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De Repente, Descobri Você § 3 - O Primeiro Encontro

Notas Iniciais:
Esta história se passa durante a primeira fase, mais ou menos enquanto elas tentavam reunir os cristais arco-íris. Sailor Moon não pertence a mim, mas eu também não estou ganhando nada com esta produção, não me processem!

Olho Azul Apresenta:
De Repente,
Descobri Você

Capítulo 3 – O Primeiro Encontro

Não importa que tipo de final eu tente imaginar,
o coração é um enigma.
Isso é a verdade,
que se fecha como a escuridão.”
(truth - Arashi)

  Olhei mais uma vez para o espelho, tentando pôr meu cabelo da forma ideal. Mas não adiantava: sempre que eu me mexesse, os malditos fios voltariam a sair do lugar. E eu queria tanto ir de um jeito diferente para aquele encontro. Digo, de alguma forma, aquele era meu primeiro encontro em toda a minha vida! Sim, naquele domingo, Serena Tsukino iria sair em um encontro de verdade.
 
Ou quase. Ainda me checando no espelho pude ver que meus lábios se pressionaram, quase formando um U de ponta a cabeça.

  Não havia contado nada a minhas amigas exatamente porque não tinha muita certeza do que realmente chamar aquela minha saída com Darien naquele dia. Encontro era o que ele mesmo dissera, mas algo estava errado. Muito errado.

  Recordei-me de nossa conversa, quando aquele convite estranho me fora feito.

  “Por que não sai comigo?” perguntara-me ele, como se aquelas fossem as palavras mais comuns. Eu mesma não interpretara direito na hora, achando que ele só me pedira para sair de onde estivéssemos ou algo assim. Só que Darien ainda acrescentara após: “Eu te devolvo a caneta se sair comigo em um encontro neste domingo.”

  Minha caneta. Bem, meu cetro lunar. Ele dizia estar com ele e que me devolveria se fôssemos em um encontro. Encontro. Com todas as sílabas, ele chamar o convite de “encontro”. Bem, de fato, um rapaz e uma moça a sós, andando por aí, já poderia ser chamado de encontro, mesmo que alguns dissessem o contrário. Só que eu havia já sido avisada sobre o que era. Não importava o que fizéssemos, seria um encontro.

  Claro, na hora eu cheguei a perguntar por que um encontro. Darien me prometera que explicaria hoje, já que seria um bom assunto caso não tivéssemos nada melhor. Mas que se eu não aceitasse, ele continuaria fingindo não saber de que caneta eu estava falando.

  Olhei mais uma vez para o espelho, prometendo que seria a última.

- Não acredito que está indo direto para as garras do inimigo.
- É só um encontro, Lua! – disse, sem conseguir esconder como para mim não “só” coisa nenhuma.
- O qual foi decidido em um momento estranho. Com uma pessoa com quem você não se dá. Rei continua sumida e não obtivemos qualquer pista.

  Mordi meu lábio inferior.

- Mas não há nada que eu possa fazer.
- Poderia não se envolver em situações tão arriscadas.
- Eu é que não entendo por que de repente você não confia no Darien. Eu sei que ele é uma ótima pessoa! – Afinal, ele era o Tuxedo Mask, mas disto Lua ainda não sabia. Darien não me pedira, mas preferi guardar segredo, já que eu esperaria o mesmo dele se eu me revelasse.
- E por que eu não posso ir?

  Sabia que, com toda desconfiança que Lua vinha nutrindo, dizer que foi o próprio Darien quem me pedira para não a levar conosco apenas ajudaria o caso dela. Assim, eu precisava inventar algo convincente:

- Já disse, não poderíamos ficar a sós contigo lá. – Então lembrei algo: - E nem pense em nos seguir. Se eu perceber que você está lá, nunca mais falo contigo!

  Lua me retornou um olhar preocupado, enquanto me observava sair. Não sem antes arrumar meu cabelo pela última vez em frente ao espelho.

