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[Saint Seiya] Amor Verdadeiro, escrita por Anita

Capítulos: único
Autora: Anita
Fandom: Saint Seiya
Classificação: 10 anos.
Gêneros: drama, romance.
Resumo: Apesar da desaprovação de Hilda, Freya se prepara para provar seus sentimentos.


Notas Iniciais: 
História escrita para a Quinzena Saint Seiya Asgard, um desafio promovido pela comunidade Saint Seiya Super Fics Journal.


Olho Azul Apresenta:
Amor Verdadeiro


  O fogo queimando na lareira dava uma sensação bem-vinda de calor no infindável inverno de Asgard. Mas Freya não mais se importava com aquilo. Deixou o corpo ajustar-se à cadeira como ele quisesse, enquanto seus dedos alisavam aquele nome em relevo sobre o papel branco.

  Hyoga...

  Ainda não conseguia acreditar que tinha em mãos o convite de casamento. Ela sorriu apenas com as lembranças de como o conhecera tantos anos antes. Sentimentos confusos aqueles.

  Um barulho na sala ao lado a assustou, fazendo-a ajustar-se na cadeira e readquirir alguma postura.

- Quantas vezes mais irá olhar para isso? – Sua irmã Hilda entrou apenas para lhe tirar o papel de suas mãos.

  Freya sequer pudera protestar. Aquele convite estava endereçado à soberana de Asgard, representante de Odin na Terra. Nem havia por que Freya também receber um. Não que a própria Hilda estivesse contente com a situação. Nunca aprovara o relacionamento de Hyoga e, pessoalmente, teria jogado o papel no fogo assim que o recebera de uma entrega especial vinda do Japão. Mas a festa estava sendo patrocinada por Saori Kido, a encarnação da própria Athena e a quem Hilda devia a própria vida. Era uma situação difícil, em que deveria se submeter aos interesses da comandante do povo.

  Ou fora apenas em razão do pedido velado da própria irmã mais nova que aceitasse a realidade? Compreendesse que aquele casamento era fruto de sentimentos verdadeiros e os respeitasse.

  Freya sorriu à outra.

- Minha irmã, eu entenderei se preferir não comparecer, - disse, pegando em sua mão e tentando permanecer calma, confiante. – Eu explicarei à princesa Athena.

  Hilda a olhou calorosamente. Não era uma irmã de grandes demonstrações de afeto: ela provaria seu amor dando-lhe a vida, não um abraço efusivo seguido de vários beijos. Por isso, aquele olhar fora o bastante para rachar a máscara de determinação na mais jovem, fazendo seu olhar encher-se de lágrimas.

- Eu preciso me preparar para a viagem, irmã, - disse Freya antes de deixar a sala. Não queria mais ter que conversar sobre o casamento, sobre suas decisões. Não queria ser convencida do contrário e as palavras de Hilda teriam esse tipo de força.

  Freya acreditava no amor, acreditava em agarrá-lo com todas as forças e nunca mais deixá-lo. Afinal, era uma mágica estar justamente no mesmo lugar que aquela pessoa que mais lhe deixava feliz em todo o mundo e saber que ela também sentia exatamente o mesmo. Era nisso que tanto acreditava, mesmo que significasse ir contra todo seu ser. Nem sempre o amor era mágico o bastante para trazer felicidade para todos...

  Ao menos, Hilda estaria lá para o grande dia. Ainda que contrariada, sua presença era vital para Freya. Ela sempre fora sua força, seu pilar. Precisava de sua irmã ao seu lado, por mais contrariada que esta estivesse com o casamento.

  Freya deitou-se em sua cama. Era muito mais cedo que o normal, mas vinha precisando daquele tempo a mais ultimamente para lidar com todos aqueles pensamentos até que o cansaço mental sobreviesse.

  E precisaria de mais tempo ainda. Na manhã seguinte, partiriam para o Japão. O dia em torno do qual seus dias vinham se fazendo se seguiria. O casamento...

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

  A capela estava cheia de pessoas que Freya não conhecia e de flores brancas. Nenhuma rosa, exigência do noivo. Era um ambiente festivo, com certeza. Os convidados deviam ser cavaleiros de Athena em sua maioria. Fazia muitos anos desde a última batalha da deusa, mas a reconstrução e a refeitura do Santuário pareciam ainda os manter ocupados. O próprio Hyoga passava mais tempo no Santuário do que em missões ou no pequeno centro de treinamento na Sibéria, que ele organizara em memória de seu falecido mestre.

