Notas Iniciais:
Eu de volta!!! Essa fic não vai ser longa e espero completá-la em breve mesmo! Anita_fiction@yahoo.com é onde recebo maiores perguntas. Só pra avisar Sailor Moon não é minha, porém eu criei um universo diferente aqui, sem Sailors! Ainda assim estou seguindo a 1ª fase.
Sem Voz, Peço
Por Seu Calor
Capítulo 1 – Tristes Lembranças Felizes
A rua estava escura e calma, quando os faróis do carro a iluminaram e sua música alta se encarregou do resto. Todos aqui dentro puderam ver alguns quartos se iluminarem. Não que alguém tenha se importado.
Fiz menção de descer, mas Isamu me puxou e me deu um beijo. Pude sentir um leve cheiro de álcool e aquilo me deu nojo. Mas deixei pra lá. Ele beijava bem e nada como fechar a noite com chave de ouro.
Estávamos na parte de trás, num carro com cinco pessoas. O coro das outras três zoando o beijo, de alguma forma, sobrepôs o rock. Não fiquei vermelha, como ficaria alguns anos antes.
Saí, seguida de Isamu.
Novamente me puxou para outro beijo, mas desta vez o afastei.
-Da próxima vez, beba menos. Odeio álcool!-disse dando-lhe um beijinho na bochecha. E antes de entrar, gritei para o carro que já dava a partida.-Se é que haverá!
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Abri lentamente a porta após suspirar um pouco. Que noite...
Não que eu me incomodasse com perguntas de meus pais. Eles já se acostumaram com meus horários, sempre inconstantes. É só que não queria acordá-los às quatro da manhã.
Olhei para o relógio antigo e alto na entrada.
“Quatro e meia...”, meu relógio biológico não costuma errar tanto.
Subi devagar para o meu quarto. Em três horas teria que acordar para a aula. Pelo menos a faculdade não passava muitos deveres de casa...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
-Chegou tarde ontem, querida... Estava bom?-minha mãe perguntou; pondo o meu café, enquanto eu passava um pente em meus cabelos úmidos.
-Mais ou menos. Terminei! Ainda bem que os cortei, ou nunca tomaria banho de manhã... A menos que quisesse chegar à faculdade para jantar.
-Eu ainda sinto falta. Mas tem razão, já é uma mulher.
Meu pai e meu irmão desceram e comentavam as últimas notícias do jornal.
Subi para secar o cabelo e logo o prendi no penteado mais na moda que tive paciência de fazer.
“Sou popular agora... Marias-chiquinhas é só para quando eu estiver em casa ou aparecer na capa da Vogue”, pensei enquanto terminava.
Era uma rotina. O banho, o café da manhã leve, os cabelos, a maquiagem, as roupas. Mas sempre tinham que variar. Um novo xampu, uma nova dieta... Outra moda.
“Que saco!” Mas eu sabia que esta escolha tinha sido minha e que o sacrifício valia.
Uma buzina me fez sair daquela auto-análise. Era Andrew que viera me buscar.
-Até mais, mãe!-falei, descendo as escadas e me olhando no espelho de mão, para ver se faltara algum detalhe.
-Espere um pouco, Serena,-ela me disse, aparecendo da cozinha,-terei que ir ao centro, hoje. Só volto tarde da noite. Gostaria que limpasse a casa ao lado por mim.
-Mas, mãe!
-É um pedido que te faço, filha. Devo fazê-lo hoje, mas surgiu esse problema. Preciso de você... Venha direto para cá após a faculdade. É só varrer e passar um pano nos móveis.
-Não sei pra quê! Não mora ninguém ali...
-Sempre vem alguém... E foi uma promessa que fiz. Por favor...
-Está bem...-falei e lhe dei um beijo no rosto.-Vai ficar me devendo essa. Até à noite!
-Até, querida.
Mamãe confiava em mim, nunca brigou por causa de horários; afinal, minhas notas também melhoraram depois que decidi mudar.
-Ohayo, niisan!-falei, abrindo a porta da frente do carro e entrando.
-Ohayo, Sere-chan!-ele disse e me deu o usual selinho. Era um costume desde a minha mudança.
-Alguma novidade, hoje?
-Vanda me ligou ontem à noite. Ficamos nos falando por uma hora... Foi demais. Disse que vinha pra festa de amanhã.
