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[Harukanaru Toki no Naka De] Mais Que Uma Previsão, escrita por Madam Spooky

Capítulo: único
Fandom: Harukanaru Toki no Naka De
Autora: Madam Spooky
Gênero: Drama, Universo Alternativo.
Classificação: Livre
Status: completa
Resumo: Tomomasa e Fujihime. Às vésperas de partir para a guerra, a visita a uma tenda de vidente fará Tomomasa questionar suas esperanças para com o futuro.




Presente de Natal para Naru L



- Não é possível que você esteja falando sério.

Tomomasa, como era conhecido pelos amigos mais chegados, parou no meio da multidão que andava de um lado para o outro no festival e libertou o braço pelo qual seu melhor amigo, Takamichi Fujiwara, o puxava na direção de uma grande tenda púrpura. Era final de outono e o vento soprava relativamente forte na direção do rapaz, fazendo com que o perfume adocicado das dançarinas, que davam voltas pelos arredores, jogando seus véus sobre os transeuntes, lhe preenchesse as narinas, provocando o início de uma sensação dolorosa nas têmporas. Tudo que ele queria agora era voltar para a casa, para a segurança da escuridão de seu quarto, e esquecer seus problemas até que tivesse que estar cara a cara com eles. Esse plano, decididamente, não incluía uma passadinha rápida em uma tenda de adivinhação como Takamichi tinha sugerido.

- Eu acho que seria uma experiência bem interessante – o amigo respondeu, parando mais a frente e olhando-o de sua maneira habitual, uma gentileza severa. Tomomasa sabia muito bem que o convite não tinha nada a ver com experimentar algo aquém da ciência para fins de pesquisa, como ele tinha alegado a princípio. Aquela era mais uma tentativa tola de Takamichi faze-lo esquecer a decisão que tomaria nos próximos dias. Tinha que admitir que se não fosse por toda a pressão sobre seus ombros no momento, certamente ele mesmo teria sugerido a excursão à tenda de cores berrantes, mesmo que fosse apenas para irritar seu amigo cientista

- Se eu for com você, vai parar de me arrastar para todos os lados desse festival irritante, incluindo barracas de beijos e grupos de dançarinas, e me deixar ter uma longa e feliz noite de sono?

Tomomasa pediu, pressionando as têmporas brevemente, desistindo de argumentar. Takamichi riu alto.

- Eu estou ouvindo bem ou você está dizendo que não quer saber de mulheres por essa noite? – ele olhou de uma maneira discreta, porém com um brilho de malícia no fundo dos olhos, na direção de uma das dançarinas. – Eu nunca pensei que fosse viver para ouvi-lo dizer algo assim.

Antes que Tomomasa pudesse retrucar, Takamichi já arrumava a armação dos óculos e jogava os longos cabelos para trás, andando na direção da tenda. O rapaz suspirou pesadamente, franzindo o cenho por causa da dor de cabeça que só aumentava com o barulho alto de música e vozes vindas de toda parte. Seguiu o amigo apressadamente. Quanto mais rápido eles entrassem, mais rápido sairiam.

A tenda parecia ficar maior à medida que se aproximavam. Era triangular, coberta do que pareciam grandes lençóis de cor púrpura, apesar de Tomomasa não ter tido nenhum interesse em analisar isso mais profundamente. Seus sentidos só recuperaram um pouco da força quando atravessou a abertura que atuava como porta e seus olhos se depararam com uma escuridão bem vinda.

- Está escuro aqui dentro – Takamichi disse, tateando cegamente, sem nunca parar de avançar.

- Não me diga. Por um instante eu pensei que os meus olhos tinham adormecido por causa da dor de cabeça infernal que todo esse barulho está me causando. – Tomomasa resmungou tentando parecer irritado, mas conseguindo apenas que as palavras soassem como um lamento. – Onde está a vidente?

O amigo não respondeu, mas seus passos soaram abafados no chão de terra quando ele continuou andando. A tenda parecia maior por dentro que por fora, uma vez que já tinham avançado, pelo que calculavam, tempo suficiente para atravessa-la, sem que, no entanto, tivessem chegado a lugar nenhum.

