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Mesmo te Deixando, Ainda Está Aqui § 1 – Uma Carta, Uma Declaração de Amor?

Notas Iniciais:
Esta será uma fic em dois capítulos sobre a primeira fase de Sailor Moon, mesmo não sendo realidade alternativa, não pretendo usar nada a ver com as Sailors, afinal não têm a ver com a história. Então qualquer um deve acabar entendendo a fic sem necessidade de spoilers. Lembrando a todos que Sailor Moon é obra-prima de Naoko Takeuchi deixo-os com minha fic.
 
Dicionário:
Desta vez usei o mínimo possível de palavras japonesas, já que sempre me esqueço de pôr o dicionário. Somente aquelas que achei indispensáveis como “sensei” (professor, mestre), os honoríficos (formal: san, informal chan e kun) e as básicas para todo otaku: baka (idiota), ohayo (bom dia), konnichiwa (boa tarde), kawaii (fofinho) etc. garanto que se alguma aparecer no meio do caminho que você não entenda não fará diferença.
 
Olho Azul Apresenta:
Mesmo te Deixando,
Ainda Está Aqui
 
 
Capítulo 1 – Uma Carta, Uma Declaração de Amor?
 
“Sukoshizutsu otona ni chikazuku
demo dame ne kaiwa ni naranai no”
“Estou cada vez mais perto de ser adulta, mas não o bastante.
Simplesmente não posso falar com ele no mesmo nível.”
-Sakura Mankai, Morning Musume-

  Ainda não sei direito o porquê de justo eu ter me metido em toda aquela confusão. Confusão... Essa palavra é suave demais para o que aconteceu. Não existe uma que faça jus à situação em que fui parar. 
-Vamos, Lita! Se não fizermos isso logo, pode dar problema, eu disse, chamando uma alta menina de cabelos castanhos e ondulados.
 
  Lita era novata na escola e sempre fiz questão de fazer amizade com todos. O problema é que não era só seu tamanho que era atípico, seu cérebro também. Havia se apaixonado por nosso sensei do semestre e queria se confessar através de uma carta.
 
  Esperamos que estivesse escuro o bastante, entramos na sala dos professores e pretendíamos pôr a declaração no escaninho dele.
 
-Por que não simplesmente a pôs na mesa dele, hein? Se nos pegam aqui estamos ferradas!-eu disse, segurando o envelope anônimo.
-Porque, se ele visse, eu não saberia o que dizer, Serena!
-E, se nos virem, saberá?
-Mas as chances são menores!
 
  Peguei a chave que conseguira com a professora Mônica, com a  ajuda da Amy, outra amiga, e girei-a, abrindo enfim a porta.
 
-Uau, tem até máquina de café! Pena que eu odeio isso...-comentei.
-Você gosta muito de comida, né? Pois, pra mim, Chiba-sensei é o mais delicioso, hehehe.
-O que vê nele!?
-O branco de seus olhos é igual ao de meu antigo namorado. Tão lindo!
-Pois garanto que seu velho namorado era melhor.
-Ali, Serena! Chiba Darien, é ele! Ponha a carta e vamos embora...
-Pronto, já está lá!-sorri para Lita. Os olhos dela brilhavam de emoção quando aquilo se converteu em pânico.
 
  Um som de passos se aproximando fez meu coração parar.
 
-Vamos logo!-ela disse, saindo correndo.
-Espera, não sou tão rápida.
 
  Também corri, mas minha saia prendeu na máquina de café; podia claramente ouvir a voz de Darien.
 
-Quem está aí? Mônica-sensei?-Ele se aproximava ainda mais.
-Soltou!-eu disse, saindo em disparada pelos escuros corredores da escola.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  A confusão estava só começando... para completar havia perdido um pé do meu sapato em algum corredor. Se amanhã não estivesse na escola, nos achados e perdidos, a perdida seria eu.
 
-Então Darien é bom professor ou não?-Andrew perguntava para Lita, ao meu lado.
 
  Ainda estávamos ofegantes quando chegamos ao salão de jogos onde Andrew, um belo rapaz loiro, trabalhava.
 
