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[Phoenix Wright] King of Prosecutors, escrita por Anita

Capítulos: único
Autora: Anita
Fandom: Phoenix Wright
Classificação: livre
Personagens:
Gêneros: gen, comédia.
Resumo: Miles Edgeworth, Phoenix Wright, Franziska Von Karma. Miles descobre que uma imagem perfeita de seu herói corre perigo de aniquilação pelo chicote de Franziska. Até que ponto ele irá para salvá-la?


Notas Iniciais:
Phoenix Wright não pertence a mim e não lucro nada com isto. História escrita para o Coculto, um amigo oculto de fanfics promovido pela comunidade Saint Seiya Super Fics Journal. Pode ser lida por quem não conhece a série. :) Também fiz uso livre de conceitos de Direito. Considerem que as definições aqui presentes se aplicam somente ao universo de Phoenix Wright e não à vida real!


Olho Azul Apresenta:

King of Prosecutors



  A porta se abriu com um barulho irritante para quem estava em silêncio havia tanto tempo e deixou entrar a claridade vinda do lado de fora daquele escritório, incomodando duplamente. Distraído, o advogado que acabara de chegar acendeu a luz e deu um grito ao me ver bem ali de pé, abraçando a mim mesmo para conter meus calafrios pelo que havia acabado de fazer.

- Edgeworth! Como entrou aqui? – perguntou-me Phoenix Wright. Sua mão voltou à maçaneta da porta como que para garantir que ele poderia escapar a qualquer momento se fosse necessário. Atrás dele, encontrava-se sua assistente, Maya Fey, quem me fitava com visível curiosidade.

  Após ajeitar o smoking que usara por toda a noite, andei até a porta e a fechei rapidamente.

- Não fale tão alto ou poderão me encontrar.
- Te encontrar? Alguém está te perseguindo? Então, é pro Detetive Gumshoe que você deveria ter ligado! – Seus olhos me demonstravam sua vontade de sair daquela situação o quanto antes.

  De fato, já eram quase dez da noite de um dia de semana. Não se podia esperar muito mais além do fato de Wright já ter vindo me encontrar em seu escritório. Tentei assentir-lhe para confirmar minha satisfação por seu gesto, mas estava exausto demais para oferecer maiores demonstrações de cordialidade.

- Gumshoe, por mais incompetente que seja, está fora da minha lista de contatos no momento. Eu... sou um criminoso, Wright. Fiz algo terrível. Imperdoável.

  Apenas um advogado experiente conseguiria manter-se inabalável diante de tal revelação. Mas até Wright deu um passo para trás ao me ouvir confessar aquilo. Ele pareceu refletir por alguns momentos antes de me fazer contar toda a história.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

- Senhor Edgeworth! – Um homem me acenou efusivamente, enquanto vinha em minha direção com seu casaco remendado e correndo como um cachorrinho.
- Esta é uma reunião para promotores, detetive Gumshoe - disse eu, entregando meu casaco na entrada no salão.
- Eu sei e a comida está ótima! Depois de uma semana comendo pote de macarrão instantâneo, até fico pensando se não vou passar mal com tantos nutrientes. – E levou a mão à cabeça enquanto gargalhava.
- Hm. Embora você não tenha respondido minha pergunta pouco implícita, devo imaginar que esteja aqui para ajudar na segurança do evento.
- Pois é! É um trampo que veio a calhar, enquanto o bônus do final do ano não chega. Aliás, já estamos no início do ano, senhor Edgeworth.
- Creio já haver lhe dado meus votos de feliz ano novo, detetive. Agora, volte ao serviço antes que esse bônus se torne tudo o que você receberá do governo.

  Encerrando o assunto desta maneira, tentei caminhar para o interior do salão, onde ocorria um coquetel. Era uma reunião anual organizada como incentivo aos promotores mais jovens, como eu. Em seu clímax, seria oferecido um prêmio tido como muito cobiçado e de nome pouco atraente: “king of prosecutors”.

  Desde minha nomeação como promotor, eu sempre fora o contemplado. Por esse motivo, eu deveria comparecer ano após ano até não ser mais elegível ao prêmio mesmo que preferisse evitar mais uma reunião chata, repleta de cochichos e dedos pouco disfarçadamente apontados para mim. Ao menos, teria que esperar apenas uma hora para que o anúncio fosse feito e eu pudesse ir embora. Esta noite exibiriam um especial com cenas inéditas da filmagem da primeira série do Steel Samurai e, mesmo havendo deixado programado para gravar, era indescritível a emoção de assistir em tempo real. Ademais, tratava-se do herói de Neo Olde Tokyo em uma apresentação nunca antes vista!