- Eu acho bom que isso não seja mais uma das suas...

A frase não foi completada. Takamichi fez um som, pedindo silêncio, quando o barulho de alguma coisa que poderia ser passos surgiu de repente. Um segundo depois, o espaço encheu-se com uma luz cálida, que começou fraca, mas foi ficando mais intensa até que toda a escuridão tinha se dissipado. Tomomasa abriu os olhos devagar, vendo estrelas em meio à dor, até conseguir enxergar o suficiente para perceber onde estava parado. Como dera a impressão, a tenda era bem maior do que parecia ao ser observada de fora. As cortinas que cercavam o perímetro onde estavam parados eram claras, de uma cor indefinida pela luz que, agora percebia, vinha de um castiçal sobre uma mesa redonda, único ornamento do lugar, onde uma jovem, quase uma criança, esperava por eles.

Os dois homens se entreolharam sem dizer nada, cada um admirando a figura trêmula da garota que encarava a mesa, parecendo pouco à vontade. Ela estava vestida de branco, parecendo envolta em véus, e, ocasionalmente, mexia-se de maneira inquieta, como se as roupas a incomodassem. Seus olhos claros tinham um brilho de determinação exagerado e Tomomasa pensou que parecia que ser a primeira vez que ela recebia alguém naquelas condições.

- Se aproximem – ela pediu depois de um tempo que pareceu longo demais. Em contradição as feições infantis, a voz soou alta e firme, quase uma ordem.

Ambos obedeceram, Takamichi lançando olhares divertidos ao amigo, parecendo estar satisfeito com o que via.

- Talvez eu devesse esperar lá fora – ele disse, mantendo a expressão jovial. Dirigiu-se a garota. – Meu amigo Tomomasa aqui quem precisa de alguns conselhos.

Sem esperar resposta, apressou o passo na direção contrária, ato que a garota não fez menção de impedir. Tomomasa ainda abriu a boca para protestar, mas ouviu a voz da suposta vidente mandando-o se ajoelhar do outro lado da mesa e desistiu. Seu rosto se contraiu em uma carranca e ele girou os olhos; não acreditava naquela conversa de adivinhação e tudo o que esperava da visita era algumas previsões fajutas do tipo “você terá uma longa e proveitosa vida” ou, quem sabe, “uma morte lenta e violenta o espera”. Isso e um acréscimo a sua dor de cabeça que já se fazia sentir o suficiente.

- Que remédio...

Ele se ajoelhou como a menina pedira, percebendo pela primeira vez que não havia nada em cima da mesa além das mãos dela e do castiçal afastado para o lado. Nenhuma bola de cristal, nenhum maço de cartas nem nada parecido. Olhou para a toalha, procurando imagens estranhas ou qualquer outra coisa que ela fosse usar para tentar engana-lo, mas apenas a superfície lisa e tão clara quando o resto da tenda saudou seus olhos irritados. Aparentemente ela não se daria ao trabalho de tentar impressiona-lo com mais do que palavras.

- Você quer ver as minhas mãos ou algo assim? – perguntou sem muito interesse, já estendendo as palmas em cima da mesa.

- Sua cabeça dói? – a jovem perguntou, ignorando o gesto. Ela parecia estar mais relaxada agora, o rosto voltado para cima, olhando o rapaz diretamente nos olhos enquanto seus lábios se curvavam em um meio sorriso. – Não acredita no que eu faço, não é mesmo?

Tomomasa suspirou.

- A vidente aqui é você.

- Eu não sou uma vidente – a voz dela elevou-se um tom, mas não deu indicações de estar ofendida. – Sou um dos últimos membros remanescentes do Clã das Estrelas. Eu dou conselhos baseados em previsões que podem ou não se tornar realidade. Isso não quer dizer que eu possa dizer o que vai acontecer e o que você deve fazer para mudar isso.

- Deixe-me ver se eu entendi – o rapaz conteve um sorriso irônico, forçando pela memória informações sobre o clã mencionado, mas o mesmo se revelou no tom de suas palavras. – Você é membro de um famoso clã de adivinhos, faz previsões, mas não pode garantir que elas estão corretas...?