-Sem dúvida alguma! Pena que não está estudando para isso.
-Ele quer ser um cientista ou coisa assim. Mas tem uma paciência de Jó!-Andrew falou.
-Pois eu o acho um chato, convencido, implicante, metido, abusado, arrogante, igno-
-Serena é que não gosta dele, -Andrew me interrompeu.
-Já notei...-Lita respondeu, rindo, -Afinal o que tem contra ele? É lindo, inteligente, atlético, simpático e tem o branco dos olhos igualzinho ao do meu antigo namorado!
-E eu fico notando o branco dos olhos daquele calo da minha vida!? Quase desmaiei quando ele anunciou que nos lecionaria por esse semestre. Justo em Química... Eu sou horrível nessa matéria!
-E em que matéria você não é?-Andrew perguntou, se escudando do soco, que fingi dar-lhe.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Sim... Meu pior inimigo, atualmente era meu professor. E o pior é que ele pegava sempre no meu pé! Fora da escola foi sempre assim...
 
  Lá estou eu atrasada para mais um dia de escola quando ele entra no meu caminho sabe-se lá vindo de onde...
 
-Que capacete duro, cabecinha de vento! Deveria servir de cobaia para testarem resistência de materiais. É mais dura que granito, diamante e outros.
 
  Ele me chamava sempre daquele apelido ridículo!
 
  Bem, estava eu entrando feliz na escola. Sim, feliz porque não havia encontrado aquele sujeito. E lá estava eu, alegre, cantando...
 
  Mas alguém colocou aquela maldita caixa de correio bem no meio caminho e PAF! Dei de cara nela. Como podia ter uma caixa de correio bem em frente à escola!? Pelo menos estava cedo, então ninguém que eu conhecesse viu a cena.
 
-Uau! Pobre caixa, que infeliz destino ser acertado pela Cabecinha-de-Vento...
 
  Exato, ou assim eu pensara.
 
-Darien!? O que está fazendo aqui?-inocentemente perguntei.
-Espere e verá, Cabecinha-de-Vento.
 
  E o que eu vi foi meu diretor apresentando-o como o novo professor de Química...
 
-Ele é um grande aluno de nossa faculdade e como a outra professora pediu licença maternidade, pedi que a substituísse por esse semestre. Espero que gostem dele tanto como eu!
 
  Todos aplaudiram. Claro, era difícil um professor jovem, alto, bonito, de olhos claros, intelectual e-
 
  Do que estou falando!? Aquele monstro em pele de cordeiro havia enfeitiçado minhas amigas e ninguém acredita no demônio que ele era! Ninguém... nem a Lita... E olhe que avisei antes de ela vê-lo. Por que será que era a única imune àquela magia negra!?
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-Achou o sapato?-Lita me perguntou preocupada, enquanto eu subia as escadas para minha sala.
-Sim, estava entre os perdidos mesmo!
-Estou aliviada... Será que Chiba-sensei gostou de minha carta? Pedi que Rei me ajudasse, ela é ótima com esses romances... Até me emprestou um livro de poesias!
-Sinceramente, é melhor que ele odeie. Você é boa demais para um desgraçado como aquele!-disse, socando o ar como ênfase.
 
  Mas acabei socando outra coisa.
 
-Chiba-sensei, bom dia!-Lita disse, correndo para sua sala.
-Darien... Eu sinto muito...
-Bom dia... Vamos entrar, Tsukino-san?
-Claro!-falei, indo com ele para sala.
 
  Um estranho silêncio reinava entre a gente. Por que me chamara pelo nome? Recusava-se a fazê-lo até o dia anterior...
 
  A aula foi normal. Normal demais. Nada de perguntas na hora em que eu estava com a cabeça longe, nem de comentários embaraçosos sobre nossos vários acidentes.
 
  Nada.
 
  Talvez ele estivesse triste. Ou a carta da Lita... Será que ele correspondia? Mas nem sabia de quem era. Não, ele não corresponderia a uma aluna! Não podia ser. Darien nunca andava com garotas. Era elogiado e cantado por elas. Mas nunca lhes dava bola. Por que a Lita?
 