- Senhor Edgeworth?

  Percebi que o detetive havia me seguido até o outro canto do salão e agora me entregava um pacote embrulhado em um pano bordado.

- O que é isto, detetive?
- É que ouvi falar sobre a premiação de hoje, aí decidi te entregar este prêmio para o senhor se lembrar dos bons anos e não ficar triste!

  Quando abri o pano, deparei-me com o segundo ou o terceiro king of prosecutors que eu havia recebido e repassado imediatamente para a primeira pessoa que vira ao descer do palco. Tratava-se de um pedaço de pedra maciça. Eu já não lembrava mais qual. De fato, eu ficara muito ansioso na primeira vez que ouvira falar sobre aquela premiação e mal podia esperar para receber o tal king of prosecutors. Apenas não fazia ideia do peso literal daquele objeto. A partir da segunda vez, adquiri o hábito de simplesmente repassá-lo a quem pudesse fazer melhor uso dele – talvez vendendo para alguma fábrica ou um escultor? – já que minhas sugestões anônimas de mudança no design nunca foram ouvidas.

  Seria muito mais barato confeccionar uma imagem simbólica da eterna busca pela verdade e pela justiça que deve ser o trabalho de um promotor. Alguém como o Steel Samurai, quem era um defensor de grandes ideais e de dedicação exemplar. Ou seja, de significado muito maior que o daquela pedra pesada que me foi devolvida.

- Detetive – eu disse, ainda olhando incrédulo para o que me havia sido entregue. – Você espera que eu use este peso quando achatar mais seu salário no fim do mês?

  Só então percebi que Gumshoe havia sumido antes ouvir minha ameaça. Pior, deixara aquela coisa para trás. Guardei a pedra no bolso interno de meu smoking, tentando ignorar seu peso que quase empurrava o traje para o chão, e segui adiante para cumprimentar os veteranos por trás da organização do evento.

  Eu não fazia ideia de que, com aquele gesto, as linhas do destino haviam começado a se desenrolar e a me impelir para o véu sombrio da ilegalidade. O objeto do crime cometido justo por aquele que deveria puni-lo seria, ainda mais ironicamente, um prêmio por minha inexorável atuação, o king of prosecutors.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Apesar de haver ignorado suas palavras na ocasião, não demorei a entender o que o detetive Gumshoe quisera dizer ao me consolar naquela hora. Durante o discurso de abertura do evento, um dos promotores mais velhos me chamou em particular para explicar que eu nem sequer concorrera ao prêmio – algo como meus triunfos consecutivos estarem desestimulando os demais jovens a tentarem ganhar. Não obstante não coadunar com aquela lógica, senti um misto de alívio e irritação – esta porque não fazia mais nenhum sentido a minha presença em algo tão tedioso. Claro que isto não durou muito e tudo virou um grande aborrecimento quando fui convidado a fazer a entrega do novo prêmio, para ser uma fonte inspiração para os demais.

  De fato, eles haviam feito bastantes mudanças naquele ano, pois nunca ninguém precisara me inspirar a cumprir o trabalho para o qual eu já era remunerado. Também me foram reveladas outras modificações que eu, sinceramente, não tive a paciência de ouvir. E o promotor terminou com uma frase resignada que eu nunca compreendera por que deveria ser um alento, já que raramente acompanhava algum acontecimento positivo: “são os novos tempos”.

  Chegada a hora, subi no pequeno tablado usado como palco e me posicionei ao lado do apresentador contratado, que vinha contando histórias das quais apenas ríamos por falta do que fazer. Então, ele chamou meu nome e me entregou um envelope para que eu anunciasse o vencedor do que chamavam de prêmio cobiçado.

  Ninguém havia me dito antes qual nome estava naquele papel lacrado; todavia, não era preciso um grande esforço mental para descobri-lo. Melhor dizendo, descobri-la. Eu ainda não havia mencionado isso, porém estava presente entre os vários promotores jovens ali a minha irmã de criação, Franziska Von Karma. Realmente, eu já havia pensado em suas chances de ganhar o prêmio e apenas as descartara devido à sua atuação principalmente fora do país, pois ela vinha cooperando com a Interpol nos últimos tempos. Entretanto, considerando-se que eu não havia concorrido, não poderia haver melhor vencedor que ela própria.