  Toda aquela festa não partira da cabeça dos noivos, que preferiam não haverem feito nada. Athena organizara tudo, talvez como forma de celebrar a paz, ou de mostrar seu apoio àquele casamento. De fato, ela fora a primeira a amparar a união. Não fora algo aceito por muitos; mesmo os mais próximos de Hyoga ficaram no mínimo surpresos com o anúncio daquela união. Contudo, Athena abençoou o amor e tomou em suas próprias mãos a função de confirmá-lo naquela cerimônia. Oficialmente, não significava nada além de uma grande festa, dada em um salão para casamentos no formato de capela e celebrada por algum não japonês que fingia ser padre de forma a complementar seu orçamento.

  Freya rira muito quando Hyoga revelara-lhe esse costume japonês de simular casamentos ocidentais. Na época, ela nunca imaginara que estaria no meio de um. Sempre se vira casando com ele em sua terra, em uma festa banhada pela luz do sol do tenro verão e celebrada por sua irmã, a maior representante de seu deus. Às vezes, até considerara alguma pequena igreja russa, de acordo com a religião do outro.

  Agora, mesmo parecendo bastante nervoso, o noivo estava de frente para o padre e sorria.

  O amor. Freya conseguia quase ver uma aura ao redor de Hyoga no momento em que ele pegava a aliança e fazia seus votos.

  O romance que ela vivera a seu lado logo após a batalha de Hades em nada se comparava com a imensidão daquele momento no altar. Fora uma busca por um porto seguro no meio do caos que o deus criara no mundo do cavaleiro. Uma amizade. Um conforto. Mas o que Freya sentia era tão devastador que supria tudo aquilo que faltava do outro. Ela sequer precisava dele ali. Hyoga podia ir a quantas missões fossem necessárias, só de ouvir sua voz pelo telefone, ela sabia que estava tudo bem. Ela entendia a importância de seu trabalho e toda a ausência do outro.

  Freya balançou a cabeça e se levantou, ignorando os olhares de sua irmã.

  Quanto mais tempo ela evitara confrontar o problema – que namoro podia existir quando os dois ficaram mais de um ano sem se encontrarem? –, mais ela achava que as coisas podiam melhorar. No final das contas, havia apostado tudo em um cavalo que sequer iria competir.

  Isto está certo, Freya?” Muitas vezes se perguntara aquilo bem baixinho. Mas não era como se Hyoga estivesse se encontrando com outras mulheres; era o que se respondia sempre que ele desligava o telefone logo após começarem a se falar. Se Hyoga quisesse terminar tudo, ele o faria.

  Mas o cavaleiro sempre fora gentil demais para isso. Ele não queria partir o coração daquela que curara suas feridas. E a situação prosseguira, totalizando quase três anos de namoro.

  Freya deixou a capela, mas ainda olhou para trás. Os noivos davam-se um pequeno estalo, representando seu primeiro beijo de casados. E ela não estava no altar, não era a outra metade de Hyoga.

  Fora exatamente isso que ela viera ver. Provar que amava Hyoga o bastante para aceitar que sua felicidade estava com outra pessoa. Provar que apoiava o amor verdadeiro.

  Tantos haviam sido contra a união, a começar por Hilda, que esbravejara xingamentos por todo o palácio ao descobrir por que o relacionamento da irmã mais nova terminara. Freya não queria estar entre eles. Ela tinha certeza de que amava Hyoga; e se o amava realmente, deveria aceitá-lo por completo. Mesmo sua parte que amava outro.

  Após a benção do falso padre, as pessoas começaram a se levantar dentro da capela. Crianças do orfanato em que Hyoga havia morado chegaram correndo até onde Freya se encontrava e formaram um grupo. Elas foram seguidas por outras mulheres. Jogariam o buquê agora? Havia um? Esse era o costume da noiva nos casamentos ocidentais e bastante copiado no Japão, Freya só não se lembrava de havê-lo visto.

  Ela limpou as lágrimas e forçou seu olhar na direção dos noivos. Athena os seguia de perto com um sorriso. Então, a deusa os parou na saída da capela e fez sinal para um de seus outros cavaleiros. O buquê apareceu.

  Freya olhou ao redor. Uma parte sua gritava desesperadamente para sair dali antes que desabasse. Ou que pulasse em cima dos dois.