  Era difícil acreditar que eu estava mesmo saindo para meu primeiro encontro! Mas, pensando bem, a posição de mais inacreditável estava sendo disputada pelo fato de a outra pessoa ser Darien Chiba, alguém a quem eu odiava até poucos dias antes e por ele também ser Tuxedo Mask, quem era para ser um sonho, algo inalcançável.

  Mas era isso mesmo. Por mais estranho que os fatos em torno fossem, o importante era que Serena Tsukino estava indo para um encontro!

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  O dia estava frio, mas bastante agradável. O sol batia em minha pele, aquecendo minhas bochechas geladas, enquanto meu cabelo aquecia meu pescoço. Apertei o passo para apressar meu último trecho até o encontro com Darien.

  E lá estava ele, com o mesmo sobretudo que começara isso. Peguei-me a imaginar como seria se ele não o tivesse usado naquela biblioteca. Eu nunca teria feito a conexão com Tuxedo Mask? Ao mesmo tempo, Rei não estaria desaparecida. Ainda assim, não conseguia odiar a silhueta de Darien com aquele sobretudo. Pelo contrário, sentia algo estranhamente reconfortante ao vê-lo acenar para mim no meio de tantos que aproveitavam o dia naquele parque.

- Desculpa pela demora, - disse minha frase habitual.
- Está tudo bem? – Darién me franzia a testa.
- Claro! Você sabe, não chego na hora nem se minha vida dependesse disso. – Gargalhei, ponto a palma da mão na minha nuca.
- Não, é só que você estava vindo com uma expressão estranha.
- Hm?

  Então, Darien sorriu para mim, balançando a mão:

- Que tal esquecermos isto?
- Como? – Ele havia desistido de sair comigo? Por quê? Olhei para minha roupa. Talvez eu estivesse enfeitada demais e ele se sentira andando com uma criança? Não era como se eu tivesse qualquer experiência para saber a roupa certa para um encontro...

  Darien, que permanecera sem me responder, baixou a cabeça e levou a mão até um bolso interno de seu casaco. O que surgiu dali foi meu cetro.

- Aqui está sua caneta.

  Como custei a pegá-la, ele puxou meu braço até que minha mão estivesse no cetro lunar. Então, puxou a outra e apertou ambas contra o objeto. As mãos dele estavam tão geladas que eu sentia através das minhas luvas...

- Acho que era isso. – Ele soltou bruscamente. – Espero não ter estragado seu domingo...

  Quando o vi dando-me as costas, recuperei-me do susto:

- E o encontro?

  Ele me olhou assustado:

- Não é mais necessário. Era essa a caneta, né? Foi errado da minha parte te forçar a vir. Eu devia ter cancelado antes, na verdade. Vim pensando sem parar desde aquele dia. Agora vá, aproveite o resto do dia como quiser.
- Eu... não entendo. O que te fez mudar de ideia? Aliás, isto não é justo. Você me prometeu explicar tudo durante o encontro, que aí teríamos assunto. – Para minha frustração, meus olhos começaram a lacrimejar. Lembrar ele de mais razões para cancelar tudo não estava em meus planos. Mas continuei: - Eu nunca vou saber agora?

  A expressão assustada de Darien mudou para uma de confusão:

- Meu plano... era que nos aproximássemos mais. Só isso.
- Não pode me explicar com mais calma? Eu... já sei! Diga o que em mim te fez desistir. Foi minha roupa? Posso ir correndo trocá-la. Ou foi meu cabelo?
- Sua roupa está bonita. O cabelo está bem diferente cabelo, todo solto. E até meio cacheado.
- Não, tem algo errado! Foi quando você me viu que decidiu cancelar tudo! Vamos, Darien, você não sempre foi sincero comigo?

  Após mias um momento de silêncio, Darien fez sinal que nos sentássemos em um banco próximo.

