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[Saint Seiya] Alvorecer - Capítulo 2, escrita por Andréia Kennen

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Autora: Andréia Kennen
Fandom: Saint Seiya
Classificação: 18 anos
Gêneros: Drama, Romance, Yaoi.
Resumo: Aioria de Leão x Mu de Áries. Mu de Áries é convocado para ir até o Santuário consertar as armaduras que serão entregues a nova geração de cavaleiros de bronze. Antes de partir, ele decide verificar as condições da armadura do Cavaleiro de Leão, a qual ele havia consertado há algum tempo, é então que surge um estranho desejo entre Aioria e ele.

Alvorecer

Capítulo 2

Assim que chegou ao Quinto Templo Aioria seguiu para o quarto e após se despir dos trajes suados do dia de treino adentrou o banheiro e foi direto para debaixo do chuveiro; girou a válvula no máximo e esperou a água fria atingir sua cabeça, escorrer pelo corpo e amenizar a tensão dos seus músculos.

Não esperava ter tido aquele tipo de conversa com Aldebaran. Se fosse com Máscara da Morte não estranharia. O próprio guerreiro de Câncer gostava de se gabar para todos afirmando que espiava Afrodite tomando banho despido no lago de água transparente na área de convivência da Décima Segunda Casa. Até se a confissão viesse de Milo compreenderia perfeitamente. Tinha seus motivos para duvidar da masculinidade que o escorpião gostava de esbanjar aos quatro ventos. Em contrapartida, jamais imaginou que Touro pudesse se sentir atraído por alguém do mesmo sexo.

Suspirou fundo e encheu um das mãos com sabonete líquido, esparramou-o sobre seus ombros e desceu as mãos ensaboando o tórax. Não era tão ingênuo ao ponto de não saber como o sexo funcionava; era apenas inexperiente. Milo lhe propusera algumas vezes que saíssem juntos em busca de diversão, dando-lhe certeza de que lhe apresentaria mulheres que não cobrariam nada para esclarecer suas dúvidas sobre sexo.

Mas era demasiado honrado quando o assunto era seguir as leis do Santuário.

“Prefiro continuar me satisfazendo com a masturbação”, Aioria deduziu em pensamento, fechando a mão em torno do seu membro e ritmando os movimentos de ida e vinda.

Porém, não estava funcionando como de costume. Imaginou que precisasse de alguma inspiração e a primeira que lhe veio à mente foi Marin. Entretanto, respeitava demais a colega para fazer aquilo pensando nela. Sacudiu a cabeça e afastou a imagem da ruiva, procurando se lembrar de outra mulher com quem pudesse fantasiar.

Shaina era uma boa opção, ela tinha um corpo com curvas perfeitas, grandes seios e longas pernas. Contudo, lembrar-se da Amazona de Cobra como guerreira e, de como ela era bruta e impiedosa com os jovens aprendizes ou com quem mais ousasse a desafiá-la, fez o efeito que Aioria buscava ser ao contrário, ao invés de sentir-se mais estimulado, a rigidez do seu sexo diminuiu.

Fechou os olhos e apertou os lábios, determinado a chegar ao ápice apenas com os movimentos da masturbação. Mas, de repente, a lembrança da conversa que tivera com Aldebaran naquela tarde cruzou-lhe a mente como um flash e trouxe consigo uma visão estranha: fios lavandas que escapavam de uma amarra vermelha e esvoaçavam ao vento; um corpo delgado; uma face delicada, alva e...

Aioria sentiu uma pontada no estômago e seu membro pulsou. Em seguida, o coração disparou e sem ao menos dar-se o tempo necessário para pensar no que iria fazer, cadenciou o ritmo da fricção em seu órgão e poucos segundos depois estava com os lábios entreabertos, ofegando.

Arregalou os olhos e notou a água fria levando pelo o ralo a prova de que...

A face do cavaleiro de Leão se aqueceu e ele se negou a acreditar no que havia acabado de fazer.

— Eu não posso ter feito isso... Eu não me masturbei pensando no...

...

Depois do banho, vestido apenas com a calça branca do pijama, chinelos e a toalha nos ombros, — a qual usava para secar os cabelos —, Aioria decidiu relaxar um pouco lendo um livro esticado no sofá da sala.

Adentrou o cômodo distraído e não notou que tinha uma visita, quando se deu conta da presença do amigo do Sexto Templo, Aioria sobressaltou com a mão no peito.

— Merda, Shaka! Que susto! — praguejou. — Parece até um fantasma. Será que pode avisar quando estiver na minha casa?

O virginiano que estava sentando no sofá de três lugares, na mesma posição que costumava meditar, respondeu calmamente:

— Não quis atrapalhá-lo no banho, no qual, aliás, você demorou bastante.