-Que bom! Por falar nisso, senti sua falta na festa de ontem...
-Foi por isso que não fui... Eu tava quase saindo quando o telefone tocou. Como foi com Isamu?
-Ele é bêbado.
-Todos bebem um pouco... Você não pode impedi-los. Não quando querem se exibir...
-Beija bem, mas não gosto de bêbados.
-Bem, você pode ser exigente, né?-ele estacionou em frente a um templo, enquanto eu ria do comentário.
Agora eu podia ser.
-Há alguém impossível pra você, Sere?-ele perguntou, mas quase que afirmando.
-Com certeza, não.-alguém respondeu, enquanto entrava no carro.
-Ohayou, Rei-chan.-Andrew cumprimentou a recém-chegada, dando-lhe um beijo na bochecha.
-Péssimo dia! Acho que estou com ressaca de ontem e nem bebi. Serena-baka! Como pode estar sorrindo?-ela perguntou para mim, que havia me desligado de repente, pensando na pergunta retórica de Andrew e também na resposta de Rei.
Aquilo seria óbvio para alguém que observasse de longe. Também era para estes que eram parte dos meus melhores amigos.
-Sei lá! Talvez por causa do verão...-respondi, despistando.
-Por ele estar acabando?
-Vai entendê-la...-Andrew disse. Já em direção à faculdade.
Mas é claro que havia alguém impossível, ou então não haveria história a ser contada. Aliás, uma resposta óbvia para alguém impossível seria algum defunto ou ator de Hollywood.
Porém...
-Chegamos!-Andrew anunciou. Desceu do carro e abriu a porta para nós duas.
Rei logo levantou, para ela era tão simples abrir um sorriso e fazer pose de popular... Incrível. Mas eu tive que respirar fundo, aquele não era um assunto que me agradava. Não por orgulho, mas...
Levantei e fiz o mesmo que a Rei. Ajustei a saia preta e balancei os cabelos. Estava ciente de que todos me olhavam, como sempre faziam. Eu era popular e gostava daquilo... Fazia-me sentir que valia a pena todo o esforço.
As dietas constantes, as noites mal dormidas...
Eu estudava sempre que podia. Tinha que ficar mais inteligente e no momento era a primeira da turma de Jornalismo. Rei era a na Moda. Por que também não o escolhi? Bem, simples, eu queria algo mais culto, não que moda não o fosse, mas... Eu precisava daquele desafio e Jornalismo sempre foi um belo desafio a qualquer um.
Encontrei-me com as outras: Mina, de Cinema, Ami, de Medicina e Lita, de História. Era difícil nos vermos logo na entrada, afinal tínhamos horários diferentes, mas quando isso acontecia sabíamos que era o momento em que todos, sem exceção, olhavam. Éramos as mais populares ali, sendo em uma coisa ou em outra.
Separamo-nos novamente e fomos para nossas salas. Só haveria um novo encontro na hora do almoço.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Cheguei em casa e fui trocar de roupa. Só então me lembrei do pedido de minha mãe. Respirei fundo, criando coragem e fui até o local onde as chaves ficavam.
O chaveiro me era bastante familiar, mesmo antes de minha mãe se oferecer para limpar aquela casa. Era uma réplica de uma espada medieval com as iniciais C.D.. Meus dedos a percorreram, como se eu fosse uma cega. Fechei os olhos e tentei me lembrar da primeira vez em que vira aquele objeto.
Eu era bem mais nova, tinha apenas dez anos e brincava na casa da vizinha, a antiga moradora. Éramos as melhores amigas, apesar de havermos tido personalidades diferentes.
Ela era bem segura de si, uma mente brilhante. Sem contar que muito linda. E eu? Bem... Atrapalhada, de pensamento simples e nunca me destacara em nada que fosse lucrativo.
Sachiko tinha a minha idade e por isso, desde que se mudara ficamos coladas. E tinha um irmão mais velho, que naquele dia, em especial participava de uma festa no quintal da casa. Seu aniversário de catorze anos.
Havia dois anos que o conhecia e com o tempo desenvolvi esta queda infantil por ele. Aquilo durara até a última vez em que o vi, quatro anos atrás.