  Devo admitir que a quarta Sailor era definitivamente diferente. Sempre indo atrás de garotos que se pareciam com seu ex-namorado... E sempre sorrindo. Também era uma ótima cozinheira. Por vários dias havia trazido almoço caseiro para Darien.
 
  E ele era inteligente. É claro que saberia que a carta era da Lita. Fora ela mesma a escrevê-la, né?
 
  Eu estava feliz; Lita provavelmente era correspondida. Eu ficaria após a aula para perguntar mais para o Darien, ajudar a ambos!
 
  Talvez, com uma namorada, o Darien parasse de me encher o saco, não é? Assim eu esperava.
 
-Tsukino, está se sentindo bem?-ouvi, enfim, Darien me perguntar.
-Sim, -respondi, ainda olhando para a janela. Fazia-o sempre em suas aulas, era melhor que encará-lo. O homem era insuportável. Mas era pelo bem da Lita...
-Mas a aula já terminou... Há algo que queira me falar?-ele perguntou.
 
  E quando voltei meus olhos para ele, os dele me encaravam incisivamente. Seria que ele soubesse do meu envolvimento no caso da carta?
 
  O sapato! O sapato tinha meu nome nele... Fora isso.
 
-Na verdade, sim... Mas eu vou ter que falar bem baixo.
 
  Levantei e fui até a mesa, já que ele estava sentado em cima dela, na quina. No caminho, fui coletando palavras, talvez só soubesse que eu ajudara a pessoa e não que esta era Lita. Ou, talvez, só desconfiasse que fosse Lita... Por isso teria que ter cuidado. Relacionamentos entre alunos e professores eram proibidos e, por isso, se ocorriam, tinham que ser secretos.
 
-É que... Sobre... Hã...-titubeei. O que dizer sem dar pistas!?-Sobre ontem, sabe...?
-A carta? Então você realmente estava no meio disso.
 
  Ele sabia! Agora seria bem mais fácil.
 
-Sim, é verdade. Bem, imaginei que fosse saber logo. É tão inteligente e...-olhei para seus olhos, continuavam fixos em mim, esperando –Eu queria saber se você corresponde.
-Serena, estou ciente de que relacionamentos assim são extremamente imorais e, portanto, proibidos em nosso país, pela nossa cultura.
-É, eu sei, mas... Não poderia nem dar uma chance a tudo isso!? Você não corresponde? É tão triste...
 
  Eu não acreditava naquilo, mas estava implorando ao meu pior inimigo que tivesse um amor proibido com minha amiga. Começava a me perguntar se eu não seria mais amiga fazendo Lita se esquecer daquele homem.
 
  Mas e se ele correspondesse? Eu tinha que saber!
 
-Você corresponde ou não?-perguntei, mediante o silêncio
 
  Ele pôs a mão em meu ombro e sorriu, talvez tentando me acalmar. Eu de fato estava exagerando, mas era a felicidade de minha amiga em jogo. E o bem estar de todos ao meu redor sempre fora minha prioridade máxima.
 
-Com certeza correspondo...-ele respondeu.
 
  Então algo quente pousou em meus lábios, e sua outra mão me puxou para mais perto dele. Estava me beijando.
 
  Meus olhos ainda estavam abertos, mas, com o susto, não tive ação alguma. Ambos seus braços me abraçavam... E o beijo foi se intensificando com sua língua em minha boca explorando cada parte de mim. Eu estava em frenesi.
 
  Fechei meus olhos, aquilo só podia ser um sonho. Se alguém visse de longe, parecia uma cena de romance de alguma novela qualquer. Ele ali sentado na mesa, puxando-me para si com os fortes braços.
 
  Quando enfim tudo terminou, eu estava tonta. Tudo girava e meus olhos não conseguiam pôr a imagem de Darien, à minha frente, em foco. Como um beijo podia ser tão potente?
 
  Havia sido meu primeiro beijo e ainda parecia que eu estava sonhando... Darien havia feito aquilo comigo... Meu primeiro beijo.
 
  Pus um dedo em meus lábios e o olhei vermelha.
 