Os olhos do leonino se arregalaram e seu rosto se afogueou no instante em que se imaginou sendo flagrado fazendo coisas pervertidas. Deu graças aos céus pela discrição de Shaka e por ele andar de olhos fechados, caso ao contrário, notaria imediatamente o seu constrangimento. Como estava tudo sobre controle, apenas procurou agir normalmente.

— Então, que ventos bons o trazem? — perguntou, enquanto seguia em direção da estante onde guardava seus livros e procurava o título que começara a leitura na noite anterior.

— Vim apenas visitá-lo.

— O que é uma surpresa, faz tempo que não vinha.

— Ando ocupado com o treinamento de Agora e Shiva — justificou-se o outro.

— Ocupado? — Aioria riu, após apanhar o livro e sentar-se no sofá ao lado do homem de cabelos longos e loiros. — Você chama “ficar embaixo de um carvalho durante o dia todo” de treinamento?

Shaka manteve sua expressão séria inabalável, mas obviamente, as palavras de Aioria o atingiram de maneira ofensiva.

— Creio que minha visita não o agradou. — observou o cavaleiro, se levantando.

Mas o leonino não o permitiu sair e segurou Shaka pelo braço, puxando-o de volta para que se sentasse.

— Espera! Não foi minha intenção zombar da sua forma de treinamento.

— Mas você o fez.

— Eu sei. Por isso estou pedindo desculpas. Não tive um dia muito bom, Shaka. Estou chateado por não ter com quem conversar ultimamente. A Marin está ocupada com o pupilo dela, você mesmo vive ocupado com os seus. Eu vou tentar uma conversa com o Aldebaran ele começa a dizer coisas estúpidas e...

— Aldebaran, dizendo coisas estúpidas? — Shaka interveio, levemente curioso.

Aioria suspirou e soltou do braço do virginiano.

— Não quero incomodá-lo com essas bobeiras. Você é puro. Não vale a pena macular sua mente com assuntos ligados ao carnal.

O Cavaleiro de Virgem ficou em silêncio por um momento e depois de pensar em uma resposta, pronunciou:

— Posso não ter interesse no assunto, mas acima de tudo eu sou seu amigo. Se você necessita desabafar, estou aqui para ouvi-lo.

Aioria sorriu, não tinha como não gostar de Shaka. Por mais que os dois, às vezes, não falassem a mesma língua e em determinados momentos entrassem em atrito por suas personalidades incompatíveis, ainda se davam bem. O virginiano tinha paciência para tolerar o ego e vaidade do Leonino, assim como ele, Leão, também engolia as críticas perfeccionistas do Virginiano. Então, ao mesmo tempo em que eram opostos, se admiravam como pessoas, por isso eram tão amigos.

Contando resumidamente a conversa que tivera com Touro naquele fim de tarde, Aioria explicou que achou estranho o fato de Aldebaran confessar que se sentia atraído por alguém do sexo oposto.

Shaka ouviu toda a história atentamente. E, como o próprio Aioria havia observado antes, ele não era muito “entendido” daqueles assuntos e no fim não soube bem o que responder.

— O que acha disso tudo, Shaka?

Procurando ser político, Shaka respondeu:

— Bem. Acredito que cada pessoa é livre para fazer suas próprias escolhas. Amar alguém de sexo igual é uma preferência de Aldebaran, tal como se ele preferisse gatos ao invés de cachorros.

Aioria franziu o cenho. Aquele era outro “problema” entre eles, Shaka tinha o dom de surpreendê-lo com sua opinião quando imaginava que ele não o faria, por estarem tratando de um assunto um tanto fora da alçada do virginiano.

— Não é uma resposta muito liberal para alguém que se diz tão próximo de Deus?

— Meu Deus não tem nada haver com as escolhas de Aldebaran. Da mesma forma que eu e você também não temos.

Aioria crispou os punhos, tentando controlar a irritação provocada pelo rápido contra-argumento do amigo e, enquanto pensava em uma boa resposta, Shaka foi mais rápido e complementou:

— Mas eu desconfio do único motivo plausível por essa revelação ter lhe incomodado tanto, Aioria.

O Leonino hesitou em saber o quê Shaka tinha em mente. O amigo era evidentemente mais racional do que ele e costumava observar as situações de um ângulo muito mais amplo e objetivo. Por isso, desconfiava que a conclusão daquela observação lhe atingiria muito mais que suas contras-respostas afiadas. Mesmo assim, sua curiosidade sobressaiu.

— E qual seria esse motivo?

— Você ter o mesmo tipo de interesse que Aldebaran tem em Mu.

O rosto de Aioria se abrasou no mesmo instante e ele trincou os dentes, tentando, mas sem nenhum sucesso, controlar sua raiva.

— Eu, Shaka? Eu? — explodiu ele. — O cavaleiro Aioria de Leão interessado em ter relações com outro cavaleiro? Está dizendo que a minha irritação com o assunto é ciúmes? Está brincando com a minha cara?