  Vale mencionar que Franziska sempre se interessara em me superar, havendo participado das competições mais tolas. Este prêmio, por outro lado, não parecia valer nem para isso em sua opinião. Ela me havia dito, quando recebemos nossos convites – ou melhor, intimações - que pretendia destruir o prêmio enquanto treinava a mira de seu chicote. Não que precisasse melhorá-la, o que demonstrava, novamente, a inutilidade daquele bloco de pedra. Só de pensar assim, senti o meu pesar mais ainda dentro de meu paletó e amaldiçoei o detetive por me trazer aquela inutilidade.

  Para não esticar mais ainda minha noite, abri o envelope rapidamente e anunciei o nome para o público. Franziska caminhou calmamente até o tablado, enquanto o apresentador me chamava para pegar em uma pequena mesinha ao fundo o troféu, coberto por um pano branco de forma a aumentar o suspense – ou não espantar algum raro promotor ainda interessado por ele.

  Os momentos seguintes não ficaram muito fixos em minha mente.

  Eu via o Steel Samurai sobre a mesa debaixo daquele pano e, logo depois, eu entregava a pedra pesada – meu prêmio de algum ano anterior – a Franziska. Não, estou certo de que ela o puxava de minhas mãos.

  O que presumo haver acontecido foi: ao notar que minha sugestão havia enfim sido acatada e que, dentre as mudanças dos “novos tempos”, estava a alteração do formato do troféu para uma imagem do Steel Samurai, eu hesitei em entregá-lo para sua perdição certa. Aquela mulher não se limitava a fazer ameaças; ela iria destruí-lo assim que saísse daquele prédio, enquanto reclamasse sobre prêmios tolos, tolamente feitos com tolices para fazer de todos uns tolos. Talvez, enquanto eu o fazia, tivesse exposto a pedra em meu paletó, e Franziska tivesse querido acabar logo com a situação, puxando de mim o troféu errado. Talvez também eu simplesmente os tivesse trocado de propósito, pois, na minha mente, só se repetiam as imagens do chicote dela subjugando a imagem de um perfeito defensor da justiça.

  Não importava o que tivesse acontecido, nada mudaria o fato de que todos já aplaudiam a promotora e ela caminhava com uma fraude em mãos, enquanto o objeto verdadeiro estava nas minhas. Como ninguém percebeu? Nem mesmo os mais velhos que sabiam da mudança no design do troféu? Era o Steel Samurai, o guerreiro de Neo Olde Tokyo. Não um peso de papel!

  Quando recuperei os movimentos das pernas, caminhei atrás de Franziska, quem já buscava seu casaco na parte externa do salão. Contudo, o seu olhar para mim, entre o tédio e o aborrecimento, fez-me seguir adiante com meu terrível crime e esconder ainda mais o verdadeiro troféu no meio de meu paletó. O peso que eu sentia agora era apenas simbólico, mas tornava meus passos lentos e dolorosos.

- O que foi, irmãozinho? – Franziska agora exibia um sorriso malicioso. – Chateado por não ganhar o prêmio? Quer tocá-lo pela última vez?

  Engoli em seco. Mesmo mantendo o Steel Samurai em um lugar seguro, pude vê-lo desintegrar-se na ponta do chicote dela. Quando me dei conta, Franziska já havia saído de meu campo de visão mais uma vez.

  Claro, eu podia segui-la novamente. Contudo, continuei parado no mesmo lugar e, mecanicamente, entreguei o papel com o número de meu casaco ao homem no balcão.

  Então, foi como se ouvisse o Steel Samurai me falar que, acima de qualquer coisa, a justiça e a verdade deveriam prevalecer. Que eu deveria correr atrás de Franziska e fazer o que era certo. Essas eram as lições que ele sempre me ensinara e, agora, eu me voltava contra os meus ideais e tudo aquilo que o herói de Neo Olde Tokyo representava por causa de uma mera imagem.

- Senhor? – O jovem de mais cedo franzia a testa enquanto me entregava o casaco.

  Não havia mais desculpas; nada mais me impedia de correr até o apartamento de Franziska para desfazer o equívoco. Exceto...

  Olhei pela primeira vez para o troféu. Os detalhes eram incríveis, mostrando que sua confecção fora executada por um verdadeiro conhecedor do personagem. Até a pedra no peito metálico brilhava quase rubra apesar de o objeto ser todo feito no mesmo material com tom dourado; aquele efeito era impressionante. Não podia deixar semelhante trabalho ser destruído!

  Eu era um estelionatário. A partir daquele momento, não era mais um engano: eu havia recebido um objeto para entregá-lo a outra pessoa e, em vez disso, eu fraudara a entrega ao repassar um mero simulacro, com plena consciência de minhas atitudes, a fim de evitar que a real dona o usasse como gostaria. Dolo, ao menos no que se referisse à omissão em que eu incorrera. Fraude. Prejuízo alheio. Vantagem ilícita. Todos os elementos estavam presentes. Eu era mesmo um criminoso...

