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[Rurouni Kenshin] As Saídas Misteriosas de Kaoru - Capítulo 1, escrita por Madam Spooky

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Fandom: Rurouni Kenshin
Autora: Madam Spooky
Gênero: Humor/Mistério
Classificação: Livre
Resumo: Kenshin Himura, Kaoru Kamiya, Sanosuke Sagara e Hajime Saitou. Um mal entendido leva Kenshin, Sano e Kaoru a terem que dar explicações a Saitou. Qual deles dirá a verdade?

Publicada originalmente entre 17 de dezembro de 2002 e 04 de fevereiro de 2003.

Para Leny Saito

Parte 1 - No Ponto de Vista do Galo



Quando Kenshin entrou na sala da delegacia acompanhado por Saitou, dois pares de olhos se viraram imediatamente em sua direção. Kaoru e Sano ocupavam duas das três cadeiras dispostas na frente de uma mesa de trabalho de tamanho um tanto exagerado, repleta de papéis simetricamente ordenados sobre ela.

Kenshin ocupou a terceira cadeira de cabeça baixa e em silêncio. Não queria olhar para a expressão divertida de Saitou e não tinha coragem de encarar Kaoru. Aquela situação era culpa dele e de mais ninguém. Bom, talvez devesse culpar Sano também, afinal, se não fossem pelos conselhos do amigo nada daquilo teria acontecido.

- Muito bem... – começou Saitou e parecia estar fazendo um esforço enorme para não rir – os três podem começar explicando o que estavam fazendo naquela casa de má fama.

Kenshin olhou para o lado de relance. O rosto de Kaoru estava escarlate e ela parecia querer afundar-se no chão. Do outro lado, Sano olhava para cima sem muito interesse. Não parecia sequer estar ouvindo as palavras de Saitou. Engano.

- Nenhum de vocês vai dizer nada?

- A culpa foi do Kenshin – disse Sano de repente.

Kenshin piscou duas vezes como se procurasse assimilar o que estava ouvindo, depois explodiu.

- Minha culpa? MINHA CULPA? – ele parecia realmente irritado, seus olhos adquiriram uma cor estranha, diferente do âmbar de Battousai, no entanto em nada lembrando o violeta do Rurouni. Não podia acreditar que estivera as últimas horas se culpando por toda aquela confusão e Sano não sentia nem uma ponta de remorso – Para início de conversa, eu nunca teria desconfiado da senhorita Kaoru se VOCÊ não tivesse me dito que ela estava tendo um caso.

- Quem, eu? – Sano colocou a mão sobre o peito e franziu a testa como se estivesse bastante ofendido – Quem foi que chegou na minha casa parecendo um fantasma de tão branco e choramingando que a Kaoru estava mentindo?

Com esse comentário Kaoru levantou a cabeça e olhou para Kenshin interrogativamente. Ele, no entanto, estava zangado demais para prestar atenção. Continuou encarando Sano.

- Eu não estava choramingando! Você e seus conselhos brilhantes...

- Saiba que gente mais importante se mataria por um conselho meu!

Saitou riu dessa última observação, mas continuou a observar a discussão sem interferir.

- Só se for POR CAUSA de um conselho seu!

Sano estava ficando vermelho. Se Kaoru não estivesse sentada entre ele e Kenshin, provavelmente já teria partido para a violência.

- Que eu saiba, VOCÊ acreditou naquela velha bisbilhoteira!

- Este servo devia ter ouvido o que ela disse e falado com a senhorita Kaoru! Com um talento como o seu para resolver questões amorosas não é por acaso que nunca conseguiu nada com a Rapo... a senhorita Megumi!

Agora ele tinha tocado em um ponto delicado e isso Sano não deixaria sem revidar.

- Pelo menos a Raposa tem a disposição um homem de verdade. Não é como um certo ruivo raquítico vestido de rosa que não consegue satisfazer uma mulher porque tem uns duzentos homens correndo atrás dele e que podem não gostar de vê-lo com uma!

- ORO?

Kaoru cobriu a boca com as mãos e lançou para Saitou um olhar suplicante. Alguém tinha que parar aquela discussão.

- Chega! – gritou o ex-lobo de mibu antes que Kenshin ficasse realmente zangado ou que Sanosuke decidisse resolver a questão com os punhos. – Eu os trouxe aqui para ouvir uma explicação, não para ver os dois discutindo sobre a imbecilidade de Sagara e os modos delicados de Himura...

- ORO?

- Tanu... Kamiya-san... Pode nos explicar o que foi que aconteceu?