- Eu queria que me conhecesse, para que confiasse em mim, - disse, enquanto eu ainda tentava decidir qual seria a distância ideal para me sentar dele. Ele suspirou, sem tirar os olhos de mim: - Mas forçar alguém a vir a um encontro não foi a melhor tática. Fosse com qualquer outro, traria justamente o efeito oposto.
- Então, isto nunca foi um encontro, né? – perguntei olhando para frente, um casal passava ao longe, olhando uma barraca no parque que vendia bijuterias.
- Não é isso, Serena. É só que eu... não tenho o direito de te forçar a nada. Principalmente quando sabia que você não iria dizer não, já que sua... caneta estava em jogo. Eu agi como um verdadeiro idiota convencido, como você mesmo sempre me chamou. – Ele sorriu, passando a mão pelo cabelo. – Agora que está tudo em pratos limpos, espero algum dia te compensar por esta armação toda.

  Fiquei olhando para o cetro na minha mão. Foi quando o senti levantar-se. Pulei atrás dele:

- E que tal me recompensar com um encontro de verdade? – perguntei, puxando o sobretudo dele.
- E por que um encontro?
- Bem, eu já me arrumei pra sair, né? – respondi, sentindo as bochechas queimarem, por aqueles olhos estarem olhando tão diretamente para mim.

  E Darien sorriu, parecendo meio sem jeito:

- Bem, já que insiste... E eu terei, então, que levá-la a algum lugar a altura de compensar por isso tudo que você se arrumou, né?

  Agora minhas bochechas queimavam mesmo. Darien Chiba estava mesmo sorrindo para mim daquela forma? Era quase como se eu houvesse acabado de entrar em algum mangá e o fundo atrás dele se cobrisse de flores se desabrochando.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

-Darien-

  Eu a estava levando para um aquário, quando o trem em que estávamos freou bruscamente. Não era nenhum horário de grande movimento, então tivemos a sorte de estarmos todos sentados.

  Ainda assim, o corpo de Serena ia todo para a barra de ferro de seu lado oposto ao meu. Talvez, por eu ser Tuxedo Mask, consegui ser rápido o bastante para pôr a mão e envolvê-la, juntando seu corpo ao meu e usando meu braço de escudo contra a barra.

  Os passageiros, passado o susto, começaram a se olhar como se alguém ali pudesse saber qualquer informação. Nada. Olhei para o alto, aguardando algum anúncio do maquinista, mas havia apenas os sussurros dos que vieram acompanhados, cogitando que pudesse ser alguma tentativa de suicídio.

  Então, um toque soou da bolsa de Serena. Ela me lançou um olhar preocupado e pareceu silenciar o que fosse.

- O que terá havido...? – perguntou-me bem baixo. Ou estaria se perguntando?

  Também não era como se eu pudesse responder.

  Então, o trem sacudiu por um momento e as luzes se apagaram. Um homem de terno se levantou e tentou contato com o maquinista através do telefone de emergência.

- Ninguém responde, - explicou o homem, batendo forte o telefone contra o gancho.

  Começamos a ver pessoas se movendo em direção ao primeiro vagão. O homem de terno as seguiu.

- Tem algo errado... –peguei-me dizendo a Serena. Foi neste momento que percebi que eu ainda a abraçava com força. Soltei-a e meu rosto começara a queimar. Não fora um movimento muito recomendável para um primeiro encontro.
- Você vai fazer alguma coisa? – Sem parecer dar-se conta do que eu fizera, ela me olhava curiosa.

  Nesse momento, um estrondo veio do teto. Como se algo houvesse pulado ali. Algumas pessoas caíram em seus bancos.

- Hã – exclamei, sentindo minha boca secar.

  Como Tuxedo Mask, meu sensor de emergência parecia apenas disparar quando Sailor Moon se encontrasse em perigo, por isso, eu não podia contar com aquele superpoder para dizer com certeza que um inimigo atacava. Por outro lado, todos os meus instintos gritavam que aquele era o caso.

  Quando tirei meu olhar do teto, voltando-o a Serena, ela já não se encontrava ao meu lado. Encontrei-a em um canto, agachada e de cabeça baixa. Corri até ela:

- Você está bem?