  Como puderam? Como puderam fazer aquilo por suas costas? Freya nunca quisera os detalhes, mas o fato de haver sido traída era evidente. Não precisava se esforçar para perceber que boa parte das missões de Hyoga havia sido com aquela pessoa. Justo quando ela se sentia mais segura de que não podia ser traída, já que o namorado sequer passava seus dias perto de mulheres...

  Ela viu que Shun foi o primeiro a entender o que Athena queria e aceitar o buquê. Então, o cavaleiro estendeu as flores ao novo marido para que o segurassem ao mesmo tempo. Após passarem pelos convidados, que lhes jogavam pétalas de flores, chegaram à base da escada e os dois jogaram para trás o buquê com as flores mais lindas que Freya já vira.

- Freya... – Ela achava que Hilda viria encontrá-la ao notar que não fugira do casamento. Mas a voz vinha de um homem. O irmão do noivo.
- Senhor Ikki, - disse em cumprimento. Sequer se lembrava com detalhes da última vez em que falara com ele.
- Imagino que não tenha sido sua intenção, mas, em nome de Shun, agradeço que haja comparecido. Hyoga e ele parecem ter debatido bastante se deviam mandar um convite em seu nome, ou se já bastava incluí-la como acompanhante de sua irmã.

  Freya olhou mais uma vez para os noivos, que agora convidavam a todos para se direcionassem a outro salão da agência de casamentos para a festa em si.

- Eu realmente não sei se perdoo seu irmão.
- Como já disse, eu imagino. Mas nem sempre o que vale é a intenção. – Ikki também olhou o irmão. – O gesto já bastou.

  Ela voltou a olhar o homem, agora distraído com a saída dos noivos.

  Era estranho... Como aquelas palavras podiam havê-la acalmado daquela forma? A sensação de paz aquecia seu coração, tal qual uma lareira após uma caminhada pela neve. Era como se todo o esforço para estar ali houvesse sido reconhecido. Então, não importava que sua vontade era de gritar por toda a cerimônia a forma como Hyoga a tratara? Ou que acreditasse que tudo lhe havia sido tão injusto; ou como a noiva era para ser ela e não um... homem!

- Irmã? – Hilda veio encontrá-la, cumprimentando friamente o cavaleiro a seu lado e pondo o corpo entre ele e Freya de forma a excluí-lo da conversa. – Talvez já possamos ir. Eu disse à princesa Athena que estamos exaustas da viagem.

  Ela inspirou fundo e, apesar de todos os seus instintos de autopreservação, olhou brava para a mais velha:

- A festa acabou de começar, Hilda. – Após soltar o ar, forçou um sorriso. – Vá para o hotel, irmã. Eu irei assim que comer alguma coisa.

  Com um olhar de confirmação, a outra pareceu se contentar e deu instruções a Freya de como voltar antes de descer as escadas da capela.

  Seria uma longa festa, mas, assim como sua presença era importante para Shun não importava a intenção, também era importante para a própria Freya, não importava o quão mal se sentia no momento. Ao menos, não poderia se arrepender de nada. Ela havia feito tudo por Hyoga e pelo que sentia por ele. E seu amor fora verdadeiro com toda a certeza.

  E acabaria ali, ou era assim que ela passaria a dizer dali em diante.

FIM!

Anita, 01/10/2012

Notas da Autora:

  E história terminada! Sinto muito pelo pouco de Asgard e devo dizer que estou surpresa com o tamanho com que a história ficou ao final. Nossa! Eu achava que não passaria de quinhentas palavras...

  Eu me baseei um tanto em Naichau Kamo do Morning Musume, mas depois não consegui deixar de pensar em como ela se parece com Doushite Kimi wo suki ni Natte Shimatta n darou? do Dong Bang Shin Ki, he he. Agora que reli notei também uma provável referência a Namida no Iro do °C-ute.

  Muuuuito obrigada a todos que leram. Tá longe de ser uma das minhas melhores. Confesso que só a fiz para completar o desafio. Então, é um agradecimento especialíssimo por aguentarem até aqui. E, por favor, comentem. Comentários fazem o dia de qualquer autor. E pra não dizer que estou generalizando: eles fazem meu dia e eu fico feliz com qualquer coisa. Ultimamente até favorito do ffnet me deixa feliz a bem da verdade. Pronto falei, rs.

E visitem meu site, Olho Azul HTTP://olhoazul.50webs.com para mais histórias minhas!
 

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