Apesar da explosão do amigo, Shaka se manteve sereno e mais uma vez se levantou.

— Vejo que não está interessado em uma conversa civilizada. Melhor eu me retirar.

— Certo! Saia mesmo no meio da discussão!

— Não estou nenhum pouco interessado em ficar ouvindo seus urros, Aioria.

— Ok! Vá embora, então!

— É o que estou fazendo.

Shaka ultrapassou a saída da sala e enquanto caminhava tranquilamente pelo corredor que o levaria ao salão de recepção e as portas de entrada e saída do Sexto Templo, ele falou:

— Esse seu comportamento só me faz crer que está confuso, Aioria. Confusão é um sinal forte de que minha teoria está 98% correta. Mu está vindo para o Santuário restaurar as armaduras que serão entregues para os Cavaleiros de Bronze da nova geração. Se eu fosse você, buscaria tirar suas dúvidas nesse meio tempo.

— Vai embora logo e me deixa em paz, Shaka! — Aioria gritou, irritado com as provocações do outro.

Ao perceber que finalmente estava sozinho, o leonino largou-se no sofá de três lugares e se deitou, pensou por um instante naquela possibilidade.

— Shaka, seu maldito. Era pra você me ajudar e não confundir mais a minha cabeça.

...

No outro dia pela manhã, Aioria acordou de mau jeito no sofá. Teve quase certeza de ter ouvido um tilintar metálico como se fosse o atrito de uma ferramenta contra o metal. Levantou-se desajeitado e ainda meio zonzo tropeçou nas próprias pernas e caiu. Ergueu-se rápido e em um salto, esticou os braços para cima e se espreguiçou.

— Exercício matinal! E-xer-ci-... — parou e farejou o ar, sentindo um aroma forte e enjoativo de perfume impregnando o ar da sua casa. Seus ouvidos também detectaram o som agudo de botas metálicas ecoando no chão de pedra do salão ao lado. Não demorou muito e a presença de um dos seus colegas de tropas ficou evidente.

— Afro... Afro...

— Dite. — o pisciano completou, parando diante do colega ostentando sua comum pose de altivez, com o nariz empinado e levemente franzido, como se estivesse sentindo um cheiro ruim. Manteve-se naquela posição enquanto analisava o leonino dos pés a cabeça. — Desculpe-me a intromissão, mas não esperava pegá-lo desprevenido e ainda de pijamas à uma hora dessas da manhã. Eu preciso da sua permissão para passar e ir chegar a Áries.

Fora a vez de Aioria franzir o cenho. Era ele quem não esperava a visita de Afrodite tão cedo. Não gostava do olhar esnobe que o pisciano lhe direcionava, da mesma forma que não gostava da sensação de vertigem que o perfume dele lhe causava. Além disso, Peixes tinha a sua total antipatia por ser um, dentre os vários, que faziam questão de rebaixá-lo por ser irmão de um traidor.

O cavaleiro de Leão se colocou de lado e estendendo o braço direito, indicou a saída.

— Se deseja passagem, fique a vontade.

Afrodite, por sua vez, empinou ainda mais o nariz e observou a saída apontada por Leão, ele não tinha mesmo nenhum interesse em manter mais contato com aquele homem que era considerado a pior escória dentro do Santuário.

— Agradeço a gentileza, meu caro — respondeu um tanto sardônico. — Mu de Áries chegou ao Santuário hoje cedo. Vou pedir para que ele faça a gentileza de reparar uma pequena rachadura na minha vestimenta dourada. Um ser perfeito como eu, não deve adornar-se com nada imperfeito, não concorda? — perguntou o pisciano, desenhando um meio sorriso no rosto embonecado e sem esperar pela resposta, marchou na direção que lhe fora apontada.

O Leão fechou os punhos e sentiu o sangue ferver em suas veias.

“Maldito, Peixes! Mesmo tendo um cara de boneca, tem a ousadia de se achar superior a mim...”, Aioria retrucou, mas logo teve seus pensamentos interrompidos, pois, pelo mesmo lugar que Afrodite entrara, surgira um dos guardas do salão do Grande Mestre.

— Senhor Aioria, com licença?

— Entre, Leônidas. O que deseja?

— O Grande Mestre deseja vê-lo imediatamente.

— Missão?

— Não tenho nenhuma informação, meu senhor.

— Certo. Vou me vestir e logo estarei lá. Obrigado.

O rapaz saiu após fazer uma reverência curta com a cabeça.

Aioria ouviu o tilintar metálico que vinha do Primeiro Templo ecoar ainda mais alto. Suspirou. Se tivesse que sair em missão, certamente perderia a oportunidade de rever Mu e pensar naquilo causou-lhe uma estranha decepção...

Continua...

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