  Olhei ao redor e agora a maioria dos passageiros ou estava inconsciente ou estava olhando o nada. No entanto, Serena parecia bem. Ao menos, seus olhos estavam abertos e focados. Seu rosto, por outro lado, estava pálido.

- Serena? – chamei-a, para ter certeza de sua consciência.
- Os monstros estão atacando! – ela choramingava, segurando forte sua bolsa. Não, ela estava com algum objeto cor de rosa nas mãos, apoiado em cima da bolsa.
- Acho que sim... – Mordi meu lábio inferior antes de dizer qualquer coisa mais.

  Aquele barulho no teto fora bem alto, e depois tudo ficara em silêncio. Algo estava acontecendo em algum vagão do trem.

  Abaixei-me do lado de Serena e segurei forte em seus ombros:

- Vou te ajudar a pular a janela.
- E as outras pessoas?
- Depois eu cuido disso.
- Sozinho!? – Sua voz aumentara consideravelmente de volume.

  Serena percebera sozinha que o ideal era não chamar atenção. Nós dois olhamos ao redor, sem nos mover. Quando voltei a ela, sua cabeça estava muito mais próxima de mim. Uma distância desconfortável, considerando que estávamos bem no meio de um encontro.

- Darien, não pode enfrentá-los sozinho! – brigou ela, tentando sussurrar.
- Não posso fugir e deixar estas pessoas sozinhas, Serena. E... – Olhei para o objeto em seu colo. – Tenho certeza de que as Sailors logo virão. Agora, fuja.
- Podemos esperá-las do lado de fora! Ou aqui mesmo, eles ainda não vieram.
- Estão sugando a energia das pessoas. Logo, estaremos tão indefesos quanto eles.

  A hesitação era transparente em seu rosto. Eu mesmo não conseguia compreender por que Serena simplesmente não me dava ouvidos. Ficar longe de mim e desse trem era o melhor para ela.

  Caminhei até uma das saídas de emergência e forcei que se abrisse. Em seguida, voltei ao mesmo lugar, puxando os braços de Serena. Sua bolsa caiu no chão quando, enfim, conseguira que se levantasse. A tal caneta, uma carteira, alguns papéis, outra caneta – esta em tamanho mais normal, mas não menos enfeitada que a primeira – e o aparelho que ela vinha segurando se espalharam sobre o piso do trem.

- Eu não vou! – gritou, ajoelhando-se para recolher suas coisas.
- Por que está sendo tão teimosa?
- Prometo que só ficarei até as Sailors aparecerem. Então... Por favor, não me mande embora.

  Suspirei. Olhando ao redor, peguei a rosa que permitia que eu me transformasse em Tuxedo Mask.

- Está vendo aquela câmera? – Apontei e esperei que me confirmasse. – Poderia cobri-la, por favor?

  Não que eles tivessem uma boa visão de quem eu fosse e, se realmente se empenhassem, bastava calcularem quem é a pessoa que sumiu para que o herói aparecesse. Porém, aquela informação poderia vir a ter serventia para Serena. Adicionalmente, sua expressão clareou um pouco ao se ver com alguma utilidade.

  Olhei para meu corpo, conferindo que meu sobretudo fora mudado para um smoking, enquanto no meu rosto agora estava minha máscara branca. Finalmente vestido, restava-me decidir o que fazer com aquela menina teimosa que me preocupava mais que os passageiros inconscientes. Agora, mesmo os que, havia pouco, se encontravam de olhos fechados pareciam dormir profundamente.

  Então, ouvimos novo estrondo. E ele continuava. Vinha em nossa direção!

- Serena! – Corri de forma a cercá-la entre os bancos com passageiros e minhas costas.

  O teto se levantou como se aberto por um abridor de latas e um monstro enorme pulou para dentro do vagão, bem à nossa frente. Joguei minhas rosas nele, tentando pular em sua cabeça após a distração, mas seus reflexos eram muito melhores que eu esperava.

- Droga, onde elas estão!? – Percebi que Serena tinha novamente o aparelho rosa de antes em mãos enquanto reclamava.

