as lágrimas lhe embaçavam a visão. Porém, pôde ver um movimento de um terceiro. Era sempre assim... Vinha um ou dois e, depois, todos mais surgiam.

Olhou ao seu redor, vendo sua casa toda distorcida. Por onde fugir? Pra onde?

Suportaria novamente a humilhação do estupro coletivo?

Algo a agarrou. Tudo o que Ena pôde fazer foi se debater e gritar. Não, realmente gritar; abrir a boca o quanto podia. O desespero lhe roubara a voz.

-Pára... Por favor! De novo não...-murmurara com as forças que lhe restara, ainda resistindo.
-Calma, não lhe farei nada -uma voz conhecida respondia.

A menina, enfim, notava que estavam sós na casa. E que o homem não a agarrava com todas as forças; ele a confortava o mais suavemente possível.

-É você...?-ela enxugava os olhos. Ao ver o rosto amigo, abraçou-o e com as mãos contornava o rosto do, agora, salvador.
-Sim... Ninguém nunca mais lhe fará mal algum. Eu te garanto!
-Mas eles eram dois! Como pôde? São soldados, são fortes. E, quando saiu, ainda estava tão fraco.

Ele a abraçou mais e, após um curto silêncio murmurou um "não sei".

-A força só veio...-explicou.
-Vai ficar aqui, pra me proteger?
-Sim! Pra sempre, se preciso -ele disse com voz embargada.

Fecharam a porta e Ena foi se deitar.

Aioros sentou-se no sofá lembrando-se da promessa impensada. Tinha que salvar o Santuário inteiro e preferira salvar aquela menina.

Talvez não fizesse mal ficando ali e pensando num plano. Se atacassem novamente, não hesitaria em usar sua autoridade e poder de cavaleiro. Era seu dever guardar os inocentes.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Os dois soldados estavam moribundos em uma cama quando um grande grupo chegou afoito.

-E o que houve com o talzinho!?-um perguntou.
-Era muito forte... Tinha a força de, no mínimo, um cavaleiro de prata -o que estava melhorzinho respondeu.
-Eu ouvi que lutava igual a Babel!
-E tinha a rapidez de Argo!

Todos davam suas declarações, tentando imaginar se seria algum cavaleiro infiltrado na aldeia para prender os "batedores".

-Foi uma "batida" perdida...-concluiu outro.
-Quando ouvi que os dois estavam para morrer, larguei a mulher e saí correndo como vi ao mundo da cintura pra baixo!
-Quase fiz o mesmo... E a minha era tão linda!

Mais dois soldados chegaram.

-Soube que um cavaleiro estava naquela vila de fronteira... É verdade?-o mais baixo perguntou.
-Não sabemos, mas devia ser...
-Tomem cuidado! O senhor Saga de Gêmeos está de olho nas "batidas". Ele quase nos esfolou só por comentá-las hoje mais cedo...-o mais alto disse.
-E quando ele disse aquilo de costas! Eu quase me molhei...-o companheiro complementou, olhando o estado dos dois soldados na cama -Uau! Ele detonou mesmo vocês... É melhor cancelarmos a batida de amanhã na cidade vizinha.
-É isso aí!-o mais alto falou, enquanto os outros assentiram.
-Não!-um dos deitados na cama gritou, chamando a atenção de todos -Eu quero vingança! Assim que sair daqui, vamos dar cabo da mocinha daquela casa... Não vai ser um aldeão de bosta que tirará da gente o prazer das "batidas"!

Todos deram vivas, concordando. Os dois últimos a entrar foram os únicos a ficarem quietos. Se Saga os pegasse... O que seria de todos?

Continuará...

Anita, 27/08/2004

Notas da Autora:

Esta fic é o meu presente de aniversário à Vane, que faz XX anos no dia 11!!! Eu sei que pela data acima ele tá meio adiantado, mas, bem, este é um fic de capítulos e sei que não o termino até dia 11. 

Mas, e aí? Estão gostando? Achando tudo igual? Diferente? 

Como usual, a fic não tem bem uma história central. É em geral o aioros no mundo de agora achando que é ontem. Ou pelo menos, por ora, será assim. Calma que vai ter mais coisa ^^ 

E agora? Aioros vai desistir de denunciar Saga e viverá sua vidinha calma com Ena, sem nunca rever o irmão? Algo me diz que ele nunca faria isso! Bem, qualquer comentário, vocês já sabem! Meu mail ama isso: anita_fiction@yahoo.com e se quiserem mais fics minhas e de outros: http://olhoazul.50webs.com/ tb aceitarei a sua ^^ 

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