  Meu beijo!? De repente alguma espécie de alarme começou a soar dentro de mim. Darien havia me beijado... Darien havia me beijado? Darien havia me beijado. Darien havia me beijado!
 
  Darien havia me beijado!!!
 
-Por que fez isso!?-soltei, mais desesperado que calculara.
-A carta...-ele também parecia tonto, balançava a cabeça e franzia a testa. Parecia que não era só eu que não estava entendendo.
-O que é que tem a carta!?
-Seu sapato, a carta... A carta não era sua!?
-Minha!? Claro que não, se fosse eu nunca a entregaria em pessoa, né?
-Eu sei lá! Eu só juntei as peças, e você disse que era!-ele continuou, mas na face dele dava para ver claramente que fazia uma busca na memória, tentando descobrir onde fora o mal-entendido.
-Não era minha...-eu disse, mais calma, -Foi só um engano.
-Ah –ele falou, indefeso.
 
  E assim eu também estava. Indefesa e sem ar.
 
-Eu entendi tudo errado, -ele completou.
-E eu também...
-Pois é.
 
  Um estranho silêncio caía entre nós, quando o barulho de alguém correndo o rompeu.
 
  Olhamos em sincronia para a porta da sala.
 
-Alguém nos viu!-Darien disse, imediatamente indo para a porta entreaberta. Voltara com um livro de poesias.
-Um livro... Era um aluno.
-Conhece de quem é?-ele mostrou a capa e uma lembrança veio à minha cabeça fazendo-me empalidecer.
-Oh, não...
-De quem é?
-Da pessoa que escreveu aquela carta.
 
  Saí correndo atrás da Lita, puxando o livro da mão de Darien.
 
“Pedi que Rei me ajudasse, ela é ótima com esses romances... Até me emprestou um livro de poesias!” Lita me havia dito antes.
 
  Lita também me havia visto beijar Darien... E agora!?
 
  Seria impossível que ela entendesse toda a confusão em que eu me metera... mas como mais ela me perdoaria?
 
  A culpa não era minha de tê-lo beijado. Fora ele quem tomara a iniciativa.
 
  Ainda correndo, pus novamente o dedo em meus lábios que ainda podiam sentir aquele doce calor.
 
-Mas eu acabei correspondendo, -disse em voz alta, parando a corrida.
 
  Lita era atlética, nunca alcançaria. Inconscientemente eu só queria fugir de Darien.
 
  Mesmo que tenha havido um engano, eu tinha correspondido. Ele pensara que eu gostava dele, que a carta era minha, então me beijara. E o pior... Ele o fez porque me correspondia.
 
  Meu coração começou a bater mais forte que nunca, meu estômago dava pulos, voltas, dobrava-se e se revirava.
 
  Aquilo... Não, não podia ser.
 
  Agora era minha mão que tapava minha boca enquanto o livro que Rei emprestara a Lita caía no chão em um baque mudo.
 
  Darien estava apaixonado por mim! Darien Chiba... Justo ele era o primeiro garoto a se apaixonar de verdade por mim. A ponto de estar disposto a viver um relacionamento proibido.
 
  Darien Chiba me amava... O que eu faria!? Lita nunca me perdoaria por aquilo, era como roubar o namorado da amiga. Era horrível!
 
  Uma lágrima rolava pelo meu rosto.
 
  Por que fui entregar a maldita carta!?
 
Continuará...
 
Anita, 26/05/2004
 
Notas da Autora:

 Uau, aqui estou eu com mais uma fic de Sailor Moon, antes do que eu esperava. Certo, esta aqui só terá dois capítulos, este e mais outro que deve ser ainda mais curto, mas quem disse que tamanho é documento? Eu só estou fazendo por diversão e achei que seria interessante se fosse em capítulos.
Como eu realmente preciso de incentivo para lançar logo o próximo capítulo e  terminar a fic mandem-no para meu mail anita_fiction@yahoo.com mesmo que eu já tenha terminado a fic há nos hehe. Para novos capítulos e outras fics visitem meu site http://olhoazul.50webs.com/ 

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