  Joguei novamente meu golpe no monstro, mas não pareceu nem arranhá-lo. Foi quando percebi: não era porque eu não havia desmaiado também que eu estaria imune à operação do Negaversus. Minha energia havia sido bastante sugada e, no momento, talvez eu tivesse até menos força que se fosse um humano normal.

  De qualquer forma, não podia perder. Não quando eu tinha um vagão inteiro para proteger.

- Tuxedo Mask... – ouvi Serena dizer de um dos cantos da porta do trem, onde ela tentava se proteger, - Por que não as esperamos lá fora?

  Ela definitivamente havia percebido que eu não estava em minha melhor forma. Talvez, estivesse concluindo ao perceber que ela mesma havia perdido suas forças. Isso era ruim...

  Olhei para a porta de emergência que abrira antes. Isso!

  Saí correndo para o lado de fora, enquanto acertava o monstro com minhas rosas. Isso o atrairia para bem longe de todos. Estávamos em uma parte de campos entre uma região e outra, não havia perigo de eu apenas está-lo levando a alguma nova vítima.

- Tuxedo Mask! – gritou Serena da porta de emergência.

  Parei de correr, fazendo sinal que ela não saísse de lá. Mas foi tarde demais, o monstro havia relembrado seu antigo alvo, ou percebido que havia mais alguém consciente. Sua antena, antes mesmo de seu rosto voltou-se para Serena e agora ele andava rápido até ela.

  Serena, percebendo o que fizera, pulou para fora do trem e começou a correr em alguma direção aleatória. Todas, menos a minha, concluí. Joguei minhas rosas em suas costas. Aparentemente, aquela antena bem em sua testa sugava constantemente a energia dos arredores. Sem ela apontada para mim, meus movimentos melhoravam, apesar de não serem os ideais. Concentrei todas as minhas forças no chute.

  Um barulho de galho quebrando e eu bati de costas no metal do trem, sem forças para me parar.

  Perto de mim, a antena que eu quebrara parecia ter convulsões até ficar inerte.

  O monstro virou-se para mim. Como imaginava, sua antena não era tudo. Mesmo sem ela, podia continuar a nos atacar. Bem, contato que fosse apenas a mim. Contanto que eu houvesse comprado um bom tempo para as Sailors aparecerem...

  Sem poder sugar energia, os movimentos da criatura estavam mais vagarosos. Ou era eu que via tudo em câmera lenta? Tentei jogar mais rosas, comprar mais alguns momentos. Quanto mais o mantivesse em cima de mim, melhor para todos.

- Pode parar!

  O monstro voltou-se para a pessoa lhe gritando do teto do trem. Algo dourado lhe havia atingido a cabeça e ele grunhiu.

- Não posso permitir que estrague os programas por que todos esperamos por tantos dias! Como ousa atrapalhar um encontro em pleno domingo? Vou punir você em nome da Lua! – Sailor Moon pulou em sua cabeça com um chute tão forte que o corpo da criatura saiu rolando pelo campo onde antes eu lutava com ele.

  Estava frio. Agora que a adrenalina em meu corpo diminuía, eu me sentia fraco e dolorido. Não consegui acompanhar o resto da luta, apenas ouvia os gritos da Sailor. Ao mesmo tempo, havia momentos em que eu talvez houvesse perdido a consciência até o próximo grito me acordar.

  Mais vozes. Começaram a me sacudir.

- É melhor vermos o resto do trem, - disse uma menina. Sailor... Eu não sabia dizer qual.

  Um silêncio.

  E alguém respirando pesado em meu ouvido pareceu me segurar nos braços.

- Tuxedo Mask? – Era ela, Sailor Moon. – Que bom que conseguimos chegar a tempo.
- Ele não te sugou a energia, né? – perguntei, não querendo sair da posição em que ela me pusera.
- Como?
- Suas amigas chegaram também, fico feliz...
- Ah, sim. Demoramos, mas aqui estamos! – respondeu ela, sorrindo.
- Você não devia ter gritado. Eu achei que ele ia te matar naquela hora. Serena, sua boba.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

- Serena -

  Senti minha respiração parar ao ouvi-lo me chamar pelo nome.