- Dizer que as minhas previsões estão irremediavelmente corretas não seria o mesmo que afirmar que posso manipular o seu futuro?

Fazia sentido. Tomomasa arqueou as sobrancelhas enquanto pensava sobre aquilo. Olhou mais uma vez para o rosto da garota que fitava o seu ansiosamente, como se esperando um elogiou ou repreensão. Ela era bonita, pensou, e lhe ocorreu que todas as declaradas videntes que já tinha visto eram mulheres de meia idade, com rostos compridos, cabelos cobertos por véus e olhos astutos, concentrados nos bolsos dos crédulos. O que uma criança como aquela poderia estar fazendo em um negócio onde não poderia parecer mais deslocada?

- Como você se chama?

- Meu nome?

O rapaz riu de lado, concordando com a cabeça.

A garota olhou para baixo, parecendo ponderar se seria prudente responder. Por fim deu de ombros e voltou a encara-lo.

- Fuji.

- Como a montanha?

Ela assentiu, orgulhosa. Tomomasa sorriu, começando a esquecer a dor de cabeça e ficando mais atento a situação. Parecia realmente que ela não estava acostumada aquele tipo de trabalho, uma vez que esquecera o principal motivo de sua visita e agora o fitava fixamente, esperando que falasse.

- Perdeu alguma coisa? – perguntou em meio a um sorriso.

- Estou esperando que me diga o seu nome – ela respondeu como se fosse algo obvio.

- Tachibana Tomohisa, mas aquele idiota que me arrastou até aqui e deve estar fingindo ler enquanto observa as dançarinas lá fora me chama de Tomomasa.

Ele falou com um orgulho involuntário. Sempre que dizia seu nome recebia de volta suspiros e exclamações de assombro. A família Tachibana era famosa na região por suas riquezas e pelos membros ocuparem sempre altos cargos no exército. E por geralmente morrerem em serviço, o rapaz pensou rapidamente, para logo expulsar a idéia e voltar a prestar atenção à reação de Fuji. A jovem, porém, continuou olhando-o da mesma maneira, nenhum reconhecimento expresso em suas feições.

- Eu gosto de Tomomasa, soa familiar... – ela sorriu um instante, então seus olhos se abriram e sua boca formou um ‘o’, se dando conta de repente do rumo que tomava a conversa. Voltou ao jeito sério, com um toque de insegurança denunciado pela postura. – Você veio aqui por algum motivo, está precisando de um conselho?

Tomomasa demorou a responder.

- Talvez. Mas você admitiu não ser capaz de manipular o meu futuro, então como pensa em me ajudar?

- Eu posso tentar.

- Como?

- Manipular seu futuro não está em minhas mãos, mas está nas suas. Eu posso tentar ajuda-lo a guiar a si próprio.

Uma expressão de incredulidade tomou as feições, agora livres de dor, de Tomomasa. Aquela era sem dúvida uma criança interessante. Seria interessante jogar com ela, sondar quanto ela pensava saber sobre ele.

- Muito bem, senhorita Fuji, remanescente do Clã das Estrelas – disse com exagerada reverência –, vamos ver o que pode dizer sobre o presente deste seu servo para que ele possa lhe confiar a direção de seu futuro.

Fuji surpreendeu-se por um instante, em um misto de temor e encantamento diante da proposta que o rapaz de cabelos longos e sorriso misterioso lançara em tom de desafio. Ela respirou fundo, tentando encontrar confiança nas próprias habilidades, e pensou sobre o assunto por um instante apenas antes de começar a falar.

- Você é um filho de família nobre – cabeceou na direção das roupas finas que ele usava –, uma família de militares. O seu pai é um homem importante no exército, alguém que admirou durante toda a vida, e agora chegou o momento em que deve seguir os passos dele...

- Está supondo tudo isso só por causa das minhas roupas?

- Queria que eu lesse suas mãos, não? Não ganhou todos aqueles arranhões e calos escrevendo cartas?

- E quanto ao meu pai?