Eu estava no quarto de Sachiko, onde ela me pedira para ficar com ela, já que o irmão a proibira expressamente de aparecer e estragar sua festa. No ano anterior aquilo havia acontecido, mas por sorte eu estivera na casa de meus avós, no interior, e não vira a tal briga que estragara o aniversário de meu querido.
Mas eu tive a ânsia de sair e vê-lo. Havia chegado de uma viagem naquele dia, após um longo verão... Eu sentia muitas saudades, tinha que ir ao pátio.
“Não vamos, não... Até meu pai mandou eu ficar aqui dentro”, Sachiko me havia dito.
“Só um pouquinho, eu queria muito cumprimentar seu irmão”.
“Você nunca o faz, só fica olhando pra ele com cara de boba... Nem sabe falar com gente mais velha, Serena, pra quê!? Eu vou acabar levando uma bronca”.
Mas eu fui, mesmo que já esperasse o resultado. Nunca contara a Sachiko sobre minha paixão. Acabaria em maus lençóis, e mesmo após crescer nunca comentei. Quem sabe ela sabia? Era bem evidente.
Saí, seguida por ela. Queria ter certeza de que eu não faria nada errado.
“Darien, venha cá, quero lhe dar algo”, o pai deles chamara meu amado.
E o vi. Após três meses, o que para uma criança dura mais que um ano inteiro, ele estava ainda mais lindo e parecia mais alto.
Todos prestaram atenção e nós duas ficamos escondidas na cozinha, que dava direto para o quintal.
“Esta é a prova de que já te considero homem, são as chaves de casa, faça bom uso delas, filho!”
Ele parecia surpreso e contente. Abraçou o pai e agradeceu o voto de confiança.
Naquele exato momento ele olhara para a cozinha e nos vira. O chaveiro da espada prateada cintilava ao Sol e seu sorriso, estranhamente aumentara.
“Viu, Sachiko, agora também mando aqui!” E mostrara a chave, enquanto vinha em nossa direção.
“Só estou aqui porque Serena queria falar contigo”.
“Ah, é?” Ele estava bem na nossa frente. Apesar de meu vizinho, eram raras as vezes em que realmente nos víamos.
Ele olhou para mim, bem nos olhos. Aquilo quase me fizera dar um passo para trás. Meu coração batia muito forte e Sol refletia no chaveiro, ainda na mão dele. Eu me sentia tonta, como se fosse desmaiar.
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Presente
Abri a porta da frente e entrei. Era uma casa bem grande e bonita. Não do estilo rica, mas muito confortável. Mesmo assim, aquele lugar me dava calafrios. Na última vez em que estivera ali...
Andei até a cozinha, onde eu estivera há oito anos, a sós com Darien, mesmo acompanhada de Sachiko fora assim que eu me sentira. Naquele dia tudo mudara. Eu amadurecera... Meu amor por ele virara um amor adulto, que contrastava com todo o resto da minha personalidade.
“Ah é?” ele perguntara me olhando nos olhos, “Então o que é? Você fala tão pouco comigo que me deixou curioso...”
“Eu... Hã...” gaguejei. Como diria aquilo? Sabia que era só um “feliz aniversário”, mas no fundo eu só queria vê-lo e não falar com ele. Um dia Sachiko me pagaria.
“Diga logo, Sere, não suporto esse infeliz a sua frente...” ela me disse entediada, sem pista da revolução que se passava dentro de mim.
Naquela época, Darien e eu não diferíamos muito de altura, eu havia espichado um pouco e ele nem tanto, começava naquele momento. Então seus olhos entravam bem lá dentro de mim...
“É... Feliz Aniversario, Chiba-san”.
Fiquei na ponta do meu pé e dei-lhe um beijo na bochecha. Depois entrei, tentando não correr, mas fugindo de qualquer comentário.
Estava em pleno êxtase e vergonha. Nunca o havia feito e raríssimas vezes aquilo se repetiu. E mais: por pouco, no susto, ele não virara o rosto, assim causando um selinho. Caso houvesse acontecido, acho que eu teria uma parada cardíaca.
“Deveria lavar a boca. A pele dele pode ser venenosa”, Sachiko comentou indo para seu quarto.
Sorri para mim. Podia ser mesmo...