- A-acho que está bastante fraco. – Não consegui prender meu riso nervoso. – Será melhor ir a um hospital?

  Passei a mão por sua cabeça, ela sangrava de algum ponto que eu não conseguia identificar. Okay, ele só não estava muito consciente. Num momento ele estava com Serena e no outro com Sailor Moon, era natural achar que eram a mesma pessoa. Bem, éramos, né?

  Comecei a ajeitá-lo da melhor forma para que se levantasse. O ideal era ele cancelar sua transformação para ser encaminhado a um hospital, ou se esconder onde pudesse descansar e ir para casa em seguida. De toda forma, eu pretendia ficar por perto, ainda que o observando sem que ele soubesse.

  Tuxedo Mask levantou a mão, pedindo que eu parasse.

- Deixa eu ficar assim por mais um pouco e eu irei para casa. – Então a levou ao meu rosto. – Ele não te machucou, né?
- Não, você já tinha feito um belo estrago nele quando cheguei! – Bem, era a verdade, tirando que estivera ali o tempo todo.

  Ele fechou os olhos. E eu não conseguia parar de olhar para seus longos cílios. Então, percebi como o peso de seu corpo era estranho ao meu colo e, ao mesmo tempo, um pouco nostálgico. No próximo instante, algo se mexeu dentro de mim, como se eu fosse vomitar. O que pulou de minha boca foi um grito de desespero.

  Mesmo tendo coberto meus lábios logo em seguida, aquilo fora o bastante para acordar Tuxedo Mask.

- Está tudo bem? – Ele se levantou e olhava para mim com a feição pálida, os olhos quase pulando para fora.
- Eu só... Não sei o que houve, sinto muito! – Juntei minhas mãos para reforçar o pedido.

  No mesmo instante, pareceu que ele desmontou tão rápido conseguira se sentar. Desta vez, sua cabeça veio com toda força em direção ao meu ombro.  Segurei-o no meio do caminho, e ele pareceu recuperar a consciência.

- Você não parece nada bem... – disse a ele, sem conseguir conter o sorriso causado pela cena.
- Eu estou... Feliz que você esteja bem, - respondeu-me com a voz bem baixa.
- É melhor eu te levar para casa. Vamos levantar bem devagarzinho...

  Avisei às minhas amigas que eu levaria Tuxedo Mask antes que o socorro chegasse e nos falaríamos mais tarde. Que elas levassem minha bolsa para mim.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  No meio do caminho, Darien decidira cancelar a transformação. Eu continuei a segurá-lo, correndo com todas as minhas forças até a cidade. Então, segui suas instruções até seu apartamento sem comentar sobre sua identidade. Quem sabe ele nem se lembrasse de que saímos em um encontro quando acordasse mais tarde?

  Pensar assim aumentou minha raiva daquele monstro. Não podia acreditar que meu primeiro encontro em quatorze anos fora interrompido daquela forma. Pior: que ele quase matara meu par! Não podia perdoá-lo, mesmo após tê-lo feito virar pó com minhas próprias mãos. Digo, com meu cetro lunar.

  Entramos no apartamento e Darien estendeu a mão para acender as luzes.

- Obrigado por me trazer. Deveria ter sido o oposto, né? – E cambaleou até se sentar no sofá da sala.
- Eu vou pegar algo pra você beber...

  Fui até a cozinha, procurando copo e abrindo a geladeira. Chá gelado, aquilo devia servir. Retornei com o copo e lhe entreguei:

- Acho que é isso, né? Você deve dormir agora, vai te fazer bem. Foi um longo caminho até aqui! – Aproximei-me oferecendo o braço. – É melhor te deixar já no quarto, né?

  Darien, que já havia esvaziado o copo, aceitou o apoio e lentamente me mostrou o caminho até a porta do quarto. Lá, ele se deitou na cama, fazendo uma expressão dolorida.