- As famílias de tradição militar imperam nessa região – ela disse e sorriu. – Todos eles esperam manter esse poder através dos filhos

- Suponho que esteja correto.

Tomomasa admirou a franqueza e esperou que ela continuasse. Fuji, porém, permaneceu em silêncio, os olhos adquirindo um brilho de tristeza e o sorriso tornando-se melancólico.

- Você tem olhos gentis – ela disse com cuidado. – Eu diria que o seu espírito está passando por um conflito violento entre ser quem você é e o que esperam que você seja.

A jovem abaixou a cabeça, esperando que Tomomasa absorvesse o significado daquelas palavras. Ele ficou imóvel, olhando para ela e se perguntando se seus olhos eram assim tão transparentes. Quase podia se ver novamente uma semana antes na sala de casa, ouvindo em silêncio seu pai anunciar seu ingresso no exército dentro de três semanas, sem conseguir encarar o sorriso dele, apenas olhando de lado, com os olhos turvos de emoções conflitantes. Naquele dia ele não foi capaz de dizer nada, apenas observou do próprio quarto quando o grande patriarca dos Tachibana selou o cavalo e ganhou os bosques que rodeavam a propriedade, voltando a seu posto em algum lugar ao Norte do país. Nos dias que se seguiram, continuou em silêncio, ouvindo as exclamações de alegria de todos que viam seu destino como uma honra. Ele finalmente se tornaria um legítimo filho da casa dos Tachibana, um soldado, parte do enorme exército de um país que tinha a conquista de reinos mais fracos como uma prioridade.

- É difícil descobrir quem você quer ser quando todos parecem querer decidir no seu lugar – ele tentou sorrir, mas acabou desistindo. Seria um sorriso falso e ela não se deixaria enganar. – Você sabe o bastante sobre o meu presente. Eu concedo a permissão para que se envolva no meu futuro.

Ele lançou um olhar indecifrável, mesclado a um sorriso de desculpas ao perceber o que a frase tinha parecido. A garota, porém, não deu mostras de captar um duplo sentido naquilo, apenas sorriu de volta, aliviada por não te-lo transtornado com o que dissera.

- Você pode me dar a sua mão agora – ela riu ao ver a expressão de ‘eu sabia’ no rosto dele.

Tomomasa estendeu a mão, mas, ao contrário do que esperava, Fuji não tentou ler a palma. Ela apenas segurou o punho semi-cerrado entre suas mãos pequenas e fechou os olhos, ficando imóvel em profunda concentração. Enquanto ela fazia fosse lá o que estivesse fazendo, o rapaz a observou concentrando-se também. Uma criança especial, ele pensou, mas apenas para admitir em seguida que ela não era mais criança do que ele mesmo podia se considerar, um garoto que ia sair de casa pela primeira vez, incerto sobre seguir a estrada visível, mas sem enxergar qualquer outra opção viável. A honra de seu nome, o desejo de seu pai, nada afastava o medo do homem que o estaria esperando no final da jornada, o homem que ele se tornaria.

Seus pensamentos desvaneceram quando sentiu as mãos da jovem deslizarem de sobre a sua. Ela olhou para ele com o reflexo de sua expressão indecifrável de antes e parecia um pouco preocupada quando falou

- Você está indo para a guerra e você vai ser grande. Vai honrar o nome da sua família e o desejo do seu pai, mas em algum ponto depois disso, você vai se perder no caminho. É então que vai ter finalmente a chance de descobrir quem é, exatamente como está desejando agora.

As chamas das velas no castiçal na beirada da mesa tremeram, dando a declaração um clima ainda mais profético. Tomomasa riu com gosto, esperando o rosto de Fuji se tornar escarlate e então ofendido, mas ela continuou olhando-o como se fosse exatamente a reação que esperava.

- Agora você falou como uma verdaderia vidente – as chamas tinham voltado ao normal e, ao olhar para elas, o rapaz sentiu uma pontada da dor de cabeça ressurgir entre os olhos. – Então eu vou para a guerra?

- Tem coragem de se recusar a ir? – ela perguntou, impassível.

- Isso é um problema meu.