- Bem, eu... sou a menos indicada para isso... não fui eu quem começou toda essa confusão... – Kaoru mudou de repente de uma expressão tímida para uma bastante irritada. – Mas o que eu sei é que estava cuidando da minha própria vida quando o baka do Sano resolveu se meter onde não era chamado me seguindo. Ele sequer tomou cuidado para não ser descoberto, simplesmente estava lá, bisbilhotando descaradamente os meus passos...

Sano cruzou os braços e se encolheu na cadeira enquanto Kenshin abriu um sorriso triunfante.

- Mas não foi só isso... – continuou Kaoru – Se o Kenshin não tivesse ouvido as idiotices do Sano...

- Isso mesmo e... JO-CHAN!

Saitou suspirou pacientemente.

- Muito bem, quem vai começar a explicar?

- Eu! – gritou Sano antes que Kenshin pudesse fazê-lo e começou a narrar sua versão da história.
* * *


Eu acordei cedo aquela manhã. Não tenho esse costume, nem preciso, uma vez que não trabalho há algum tempo. Não que eu não queira trabalhar, o problema é que ninguém reconhece as minhas habilidades e eu não tenho que aceitar qualquer trabalho que me apareça se não corresponde aquilo que eu sei que mereço. Mas isso não vem ao caso. Eu acordei cedo por causa de umas batidas na porta de casa. Naquela hora pensei que era algum dos meus amigos do círculo de jogo... de leitura, mas na verdade era o idiota do Kenshin. Estava branco como cera...
* * *


- Espera aí! – interrompeu Kenshin – Como assim cedo? Este servo bateu na sua porta as dez da manhã.

- Eu tinha ido dormir as nove! – respondeu Sano irritado.

Kenshin cruzou os braços e ficou quieto.
* * *


Ele estava parecendo um fantasma. Juro que pensei que alguma coisa muito grave tivesse acontecido. O idiota passou direto para minha sala antes mesmo que eu o convidasse a entrar. Eu nunca tinha visto Kenshin Himura tão transtornado. Naquele momento eu só tinha uma idéia do que poderia ter acontecido.

- ONDE VOCÊ ESTAVA COM A CABEÇA, KENSHIN?

Eu dei um soco nele antes que pudesse dizer qualquer coisa. Estava irritado. Ninguém podia me culpar por pensar mal, o que mais poderia alterar tanto o idiota do Kenshin?

- VOCÊ DORMIU COM A JO-CHAN E AGORA ESTÁ SE SENTINDO CULPADO! COMO PÔDE TER FEITO UMA COISA DESSAS?
* * *

- SANOSUKE! – Kaoru deu um salto – Como... Como você pôde pensar uma coisa dessas?

Saitou sorriu.

- Algo assim só podia vir da cabeça oca do Crista de Galo...

- Isso mesmo! – gritou Kenshin.

Saitou continuou:

- Onde já se viu pensar que alguma mulher em seu juízo perfeito dormiria com Himura sem a desgraça de ser sua esposa?

- ORO?

Sano esmurrou a mesa violentamente.

- Vocês vão ficar me interrompendo?

Saitou deixa escapar um longo suspiro.

- Prossiga...
* * *


Quando Kenshin se recuperou, explicou o que realmente tinha acontecido. Parece que ele estava estendendo roupa no jardim quando apareceu a vizinha, uma bruxa velha e feia que vive metendo o nariz onde não é chamada. Lembro que outro dia ela implicou porque eu acompanhava Megumi até em casa à noite, como se eu fosse alguma espécie de pervertido. Deu vontade de gritar que andava com o Kenshin, mas não era igual a ele, embora ela certamente não se importasse...
* * *


- ORO?
* * *


Parece que a velha tinha dito ao Kenshin que a Kaoru estava pulando a cerca ou algo assim e ele ficou desesperado. Veio direto à minha casa, claro. Posso ser mais jovem que Kenshin, mas tenho dez vezes mais experiência que ele. O caso foi que o Kenshin acreditou mesmo na velha e não tinha coragem de falar com a Jo-chan. Ele queria saber o que eu achava que ele devia fazer e eu falei o óbvio:

- A siga da próxima vez que ela sair de casa e quando a vir se encontrando com o tal sujeito, quebre a cara dele por se meter com a sua mulher.
* * *


- SANOSUKE! QUE HIST"RIA É ESSA? COMO VOCÊ PÔDE ACONSELHAR KENSHIN A FAZER UMA COISA DESSAS?