   O que fazer? Havia pouco tempo para decidir, pois Franziska iria ler o troféu antes de destruí-lo e descobriria tudo. Isso poderia ocorrer no dia seguinte ou naquela mesma noite, a qualquer momento. E bastaria ver o ano da premiação para me ligar ao fato delituoso. Não importavam minhas razões: ela veria ali a oportunidade perfeita para mostrar que eu não era um grande promotor, mas sim um bandido patético. Não, ela diria “bandido tolo”, seguramente.

  Eu me arriscaria a gerar uma mancha negra em minha carreira se tentasse lhe devolver o troféu sem as devidas precauções, já que aquela mulher tentaria se certificar de que meu erro daquela noite não fosse esquecido, nem que fosse como vingança por havê-la enganado. Pior ainda, Franziska teria o Steel Samurai em suas mãos.

  Tendo em mente aquele risco, consegui pensar em uma solução apenas. As chances de sucesso eram pequenas e havia demasiados furos para que eu pudesse chamá-lo de plano perfeito, ainda mais quando se considerava a força de minha rival. Contudo, eu estava decidido: iria me entregar. Não para ela, mas para a polícia, como o criminoso que eu era.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  Confesso que esperava um questionamento maior de todos os envolvidos quando entrei em contato com Wright para que ele intermediasse minha rendição. Claro, eu contei a história de como havia me utilizado de um ardil para ficar com o troféu, mas sequer tive que entrar em detalhes sobre o porquê de me importar com o destino do Steel Samurai. Não que Wright parecesse haver dado a devida importância ao fato de o formato do prêmio ter sido alterado. Na verdade, ele me deu a impressão de acreditar que tudo não passara de um engano, de imaginação minha, enquanto eu insistia que o troféu deveria se tornar uma prova.

  E o plano funcionou, também graças à cooperação do detetive Gumshoe. Uma investigação foi iniciada e o troféu, retido na polícia. Diferente de como eu imaginara, Franziska fez pressão para que a investigação prosseguisse em vez de requerer aquilo que era seu. Contudo, não fez grande esforço para mudar as alegações, de forma que a investigação terminaria em apenas dois dias e ela já declarara naquela tarde que não interporia ação penal.

- Hambúrgueres! – gritou a assistente de Wright, juntando as palmas das mãos e olhando ansiosa enquanto éramos servidos em nossa mesa.

  Com o fim das burocracias, convidei-os para um jantar de agradecimento. Só não esperava que a menina, Maya, gritaria por hambúrgueres entre tantas opções menos... gordurosas. Ao menos, o brinde distribuído naquela estação era uma miniatura do Steel Samurai, pensei com um sorriso, enquanto observava a pequena Princess Samurai em minha mão. Por outro lado, se eu estava pagando toda aquela refeição, por que Wright não entregou a mim o seu Evil Magistrate?

- Mas, realmente, eu nunca esperaria que você roubasse um troféu da senhorita Von Karma - dizia-me o advogado.
- Nick! Ele não o roubou.
- Se fosse só um engano, bastava ele ir até a casa dela devolver.
- Mas era o Steel Samurai, como ele poderia?! – Maya levou uma das mãos à boca. - Aliás, aquela estatueta foi tão bem feita! Vocês notaram as dobras da calça dele? Ela tem mesmo que ficar presa naquele porão imundo da delegacia?
- É que o Edgeworth falou de uma forma que forçou o detetive a investigar. Sabe, ele até constituiu advogado... Não teve como resolvermos por meios menos formais e simplesmente devolvermos.
- O bom é que a senhorita Von Karma não o destruirá como disse ter feito com aquele troféu que levou por engano.

  Sorri discretamente.

- Isso é o de menos - disse Wright, erguendo o indicador. – Vamos comemorar porque, se toda a história toda bater, não haverá nem sequer um processo!
- Desistência de brinde, né?
- Não, Maya, o instituto se chama...
- Arrependimento eficaz - interrompi.
- Taí o que não entendi... – Wright franziu a testa de uma forma que me fez suar frio. – Sei que o detetive Gumshoe vai encerrar a investigação com algo assim porque foi o que você alegou, mas isso não seria apenas no caso de fato não consumado? Não importa como eu pense, o troféu estava pacificamente nas nossas mãos. Se eu fosse montar nossa defesa, sei lá, diria furto de uso ou algo assim, ou até mero engano, brincadeira. Mas a senhorita Von Karma poderia ter usado coisas muito piores.