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Presente
Havia terminado de arrumar tudo. Por sorte não teria que entrar nos quartos. O dele estava quase que intacto, com certeza. Ao contrário da família que se mudara para uma cidade ao norte, ele fizera um intercâmbio para os Estados Unidos.
Fazia quatro anos que não o via... Ficaria somente um de início, mas se dera tão bem que arrumou emprego e ficara de vez, prometendo voltar ao final do verão de cada ano. Neste nem cheguei a ouvir tais comentários. Cansei de ter esperanças quanto à sua volta. Aliás, era até melhor. No momento, eu tinha o meu império, construído após sua partida e não queria perdê-lo... Pois seria capaz, mesmo depois de tanto, de desistir de tudo duramente conquistado por um beijo dele.
“Trim, trim”, meu celular tocou.
-Alô, Tsukino falando.
“Serena, aqui é Andrew, você não vem hoje!? Acabei de falar com a Mina e ela me disse isso...”
-Eu prometi um favor à minha mãe.
“Puxa, precisava falar contigo”.
-Algo específico?
“É sobre o Isamu, ele estava com os amigos dele e conversavam sobre algo meio estranho. Você vai à festa de hoje?”
-Não... Mas amanhã eu tô lá. E aí no trabalho também, pode crer!
“Ótimo, sabe que não sou nada sem minha subordinada predileta!”
-Certo, chefe!
Eu tinha que ter dinheiro para tanta moda, portanto decidi trabalhar com Andrew, que na época nem gerente era. Mas era amigo do tal e me conseguiu a vaga. Fui crescendo lá dentro e no momento era a mais talentosa ali; a provável sucessora de Andrew, que largaria quando se formasse.
A minha vida estava perfeita, ficou assim depois dele... Por que o iria querer agora!? Eu tinha que mantê-lo em mente... Darien era como eu: inteligente, bonitão, popular e cheio de amigos de verdade. Eu só tinha as amizades... Após sua partida eu me disse que seria a sucessora dele, assim, quando voltasse em um ano, eu seria a princesa para meu príncipe.
Mas ele não voltou e até agora o trono está vazio. Ninguém se compara a mim, além de Andrew, que tinha a Vanda; e longe de mim querer seu lugar.
Até o momento, ninguém nem desconfiava de meu primeiro e único amor...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Voltei à cozinha, que havia deixado por último. Havia tantas lembranças ali... Desde aquele primeiro beijo, tão inocente, em seu aniversário, até o último, em sua despedida.
Dos dois ainda podia sentir o macio de sua pele, e seu perfume, e como seus músculos se contraíram ao primeiro toque... Por aquelas paredes ainda ecoava o som das batidas de meu peito. E ninguém sequer desconfiava...
*-*-*-*Flashback*-*-*-*
Estávamos em meu aniversário de quinze anos, no auge de minha mudança. Minhas amigas e eu brincávamos o bom e velho jogo da verdade e me fizeram uma pergunta que, no momento, para elas, era um tanto difícil de se responder. Eu havia terminado meu primeiro namoro, que durara um mês somente e estavam tentando me consolar.
Mina havia conseguido me fazer a pergunta, após muitas tentativas mal-sucedidas.
“Afinal, Serena,” disse ela com um sorriso maldoso, “quem foi seu primeiro beijo?”
Todas me olharam ansiosas. Eu nunca havia comentado sobre isto, apenas apareci de repente de mãos dadas com o cara mais popular da escola.
“Foi...” respirei fundo. “com meu ex, infelizmente. Fiz de tudo, mas não deu certo, né?”
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Presente
E elas haviam acreditado... Aliás, até o próprio acreditara, então. Nunca diria a ninguém com quem havia sido, afinal, era o irmão da minha melhor amiga e ele com certeza não queria que aquilo se espalhasse. Estando ali ou não.
Um tanto contrastante: meu primeiríssimo e último beijo nele. Irônico. Mas já esperava que fosse assim. Nunca tive esperanças de um relacionamento caso ele voltasse. Nas cartas à irmã nunca me mencionara, nem por educação. Tampouco me enviara alguma.
“Tenho que esquecê-lo,” pensei em outro suspiro.
*-*-*-*-*Flashback*-*-*-*-*
Era a despedida dele. Estava para fazer dezoito, o que aconteceria com ele já lá, então todos decidiram unir uma festa à outra, transformando-a em algo bem animado.