- Vou ligar o aquecedor e fechar a janela, - disse já procedendo assim.

  Deixei o controle do aparelho em cima da cama e olhei-o pela última vez. Estava meio encolhido na cama, tirando o sobretudo e o dobrando para deixá-lo do outro lado da cama de casal.

- Acho que é isso, né? Quer ligar para algum amigo? – perguntei, percebendo que não havia mais o que fazer ali, mas não sabendo se queria deixá-lo assim.
- Eu sinto muito por não compensá-la.
- Do que está falando, Tuxedo Mask? Você já nos salvou tantas vezes!
- Eu quis dizer por hoje, - interrompeu ele. – Íamos a um encontro e agora é você quem me leva para casa. É até patético.

  Senti minhas bochechas queimarem. Então, sacudi a cabeça:

- Não sei do que está falando, mesmo. – Até quando ele confundiria Serena e Sailor Moon? Até eu dar algum deslize e confirmar?

  Darien sorriu. Foi bem lento, como se acontecesse quadro a quadro. Fiquei ainda mais ruborizada pensando que talvez ele estivesse era doente de querer e aceitar ir num encontro comigo.

- Seu cetro lunar te entregou, Serena...

  Senti meus olhos pularem. E o pior, ele apagou logo depois de me dizer aquilo.

  Espera aí! Darien, acorda! Quase o sacudi, quando percebi que a expressão em seu rosto era não de um sono pacífico, mas de dor.

  Desfazendo a transformação, caminhei para fora do quarto. Do apartamento. Do prédio. E bati a mão na primeira parede, sem conseguir afastar a expressão de sofrimento que acabara de presenciar. Estava gravada na minha visão.

  Eu sequer me lembrava da razão, então por que não me transformara desde o início, quando notara que o Negaversus havia ocupado o trem? Eu fora uma idiota, ainda no ritmo de encontro, achando que as meninas chegariam rápido e que logo o trem voltaria a seguir o percurso.

  Droga! Agora nem a desculpa de proteger minha identidade eu podia me dar. A revelação de Darien apenas me fizera perceber como fora inútil nas últimas lutas. Eles haviam me levado a Rei e quase levaram meu Tuxedo Mask porque eu demorara a me dar conta do perigo.

  Quantas pessoas mais ainda se machucariam por minha falta de ação no momento certo? Parecia que ultimamente tudo o que eu fazia era pôr pessoas queridas em situações de risco, como naquele dia. Como com a Rei.

  Droga...

Continuará...

Anita, 29/12/2011

Notas da Autora:

Pobre Serena, parece que esse vai entrar para a lista de piores encontros da vida dela, né? E as coisas andam saltitando com Rei sumida e pessoas se ferindo... Mas no próximo capítulo, a Rei voltará se alguém aqui é fã da mulher. Como eu, rs. Não consigo escrever muitas histórias em que ela não tenha destaque, por isso não teve como ela ficar fora por muito tempo, sem ela as histórias perdem o brilho. :(

Aliás, e vocês? Também acham que a história morreu depois que a Rei sumiu? Deixem sua opinião!!!

Numa nota em separado, para este capítulo, com o encontro e tudo, foi difícil encontrar -a- música para colocar, mas decidi por truth, cantada pelo Arashi. É meio difícil traduzi-la direito, mas é uma música que dá o ritmo que eu quero para este capítulo!

Agradecimentos a Timbi, Kurai Kiryu, Felipe e Miaka_ELA por comentarem a fic, espero que continuem gostando!! E um obrigada especial a todos os leitores que já chegaram até aqui, significa muito para mim que estejam lendo!

Comentários, sugestões e críticas são bem-vindos, mandem um e-mail para Anita_fiction@yahoo.com e para mais histórias minhas visitem o Olho Azul, HTTP://olhoazul.50webs.com, se essa url também der problema, tentem HTTP://olhoazulfics.blogspot.com, que ao menos as fics vocês poderão ler.

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