  Mexi-me desconfortável em minha cadeira.

- Wright, eu me arrependi e devolvi o troféu. É o que importa. Foi apenas um momento ruim para mim.
- É, Nick! Que espécie de advogado você é? Nem a polícia quis nada com ele.
- Só estava curioso com o motivo de a senhorita Von Karma não querer seguir com a ação. Ela pareceu bem irritada com a situação toda. E, no final, me trataram como se eu fosse um exagero do Edgeworth.
- Ele é o irmão dela! – reclamou Maya.

  Antes que a discussão prosseguisse, porém, o meu celular começou a vibrar em meu bolso. Como eu me arrependi de ter sentido alívio com essa interrupção... Franziska havia sido detida em outra investigação criminal.

  Chegamos correndo à delegacia, onde ela havia acabado de prestar seu depoimento. Seu olhar estava cabisbaixo e seus braços junto ao corpo.

- O que houve com a senhorita Von Karma? – perguntou Wright, enquanto eu tentava deduzir pelo movimento corporal dela por que estaria sendo interrogada.

  Não havia muitas hipóteses em uma noite como aquela, mas eu precisava de uma esperança antes de ouvir a sentença final.

- Ah, parceiro – Gumshoe respondeu. – Não vamos fazer nada, não se preocupe. É que ela ama muito o senhor Edgeworth, mais que todos nós. Realmente nos comoveu! Ela veio fazendo seu trabalho como promotora acusando-o daquele roubo...
- Estelionato - corrigimos ela e eu ao mesmo tempo.
- Isso, estelionato. Mas a verdade é que ela se preocupa com o seu irmãozinho e decidiu ela mesma destruir a maior prova do delito.

  Quedei-me boquiaberto ao ouvi-lo. Ainda que suspeitasse daquilo, era difícil esconder minha surpresa.

- Eu não disse, Nick?! – ouvi Maya comentar ao meu lado. – Ela destruiu aquele troféu lindo só pelo irmão!
- Como eu já tinha encerrado a investigação e o troféu era da senhorita Von Karma, já tá tudo certo, parceiro. Ela que não precisa de advogado nenhum, he he. – Tendo assim dito, Gumshoe despediu-se para terminar o relatório dos tantos eventos daquele dia.

  Olhei de volta para Franziska, e só agora eu percebia que ela segurava uma sacola transparente em uma das mãos. Eram pedaços de metal. Metal do meu troféu. Aquela mulher havia destruído meu troféu. Ela havia transformado o Steel Samurai, herói de Neo Olde Tokyo, em pedaços.

  Por isso ela nunca apontara o erro nas alegações de Wright a meu favor; por isso ela mal cumprira seu papel como promotora! Ela me fizera baixar a guarda, certo de que o Steel Samurai se encontrava seguro naquela noite e agora...

  Ao ver transparecer em meu rosto que eu havia compreendido o significado de seus atos, Franziska me sorriu. Era um sorriso vil de quem havia acabado de vencer uma rodada importante de nossa batalha. O Steel Samurai havia sido apenas mais uma de suas vítimas.

Fim!

Anita, 06/01/2013


Notas da Autora:

Trabalhei com um dos temas da Nemui para este Coculto, mas sei que não fiz jus ao que ele propunha. Realmente, era um tema incrível sobre o que Miles faria para evitar a destruição de seu grande herói – em forma de troféu. Mas já no planejamento da história eu me deparei com grandes problemas de como estruturar tudo.

Aliás, acabei usando um pouco de conceitos de direito aqui. Esta fic me fez estudar mais que nunca, he he. Aos que sabem direito, peço desculpas pelo homicídio cometido. xD Somente prossegui com a desculpa de que não sabemos detalhes sobre o direito em Phoenix Wright, então, eu pude criar à vontade. Mas de fato eu usei o direito brasileiro como base. Só imagino que não o tenha usado bem, rs.

Ao menos, toda fic com o Miles e o Steel é sempre algo precioso de se fazer. Adoro escrever, é irresistível.

Sobre o título, a expressão veio do próprio pedido da Nemui, então os créditos ficam com ela. Não costumo gostar de usar nomes estrangeiros como título, mas não pude resistir... Vocês entendem, né?

Um agradecimento especial para a Vane pela revisão da fic. :D

E é isso, creio. Nossa, cansei! Isto foi um exercício mental maior do que eu imaginava!

Não deixem de comentar, por favor...

Até a próxima!

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