Eu estava lá por causa de Andrew, já que Sachiko havia se sentido mal no meio desta e decidira ir para minha casa descansar um pouco. Os pais deles estavam viajando, para deixar a festa rolar à vontade. Sempre foram muito liberais com Darien, coisa que a irmã sempre ressentira.
Tudo o que queria era sair dali. Fui para acompanhar minha amiga, mesmo me sentido triste e doida para ir viajar também. Não conseguia imaginar uma vida sem Darien... Nunca mais ouvi-lo rindo quando estivéssemos nos quintais ao mesmo tempo. E eu sempre estava lá, esperando ouvir alguma coisa dele. Fato raro.
Mas Andrew me pedira para acompanhá-lo, já que Vanda estava no exterior. Aquilo virava rotina, Vanda havia partido fizera um mês e Andrew sempre me chamava para as festas, se eu não ia, ele também não. Na época, Darien tinha uma namorada fixa e Andrew não gostava de ficar sozinho.
Mais um motivo para eu dar o fora. Fazia um ano que os dois estavam juntos e me doía lá dentro aquilo. Por sorte, ela parecia simpática. Mas a preferia manter como inimiga mortal que tentar uma amizade.
Naquele dia, ela nem fora à festa. Eu esperava o momento certo de perguntar a Darien o motivo, para soar mais casual. Andrew não soubera me informar e cada vez mais eu estava curiosa. Quem sabe Darien gostava de outra (leia: de mim) e pedira um rompimento?
Sempre fora minha esperança... Falsas esperanças.
“Serena,” Andrew me puxou para o canto, “obrigado por me acompanhar de novo. Já me despedi do Darien e estou indo.”
“Ah, farei o mesmo... Onde ele está?”
“Estava ali”. Apontou a direção que segui.
Andrew já se ia e a festa estava bem cheia. Por Darien ser popular havia muita gente que gostava dele. Eu me espremi no meio da multidão e fui andando na direção indicada.
“Você sabe onde está Chiba-san?” perguntei a um grupo de homens.
“Tá lá dentro!” um deles gritou.
Por sorte não havia álcool naquela festa, sempre o detestarei e, por sorte, Darien também.
Entrei meio hesitante. Sempre o fazia quando meus tios estavam em casa. Assim chamava os pais de Sachiko, pois assim os considerava. Minha mãe sempre os chamou de filhos e assim eles também me chamavam. Aquela era a primeira vez que realmente entrava ali sozinha com Darien.
A cozinha estava bem escura e uma parca luz brilhava lá dentro. Quando vi um vulto se aproximando meu coração parou. O bom e velho efeito Darien Chiba nunca deixara de atuar em mim.
“Chiba-san? Aqui é a Serena, já estou indo, vim me despedir”, falei as palavras que decorara enquanto o procurava.
“Ah, já vai? Que pena...” ele respondeu com um sorriso, “Acho que não nos veremos tão cedo”.
Ele se aproximou e agora dava para vê-lo melhor. O sorriso ficou meio nostálgico quando ele continuou:
“Sentirei falta disto tudo... Mas é para o meu bem, não?”
Sorri sem graça, aquela conversa parecia ser a mais demorada que já tivemos e eu não sabia o que responder.
“Claro... Hã... Boa noite e boa viagem, até daqui a um ano”. E me virei, vermelha.
Mas ele segurou em meu braço e me desvirou.
“Calma, nem vai me dar um beijo de despedida? Um ano é muito! Parece a minha irmã, ela também se recusou...”
Respirei fundo e dei-lhe um beijo no rosto. Mas ele não soltou meu braço.
“Precisa de algo mais?” perguntei me sentindo tonta com o perfume dele, precisava ir para casa e chorar de alegria por aquele beijo.
“Você me odeia ou coisa assim? Eu não cuspo fogo como minha irmã fala...”
“Por que a pergunta?”
“Bem, você está sempre tão distante... Se falo contigo, recebo monossílabos como resposta. Sei lá... Vai ver minha irmã te convenceu de que sou um enviado do inferno ou coisa parecida”.
“Não, ainda não...” Afinal, para mim ele vinha de bem mais de cima... Mas aquilo estava estranho demais... Eu estava sem ar, precisava sair dali.