Kenshin sorriu. Enfim Kaoru tinha percebido que Sano era o idiota naquela história toda e não ele.

- E KENSHIN! COMO VOCÊ PÔDE TER SIDO IDIOTA A PONTO DE CONCORDAR?

- ORO? Mas senhorita Kaoru...

Saitou balançou a cabeça impacientemente.

- Deixem o Crista de Galo continuar!
* * *


Kenshin ficou confuso no início, mas decidiu acatar o meu brilhante conselho. Ele voltou para casa naquela manhã e eu segui com as minhas atividades diárias. Só à noite voltamos a nos ver.

Eu cheguei ao dojo, coincidentemente, por volta da hora do jantar. Yahiko estava sentado no alpendre com cara de poucos amigos.

- E aí, Yahiko? Como vai a vida? – eu perguntai me sentando ao lado dele.

Ele soltou um longo suspiro e disse irritado:

- O Kenshin ainda não terminou de fazer o jantar. Ele está há um tempão gritando na frente do quarto da feia.

Eu franzi a testa lembrando do que acontecera mais cedo. Não era possível que Kenshin tivesse ignorado minha magnífica sugestão e perguntado diretamente a Jo-chan o que estava acontecendo.

O procurei pelo dojo até encontra-lo exatamente onde Yahiko tinha indicado. Na porta do quarto de Jo-chan.

- Kaoru, abra a porta, por favor! Se há alguma coisa te preocupando você tem que me contar! Eu estou me sentindo culpado... Kaoru, por favor...

Me aproximei dele e interferi naquela cena patética educadamente.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO, SEU BAKA!

- Oro?

Kenshin deu um salto.

- O que está acontecendo aqui?

Então ele me explicou tudo. Parece que Jo-chan tinha chegado bem tarde em casa. Ele não a tinha seguido. Ela sequer perguntara pelo jantar, tinha passado direto para o quarto onde se trancou e começou a chorar. Kenshin pensou que ela tivesse descoberto a nossa conversa e por isso estava lá, na porta do quarto dela, sofrendo como um condenado.
* * *


- Ah, Kenshin... – disse Kaoru com um sorriso terno – Você estava mesmo sofrendo por minha causa?

Kenshin devolveu o sorriso e os dois ficaram fitando um ao outro em silêncio.

Saitou fez uma carranca.

- Sagara, é melhor continuar antes que eu comece a passar mal...
* * *


Eu balancei a cabeça nervosamente. Como o Kenshin podia ser tão idiota? Jo-chan não tinha como ter nos descoberto. Só havia uma explicação para ela estar sofrendo tanto.

- O cara com quem ela estava se encontrando deu o fora nela!

- ORO?

Kenshin fez uma cara que parecia que eu tinha dito que o mundo ia acabar. Eu esperei os olhos dele ficarem amarelos e que ele pegasse a sakabatou e saísse como louco atrás do tal cara para mata-lo, mas, ao invés disso, ele fez algo que eu nunca esperaria. Ele disse:

- Kaoru dono merece ser feliz. Se a felicidade dela está com esse desconhecido, vou encontra-lo e trazê-lo de volta para ela.

Ele saiu me deixando ali parado, perplexo demais para responder.

A próxima vez que o vi foi na noite do dia seguinte. Eu estava em uma reunião de negócios com uns amigos em um bar no subúrbio quando Kenshin entrou. Ele passou direto para uma mesa onde dois homens conversavam. Segurou um deles pela roupa e começou a espanca-lo. Em seguida apareceu Jo-chan um tanto quanto descomposta gritando para que o Kenshin parasse. Quando ele se acalmou, e a essa altura já tinha deixado o sujeito inconsciente, Kaoru o arrastou para fora. Depois disso não nos encontramos mais. Não até agora...
* * *


- Ham... – Saitou lançou a Kaoru um olhar desconfiado – O que quis dizer com "descomposta"?

Kaoru ruborizou-se furiosamente enquanto os olhos de Kenshin mudaram para o âmbar de Battousai. Sano, no entanto, não se importou.

- Ela tinha as roupas rasgadas e o cabelo desordenado...

- SANO!

Kaoru gritou.

Saitou olhou de Kenshin para Kaoru.

- Vocês dois confirmam essa versão, apesar de todos os furos? – perguntou.

- NÃO! – responderam os dois em coro.

- Não foi assim que aconteceu! – disse Kenshin.

- Vejo que Battousai tem uma versão diferente dos fatos. – disse Saitou. – Mal posso esperar para ouvir.

Kenshin respirou fundo e começou a falar.


CONTINUA

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