Naquela noite não sonhou, era como se a tivesse passado acordada, mas dormira, seu corpo estava descansado pela manhã, apesar de sua mente estar exausta.
Natalie não foi naquela quinta-feira e nem no dia seguinte, coincidindo novamente com sua falta de sonho, teria ela algo a ver?
No Sábado os sonhos voltaram.
Estava num lugar cheio de fumaça, melhor, vapor, estava tão quente que seu olho ardia, tentando enxergar. Desta vez seu corpo se mexia, mas parecia queimar, era doloroso estar naquele lugar.
Foi neste momento que ouviu passos vindo em sua direção, eram pesados, com certeza de um homem forte.
Já podia ver a sombra, ela o reconheceu e deu uns passos a frente, bateu em algo sólido e transparente, talvez um vidro.
-Lantis! Lantis!- foi tudo o que pôde gritar.
Ele não a ouvia, mas continuava sem mudar o ritmo de seus passos, até que ao chegar na sua frente, quase batendo na parede, ele parou, não a olhava nos olhos, talvez não a tivesse notado.
-LANTIS!!!- gritou mais alto, talvez a ouvisse.
O jovem de cabelos escuros se virou lentamente, fazendo-a ver suas costas, isso a desesperava, mas um segundo vulto chegava, isso a fez calar-se. Seu corpo todo estava úmido de suor, e latejava, parecia todo queimado, sua vista estava mais embaçada, mas aquele vulto também lhe era familiar, porém não o reconheceu. Podia dizer que era magro e alto, parecia um homem também, quem seria?
Lantis encorporou-se mais, como se fosse proteger algo, se a estivesse vendo, poderia jurar que era ela própria, o homem recuou, mas não por medo; parecia gargalhar. Por trás dele aparecia um terceiro vulto, uma figura de longos cabelos lisos e pretos, usava uma armadura com capa, que lhe dava respeito, este Lucy reconheceu, era Zagar, Lantis recuou assustado e bateu na parede transparente.
Zagar levantou um de seus dedos e Lantis recuou um pouco mais; a parede se anulara. Mas a garota ruiva estava assustada demais para esboçar alguma reação, além disso seu corpo todo queimava.
O garoto a sua frente se virou, pela primeira vez pôde realmente ver seu rosto. Era diferente, não era tão duro como costumava ser e até parecia mais jovem.
-Quem é você?
-E-Eu-
No fundo ouviu-se outra gargalhada da figura em frente a Zagar. Agora que a barreira fora quebrada, parecia mais quente e os dois mais agressivos. Um clarão quase lhe cegou os olhos; sentiu-se carregada, Lantis a salvara de um ataque.
-Obrigada.
-O quê faz aqui?-perguntou enquanto pousava de um pulo. Não parecia conhecer-lhe.
-Você não se lembra de mim? Lantis, cuidado!-mal pousou e novamente lhe salvou de um segundo ataque.
-Como sabe meu nome?- pousou novamente.
Sua voz era diferente, estava mais emotiva, mais forte, porém mais jovem. Onde eles estariam, por que não a reconhecia?
-Porque nós nos-
-Tome!
Ele lhe dera uma espada, mas de onde a tirara?
-Pra que isso? Não resistirá aos golpes!
-Eu não sei, mas algo me diz que é você.
-Como!?
-Pare de perguntar e concentre-se!
-Em quê? Não posso lutar com isso!-disse examinando a espada, o que seria ela e por que ele não a reconhecia! Isso a deixava mais apavorada.
Seu corpo não sentia mais dor, ela não tinha notado por estar distraída com a estranha sensação, mas desde que envergara a espada, já não estava mais insuportável aquele calor todo.
-Na sua missão!
-Que missão? Esta espada!- uma vez mais a examinou. A fumaça ainda cegava-lhe a visão, misturando-se com seu suor, estava toda molhada, mas era uma espada bonita e tinha algo escrito nela, era a espada do outro sonho! Mas não conseguia ler direito, era...era-
-Cuidado!!!
Um novo ataque fora lançado e sentiu algo muito gelado.
-Lucy!-seu irmão a acordara.
-Satoru? Um balde de água fria!?
-Você tava toda suada, gritando que queimava, imaginei que era melhor te acordar!
-Eu vou tomar banho, depois eu arrumo-
-Não, deixa que nós façamos isso, teve outro pesadelo, não é?
-Masaru...
-Resolvemos não comentar, mas anda tendo pesadelos e grita a noite toda.
-Íamos contar na quinta, mas você não os teve, então deixamos pra lá!
-Kakeru...
-Agora vá tomar banho! Sabemos nossos nomes!-comentou Satoru.
A água estava gelada, mesmo colocando pro quente, a temperatura daquele lugar devia estar realmente alta, mas foi um alívio aquele banho gelado,sentia-se doída. Mas aquela espada...
De tudo que Natalie falou sobre sua mente, Lantis não se encaixava, ao sair do banho, ligou para o número que estava escrito no caderno, na parte de contatos sobre se caso perder. Chamou, chamou, ninguém atendeu, desceu para jantar, havia dormido tanto que acordara ao anoitecer.
“Por que não me reconheceu?” -era seu único pensamento, agora.
Debruçou-se na janela, realmente estava com fome, depois de tanto comer, não era bom ir dormir, mas como estava exausta, resolveu observar as estrelas.
Desde que voltara de Zefir, há seis meses, tenta encontrar sua galáxia, adivinhando qual estrela seria, onde ele estaria; mas hoje, o céu estava nublado, um vento frio passou por seu corpo, aquilo lhe dava um mau pressentimento.
-Tomara que não chova amanhã.-disse em voz baixa, pensando no encontro com suas amigas, mas o que mais queria era falar com Natalie.
Um novo vento, ainda mais gelado, fez dançar sua camisola, era hora de fechar a janela. Amanhã seria o dia que tanto esperava e tinha que acordar bem cedo, se fosse ter pesadelos os teria agora.
Notas da Autora:
Nossa, que drama! Mas finalmente Lucy irá ver suas amigas, não sabem o quanto apressei isto! O que terá acontecido com a Natalie? Bem, continuem lendo e descobrirão! Finalmente vou poder colocar romance nesta novela!
Anita, 12/07/01
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