- É um problema quando você tem que escolher entre dois caminhos viáveis. Se você já tomou a decisão de não escolher, de fingir que existe apenas um, então isso deixa de ser um problema.

- Está dizendo que eu não sou capaz de me recusar a partir?

- Eu não sei. O que você me diz?

Ele não respondeu. Ela estava certa, por menos que quisesse admitir. Desde o primeiro momento, apesar de não pensar no assunto tão concretamente quanto agora, ele tinha decidido que não ia fazer uma escolha. Todos os dias saia de casa, encontrava os amigos, deixava que Takamichi tentasse distrai-lo com passeios sem objetivo e história tiradas de livros que não o interessavam. Ao pôr-do-sol voltava para a casa, dava um beijo na testa da mãe e dormia até começar tudo outra vez. Quando o dia chegasse, ele partiria sem pensar no assunto, como se fosse natural. Não importava que seu coração estivesse em sangue e que um outro caminho escondido as suas costas sussurrasse um convite. Ele tinha decidido ignorar o resto do mundo e fazer o que lhe mandassem fazer, esperando que um dia, sem precisar pensar no assunto, alguma coisa acontecesse e o despertasse para outra realidade.

Alguma coisa como Fuji.

- Eu não tenho certeza – respondeu sinceramente. – Você não é uma vidente qualquer, está lendo muito além da minha mão.

- Estou dizendo o que vai acontecer.

- Irremediavelmente?

- É você quem me mostra o seu futuro. Eu já disse antes e volto a dizer, ele é seu e de ninguém mais.

Tomomasa segurou as mãos de Fuji repentinamente, fazendo-a sobressaltar-se. As conduziu lentamente até a sua, envolvendo-a como ela fizera antes.

- Nos encontraremos outra vez? – ele perguntou, encarando-a diretamente. Naquele momento a imagem dele deitado, em uma tenda menor que aquela, em alguma parte de uma floresta distante dali, observando as estrelas pela abertura e pensando naqueles olhos claros cheios de segredos preencheu sua mente.

- Eu não...

- Isso faz parte do seu futuro também – ele insistiu, apertando as mãos dela ainda mais contra a sua.

- Eu acho que já disse tudo o que tinha para dizer – ela recolheu as mãos depositando-as cuidadosamente sobre os joelhos e abaixando a cabeça, ficando na mesma posição que a deixava parecer frágil e mais criança do que realmente era

Tomomasa levantou-se lentamente, sentindo que a pontada entre os olhos espalhava-se como um peso invisível sobre toda sua fronte.

- Então isso é um adeus?

Um brilho de esperança e qualquer outra coisa que apareceu demasiado rapidamente para ser identificado apareceu nos olhos de Fuji quando ela os ergueu para responder:

- Eu espero que seja um até outra ocasião.





* * *


- Eu gostaria de saber o porquê desse seu sorriso – disse Tomomasa desconfiadamente enquanto Takamichi abria caminho entre as pessoas que entravam no festival, seguindo na direção contrária à deles.

- O meu sorriso é por causa do seu sorriso – respondeu o rapaz com um tom de declaração. – Pelo visto foi uma boa idéia leva-lo a uma dessas videntes. É sempre revigorante como elas prevêem um grande futuro cheio de glórias e realizações a todos os soldados. Agora, aquela menina não era um pouco jovem demais para isso? E, afinal, você vai ou não me dizer o que ela te disse?

- É, foi uma boa idéia.

Ele não respondeu mais nada por mais que o amigo insistisse. Continuou pensando no encontro e naquelas duas estradas que se revelavam na sua imaginação.

Em algum ponto depois disso, você vai se perder no caminho.

De repente, ele sentiu-se assaltar por um instante de otimismo. Não havia mais o medo do homem esperando de pé no final de todas as provações. Se o caminho que seguiria já tinha sido escolhido, ele o enfrentaria confiando que, não importasse o que acontecesse, ele o levaria àquela outra ocasião, onde poderia encontra-la mais uma vez em um tenda púrpura de festival, e declarar, satisfeito, que pelo menos sobre isso ela tinha estado certa.




FIM

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