“Ótimo! Acho que você quer ir embora, né? Então vou te dar um beijo de boa-noite e te soltar o braço”.
Eu não entendi direito, mas de repente senti algo quente nos meus lábios e ele de fato soltou meus braços, pondo a mão em meu rosto e a outra na minha cintura.
Era meu primeiro beijo, mas eu não me senti perdida nem nada; era como se aquilo já tivesse acontecido há muito tempo e eu sentisse saudades. A boca dele parecia um território familiar, onde eu podia me sentir em casa.
Logo me soltei e enrosquei meus braços no pescoço dele enquanto o beijo se aprofundava. Nem parei para pensar no por quê de aquilo estar ocorrendo... Contanto que não acabasse nunca.
E foi eterno... Sim e sempre seria, já que nunca iria me esquecer daquilo.
Mas a eternidade também teve seu fim e por falta de ar ambos interrompem o beijo. Ele então me abraçou bem forte e começou a acariciar meus cabelos.
Um pouco de realidade voltou à minha mente naquele momento.
“E a sua namorada?”, a pergunta me escapuliu, depois de tanto martelar.
“Ela não quer um relacionamento à distância. Quem sabe quando eu voltar...?”
“É...”
E ele teria continuado se eu não tivesse me sentido tonta.
“Eu preciso ir, minha mãe pode estar preocupada”.
“Fique, por favor”.
“Eu sinto muito”.
Saí correndo.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Presente
Saí da cozinha. Aquele beijo secreto... Ele só queria se divertir antes de partir, com certeza, mas foi tão estranho. Por isso o esperei tanto, por isso o conservei em meu coração, na esperança de que um dia ele retornasse e me dissesse que me amava.
-Tsukino-san? Está em casa?
Ouvi a voz de alguém.
“Que inconveniente, quem será?”, tranquei a casa vizinha e desejei trancar ali também o passado, para não mais ter que escondê-lo atrás de roupas bonitas e maquiagens pesadas.
Fui até o portão ajeitando minha roupa e cabelos, não podia arriscar ser vista toda desconcertada.
Um homem estava frente à minha casa, apertando a campainha. Um taxista, que estava estacionado impacientemente, foi o primeiro a me notar.
-Dona, o rapaz quer saber se sua vizinha está em casa –ele falou apontando para o cara alto de óculos escuros e cabelos negros, que finalmente notara minha presença.
-Mas você é... –Ele parou no meio da sentença e levantou os óculos, deixando que eu visse seus olhos azuis, -Tsukino Serena-san...
-Chiba-san? O que faz no Japão?-perguntei perplexa, frente a ele, estávamos tão perto que eu podia sentir seu perfume.
-Eu voltei.
Continua...
Anita, 28/12/2003
Notas da Autora:
Vai demorar ainda pra eu lançar essa fic, mas, bem... O que acharam desse capítulo!? É um pouco diferente das minhas fics anteriores, mas que bom, né? Ler sempre a mesma coisa cansa. Bem... a verdade é que não a mim, amo mesmice ^^UUU. Estava na hora de uma AU, a Serena tá bem mudada aqui, mas não se preocupem, como explicado no decorrer da narração, é pelo bem da história. Verão a mesma Serena de sempre volta e meia. Ainda assim, eu sinto muito, eu mesma odeio quando isso acontece em fics.
O que acontecerá agora? Talvez eu devesse fazê-los darem um beijo como jura de amor eterno e terminar a fic por aí, não? Ah, sei lá... Não é bem isso que tenho em mente... A Serena se embelezou toda, não posso dá-la de graça pro Darien, né? E além do mais, não é a beleza interior que conta, que lição de moral eu estaria dando? (e eu já dei alguma? ^^U)
Comentários, sugestões, amigos por correspondência e afins serão bem-vindos no meu mail anita_fiction@yahoo.com e navegadores ociosos ou até ansiosos (por fics e minhas fics e música asiática) serão sempre bem-vindos no meu site: http://olhoazul.50webs.com/
No mais é isso. Sem agradecimentos? Por quê? Bem, não falei muito dessa fic pra ninguém, então ninguém pessoalmente me ajudou. Mas se realmente querem que eu agradeça é a Deus, meus leitores, minha família e todos que me fizeram estar aqui entediando vcs com minhas notas............
Até o próximo capítulo!!!
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